O universo de Duval

14/out

A exposição “WASTHA – Universo imaginário de Fernando Duval” entra em cartaz – com curadoria geral de Antonio Torres Xavier – na Sala Multiuso do Marina Barra Clube, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. O artista que tem vida profissional com mais de cincoenta anos de atividades contínuas dentro e fora do país, é criador de incontáveis personagens que habitam um notável mundo paralelo contado através de inspiradas figuras que servem de imediata alusão à realidade cotidiana.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1937, em Pelotas, RS, Fernando Duval estudou inicialmente na Escola de Belas Artes de Pelotas. Aos 19 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde ingressou na turma de alunos comandados pelo pintor Ivan Serpa no MAM-Rio que ainda encontrava-se em construção e travou conhecimento com Aluísio Carvão, Fayga Ostrower e Edith Behring. Quando as vanguardas abstratas tomaram a cena artística brasileira, dividindo cariocas e paulistas, geométricos e informais, Duval influenciou-se pelas diferentes orientações, refletidas em uma fase marcada pelo uso do preto e branco. A seguir, passou a trabalhar com cores primárias em trabalhos mais figurativos e logo começou desenvolver seu universo fantástico. Primeiramente, em livros de edição única que mostrava apenas aos amigos. Após ter participado da 9ª Bienal do Mercosul em 2013, o artista lança um livro ambientado em seu universo, o Wasthavastahunn no qual narra (e ilustra) a história do Bivar, um animal que nunca foi visto.

 

 

De 18 a 25 de outubro.

Retorna a Lisboa

Depois de passar 30 dias na Residência Artística HS13rc entre fevereiro e março deste ano, o artista plástico Fábio Carvalho retorna a Lisboa para realizar a segunda fase do projeto de “intervenção urbana APOSTO”. Na primeira fase do projeto, o artista criou dois novos padrões de azulejos, a partir de fotos de peças da série “Delicado Desejo”. A série “Delicado Desejo” é composta por armas de fogo criadas a partir de um patchwork de diversas rendas.

 

 

Os novos padrões de azulejos foram impressos em papel, e depois aplicados em fachadas de prédios lisboetas onde os azulejos originais já estavam em falta, por deterioração ou roubo. Nenhum azulejo real foi encoberto pelos azulejos de papel do artista.

 

 

Além dos dois novos padrões de azulejo criados, em um caso particular Fábio Carvalho criou um padrão específico, “sob medida”, visando um maior diálogo entre o padrão original na fachada e o criado pelo artista. É exatamente este aspecto que será ampliado nesta segunda fase da da intervenção urbana “APOSTO”, batizada como “APOSTO 2.0”. O artista irá criar uma grande variedade de novos padrões para seus azulejos de papel, cada qual destinado a apenas um único padrão português original. Desta forma, cada fachada será completada com um desenho de azulejo desenvolvido especialmente para aquele prédio.

 

 

Além d”APOSTO 2.0″,  Fábio Carvalho levará para Lisboa a intervenção urbana “OCUPAÇÃO MONARCA”, iniciada em agosto deste ano no Rio de Janeiro. Em Lisboa, o lambe lambe da “OCUPAÇÃO MONARCA” também assumirá a forma de azulejo de papel, para ser aplicado em portas e janelas lacradas com cimento em imóveis abandonados, e em alguns casos específicos, como complemento às faltas de azulejos em fachadas.

 

 

Nesta intervenção temos como base a icônica imagem de um soldado em uniforme camuflado e armado com um fuzil, com asas de borboleta saindo de suas costas, que pode ser encontrada em uma variedade de outros trabalhos do artista, acompanhada de novos desenhos, todos advindos do universo militar: tanques de guerra, granadas, bombas, pistolas, facões, entre outras, ornamentados por uma variedade de flores. Esta série foi criada como uma referência aos azulejos de figura avulsa portugueses.

