Anita Schwartz: Otavio Schipper e Tove Storch

24/nov

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Folha Branca”, feita em conjunto pelo artista brasileiro Otavio Schipper e pela artista dinamarquesa Tove Storch, com curadoria da também dinamarquesa Aukje Lepoutre Ravn, curadora do Röda Sten Konsthalle, importante espaço de arte contemporânea na Suécia.

 

“Na exposição, quero enfatizar e jogar com dois pontos comuns de interesse: a poética e os mecanismos de percepção. Temas clássicos, mas representativos, tanto do trabalho de Tove quanto de Otavio”, afirma a curadora.

 

No grande salão térreo, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, será apresentada uma instalação inédita, feita em conjunto pelos dois artistas, e pensada para o espaço da galeria. A instalação será composta por um trabalho de Tove, que será uma espécie de biblioteca, com prateleiras de seda. Em espaços vazios desta biblioteca estarão os trabalhos de Schipper, que o artista está produzindo especialmente para esta exposição. As obras fazem parte de uma série recente, “Memória Ótica”, e são compostas por objetos como óculos e fotografias antigas. “Esses trabalhos exploram a nossa relação com a memória coletiva e cultural dos objetos”, conta Schipper. “A biblioteca é um lugar de conhecimento histórico e você acessa esse conhecimento através de um ato de concentração, um ato de leitura. Esse é o mesmo sentimento que o espectador terá aqui, mas de forma abstrata”, explica a curadora Aukje Lepoutre Ravn.

 

Otavio Schipper conheceu a curadora Aukje Lepoutre Ravn e a artista Tove Storch durante uma residência artística em Nova York em 2013 na Residency Unlimited, e as convidou para desenvolver este trabalho em colaboração, que será apresentado pela primeira vez nesta exposição.

 

No segundo andar da galeria Otavio Schipper apresenta uma série de obras que fazem parte da série “Memória Ótica”, como a instalação “A Velocidade da Luz”, obra que fez parte da mostra “The Wizard’s Chamber” no Kunsthalle Winterthur, na Suiça em 2013.

 

 

De 27 de novembro a 17 de janeiro de 2015.

VISITA GUIADA da exposição CASA 7

O curador Tiago Mesquita selecionou 20 obras produzidas entre os anos 1990 e 2000, do grupo de artistas que, no início dos anos 1980, se reunia, com finalidades estéticas comuns, em uma casa de número 7 numa pequena vila na cidade de São Paulo.

 

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, está com a Exposição Casa 7 em cartaz até 13 de dezembro de 2014.

A mostra “Casa Sete”, composta por uma seleção de 20 obras de Rodrigo Andrade, Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez, Paulo Monteiro e Nuno Ramos, artistas de inegável importância na cena atual das artes visuais, que, por um curto período, de 1982 a 1985, trabalharam juntos em um ateliê na casa número sete de uma vila na cidade de São Paulo. Lá, além de compartilharem o espaço, dividiram algumas inquietações estéticas.

 

Quase 30 anos após o fim desse estúdio coletivo, o curador Tiago Mesquita buscou trabalhos que revelam as semelhanças e a diversidade no trabalho dos cinco artistas. “A ideia é mostrar obras que definiram a trajetória individual de cada membro do grupo e estabelecer as linhas de diálogo que permaneceram”, explica o curador. “Os trabalhos tomaram caminhos muito distintos, porém a indefinição, a recusa em tornar objetos e espaços evidentes na descrição visual parece persistir no trabalho de cada um desses artistas”, escreve Tiago Mesquita em seu texto crítico.

 

No período em que se reuniam no ateliê, tinham como marca trabalhos de grandes dimensões, cujos materiais largamente utilizados eram a tinta industrial e o papel kraft, por seu baixo custo. Foram eles, segundo o crítico Lorenzo Mammi, que experimentaram o neoexpressionismo no Brasil, corrente que já se apresentava na Europa.

 

Entre eles, Rodrigo Andrade é hoje o mais ligado às questões propriamente pictóricas, que, por vezes, o reaproximam do neoexpressionismo. Nuno Ramos ramifica seu trabalho entre pintura, escultura e literatura. Paulo Monteiro transitou entre a pintura e a escultura, utilizando para esse suporte trabalhos em ferro e chumbo fundidos. Fábio Miguez e Carlito Carvalhosa, já nos anos 80, trabalham com a encáustica. Carvalhosa passa depois a trabalhar com cera em suas telas, e mais adiante utiliza a escultura e a performance, enquanto Miguez explora a tridimensionalidade em relevos e a indefinição do espaço com o uso do branco.

