Duas culturas na arte de Eva Lieblich.

31/out

O J. B. Goldenberg Escritório de Arte, Higienópolis, São Paulo, SP, inaugura a exposição “A Poesia Visual de Eva Lieblich”, uma homenagem à artista que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da arte moderna no Brasil. Composta por 25 obras selecionadas por seus filhos, Beatriz e João Gabriel, a exposição destaca a produção da artista com a técnica do batik, que ela introduziu no país, e como sua obra conecta influências europeias com a realidade brasileira, principalmente na representação da natureza, flora e fauna. A mostra estará em exibição até 30 de novembro.

A curadoria da exposição é assinada por Jairo Goldenberg, e o texto crítico foi elaborado por Roberto Bertani, que observa: “A produção de Eva Lieblich reflete uma fusão entre as duas culturas que marcaram sua vida, a europeia e a brasileira. Essa simbiose se revela em sua escolha de temas e no uso da técnica do batik, que trouxe para o Brasil e transformou em uma ferramenta única para retratar a exuberância tropical.” A exposição se concentra em um recorte específico de sua carreira, com foco nos panneaux que utilizam essa técnica, a qual Eva dominou após estudar em Viena e Paris na década de 1950.

A obra de Eva Lieblich pode ser entendida como um espelho de sua experiência européia, adaptada ao ambiente cultural brasileiro. Sua arte traduz a confluência de duas culturas, utilizando elementos visuais e técnicas tradicionais europeias, ao mesmo tempo que incorpora cores, formas e temas profundamente conectados ao Brasil. O batik, técnica central em sua produção, permitiu-lhe explorar e retratar a natureza e temas brasileiros de maneira única, como evidencia Roberto Bertani em seu texto: “A escolha do batik, que exige precisão e paciência, permitiu a Eva traduzir a intensidade das paisagens e elementos naturais do Brasil em obras de rara beleza poética.”

A iniciativa de resgatar a obra de Eva Lieblich é fruto do empenho de seus filhos em reunir e organizar um recorte de acervo com cerca de 45 obras, das quais 25 foram selecionadas para esta exposição. “A Poesia Visual de Eva Lieblich” oferece uma oportunidade única de redescobrir o trabalho de uma artista que, ao longo de sua carreira, contribuiu de forma significativa para o cenário artístico brasileiro, conectando diferentes culturas e estilos.

Sobre a artista

Nascida em Stuttgart, Alemanha, em 1925 Eva Lieblich imigrou para a América do Sul em 1938, fugindo da perseguição nazista. No Brasil, começou sua formação artística aos 15 anos, estudando desenho com Antônio Gonçalves Gomide e pintura com Aldo Bonadei, ambos integrantes do influente Grupo Santa Helena, que ajudou a moldar sua abordagem à arte moderna. Eva Lieblich foi também membro do Grupo dos 19 Pintores, que realizou uma histórica exposição na Galeria Prestes Maia, em 1947, em São Paulo. Além de suas importantes participações em exposições no Brasil, como a Bienal de Artes Plásticas de Salvador em 1966, Eva também levou sua arte ao exterior, destacando-se em uma exposição individual na Galeria Schaller, em Stuttgart, em 1963. Como afirma Roberto Bertani, “A capacidade de Eva de transitar entre o contexto europeu e o brasileiro, utilizando técnicas europeias com um olhar voltado à riqueza natural e cultural do Brasil, foi o que lhe garantiu uma posição de destaque na arte contemporânea”.

Endereço: Rua Tinhorão, 69 – Higienópolis, São Paulo

Encontro entre crítico, artista e impressor.

29/out

A exposição de Luiz Zerbini foi prorrogada até 14 de novembro (quinta) na Maneco Müller : Múltiplo Galeria, Leblon e no dia 05 de novembro (terça), às 18h30, o artista recebe o impressor João Sánchez e o crítico Fred Coelho para um bate-papo aberto ao público. “Pedra, metal e madeira” apresenta a produção mais recente de Luiz Zerbini, com gravuras em metal e monotipias inéditas, que surpreendem pela alta carga criativa, força e frescor.

Na individual, Luiz Zerbini apresenta sua mais recente produção: gravuras em metal, litogravuras e monotipias, sendo a maioria inédita. Além de 20 obras, o artista lança também um livro de grandes dimensões, todo impresso manualmente. A mostra marca a mudança de nome da galeria para Maneco Müller : Múltiplo, consolidando a sociedade entre Maneco Müller e Stella Ramos, desde 2018.