Patrícia Piccinini no CCBB/SP

“A evolução é uma história de extinções”, diz a artista Patricia Piccinini – e um passeio pelo Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, onde estão abrigadas agora as 41 obras de sua mostra “ComCiência”, que nos faz indagar sobre o futuro.

 

Interessada na relação entre o natural e o artificial, a australiana cria algumas de suas esculturas hiper-realistas de silicone como se fossem seres híbridos originados de experimentações genéticas – suas Metafloras (2015), por exemplo, assemelham-se a flores de pele e pelos. “A genética é uma aposta no escuro e Patricia fala muito sobre uma ética flexível”, define Marcello Dantas, curador da exposição, primeira individual da criadora no País.

 

De fato, esse é um tema pungente levantado em “ComCiência”, que também será apresentada em Brasília. Entretanto, é importante destacar que, principalmente, a artista questiona por meio de sua pesquisa na maneira como se dá o nosso confronto com a estranheza.

 

As peças escultóricas de Patricia Piccinini, que podem levar até 18 meses de execução, têm, curiosamente, uma delicadeza apesar do aspecto orgânico e de certas metamorfoses. As criaturas da australiana, realizadas em um estúdio em Melbourne que, abrigado em uma antiga fábrica, mais parece um “laboratório de efeitos especiais de cinema”, como conta Dantas, inspiram afeto mesmo que fiquem entre o humano, o animal e o surreal. “Crio situações nas quais o público é convidado a sentir empatia”, afirma a artista. Logo no hall do CCBB, A Grande Mãe (2005) representa uma macaca gigante que amamenta um bebê. Já em O Tão Esperado (2008), um menino e um estranho ser estão adormecidos. “Para que você durma com uma pessoa, você tem que realmente confiar nela”, comenta.

“A questão emocional é fundamental na minha obra porque é através da emoção que nos engajamos em algo”, explica Patricia. “Hoje em dia é muito difícil chamar a atenção das pessoas”, diz a australiana sobre o conforto que sente com o caráter espetacular de suas obras. “Eu poderia fazer um trabalho entediante para provar quão intelectual eu sou, mas não é esse o meu objetivo. Quero me conectar com as pessoas. Sou inclusiva e o mundo da arte é o oposto.”

 

Desenhista por formação, a artista, que nasceu em 1965 em Serra Leoa, mas vive na Austrália desde 1972, executa suas obras com a ajuda de um time de profissionais. “Trabalho com iluminadores, maquiadores, pessoas da indústria do cinema que conseguem traduzir os meus desenhos, que nascem da minha imaginação, para formas tridimensionais”, destaca Patricia, que também cria – e exibe em “ComCiência” – fotografias e filmes.

 

 

Até 04 de janeiro de 2016.

 

Fonte: Diário do Grande ABC – Cultura & Lazer

O caos na arte de Marcelo Gandhi

13/out

O universo caótico das grandes cidades, a globalização determinando novas relações entre as pessoas, a crise de representação que, sintomaticamente, atinge em cheio o homem urbano. Em meio a essas reflexões, nasce e se fortalece a arte do potiguar Marcelo Gandhi, cuja mostra individual, intitulada “Suco de Máquina”, poderá ser vista Roberto Alban Galeria, no bairro de

 

 

Ondina, Salvador, BA.  

 

A exposição será composta por, aproximadamente, 15 obras de médio a grandes formatos, entre desenhos sobre papel e sobre tela, um objeto em alumínio fundido, uma animação e projeções de alguns outros trabalhos. A mostra, como explica o próprio Marcelo Gandhi, é fruto de sua incursão, “rotineira e incessante”, pela cidade de São Paulo, onde passou a viver desde que saiu do Rio Grande do Norte há alguns anos.

 

“A partir das minhas relações e reflexões de estar numa metrópole complexa como São Paulo, o desenho foi assumindo um caráter mais cartográfico, caótico, evidenciando também a minha condição de nordestino, negro, árabe, assim como o meu posicionamento objetivo e subjetivo dentro dessa grande centrifuga”, define Gandhi.