 

 

 

 

Local:

Rua Oscar Freire, 379, Lj 01 – Jardins – São Paulo

 

Data:

Dia 25 de novembro das 19 as 20:30 horas.

Amilcar de Castro no MAM Rio

19/nov

O MAM-RIO, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, Petrobras, Bradesco Seguros, Light e

Organização Techint apresentam, a exposição “Amilcar de Castro”, uma grande retrospectiva

da obra do importante artista plástico mineiro, que nasceu em 1920 e faleceu em 2002. Com

curadoria de Paulo Sergio Duarte, a mostra ocupará o Salão Monumental, os Pilotis e os

Jardins do Museu, com 56 obras produzidas desde a década de 1960 até 2001.

 

Quatro esculturas, em grandes dimensões, feitas em aço cortén, estarão na área externa do

Museu. Duas delas, da década de 1990, estarão nos Pilotis: uma com mais de três metros de

comprimento, e cinco toneladas, e outra de 4,70 metros de comprimento por 2,40 metros de

altura, pesando três toneladas. A obra mais alta é da década de 1970, e estará nos Jardins do

Museu: quatro metros de altura por dois de largura, com quatro toneladas. Em frente ao lago,

estará uma escultura da década de 1980.

 

Nas esculturas é utilizada a técnica de “corte e dobra”, um dos traços marcantes da obra do

artista, como explica o curador: “Na escultura, são raríssimos os trabalhos em que se encontra

a solda. O método foi partir de um plano quadrado, retangular, de um quadrilátero irregular

ou circular, realizar um corte e a dobra, gerando não apenas a tridimensionalidade, mas,

sobretudo, uma nova experiência do espaço”.

 

A exposição terá, também, esculturas menores, que ficarão no interior do Museu. Dentre os

destaques, está um conjunto composto por 140 esculturas em aço cortén, diferentes umas das

outras, que têm em comum o fato de terem, em ao menos um dos lados, 23 cm. A grande

maioria das esculturas foram feitas em aço cortén, na exposição também haverá obras em

mármore, granito, madeira e vidro. “Ao método de corte e dobra, a partir da década de 1980,

vem se somar o método da utilização de blocos de aço e madeira no qual serão realizados

apenas cortes que permitem, pelo deslocamento entre as partes, diversos exercícios de

experiência da escultura. Alguns desses trabalhos foram também realizados em mármore”,

ressalta o curador Paulo Sergio Duarte.

 

A mostra contará ainda com seis “desenhos” em tinta acrílica sobre tela, que é como Amilcar

de Castro chamava suas pinturas sobre tela e sobre papel, em que usa basicamente as cores

preto e branco, deixando rastros das cerdas do pincel nas telas.

 

 

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

 

Amilcar de Castro é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros.

“Retrospectivamente, observando-se com a distância de várias décadas, a produção

escultórica desse período, tanto a europeia, a norte-americana, como a japonesa, tem-se a

ideia da dimensão da contribuição de Amilcar que se manifesta com destaque desde a 2ª

Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. O poder da obra, sua potência poética, reside na

coerência do método, perseguido ao longo de toda a trajetória do trabalho”, afirma o curador.

Paulo Sergio Duarte também chama a atenção para o fato de ele ter sido um dos artistas que

assinaram o “Manifesto neoconcreto”, em 1959 – escrito pelo poeta e crítico Ferreira Gullar –

junto com Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis.

 

“Em um país que vivia o empenho do segundo governo Vargas e, logo depois, o Programa de

Metas de Juscelino Kubitschek com a construção de Brasília, era necessário que, além da

aventura arquitetônica, houvesse um conjunto de obras de arte significativo, ainda que de

circulação extremamente restrita pela ausência de um empenho efetivo na formação de

coleções públicas. Toda a rica reflexão crítica e teórica se fundava, sobretudo, numa produção

local. A obra de Amilcar de Castro é um dos pilares dessa produção. E não é exagerado dizer

que é um dos elevados momentos da arte da segunda metade do século 20”, diz o curador.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Amilcar de Castro nasceu em 1920 em Paraisópolis, MG. Faleceu em Belo Horizonte, MG, em

