Importantes nomes modernistas

14/jun

A Simões de Assis apresenta até 22 de julho, em sua sede de Curitiba, PR, a exposição “Encontro de Modernos”, que aprofunda novas leituras sobre o movimento da Arte Moderna no Brasil. A mostra propõe diálogos entre artistas de diferentes origens, gerações, formações e estilos, mostrando como é possível encontrar modernismo e modernidade em cada canto do país. Essa longa história moderna passa, infalivelmente, pelo estado do Paraná. A região abrigou importantes nomes que, embora menos conhecidos em escala nacional, foram fundamentais na expansão da agenda moderna pelo sul do Brasil. A mostra apresenta a formação desse cenário, além das conexões entre os expoentes do estado com modernistas de outras regiões do país, trazendo artistas como, Alberto da Veiga Guignard, Emiliano Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Cícero Dias, Alfredo Andersen, Guido Viaro, Theodor de Bona e Miguel Bakun.

Luiz Martins na Galeria BASE

“toda manifestação estética forma, de uma maneira ou outra, uma parte significativa da sensibilidade humana”  L.M.

A BASE, galeria de Daniel Maranhão, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Passos ao Passado”, do artista multimídia Luiz Martins, com texto crítico de Agnaldo Farias. A mostra é composta por 21 obras inéditas desenvolvidas nos últimos dez anos, em papel, tela e mármore, resultantes de sua pesquisa em sítios arqueológicos das regiões Nordeste, Centro Oeste e Sul do Brasil. A abertura é no dia 17 de junho – sábado – às 12hs. Em exibição até 05 de agosto.

Luiz Martins volta a investigar os vestígios gráficos dos povos indígenas como fonte iconográfica primordial para sua série Ingá, oferecendo uma leitura visual livre sem tentar interpretar suas significações. Nas pinturas, utiliza tinta acrílica em combinações de tons e cores clássicas como corpo principal, sobrepondo-se a massas aquareladas circulares. A dinâmica do grafismo está presente, mas não determinante, fazendo com que formas se apresentem durante a construção das cores estabelecida por uma tradição plástica, conforme explica o artista. Para ele, esse encontro é uma sucessão de desencontros na elaboração estética e formal de cada obra com liberdade de transformação.

O trabalho de Luiz Martins desafia o espectador com enigmas visuais e conceituais. Suas esculturas de discos de mármore claro e granito escuro, perfurados e sustentados por hastes circulares de madeira, despertam curiosidade. Esses discos não apenas ficam em pé, mas também sugerem a possibilidade de rolar sobre seu eixo, deixando sulcos em um chão macio. “Que escultura/engrenagem é essa, proposta pelo artista? Seria aparentada com uma mó, com o mostrador de um relógio?”, acrescenta Agnaldo Farias.

Para Daniel Maranhão, “o uso do mármore pelo artista é um desdobramento da imensa escultura executada em 2022, oportunidade na qual Luiz Martins instalou uma obra em uma praça pública, em Portugal (uma encomenda do Governo Português, para homenagear os 500 anos do Descobrimento do Brasil). Para tanto, Martins fez uso de um monobloco de mármore  com cerca de 4 toneladas. Na mostra a ser inaugurada, o mármore e granito voltam à sua pesquisa.”.

Além das esculturas circulares, a mostra exibe pinturas e colagens explorando formas irregulares, achatadas e fragmentadas, evocando objetos antigos como lemes de barcos, foices e enxadas. Algumas obras apresentam esses feitios isolados em grande escala, enquanto outras compõem uma coleção de formas, assemelhando-se a um catálogo de maravilhas inventadas. Destaca-se uma grande pintura azul, com um horizonte suspenso atravessado por retículas, totens e monolitos, provocando questionamentos sobre seu propósito e significado. A dualidade também está presente nas pinturas com círculos desenhados à mão, criando uma ilusão de geometria em estágio embrionário, desafiando a percepção e as noções de ordem e forma. A arte enigmática e intrigante de Luiz Martins convida a explorar os mistérios do desconhecido, refletindo sobre as complexidades da existência e da criação.