 

A relação crítica e provocativa com a cidade, ainda assim, não elimina as possibilidades de um viés mais intimista e universal do artista diante do novo paradigma do mundo em rede, “onde não há mais lugar centralizador e, sim, vários pontos de disseminação e circulação de informação”.  Para Gandhi, seu trabalho artístico adquire a partir daí um perfil divergente dentro dessa grande rede: “Uso e abuso da repetição, da arte conceitual, da pop arte, resignificando, assim, uma cosmogonia particular no meio dessa gênese coletiva. Assumo que o corpo da minha obra é híbrido, misturado ..uma perfeita metáfora do Brasil com todas suas contradições e contundências”. Segundo ele, essa metáfora se traduz por interrogações que perpassam questões como signo, fronteira, gênero, política, economia, sociedade, sexualidade, espiritualidade.

 

Em desenhos, Marcelo Gandhi começou trabalhando com nanquim e papel, herança da sua formação universitária e ibérica, depois incorporou também telas e canetas coloridas e até pintura. “Tenho me colocado em experimentação, observando como a linha se comporta em outras superfícies e suportes. A cor, pra mim, surgiu de um esgotamento do uso do preto e branco e também da dinâmica de avanço inerente ao próprio trabalho, pois chega um momento em que o próprio trabalho diz pra onde você tem que ir ou o que deve fazer. A arte é um sistema vivo e dinâmico, um motor contínuo sem começo nem fim”, sintetiza.

 

 

Toy art e Walt Disney

 

O caráter questionador e estético da obra carregada de abstração de Gandhi é reconhecido pelo curador e crítico de arte Bitu Cassundé, que apresenta a mostra da Roberto Alban Galeria. Analisando sua trajetória, ele diz que os desenhos do artista adquiriram mais recentemente uma nova estruturação e são contaminados por eixos do universo dos toy art, dos ready mades de Marcel Duchamp, dos quadrinhos, do cinema e do ocultismo. “Impossível não citar também influências diretas como Walt Disney, Jeff Koons, bonecos Playmobil, Farnese de Andrade, Louise Bourgeois, H.R. Giger, Andy Warhol, Basquiat, etc.“, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Natal no ano de 1975, Marcelo Gandhi formou-se em arte-educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Transitando pela música, performance e desenho, foi selecionado  para a Bolsa  Residência EXO, do Itaú Cultural/ Ed. Copam, em São Paulo. Participou também, em 2006, do projeto Rumos, promovido pelo Itau Cultural em São Paulo. Em 2007, realizou a sua primeira individual na Pinacoteca do Rio Grande do Norte. Em 2012, integrou a exposição Metro de Superfície, no espaço Paço das Artes, na USP/SP. Algumas de suas obras pertencem a acervos como Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE) e Pinacoteca do Rio Grande do Norte.

 

 

De 15 de outubro a 16 de novembro.

As Aventuras de Pierre Verger

09/out

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, em parceria com a Fundação Pierre Verger, inaugurou a exposição “As Aventuras de Pierre Verger”. A mostra foi elaborada para possibilitar, inclusive ao público infanto-juvenil, a apreciação da obra do etnólogo e babalaô, reconhecido como um dos maiores nomes da história da fotografia no mundo.

 

Reunindo cerca de 270 imagens registradas por Pierre Verger em diversas partes do mundo,  destacando o cruzamento da fotografia com vídeos, tecidos artesanais de diferentes países e artes sequenciais (quadrinhos), a exposição marca a finalização do projeto Memórias de Pierre Verger, patrocinado pela Petrobrás e pela Odebrecht e que, por quatro anos, encampou a tarefa de duplicar digitalmente o valoroso acervo fotográfico da Fundação e de concluir o seu acondicionamento em condições adequadas.

 

A mostra que chega ao Museu Afro Brasil já foi exibida em Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), de março a maio de 2015, com um grande sucesso de público, recebendo mais de 30.000 visitantes.