Atravessando seus quase 50 anos de produção, a poética de Luiz Zerbini destaca-se por uma voluptuosa e desconcertante paisagística, combinando vegetação, ambientes urbanos, fabulação, memória e alegorias. A novíssima produção em monotipias e gravuras em metal do artista é fruto do encontro dele com o Estúdio Baren, criado pelo editor e impressor carioca João Sánchez. Há quase uma década, Luiz Zerbini e João Sánchez pesquisam diversas formas de imprimir monotipias, misturando técnicas e materiais, papéis, matrizes e pigmentos. Mais recentemente, o artista carioca Gpeto passou a colaborar também com o Estúdio Baren, se juntando à produção de monotipias da dupla.

O destaque da mostra na galeria são as gravuras em metal inéditas nas quais Luiz Zerbini se debruça sobre uma das mais tradicionais técnicas de impressão artesanal do mundo. Há cerca de cinco anos, Luiz Zerbini vem se dedicando a experimentações nesse campo graças à proximidade com o Estúdio Baren. A Maneco Müller : Múltiplo surgiu como espaço natural da mostra dessa produção por conta da parceria da galeria com o Estúdio Baren e a amizade de longa data tanto com Luiz Zerbini quanto com João Sánchez.

A Gentil Carioca na Artissima 2024.

Será aberto ao público nos dia 01, 02, 03 de novembro no OVAL Lingotto Fiere Via Giacomo Mattè Trucco, 70, Torino, Itália.

Em sintonia com o tema da Artissima 2024 – “The Era of Daydreaming” (“A Era do Sonhar Acordado”) -, A Gentil Carioca (Stand A13) apresentará uma seleção exclusiva de obras que se destacam pela natureza lúdica e pela profunda carga poética que permeia a história da galeria. A escolha das obras reflete o compromisso em promover uma arte que atravessa as fronteiras entre o real e o imaginário, convidando o público a explorar o devaneio como um território de descobertas.

O ato de sonhar acordado, central para o conceito do stand, emerge como um espaço fértil de criação, onde as realidades tangíveis se entrelaçam com as possibilidades infinitas da imaginação. Longe de ser uma mera fuga, o devaneio revela-se como uma ferramenta transformadora, capaz de gerar novas possibilidades para o porvir.

Além da mostra principal, será exibido um kabinet dedicado às obras da artista angolana Ana Silva. Suas criações têxteis, construídas a partir da diversidade e distorção dos materiais, promovem um profundo exercício de memória e ressignificação. As obras evocam seu percurso pessoal e a presença das mulheres em sua família e em seu país de origem, destacando a transmissão de conhecimento e cultura entre gerações femininas.

Frida Baranek em exibição em Trancoso.

A exposição “Dentro/Fora”, Galeria Hugo França, Rodovia BA 001, Trancoso, Porto Seguro/BA, tem como objetivo mostrar a trajetória de uma artista que teve que, e que quis montar seu ateliê nos quatro cantos do mundo, desde sua primeira exposição individual, até os dias de hoje. Frida Baranek produz trabalhos com ressonância profundamente pessoal, tecidos a partir de suas próprias memórias. Podemos vivenciar a exposição como o diário íntimo de uma artista feminina (com todas as dificuldades que isso ainda representa) que se nutre de todas as influências das culturas em que ela esteve imersa. A mostra traça a trajetória da artista desde sua primeira exposição na Petite Galerie no Rio de Janeiro até suas influências e residências na Europa e Estados Unidos.

“Dentro/Fora” explora a relação entre matéria e forma, utilizando materiais como tela de aço galvanizado, acrílico, vidro e metais variados. Inspirada pelo movimento “American Anti-Form” dos anos 1960 e por artistas como Eva Hesse e Robert Morris, Frida Baranek cria esculturas que frequentemente permanecem no chão, evocando continuidade e transformação.

A exposição reflete a dualidade experienciada por Frida Baranek em sua carreira nômade entre Brasil e Portugal, adaptando seu trabalho às mudanças culturais e pessoais. Suas obras testemunham a interação entre o “Dentro” íntimo da artista e o “Fora” dinâmico do ambiente, revelando um diálogo com a memória, a experiência e a mudança. Os visitantes são convidados a contemplar as esculturas instaladas no ambiente amplo da Galeria Hugo França, que conecta genuinamente com a natureza ao redor, e o espaço emocional compartilhado por Frida Baranek através de suas criações. Obras como “Fronteira”, “Ma Mémoire”, “Balance” entre outras, compõem a mostra. Artista contemporânea brasileira e internacional, Frida Baranek continua a desafiar as fronteiras da escultura contemporânea. A curadoria é de Marc Pottier e a exibição é uma parceria com a Galeria Raquel Arnaud.    

Até 25 de setembro.