Segundo Daniel Maranhão, responsável pela expografia e curadoria das obras, “a mostra ocupa os dois pavimentos da BASE. Além da série “Ingá”, prevalecente na exposição, somam-se dois conjuntos inéditos da série “Carolina Maria de Jesus” que são trabalhos expansíveis que permitem diversas montagens e um grande políptico de 46 partes, da já consagrada série “Não está no Dicionário”.”

“As obras de Luiz Martins levam a pensar que o nascimento da linguagem implica no nascimento do mundo, tanto na representação das coisas existentes quanto na prefiguração das inexistentes, daquelas a serem inventadas ou aperfeiçoadas.”   Agnaldo Farias

Obras de Babinski em exibição

O MAM, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, apresenta até 13 de agosto, a recente aquisição de mais 20 obras de Maciej Babinski. O artista está entre os grandes de sua geração e o presente conjunto enriquece nosso acervo. Como as gravuras trazem detalhes, narrativas e vários acontecimentos, os públicos que frequentam o MAM têm agora a possibilidade de investigar cada detalhe das obras com o auxílio de lupas disponibilizadas pelo museu.

Maciej Babinski nasceu em Varsóvia, Polônia, em 1931. Com a Segunda Guerra Mundial foi para a Inglaterra, depois Canadá, até se fixar no Brasil, em 1965. No Rio de Janeiro, aproximou-se de diversos artistas, entre eles Oswald Goeldi. Foi também professor na Universidade de Brasília e lecionou na Universidade Federal de Uberlândia, MG. Viveu em São Paulo por oito anos, onde frequentou a Escola Brasil. Atualmente vive em Várzea Grande, no Ceará. Seus deslocamentos e o convívio com manifestações da vanguarda marcam a sua trajetória.

As peças que o MAM acaba de receber são de períodos diversos: há exemplares dos anos de 1950, 1960, 1970 e 1980, além de um significativo conjunto realizado nas duas primeiras décadas do século 21. A mais antiga foi realizada em 1955, momento em que o artista desenvolveu obras abstratas. Sua gravura dos anos de 1960 aborda indiretamente o ambiente de tensão presente durante a ditadura militar. Se em algumas gravuras há traços expressivos, em outras, feitas entre 2009 e 2014, afloram seu imaginário e suas fantasias. Em alguns dos trabalhos das décadas de 1970, de 1980 e de 2010 paisagens naturalistas e formas vegetais são perseguidas pelo artista com traços singulares e autorais. Ao mesmo tempo, figuras humanas, ora mais geometrizadas, ora mais oníricas, aparecem em narrativas em que o animalesco, cenários complexos e personagens inusitados se intercalam.

O conjunto representa a variedade de estilos e técnicas usadas pelo artista, passando pela xilogravura e com ênfase na gravura em metal. Trata-se de uma seleção representativa e generosa, feita pelo próprio Babinski, de sua fecunda obra.

Cauê Alves

Thiago Honório na Galeria Luisa Strina

13/jun

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta “Oração”, segunda exposição do artista Thiago Honório, com curadoria de Ana Paula Cohen.

Em “Oração”, Thiago Honório ocupa o espaço expositivo da galeria – sediada no andar térreo de um edifício comercial, em formato U ou ferradura – considerando o corpo arquitetônico e os deslocamentos do corpo do espectador em seu interior como texto, oração, conjunto linguístico que se estrutura em torno de um verbo. Na experiência de “Oração”, os trabalhos se pulverizam pelo espaço da galeria como signos gráficos, vírgulas, pontos estelares que tomam a arquitetura como texto.

Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até aqui esse tecido sempre foi tomado por um produto, por um véu todo acabado, por trás do qual se mantém, mais ou menos oculto, o sentido (a verdade), nós acentuamos agora, no tecido, a ideia gerativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido – nessa textura – o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolvesse ela mesma nas secreções construtivas de sua teia. Se gostássemos dos neologismos, poderíamos definir a teoria do texto como uma hifologia (hyphos é o tecido e a teia da aranha).