2002. Escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo, professor. Muda-se com a

família para Belo Horizonte em 1935, e estuda na Faculdade de Direito da Universidade

Federal de Minas Gerais – UFMG, de 1941 a 1945. A partir de 1944, frequenta curso livre de

desenho e pintura com Guignard (1896-1962), na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, e

estuda escultura figurativa com Franz Weissmann (1911-2005). Em 1940, em seus trabalhos,

dá-se a passagem do desenho para a tridimensionalidade. Em 1952, muda-se para o Rio de

Janeiro e trabalha como diagramador em diversos periódicos, destacando-se a reforma gráfica

que realizou no “Jornal do Brasil”. Depois de entrar em contato com a obra do suíço Max Bill

(1908-1994), realiza sua primeira escultura construtiva, exposta na Bienal Internacional de São

Paulo, em 1953. Participa de exposições do grupo concretista, no Rio de Janeiro e em São

Paulo, em 1956, e assina o “Manifesto Neoconcreto”, em 1959. No ano seguinte, participa em

Zurique da Mostra Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill. Em 1968, vai para

os Estados Unidos, conjugando bolsa de estudo da Guggenheim Memorial Foundation com o

prêmio de viagem ao exterior obtido na edição de 1967 do Salão Nacional de Arte Moderna

(SNAM). De volta ao Brasil, em 1971, fixa residência em Belo Horizonte. Torna-se professor de

composição e escultura da Escola Guignard, na qual trabalha até 1977, inclusive como diretor.

Leciona na Faculdade de Belas Artes da UFMG, entre as décadas de 1970 e 1980. Em 1990,

aposenta-se da docência e passa a dedicar-se com exclusividade à atividade artística.

 

 

Texto do curador Paulo Sergio Duarte

 

Amílcar de Castro e a coerência do método

 

Estamos diante de um dos elevados momentos da arte da segunda metade do século XX: a

obra de Amílcar de Castro (Paraisópolis, 1920 – Belo Horizonte, 2002). Que essa obra tenha se

materializado num país de periferia, com mais da metade de sua população habitando a zona

rural na década de 1950 (segundo o censo de 2010, hoje, são um pouco menos de 16%), é um

dos problemas que críticos e historiadores da arte do Hemisfério Norte só agora começam a

tentar compreender. O Manifesto neoconcreto (1959), escrito pelo poeta e crítico Ferreira

Gullar e assinado pelo autor, por Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape,

Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis; a Teoria do não objeto (1959), de Gullar, e um conjunto de

textos de Mário Pedrosa, escritos ao longo da década de 1950, testemunhavam sobre a

emancipação crítica e teórica sobre a arte no Brasil. O Manifesto neoconcreto é um momento

privilegiado dessa reflexão ao se opor ao positivismo naïve dos teóricos do concretismo e seu

“objetivismo”.

 

Para esse nível de compreensão da arte ser atingido, num país que vivia o empenho do

segundo governo Vargas e, logo depois, o Programa de Metas de Juscelino Kubitschek com a

construção de Brasília, era necessário que, além da aventura arquitetônica, houvesse um

conjunto de obras de arte significativo, ainda que de circulação extremamente restrita pela

ausência de um empenho efetivo na formação de coleções públicas. Toda a rica reflexão crítica

e teórica se fundava, sobretudo, numa produção local. A obra de Amílcar de Castro é um dos

pilares dessa produção. E não é exagerado dizer que é um dos elevados momentos da arte da

segunda metade do século XX.

 

Retrospectivamente, observando-se com a distância de várias décadas, a produção escultórica

desse período, tanto a europeia, a norte-americana, como a japonesa, tem-se a ideia da

dimensão da contribuição de Amílcar que se manifesta com destaque desde a 2ª Bienal

Internacional de São Paulo, em 1953. O poder da obra, sua potência poética, reside na

coerência do método, perseguido ao longo de toda a trajetória do trabalho. Na escultura, são

raríssimos os trabalhos em que se encontra a solda. O método foi partir de um plano

quadrado, retangular, de um quadrilátero irregular ou circular, realizar um corte e a dobra,

gerando não apenas a tridimensionalidade, mas, sobretudo, uma nova experiência do espaço.