 

A curadoria e coordenação é de Alex Baradel, responsável pelo acervo da Fundação Pierre Verger, é uma das mais completas realizadas pela instituição criada pelo próprio fotógrafo francês na Bahia, local que escolheu para residir depois de viajar pelo mundo registrando as expressões culturais e o cotidiano de diversos povos.

 

O público é convidado a “embarcar” numa instigante viagem que retrata as experiências vividas por Pierre Verger (Paris, 1902 — Salvador, 1996), em um século marcado pelo desbravamento de fronteiras e guerras mundiais.

 

 

Fronteiras

 

A exposição está dividida em nove módulos: Paris, Viagens, Polinésia, Saara, China, Peru, África, Projeto e Educativo. São cerca de 220 imagens expostas ao longo do circuito e outras 50 que integram os vídeos que compõem a exposição. Onze ilustrações do artista visual baiano Bruno Marcello (Bua) também acompanham a mostra, retratando o personagem Verger em diversos episódios e contextos vividos por ele.

 

A exposição se destaca também por explorar o paralelo entre a obra de Verger e As Aventuras de Tintim, histórias em quadrinhos editadas entre 1929 e 1983, bastante populares e que se tornaram clássicas graças ao apuro estético dos traços e aos roteiros bem elaborados pelo autor belga Georges Prosper Reni, mais conhecido como Hergé.

 

 

Até 30 de dezembro.

Os incríveis anos 60

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibirá a exposição “OS INCRÍVEIS ANOS 60 – britânicos na Pinacoteca Ruben Berta”, um verdadeiro tesouro escondido. Por ter sido poucas vezes mostrada na sua totalidade, e por não existirem telas com este perfil na maioria dos museus brasileiros, a exposição é uma rara oportunidade de apreciar o trabalho de artistas britânicos vistos como visionários nos anos 60, época culturalmente revolucionária.

 

A exposição apresenta peças criadas por nomes que no calor daqueles “anos incríveis” já haviam conquistado importantes lugares no mundo das artes como Graham Sutherland, John Piper, Kitaj e Alan Davie. Mas também de um artista, como Allen Jones, naquele momento apenas iniciando uma carreira que o tornaria, como os demais, uma referência da Arte Pop no mundo inteiro. Outros tantos, ao longo das décadas seguintes atuariam com trajetórias constantes, seja como professores, ou projetando-se no mercado de arte internacional, como Michael Buhler ou Mario Dubsky.

 

As linguagens destes trabalhos – consoantes com as profundas mudanças da sociedade dos anos 60 – influenciaram sucessivas gerações de brasileiros que miraram nestas expressões atuantes na Inglaterra. Estas obras que aportaram na capital do Rio Grande do Sul são representativas dos desdobramentos lírico, expressionista e informal da pintura e apontam para a consagração dos elementos pictóricos que compuseram a Arte Pop, em especial nos procedimentos gráficos desenvolvidos pela publicidade e pela propaganda.

 

A Pinacoteca Ruben Berta foi doada à Prefeitura de Porto Alegre em 1971 pelos Diários e Emissoras Associados, conglomerado pertencente à Assis Chateubriand. O magnata das comunicações empreendeu entre 1965 e 1967 a criação de cinco museus – entre eles a Pinacoteca Ruben Berta – instalados em diversas regiões do país. Um dos nichos destas coleções era formado por obras de artistas britânicos adquiridas em galerias londrinas obras de Alan Davie, Michael Buhler, Allen Jones, John Johnstone, Neville King, Bill Maynard, John Piper, Patrick Procktor, Graham Sutherland, Mario Dubsky e Peter Behan.

 

 

De 13 de outubro a 30 de novembro.