A partir dessa noção de texto, na exposição a oração é concebida como constituinte sintático, coordenado ou subordinado, geralmente dotado de verbo, e também como litania, sob forma de meditação; reza; prece litúrgica enunciada nas horas canônicas ou na missa; como fala; ou, ainda, conjunto de palavras ordenadas segundo normas gramaticais, proposição, sentença, uma frase.

No trajeto proposto por “Oração”, é possível vislumbrar uma narrativa fraturada, aberta, a um só tempo fragmentada e suspensa, marcada por hiatos, intervalos, cortes, vazios e silêncios. Ao considerar a planta da Galeria Luisa Strina, a noção de planta no pensamento desta exposição adquiriu outros sentidos a partir de alguns elementos presentes nos trabalhos: o ramo de algodão, a rosa do rosário, a estaca para plantar, rebento, a planta arquitetônica, traçado, mapa, diagrama, a planta do pé. A mostra foi pensada como trama e também como uma espécie de exposição-procissão. Em julho, ela se desdobrará em Texto, operação a ser realizada na Capela do Morumbi, em São Paulo.

Até 24 de junho.

Reflexões de Richard John

12/jun

Richard John apresenta a exposição “Desenhos Miméticos” que inaugura no dia 17 de junho no V744atelier, Porto Alegre, RS. O artista propõe reflexões sobre as limitações da linguagem e a vida em sociedade.

O espaço foi idealizado e coordenado pela artista Vilma Sonaglio. O título da exposição e os trabalhos expostos são o resultado da tese de doutorado de Richard John, chamada “Desenhos Miméticos e A Tirania da Forma”, defendida em 2018. Partindo do antigo conceito grego de mimese, os trabalhos exploram a representação e a cópia como os elementos fundantes da linguagem, tanto visual como escrita.

Sobre a exposição

“O inferno é o outro”, escreveu Sartre. A enigmática frase do famoso filósofo francês resumia, de uma forma um tanto irônica, as diferenças e dificuldades da vida em sociedade. Apontava, também, para questões identitárias e a tendência, muito humana, de projeção no outro. Roland Barthes, outro filósofo francês, tentou algo mais propositivo ao escrever “Como viver juntos?”, um livro de 1977 que traz no título uma pergunta ainda muito atual. A exposição promete abordar estas e outras questões e é o resultado de uma tese de doutorado e mais quatro anos de trabalho. O artista, que desde 1988 vem produzindo experimentos entre pintura e desenho, considera que, mais do que estes quatro anos, a exposição é a culminância de suas reflexões desde a década de 1980.

– “Dizem que um artista sempre circula pelos mesmos temas, como uma forma de obsessão. O fato é que um artista aprofunda suas questões com o benefício do tempo; tudo é somado e levado ao seu desdobramento possível. Tudo isso –  tentativa, incerteza, erro, reelaboração, descoberta e redescoberta, avanços e recuos – são as partes constituintes de um processo artístico e é sua somatória que confere consistência ao trabalho”, observa Richard John.

Formalmente, alguns desenhos lembram livros de colorir ou o jogo dos 7 erros. São os chamados “trabalhos figurados” nos quais as representações de objetos simples trazem uma sensação de nostalgia e algo relacionado à infância. Mas, conceitualmente, eles vão muito além disso. E essa desproporcionalidade é estratégica e intencional porque os trabalhos funcionam em muitos níveis de leitura. Um dos conceitos utilizados por Richard John é o de inframince, criado por Marcel Duchamp (1887-1968), no qual o sentido artístico é encontrado em elementos praticamente imperceptíveis, nas relações mais sutis entre acontecimentos próximos. – “Duchamp, com o inframince, tentou chegar numa espécie de limite da arte, na qual ela pode residir na sua forma mais sutil, algo que me interessa como maneira de questionar, também, os limites da linguagem”, revela o artista.

Outra série também presente na exposição lida diretamente com a palavra. São os chamados “desenhos escritos”. Um desses desenhos traz listado mais de 10 mil nomes e sobrenomes. São amigos, parentes e pessoas conhecidas na sociedade e no meio artístico gaúcho, mas também artistas e filósofos de fama internacional. A ideia é render uma homenagem a cada um deles e, ao mesmo tempo, pensar as relações interpessoais na sociedade. Para o artista, a questão proposta por Barthes continua a nos desafiar: “Como viver juntos?”. Com os nomes, lado a lado, temos a impressão de células que formam um tecido e que perdem sua individualidade à distância, formando um todo abstrato.