As possibilidades desse método, ao visitante, estão demonstradas desde esculturas

monumentais no exterior do museu, nas de grande e pequeno porte, e nas 140 esculturas que

têm em comum não se repetir e ter ao menos em uma de suas dimensões 23 cm.

 

Ao método de corte e dobra, a partir da década de 1980, vem se somar o método da utilização

de blocos de aço e madeira no qual serão realizados apenas cortes que permitem, pelo

deslocamento entre as partes, diversos exercícios de experiência da escultura. Alguns desses

trabalhos foram também realizados em mármore.

 

A esses se juntam as experiências de escultura em vidro, raramente apreciadas, e os

magníficos “desenhos”, como Amílcar chamava suas pinturas sobre tela e sobre papel.

 

Espero que aquele que estiver aqui lendo esse texto volte a visitar essa magnífica lição sobre a

arte que é a obra de Amílcar de Castro.

 

 

De 26 de novembro a 08 de fevereiro de 2015.

Exposição de Bel Pedrosa na Gustavo Rebelo Arte

A galeria Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta ao público carioca a exposição “Partituras no Asfalto”, um ensaio geométrico e abstrato de colagens de fotos da sinalização de trânsito no asfalto de várias cidades, da fotógrafa carioca Bel Pedrosa. A mostra, que já passou por São Paulo, chega agora ao Rio de Janeiro composta de 17 fotografias que revelam formas geométricas e abstratas com cores vibrantes do cenário urbano, resultado das andanças da fotógrafa por bairros do Rio de Janeiro e de cidades como Santiago do Chile, São Paulo, Belo Horizonte e Búzios.

 

Em 2012, durante uma viagem ao Chile, Bel observou um quebra-molas e começou a série. Passou a registrar a sinalização de trânsito no asfalto, faixas de pedestres, ciclovias, pistas exclusivas de ônibus, alerta de fiscalização eletrônica, etc. Num primeiro momento, ela decompõe a sinalização para depois construir digitalmente imagens, paisagens urbanas. As “colagens” são formadas ao agrupar as fotos abstratas, e por isso nem sempre identificáveis, de acordo com a cor, a cidade, o bairro e a rua. O resultado são trabalhos que revelam cores e traços marcantes de paisagens urbanas.

 

No texto de apresentação da exposição a pesquisadora, fotógrafa e doutora em comunicação Cláudia Linhares Sanz, que escreve críticas e artigos para o site de fotografia Icônica, discorre sobre o universo lúdico de Bel Pedrosa: “Por onde se inicia o jogo que Bel Pedrosa nos propõe? Sua coleção de pequenos pedaços do mundo nos faz percorrer múltiplos itinerários: não sabemos ao certo por onde é dada a partida; somos, no entanto, levados pelos movimentos das imagens, vetores que direcionam nosso olhar, setas apressadas, cortes diagonais desviantes; círculos às vezes vagarosos, outras, apressados. A cada lance, é possível reiniciar a jogada, começar talvez pelo meio do tabuleiro: e se o olho agora andasse por outra direção, e se brincássemos num zigue-zague, e se recomeçássemos dessa vez de trás pra frente? Onde parar? Quando cessar o trânsito? Uma olhadela seria suficiente para ver seus tabuleiros ou a singularidade de seus diagramas surge na duração que cada jogada permite? Um mapa do mundo dos detalhes: despercebidos, discretos, inexpressivos, tocam, nas imagens de Bel Pedrosa, uma espécie de partitura secreta. Mapas de pequenos enigmas”.

 

 

Sobre a artista

 

Bel Pedrosa, Rio de Janeiro, 1962, fotógrafa. Começou a fotografar nos anos 80. Foi assistente de Carlos Freire e fez estágio no famoso laboratório Publi’Mod Photo, em Paris. No fim dos anos 80, morando em São Paulo, trabalhou como repórter fotográfica no jornal Folha de São Paulo, até 1995, quando resolveu ser fotógrafa independente e se mudou para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Trabalha para vários jornais e revistas brasileiras (Valor Econômico, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, IstoÉ, Época, Carta Capital, entre outros) e estrangeiros (El País, Le Monde, Liberation, The New York Times, Art Presse, Village Voice, Studio Voice, entre outros). É conhecida por seus retratos de escritores nacionais e estrangeiros para diversas editoras, tais como Companhia das Letras, Objetiva, Planeta do Brasil, Agir, Cosac Nayfi, Bloomsberry, Picador, Tusquets, Luchterhand. Participou de mais de 20 exposições coletivas no Brasil, na Europa e na América Latina. Realizou 5 individuais no Rio de Janeiro, São Paulo, Angola e Equador. Faz parte da Coleção Masp-Pirelli (2006) e tem fotos em diversas coleções particulares em diversos países.De 27 de novembro a 20 de dezembro.   TAGS:  Partituras no Asfalto – Bel Pedrosa, Gustavo Rebello Arte, Claudia Linhares Sanz, Valor Econômico, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, IstoÉ, Época, Carta Capital, El País, Le Monde, Liberation, The New York Times, Art Presse, Village Voice, Studio Voice, Companhiaa das Letras, Objetiva, Planeta do Brasil, Agir, Cosac Nayfi, Bloomsberry, Picador, Tusquets, Luchterhand.