Wanda Pimentel na Frieze Masters

A artista brasileira Wanda Pimentel é um dos destaques da Frieze Masters, feira que reúne mestres da história da arte contemporânea, que acontece de 14 a 18 de outubro, no Regent’s Park, em Londres. Segundo o site da feira, Wanda Pimentel possui uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos. Ela apresenta na feira  de Londres nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

No Brasil, o trabalho da artista pode ser visto no Rio de Janeiro, na Anita Schwartz Galeria, na Gávea, onde ela apresenta, até o dia 17 de outubro, a exposição

 

“Geometria/Flor”, ocupando todo o espaço expositivo da galeria com pinturas, desenhos e esculturas inéditas. Os trabalhos da exposição têm a ver com um processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado.

 

“Esses trabalhos tem um tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e construindo novas memórias”, afirma a artista.

Nário Barbosa: além do clique

Enquanto a sociedade ainda discute o que é atividade masculina e feminina, Nário Barbosa, artista representado pela OMA | Galeria, comprova que tradição é tradição e que esta pode virar arte quando se permite ultrapassar barreiras pré-existentes do tipo. Isso porque, ele que é reconhecido por atuar como repórter fotográfico há mais de 22 anos – venceu um dos principais prêmios, o Metro Challenge Photo 2014, na categoria Fuga Urbana – decidiu, em 1997, unir duas paixões: a fotografia e os bordados aprendidos com as mulheres de sua família. De lá para cá, não parou mais e ampliou sua criatividade ao criar imagens com costura e outras intervenções, formando peças únicas. “Nasci em uma cidade sergipana em que muitas pessoas vivem do artesanato. Então, esse universo sempre me foi comum. Quando eu tive a ideia de alterar os meus registros, logo imaginei que o ponto cruz, por exemplo, seria uma de minhas experimentações”, conta o artista.

 

Desde então, seus registros compõem coleções e comumente são inseridas em projetos de decoração de ambientes. Segundo o galerista da OMA | Galeria, Thomaz Pacheco, o segredo das obras de Nário está nas emoções que elas causam, principalmente a primeira vista. “O trabalho que ele faz, sempre gera algum tipo de comoção. Alguns ficam curiosos em identificar o que foi feito na obra. Outros acham uma loucura mexer em um registro fotográfico. Outros se encantam com a complexidade que ele consegue atingir fazendo simples modificações. É muito interessante observar essas reações”, comenta.

 

Em novembro, as peças do artista poderão ser vistas na PARTE – Feira de Arte Contemporânea –, edição Paço das Artes, entre os dias 4 e 8, no estande da OMA | Galeria. Além dele, outros cinco artistas representados pela galeria – Andrey Rossi, Daniel Melim, Giovani Caramello, RIEN e Thiago Toes – e uma artista visual convidada, Juliana Veloso, vão apresentar suas mais recentes e inéditas produções.

 

 

Entre 04 e 08 de novembro.

Na Casa do Bandeirante

08/out

A Casa do Bandeirante, Praça Monteiro Lobato, s/n, Butantã, São Paulo, SP, abriga “Arrasto” a nova exposição individual de Marcelo Moscheta, vencedor do PIPA Voto Popular Exposição 2010. A exposição é um relato da expedição realizada pelo artista em toda a extensão do Rio Tietê, desde sua nascente em Salesópolis até a foz no Rio Paraná, entre março e agosto de 2015.

 

Nesse período, foram coletadas rochas, argilas, areias e minerais diversos das duas margens, e tudo foi documentado e classificado. O resultado é um pequeno museu de curiosidade e memórias, em que o artista flerta com a arqueologia, a geografia e a história dos Bandeirantes. Durante esta jornada, Moscheta catalogou, coletou, documentou e classificou argilas, rochas, areias e minerais das duas margens do rio. Com este material de referências de arqueologia, geologia e do movimento dos bandeirantes paulistas, o artista formou um pequeno museu de curiosidades sobre as particularidades do leito do rio.

 

Um dos destaques desta obra fica por conta de um grande desenho de uma queda d’água do Rio Tietê, adicionado ao que foi coletado na expedição. Expostos lado a lado, desenho e rochas criam um diálogo entre representação e a paisagem transferida para o interior da obra.