Dividida entre “desenhos escritos” e “desenhos figurados” a exposição propõe um questionamento, tanto da linguagem escrita quanto desenhada, tratando dos elementos que formam tanto uma alfabetização verbal como visual. “- Não podemos esquecer que tanto a palavra como a imagem são elementos de linguagem e representação, como tal elas precisam ser aprendidas e são sujeitas a falhas. Minha ideia é justamente aproveitar estas falhas para encontrar novos sentidos na sua utilização e no nosso entendimento do mundo. Toda vez que se inventa uma nova linguagem se cria um novo mundo, uma nova vida”, conclui o artista.

“As linguagens e representações estruturam as relações sociais, culturais, econômicas, ideológicas e elas as reproduzem e as multiplicam”. Richard John opera nesse universo de reproduções e de cópias no qual vivemos imersos. Suas obras “enfatizam que as representações podem, também, representar a cópia ou os processos envolvidos em sua constituição”, escreveu Helio Fervenza, autor do texto de apresentação da exposição.

“Desenhos Miméticos” fica em cartaz até o dia 11 de agosto. Visitação de quartas as sextas-feiras, das 14h às 17h. Outros horários serão contemplados com agendamento pelo direct do Instagram do V744atelier.

Sobre o artista

Richard John (Bom Princípio-RS, Brasil, 1966) é artista plástico e professor. De 2013 a 2018 foi coordenador do Espaço Cultural ESPM, onde organizou exposições individuais de importantes artistas do cenário local e nacional, tais como Mario Röhnelt, Patrício Farias, Helio Fervenza e Maria Ivone Santos, Eduardo Haesbaert, Frantz, Dione Veiga Vieira, entre outros. Richard John é formado em Pintura (1992) e Desenho (1995) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Em 1998 defendeu sua dissertação de Mestrado na mesma instituição. Em 2022, também pela Ufrgs, defendeu a tese “Desenhos Miméticos e A Tirania da Forma”, cujos trabalhos práticos deram origem à corrente exposição. Richard John participou de várias exposições coletivas a partir do final dos anos 1980, dentre as quais se destacam 49° Salão Paranaense (1992), XVI Salão RBS do Jovem Artista (1996) e a mais recente, Próxima Pintura, Pintura Próxima (2022), exposição em homenagem ao colega e artista Gelson Radaelli. “Desenhos Miméticos” é sua terceira exposição individual. As individuais anteriores foram “Cosmogonia” de 1994 (Galeria Espaço Institucional, Casa de Cultura Mario Quintana) e “O Objeto Flutuante” de 2014 (Estúdio Clio).

Sobre o V744atelier

Idealizado e administrado pela artista visual Vilma Sonaglio, o V744atelier é um local para criar e expor arte contemporânea. Abriga exposições de artistas convidados, mas também aceita propostas de criadores que estejam desenvolvendo sua pesquisa e produção em todas as linguagens na arte contemporânea. Inaugurado em 18 de setembro de 2021, com a exposição “ViCeVeRSa…pode não ser o que é”, de Sonaglio, o Atelier já sediou a exposição “Paisagem sem Volta”, de André Venzon e Igor Sperotto, “Be-a-bá”, de Maria Paula Recena e Marcos Sari, “C+asa”, de Marcelo Silveira; “Tripadeiras”, de Téti Waldraff, “Desvio/Provas”, de Helena Martins-Costa, “Sem peso e Cem medidas”, de José Spaniol. “Desenhos Miméticos”, de Richard John, é a oitava mostra do espaço expositivo.

Em seu segundo ano de atividades ininterruptas, o V744atelier vem se consolidando como um local para criar e expor arte contemporânea. A cada exposição, um novo desafio é proposto ao público, que é convidado a pensar e a refletir, seja apreciando as obras, seja participando das tradicionais “Conversa com o Artista”, encontros que ganham apreciadores desejosos de conhecer mais sobre o artista e seus processos criativos.