 

 

De 27 de novembro a 20 de dezembro.

Eixo Arte reúne 24 artistas

18/nov

Fechando o ano e iniciando sua primeira exposição coletiva, a EIXO Arte, Urca, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Paisagens inventadas”. Sob a curadoria de Marco Antônio Portela a exposição leva ao visitante, fotografias e vídeos de 24 artistas. A exposição propõe a reinvenção da paisagem sob uma perspectiva contemporânea, usando como forma de circulação a rede mundial de computadores para refletirmos sobre a noção de paisagem frente aos desafios que a contemporaneidade apresenta.

 

Importantes nomes das artes visuais estarão presentes na primeira coletiva da jovem, porém inovadora plataforma. A novidade para esta coletiva, contam Sara Figueiredo e Sandra Tavares (fundadoras da Eixo) é que a  exposição virtual 3D será projetada em espaço real no momento exato de seu lançamento na web, fato este que marcará um novo momento na trajetória da Eixo.

 

A escolha do Ateliê da Imagem, situado na Urca, não foi por acaso.  Entre artistas, estudantes, amigos e o tradicional bairro nobre da Zona Sul da cidade do Rio, o Ateliê da Imagem vem se consolidando como uma das principais referências brasileiras no ensino, produção e pensamento sobre a fotografia e a imagem contemporânea. Uma escola livre de imagem, responsável pela formação de uma nova geração que hoje é revelada em concursos, editais e projetos em todo o Brasil.

 

 

Artistas participantes

 

Albé, Alexandre Hypólito, Ana Costa Ribeiro, Ana Dalloz, André Sheik, Angela Rolim, Bruno Veiga, Carolina Cattan, Carolina K, Celina Portella, Cleantho Viana, Felipe Braga, Greice Rosa, Ismar Ingber, João Araújo, Kitty Paranaguá, Leandro Pimentel, Leonardo Ramadinha, Marcos Bonisson, Monica Mansur, Patrícia Gouvea, Roberto Unter, Rogério Reis e Thiago Barros.

 

 

Sobre a EIXO

 

A EIXO Arte é um espaço que trabalha exclusivamente com exposições virtuais, e marca sua presença no segmento artístico utilizando-se de recursos 3D e multimídia, com o intuito de apresentar novos trabalhos e, de maximizar as possibilidades do espaço expositivo convencional, onde, apesar da liberdade metafórica, existe a delimitação de ordem física.

 

 

Dia 28 de novembro, às 19h no Ateliê da Imagem.

Os rinocerontes estão chegando

No século XVI alguns animais exóticos foram “inocentes protagonistas de jogos de poder mundiais”. Nesse contexto, no ano de 1515 aportou em Lisboa, como um presente diplomático, o primeiro rinoceronte a pisar em solo europeu (Ganda), que naquele mesmo ano foi eternizado em gravura de Albrecht Dürer, constituindo-se como uma das imagens mais marcantes da história da reprodutibilidade. Antecipando as comemorações dos 500 anos de “Ganda” de Dürer, este projeto apresenta uma abordagem criativa do tema em gravuras e instalações gráficas de artistas vinculados a instituições de ensino de artes da África do Sul, Brasil, Portugal e Polônia. Por se tratarem de trabalhos múltiplos, exposições semelhantes abrem simultaneamente na Cidade do Cabo, Porto Alegre, Lisboa e Lodz. A organização geral é de José Quaresma da Universidade de Lisboa, com curadoria no Brasil de Maristela Salvatori, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A exposição acontece na Sala O Arquipélago, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, e ficará em cartaz até 28 de novembro e conta ainda com um ciclo de conferências: Rhinos are Coming: A Story that Changed History, a saber:

 

Portento diplomático com José Quaresma (Artista, professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa).