 

Durante todo o período da instalação, será distribuída, gratuitamente, uma publicação sobre a expedição do artista, com relatos de viagem, fotos da produção da instalação e textos dos artistas plásticos: Divino Sobral e Douglas de Freitas, além do próprio Moscheta.

Sobre a Casa do Bandeirante

 

A Casa do Bandeirante representa um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas construídas entre os séculos XVII e XVIII, localizadas predominantemente junto à bacia dos rios: Tietê e o seu afluente Pinheiros.O local tem uso museológico desde 1955.

 

Mais que uma exposição, o projeto “Arrasto”recebeu a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais 2014 e resulta também em uma publicação, com distribuição gratuita, sobre a expedição, com textos de Divino Sobral, Douglas de Freitas e do próprio artista, além de fotos e relatos.

 

 

 

Até 19 de dezembro.

Martin Parr : Covers Exhibition

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe “Covers Exhibition”, exposição individual do fotógrafo britânico Martin Parr, com curadoria de Iatã Cannabrava e Paulo Kassab Jr. Ao propor um conceito curatorial inédito, a mostra é composta por 22 fotografias – a maior parte nunca exposta no Brasil -, coloridas e em preto e branco, que foram capas de livros publicados pelo artista entre 1982 até 2014, e que traduzem seu estilo irônico, crítico e bem humorado de registrar os hábitos da sociedade moderna. Além das fotografias, uma linha do tempo conta a trajetória de Martin Parr, montada com as 76 capas de todos os seus livros.

 

Aos olhares mais ingênuos, as imagens de Martin Parr podem parecer exageradas, com temas estranhos, cores gritantes e perspectivas incomuns. “Ao mesmo tempo, suas fotografias nos mostram, de um jeito penetrante, o modo como vivemos, como nos apresentamos uns aos outros, e a que damos valor.”, comenta o curador alemão Thomas Weski. Não à toa sua fama de “cronista da sociedade moderna”, Martin Parr cria narrativas sobre o cotidiano de forma única e original, capturando o momento na exata fração de tempo, sempre munido de um olhar crítico e, de certa forma, satírico. Na própria definição do artista: “Com a fotografia, gosto de criar ficção a partir da realidade. Eu tento fazer isso tirando o preconceito natural da sociedade e acrescentando um toque especial.”. Sua pesquisa, há várias décadas, recai sobre as singularidades da vida em sociedade e aborda temas como lazer, consumo e comunicação, permitindo uma justaposição de imagens entre signos universais e experiências visuais incomuns, sem a intenção de resolver ou discutir contrassensos – o que agrega um toque de excentricidade em sua obra.

 

Ao longo desses mais de 40 anos dedicados à fotografia, Martin Parr produziu constantemente e lançou 76 livros, publicados desde o início da década de 1980 – até então, o fotógrafo registrava tudo em preto e branco; a partir de 1983, passa a usar apenas filmes coloridos, quando a saturação de cores se torna uma das principais características de sua produção. Em sua primeira individual no circuito cultural brasileiro, a proposta dos curadores é apresentar este trabalho em uma montagem nunca vista: contar a trajetória do artista através das capas de seus 76 livros, em uma linha do tempo, destacando 22 dessas capas em fotografias ampliadas para a exposição.

 

Por transcender os tradicionais tipos de fotografia, as imagens de Martin Parr se encaixam tanto no contexto da arte, em exposições e livros, como nos campos da publicidade e do jornalismo. Assim, ao desvendar toda a genialidade deste verdadeiro artista, a Galeria Lume oferece ao público a chance de entrar em contato com um dos fotógrafos mais importantes da atualidade, cuja obra é referência e fonte de inspiração às gerações mais novas de profissionais. Como diz o artista: “Fotografia é sorte, mas é sorte merecida.”. A coordenação é de Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

 

De 15 de outubro a 14 de novembro.