No Inhotim.

28/out

Rivane Neuenschwander, Tangolomango

Na Galeria Mata, a artista belo-horizontina Rivane Neuenschwander apresenta a mostra individual “Tangolomango” (2024). Cartaz atual do Inhotim, Brumadinho, MG. A panorâmica “Tangolomango” tem curadoria de Júlia Rebouças, Beatriz Lemos e Douglas de Freitas.

A mostra reúne obras em diversas linguagens – como pintura, fotografia, instalação e vídeo – e de diferentes décadas, que se atualizam nas pesquisas mais recentes da artista, ao lidar com questões relativas à infância, história, ecologia e política.

Alguns dos trabalhos apresentados são: V.G.T. (Ame-o ou deixe-o), J.B. (Piracema: uma transa pós-amazônica), Trôpego Trópico, Eu sou uma arara, O Alienista, Alegoria do Medo, Caça ao fantasma, WAR, Cabra-cega, Zé Carioca e seus amigos e Andando em Círculos.

No acervo do Inhotim, Rivane Neuenschwander apresenta, desde 2009, Continente/Nuvem, instalada em uma casa que preserva parte da história do Inhotim em seu território. Datada de 1874, ela é uma das construções mais antigas da região, remanescente da fazenda que existia no terreno onde hoje funciona o museu.

“Tangolomango” conta com a Vale como Mantenedora Master e com o Patrocínio Ouro da CBMM, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Encontro com o curador e o expositor.

25/out

Neste sábado, 26 de outubro, A Gentil Carioca São Paulo convida o público para um bate-papo com o artista Vinicius Gerheim e o curador Felipe Molitor, marcando o encerramento da exposição “Tororó”.

Como observa Molitor, no texto crítico da mostra:

“Tororó apresenta um conjunto pujante de paisagens que vacilam entre cenários interiores e exteriores, onde mesmo as figuras mais evidentes são fugidias o suficiente para se libertarem em uma enxurrada de abstrações. Como se fossem reminiscências, os parcos registros de um quarto, sala, cozinha, quintal se misturam a jardins, matagais, céus ou riachos – uma confusão típica da fantasia dos sonhos. A dimensão onírica também pode fazer referência às imagens fugazes da memória, afinal, recordar lugares e momentos do passado envolve uma boa dose de imaginação.”

“A costura empregada nessas novas composições, com toda a minúcia na variação de grafismos e tonalidades que se sobrepõem para formar as tramas, ganha força ao lançar-se bravamente entre a incerteza e a intuição. A repetição que Vinicius emprega não se coloca como exercício de esgotamento, mas de recordação e revelação.”

A conversa integra o evento Travessa Aberta, que reúne instituições de arte contemporânea e promove aberturas e conversas ao longo do fim de semana na Travessa Dona Paula.

Resgate da obra de Carlito Carvalhosa.

24/out

A cidade de São Paulo será palco de duas grandes exposições que resgatam a obra de Carlito Carvalhosa. A Natureza das Coisas, no Sesc Pompeia, e A Metade do Dobro, no Instituto Tomie Ohtake, reafirmam o seu protagonismo na cena artística contemporânea brasileira das últimas décadas e oferecem ao público um panorama abrangente de seu percurso criativo. Será uma oportunidade única de revisitar momentos fundamentais da trajetória do artista, falecido prematuramente em 2021, aos 59 anos.

Além das retrospectivas, em exibição nos espaços até fevereiro, estão previstas mais três iniciativas. Codiretora do documentário Lixo Extraordinário, que concorreu ao Oscar em 2011, a pernambucana Karen Harley prepara um filme sobre a vida e a obra de Carvalhosa. Já a Nara Roesler Livros publicará, em dezembro, um livro com extensa monografia dedicada à produção do artista. Paralelamente, a editora Supersônica apresenta um audiocatálogo de arte, formato inédito no Brasil, no qual artistas, críticos e amigos de Carvalhosa fazem “audiodescrições afetivas” de algumas de suas obras e relembram marcos importantes de sua vida. O audiocatálogo será instalado como uma obra sonora na exposição do Instituto Tomie Ohtake e estará disponível nas principais plataformas de streaming.

Essa revisita ao trabalho do artista se articula em dois movimentos separados, porém complementares, organizados em torno do Acervo Carlito Carvalhosa – criado por sua viúva Mari Stockler e filhas com o intuito de pesquisar, divulgar e preservar sua produção – e articulados em uma ampla rede colaborativa, em curadoria costurada a muitas mãos. Enquanto a mostra A Natureza das Coisas, do Sesc Pompeia, apresenta algumas de suas mais potentes instalações, acompanhadas por um conjunto denso de projetos, desenhos e estudos preparatórios, a exposição A Metade do Dobro, no Instituto Tomie Ohtake, reúne sobretudo trabalhos bidimensionais e escultóricos – acompanhados sempre de vasto material de arquivo -, refazendo o percurso do artista desde os primeiros movimentos de juventude até criações mais recentes e confirmando o caráter experimental e diverso de sua produção.