 

A partir das noções de Empreinte (Didi-Huberman), Immémorial (Michel Guérin) e Instalação (Julie Reiss), será desenvolvido um arco de ampla e sucessiva mediação entre a Gravura ancestral da Gruta na Ilha de Celebes (Indonésia), os Rinocerontes da Gruta de Chauvet (França), o Ganda de Dürer, e o espírito da Instalação Gráfica Contemporânea.

 

A iconologia do Rinoceronte de Dürer com Francisco Marshall (Historiador, professor do PPGAV/Instituto de Artes/UFRGS).

 

Análise iconográfica e iconológica do caso do rinoceronte Ganda, dos imaginários teratológicos modernos e da arte de Albrecht Dürer (1471-1528), com apresentação do histórico e do contexto genético desta representação.

 

The Rhinoceros in South African Visual Vernacular (conferência com tradução) com Stephen Inggs (Artista, professor da Michaelis School of Fine Art, University of Cape Town).

 

Um olhar sobre a imagem vernacular do rinoceronte na cultura Sul-Africana, da arte à publicidade, e como ela foi apropriada para as questões espirituais, estéticas, políticas e de conservação. A imagem do rinoceronte aparece em primeiro lugar na arte rupestre da África do Sul, onde acredita-se ter tido significado religioso para os bosquímanos na expressão de experiências espirituais. Sua aparição na arte Sul-Africana contemporânea tem um papel mais político que, no trabalho de William Kentridge, pode ser lido como um símbolo da África colonial, um animal selvagem que precisa ser domado e explorado em benefício da Europa.

 

Travelling Prints (conferência com tradução) com Alicja Habisiak-Matczak (Artista, professora da Akademia Sztuk Pieknych, Lodz)

 

O trajetória do Rinoceronte de Dürer e possibilidades de circulação de gravuras nos dias de hoje. Algumas experiências de intercâmbio e a configuração da cidade de Lodz como um lugar de acolhimento de gravuras “em viagem”.

 

Rinocerontes do Museu Agrícola do Ultramar com Luís Jorge Gonçalves (Arqueólogo, professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa).

 

Em 1929 foram expostos na Sala das Colônias do Pavilhão de Portugal, da Exposição Universal de Sevilha, dois rinocerontes taxidermizados oferecidos pela Agência Geral do Ultramar. Mais uma vez o rinoceronte era “embaixador” de um Portugal colonial, com forte presença em África, como o rei D. Manuel tinha realizado no início do século XVI. Os dois rinocerontes foram depois remetidos para o Palácio da Calheta, onde estava instalado o Jardim Colonial e Museu Agrícola Colonial, ficando expostos para a Exposição do Mundo Português de 1940, para ai permanecerem até aos nossos dias.

 

A imagem do Rinoceronte com Fernando Rosa Dias (Historiador, professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa).

 

A gravura do Rinoceronte de Dürer é explorada como ícone de uma encruzilhada de mudanças de paradigmas no advento da modernidade, ao que Heidegger definiu como «a conquista do mundo como imagem». Entre o bestiário medieval e o desejo de ilustração científica, esta imagem de reprodutibilidade capta um animal exótico de valor diplomático ao serviço do jogo de exibição das cortes barrocas.

 

 

Anunciando uma invasão: um rinoceronte e muitas histórias com Maristela Salvatori (Artista, professora do PPGAV/Instituto de Artes/UFRGS).

 

Apresentação de diferentes visões sobre a perspectiva de encontro e/ou ressignificação de Ganda, abordando a interpretação dos artista da equipe brasileira deste projeto, todos oriundos do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professores e alunos, de graduação, mestrado e doutorado, que responderam com entusiasmo a este desafio.

 

 

 

Animais raros na arte: imaginação e realidade com Maria Amélia Bulhões (Historiadora, professora do PPGAV/Instituto de Artes/UFRGS).