Recomenda-se o uso de máscara e álcool em gel à disposição.

Até 11 de agosto.

Lulla & Piero Gancia

A Luste, Atelier Editorial & Multimídia, Edifício Itália – Circolo Italiano San Paolo – Lobby Térreo, República, São Paulo, SP, em parceria com o Grupo Comolatti, exibe imagens que ilustram o livro “Lulla & Piero Gancia – No Grande Prêmio da Vida”, de autoria de Carlo V. Gancia, em 8 backlights de grande formato, com 28 fotografias, como um tributo ao intenso e profundo sentimento que unia o casal. A curadoria é de Marcel Mariano e Serena Ucelli. No livro, o autor narra uma passagem da história da imigração italiana no Brasil, com ênfase na chegada da Família Gancia na década de 1950 e sua influência no estilo de vida da época.

Lulla & Piero Gancia, com denso vigor e atuação no circuito cultural paulistano e forte ligação com as pistas, estabelecem novos parâmetros e deixam sua marca na vida contemporânea da cidade com uma visão vanguardista em todos os setores a que se dedicam. O casal era movido tanto pelo amor que os unia como pelas paixões com que abraçavam suas metas e causas. Amavam o Brasil, país escolhido por eles para viver e criar os três filhos – Kika, Carlo e Barbara -, os vinhos e o automobilismo. Nas palavras de Carlo Gancia, “Lulla & Piero Gancia – No Grande Prêmio da Vida” – é um livro a ser lido para se saber como acaba. Garanto que a vida dos dois é uma epopéia a ser saboreada tanto pelos percalços que sofreram mas também pelas lindas coisas que criaram”.

De 12 de junho a 12 de julho.

Primeiro ano da Galatea

 

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, completou no dia 10 seu primeiro ano! Estamos muito felizes com tudo o que construímos e compartilhamos nos doze meses que se passaram.

Seguimos levando à frente nossa proposta de trabalhar tanto com novos talentos da arte contemporânea quanto com artistas consagrados do cenário artístico nacional, além de promover o reposicionamento de artistas históricos eclipsados pela histografia da arte e pelo mercado. Buscamos, assim, fomentar e agregar culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, em uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

Artistas representados

Hoje, contamos com um conjunto diverso de artistas representados, provenientes de diversas regiões do país, inscritos em diferentes gerações e que transitam por linguagens variadas, desde a pintura até a instalação. Por ordem de anúncio, são: Allan Weber (Rio de Janeiro, RJ, 1992), José Adário (Salvador, BA, 1947), Marilia Kranz (Rio de Janeiro, RJ, 1937-2017), Aislan Pankararu (Petrolândia, PE, 1990), Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981), Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, MG, 1983) e Miguel dos Santos (Caruaru, PE, 1944).

Feiras

Participamos, desde o início, de importantes feiras nacionais e internacionais com projetos que, vistos em conjunto, traduzem bem a nossa proposta. Foram eles: o estande Tramas brasileiras na SP-Arte Rotas Brasileiras, em agosto de 2022; Chico da Silva: mitologias brasileiras na Independent 20th Century, em Nova York, em setembro de 2022; Allan Weber: Traficando arte na ArtRio, em setembro de 2022; o estande na SP-Arte, em abril de 2023; o estande com o projeto solo da artista Beatrice Arraes na ArPa, em São Paulo, em junho de 2023.

Exposições

Seguimos levando à frente nossa proposta de trabalhar tanto com novos talentos da arte contemporânea quanto com artistas consagrados do cenário artístico nacional, além de promover o reposicionamento de artistas históricos eclipsados pela histografia da arte e pelo mercado. Buscamos, assim, fomentar e agregar culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, em uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

A próxima exposição, com abertura no dia 28 de junho, apresentará uma seleção abrangente da série Toquinhos, produzida por Mira Schendel principalmente entre 1972 e 1974. Continuaremos a todo vapor e muito animados com todas as novidades que em breve serão compartilhadas!

Agradecemos imensamente a todos que colaboraram conosco e acompanharam a nossa trajetória.