Carlito Carvalhosa explorou um leque muito amplo de técnicas artísticas: pintura, gravura, colagem, escultura, instalação. Trabalhou com materiais variados e muitas vezes inusitados: papel, gesso, tecido, alumínio, cerâmica, copos de vidro e um tecido leve, o TNT (Tecido Não Tecido). Para Luis Pérez-Oramas, poeta e historiador da arte venezuelano que assina a curadoria das duas exposições, em conjunto com outros pesquisadores brasileiros, a obra de Carvalhosa uniu “em uma síntese inesperada as polaridades irreconciliáveis da modernidade brasileira: a linguagem concreta e a matéria informe”.

Até 09 de fevereiro de 2025.

Sob curadoria de Lia do Rio.

Exposição coletiva apresenta obras em diferentes suportes, com curadoria de Lia do Rio. A abertura será no dia 26 de outubro, sábado, na Galeria Casa do Paulo Branquinho, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, recebe a exposição “Ideia e Processo”, com a participação de 14 artistas que se destacam com suas diversidades criativas. Participam desta mostra Antônio Câmara, Cris de Oliveira, Daniele Bloris, Dimas Malachini, Edson Silveira, Gardenia Lago, Isabella Marinho, Leticia Potengy, Lincoln Nogueira, Maria Perdigão, Nadia Aguilera, Rose Aguiar, Rosi Baetas e Rosita Rocha, que atualizam as relações entre forma, cor, espaço e tempo. Utilizando a pintura, a escultura, o desenho, a arte digital, a colagem, a instalação, a foto arte e a gravura, eles se expressam através de diversas linguagens, sem que isso tenha sido uma condição prévia dada a eles. “As obras, suporte para reflexões plásticas, solicitam um engajamento a quem se aproxima, aqueles que se deem ao tempo do olhar”, diz a curadora, Lia do Rio.

Até 17 de novembro.

Uma vertigem visionária.

23/out

Destaque na exposição coletiva, “Sombra” (1969), de Artur Barrio, integra a curadoria do pesquisador e professor Diego Matos para o Memorial da Resistência, São Paulo, SP. “Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais” remonta o projeto homônimo, ativo entre 1979 e 1985, voltado a sistematizar e produzir cópias, clandestinamente, de mais de 1 milhão de páginas contidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM), revelando a extensão da repressão política do Brasil no período, como afirma a divulgação do Memorial. A exposição cruza os arquivos históricos do projeto às obras produzidas por ex-presos políticos, além de parte da coleção do Acervo da Pinacoteca de São Paulo.

Até 27 de julho de 2025.

O amor Punk de Onurb.

A Galeria Alma da Rua II, Vila Madalena, São Paulo, SP, exibe a exposição “Amor Punk”, do artista visual Onurb onde, em 17 trabalhos, apresenta sua personagem icônica em situações cotidianas, interagindo com elementos de psicodelia, moda e empoderamento. Sob curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap e vernissage no dia 26 de outubro.

A partir de uma abordagem multissensorial, o artista utiliza murais, telas e instalações para ressignificar objetos urbanos e explorar a fusão entre a estética punk e a arte urbana contemporânea.  A exposição vai além da simples representação visual, incorporando um diálogo entre os símbolos da resistência punk e a natureza fragmentada da vida urbana. Onurb, que começou sua trajetória nas ruas de São Paulo como grafiteiro, traz para a galeria sua experiência de anos trabalhando em espaços públicos, onde seu estilo vibrante, marcado por cores intensas e formas geométricas, ganhou destaque.

Onurb, cujo nome verdadeiro é Bruno Paes, é um artista visual nascido em São Paulo, amplamente reconhecido no cenário da arte urbana. Seu trabalho começou nas ruas da capital paulista, onde explorava muros e espaços públicos, utilizando o grafite como meio de expressão. A trajetória do artista é marcada pela busca constante de diálogo entre a arte urbana e os espaços tradicionais de exibição, uma ponte entre a rua e as instituições culturais. Em suas obras, a urbanidade, a diversidade cultural e a coexistência entre diferentes grupos sociais estão sempre presentes, ao lado de uma crítica à desconexão humana com o ambiente natural.

Até 27 de novembro.