 

Se os animais raros permeiam o universo imaginário dos artistas através dos tempos, na contemporaneidade muitos deles se alimentam dessa tradição dando a ela novos sentidos. Walmor Corrêa é um desses artistas que mergulha totalmente no mundo animal para dele extrair uma obra rica e complexa. Ao primeiro olhar, suas obras parecem entrar no detalhado realismo que caracteriza os museus, os livros científicos e as enciclopédias. Observando mais detidamente, percebe-se que nada do que ali está é real ou possível. Para surpresa do espectador, vai se evidenciando um teatro do absurdo que se desdobra em inúmeros atos. A ambiguidade está sempre presente, não só como ferramenta operacional como também na estrutura de linguagem.

 

 

Rinocerontes mutantes. Fragmentos variáveis com Helena Kanaan (Artista, professora do Instituto de Artes/UFRGS).

A partir de uma ‘imagem-valise’, HELENA KANAAN ressalta a série como problemática intrínseca a constituição da imagem gerada por uma matriz. Do contorno de um rinoceronte às variações internas, acontecem combinações dos fragmentos em diferentes técnicas gráficas. A linguagem das correlações entre dissemelhanças é potencializada no formato livro de artista, conduzindo a uma alternância de aproximadamente 6000 concepções visuais. A série de rinocerontes com suas variantes, junto a pretensa multiplicidade de leituras de fragmentos impressos vai além e, o movimento provocado pelas mãos, torna-se animação por bits.

 

 

Sobre os artistas e palestrantes

 

José Quaresma

 

Coordenador geral do Projeto Rhinos are coming. Professor na FBAUL, é Doutor em Estética e Filosofia de Arte e Mestre em Estética e Filosofia de arte pelo Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Licenciado em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Curador de exposições coletivas, tem editado e coeditado livros sobre investigação em Arte, Arte Pública, Estatutos Ontológicos da Imagem, Arte em Ambiente Digital e Reprodutibilidade entre outros. Realizou numerosas exposições, entre elas as coletivas The Rape of Europe, com exposições em Utrecht, Lodz, Porto Alegre e Lisboa, 2013, e Printmaking, Installation, Poetry, The Joy of a Reencounter, com exposições em Granada, Utrecht, Copenhaga, Londres e Lisboa, 2012.

 

 

Francisco Marshall

 

Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1988) e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (1996), realizou pós-doutorado na Princeton University (NJ, EUA, 1998), como bolsista Capes-Fulbright, convidado de Peter Brown, e na Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg (Alemanha, 2008-9), como bolsista da Fundação Alexander von Humboldt. É professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Depto. e PPG História (IFCH) e no PPG Artes Visuais (IA). Tem experiência nas áreas de História e de Arqueologia Clássica, com ênfase em História Antiga e Medieval, atuando principalmente em história antiga, arqueologia clássica, museologia, iconologia, estudos do imaginário e história da cultura.

 

 

Stephen Inggs

 

Nascido na Cidade do Cabo, 1955. Professor de gravura e fotografia na Michaelis School of Fine Art, da University of Cape Town, onde também exerceu a função de Diretor. É graduado em Fine Art, pela Natal Technikon, e realizou estudos de pós-graduação na Brighton Polytechnic, Inglaterra, e na University of Natal, África do Sul. Realizou exposições individuais na Inglaterra e na África do Sul, participou de numerosas exposições coletivas na África do Sul e exterior. Entre suas publicações destacamos os livros Making Prints With Light e What’s Bred in the Stone: Art and Technique of Lithograph (2011 e1998, ambos editados pela Michaelis School of Fine Art).

 

 

Alicja Habisiak-Matczak

 

Nascida em Piotrków Trybunalski, Polônia, 1978. É Doutora em Artes pela Akademia Sztuk Pieknych, Lodz, onde também é professora. Realizou estudos superiores no Departamento de Gráfica e Pintura da Akademia Sztuk Pieknych (Academia de Belas Artes), de Łódź. Recebeu bolsa de estudos de pós-graduação do Ministério da Cultura e do Patrimônio Nacional e do Governo italiano para a Academia de Belas Artes de Urbino, Itália. Realizou exposições individuais na Polônia e no exterior. Participou de numerosas exposições coletivas de gravura e desenho. Recebeu prêmios na Polônia, Romênia, Itália e Canadá. É membro da Associação Internacional de Designers Gráficos – AMIGRAV, com sede em Montreal.