Representação ousada feminina

07/jun

A exposição “Teresinha Soares: um alegre teatro sério” é o atual cartaz – até 29 de julho – da galeria Gomide&Co, Paulista, São Paulo, SP. Com organização de Luisa Duarte, apresenta um conjunto de obras entre desenhos, pinturas e gravuras da intensa trajetória da artista mineira pelos anos 1960 e 1970. A exposição conta ainda com textos inéditos de Lilia Schwarcz e de Julia de Souza. Inserida no contexto repressor da ditadura militar brasileira, a artista ousou a representar temas feministas e de gênero, por um viés do erótico e de grande contestação das relações do corpo com os costumes morais, o consumo e a máquina política.

“Minha arte é realista precisamente porque condeno os falsos valores de uma sociedade a que pertenço. Realista e erótica, minha arte é como a cruz para o capeta” – Teresinha Soares

O aspecto ousado está tanto na temática quando no tratamento formal empregado pela artista, com traços e cores que transitam e se relacionam com os movimentos artísticos da época, como a arte pop, o noveau réalisme e a nova objetividade brasileira.

“Em “Um alegre teatro sério”, trabalho que dá nome à exposição, o corpo feminino aparece duplicado – ora mais curvado e talvez reprimido; ora expansivo e sem amarras. Frases como “de luz apagada”, que aparece logo abaixo de um abajur iluminado, ou “há os outros naturalmente” e “recebe até na cama e o governado” contracenam com rostos que se beijam e o que parece ser uma máscara de teatro. A obra faz pensar no teatro da corporalidade feminina, sujeita a tantas proibições, jogos de simulação e não ditos. Permite introduzir também o imaginário erotizado dessa artista numa súmula bem-feita e que faz performance dentro e fora das telas” – trecho do texto de Lilia Schwarcz para exposição.

Antes de ser artista, Teresinha Soares foi a primeira vereadora eleita em sua cidade natal, Araxá, onde foi também miss e professora. Além de artista, é também escritora e ativista dos direitos da mulher e ambiental.   Nos últimos anos, seu trabalho tem sido revisto e reinscrito na história da arte brasileira, tendo participado de importantes exposições coletivas.

O seu olhar feminista e libertário, a sua capacidade de aliar eloquência formal de energia contestatória, nos endereçam uma obra munida de singular atualidade para pensarmos os caminhos da arte e os desafios políticos da contemporaneidade.

Sobre a artista

Teresinha Soares nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 1927. Mudou-se para Belo Horizonte no início da vida adulta, onde iniciou sua carreira artística. Participou de três Bienais de São Paulo (1967, 1971 e 1973) e realizou as exposições individuais “Amo São Paulo” (1968), na Galeria Art-Art, São Paulo, e “Corpo a Corpo in Cor-pus Meus” (1971), na Petite Galerie, Rio de Janeiro. Seu trabalho vem sendo revisitado e inscrito na história da arte brasileira, tendo recentemente feito parte de grandes exposições no Brasil e internacionalmente, como “The World Goes Pop”, na Tate Modern (2015), “Radical Women: Latin American Art”, 1960-1985, no Hammer Museum (2017), Brooklyn Museum (2018), e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018). Em 2017, o MASP realizou a sua primeira exposição retrospectiva em 40 anos: “Quem tem medo de Teresinha Soares?”.

Duas exposições no MAR

06/jun

O MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 1º de outubro as exposições individuais de Yhuri Cruz e Jaime Laureano. Uma exposição imersiva que aborda a vingança da vida e a política da presença. Essa é “Revenguê: uma exposição-cena”,  mostra individual do artista Yhuri Cruz. A proposta expositiva do artista visual, escritor e dramaturgo Yhuri Cruz é inspirada numa ficção desenvolvida por ele nos últimos anos, onde apresenta um novo planeta e suas reverberações naqueles que o conhecem. A mostra, que é divida em quatro núcleos, apresenta, em alguns momentos, a performance de Yhuri Cruz e outros seis artistas. Durante essas apresentações o público vai presenciar a criação de novas obras da exposição. A mostra tem curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Jean Carlos Azuos, Amanda Rezende e Thayná Trindade

Aqui é o Fim do Mundo

O passado do Brasil e a sua fonte de questionamentos sobre o atual contexto político, social e cultural são apresentados pelo artista Jaime Lauriano na sua nova exposição individual “Aqui é o Fim do Mundo”, no Museu de Arte do Rio. Cumprindo o papel de artista-historiador Jaime Lauriano apresenta esculturas, vídeos, desenhos e intervenções que revisitam símbolos, signos e mitos formadores do imaginário da sociedade brasileira. Com a curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Amanda Rezende, Jean Carlos Azuos e Thayná Trindade, a mostra “Aqui é o Fim do Mundo”, perpassa diretamente pelos signos do nacionalismo. Essa é uma exposição panorâmica que celebra os 15 anos de carreira de Jaime Lauriano.

  

Fundação Ecarta lança projeto de arte

Os três eventos ocorreram nos diferentes espaços da galeria. A Ecarta apresentou projeto para educadores. O debate de ações pedagógicas na arte e o papel dos artistas no pensamento de novas formas de expressão da educação ganhou espaço na Fundação Ecarta. O projeto “Professor Artista – Artista Professor” traz uma reflexão sobre a temática e o papel do profissional da educação na troca de conhecimento dentro da sala de aula.

“Todo professor pode ser artista? Todo artista pode ser professor? A partir dessa reflexão abrimos este novo espaço para o diálogo sobre a arte e a educação tanto nos espaços escolares ou não”, destaca o coordenador da Galeria Ecarta, o artista visual André Venzon. Para abrir o ciclo de exposições e conversas sobre o tema, foi convidada a artista e professora Téti Waldraff. As atividades do projeto em 2023 têm a mediação do artista e professor Walter Karwatzki.

De acordo com Téti Waldraff, “…é urgente o debate e o foco na formação de arte educadores”. Para a artista, que é professora de Artes Visuais, “…seja na dança, música ou no teatro é necessário qualificar o ensino em todos os espaços possíveis”.

Projeto Potência

Nova exposição do Projeto Potência na Fundação Ecarta De 06 de junho a 09 de julho, o espaço dedicado ao “Projeto Potência” na Fundação Ecarta receberá a exposição “Ruídos de Lembrança”, da artista Isabelle Baiocco. A mostra traz um conjunto de pinturas que partem de fotografias antigas da própria família, desde a infância de seus pais até a sua própria,

“Assim como os ruídos que marcam as fotografias e vídeos analógicos, as nossas lembranças são permeadas de ruídos, pedaços faltantes, cenas borradas, tempos trocados. Aqui o tempo e memória são assuntos inerentes a essas imagens e às nossas lembranças”, pontua a jovem artista porto-alegrense. A artista e professora do Instituto de Artes da Ufrgs, Lilian Maus, aponta que, “…a partir do uso virtuoso do desenho e da pintura em contato com a fotografia e o vídeo analógico, a artista discute o lugar do retrato na arte contemporânea e a própria onipresença das imagens nos veículos de comunicação”. Isabelle Baiocco cursa Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também é bolsista de Iniciação Científica coordenada pela Professora Marilice Corona. Começou sua experiência com pintura no final de 2017 com aquarela e atualmente trabalha também com outras técnicas como lápis de cor, tinta acrílica e tinta a óleo.

O valor da arte

A Galeria Ecarta também recebeu a exposição “Primeiro Raio”, do artista Santiago Pooter. Com curadoria de Gabriela Motta, rótulos de bebidas, ícones religiosos, logomarcas e outras sínteses imagéticas formam o léxico visual das 20 obras que ficarão expostas até o dia 09 de julho. A partir da aproximação entre essas diversas marcas identitárias – sagradas, profanas, sincréticas -, o artista gera uma tensão relacionada às noções de valor cultural, econômico e simbólico dos objetos e das obras de arte. Aparentemente inacabadas, as telas de Santiago Pooter dividem o espaço com colchões usados, plantas mortas, restos de artefatos, propondo combinações semânticas insuspeitas entre as pinturas e elementos ordinários. Santiago Pooter é artista visual, pesquisador, graduando em História da Arte pela UFRGS e produtor cultural. Já foi indicado ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas em 2021 e 2022.