 

 

Luís Jorge Gonçalves

 

Nascido em Portugal, em 1962, é doutor em Ciências da Arte e do Patrimônio pela Faculdade de Belas- Artes da Universidade de Lisboa, com a tese Escultura Romana em Portugal: uma arte no quotidiano. Professor na Faculdade de Belas-Artes, atua nas áreas de História da Arte (Pré-História e Antiguidade), Museologia, Arqueologia e Patrimônio, na graduação, no mestrado e no doutorado. Tem desenvolvido pesquisas em Arte Pré-Histórica, Escultura Romana, Arqueologia Pública e Paisagem. Desenvolve ainda projetos em ilustração reconstitutiva do patrimônio, da função da imagem no mundo antigo e interfaces plásticas entre arte pré-histórica, antiga e arte contemporânea. É responsável por exposições monográficas sobre monumentos de vilas e cidades portuguesas.

 

 

Fernando Rosa Dias

 

Nasceu em Caldas da Rainha, 1964. Professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Doutor em Ciências da Arte pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Mestre em História da Arte Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL). Licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Pesquisador do Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA) – Secção de Ciências da Arte e do Património. Tem organizado colóquios e exposições, editado livros e artigos, e coordenado edições, em torno de questões como a arte portuguesa do século XX, a Investigação em Arte, a Imagem, as vanguardas culturais, entre outros.

 

 

Maristela Salvatori

 

Organizadora do ciclo de palestras, curadora do projeto Rhinos no Brasil, é professora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde foi Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Doutora por Paris I, Estágio Sênior/CAPES, Université Laval, Canadá. Líder do Grupo de Pesquisa Expressões do Múltiplo. Artista Residente na Cité Internationale des Arts, Paris, e no Centro Frans Masereel, Kasterlee, Bélgica. Realizou individuais e participou de coletivas no Brasil e exterior, recebeu prêmios, entre os quais o prêmio GRAV’X 1999, Fundação GRAV’X / Galerie Michèle Broutta, Paris.

 

 

Maria Amélia Bulhões

 

Graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1973), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1983), doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1990) e pós doutorado na Universidade de Paris I, Sorbonne (1997) e na Politecnica de Valencia (2008). Atualmente é professor do corpo permanente do PPG em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando na área de Artes Visuais, com ênfase em História, Teoria e Crítica de arte Coordena o Grupo de Pesquisa Territorialidade e subjetividade. Dedica-se principalmente aos seguintes temas: artes visuais contemporâneas, arte na América Latina e web arte. Escreve, desde junho de 2011, uma coluna semanal sobre artes visuais no jornal online Sul 21.

 

 

Helena Kanaan

 

Artista Visual com investigações em Gravura Contemporânea e Procedimentos Híbridos na Arte Impressa. Doutora em Poéticas Visuais pelo PPG em Artes Visuais / UFRGS e Universidade Politécnica de Valencia / Espanha. Mestre em Poéticas Visuais pelo PPG Artes Visuais / UFRGS. Especialização pela Scuola d’Arte Grafica Il Bisonte Florença / Itália. Professora no Centro de Artes / UFPel (1991 / 2013) na linha de Poéticas Visuais, orientando trabalhos de pesquisa (bacharelado, licenciatura, pós-graduação), quando coordenou o projeto de pesquisa e extensão Grupo Gravadores de Rua com dois bolsistas. Foi membro da Comissão de Consultoria do MALG (Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo) e membro na Câmara de Extensão. Em 2014 assume docência na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando na área da gravura. Coordena o grupo de pesquisa Práticas críticas da gravura à arte impressa. Processos e procedimentos matriciais, transferências, impregnações.

 

 

Até 28 de novembro.

Recortes de uma coleção na Ricardo Camargo Galeria

 

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura nova edição do projeto “Recortes de uma Coleção” trazendo uma seleção de fotografias do colecionador Marcelo Cintra, em exposição pela primeira vez no circuito cultural paulistano. Com curadoria de Ricardo Camargo e texto de Diógenes Moura, a mostra exibe 18 fotografias – p&b e cor – de dez autores renomados do circuito brasileiro e internacional, como Begoña Egurbide, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Pedro David, Pedro Motta, Pierre Verger, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado e Tuca Reinés.

 

O recorte elaborado para a mostra é composto por imagens que, de alguma forma, ângulo, ou em algum momento entre o olhar e a apreensão da cena pelo profissional, retrata a figura humana; no todo ou em partes, em movimento ou estático. “O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo.”, define Diógenes Moura.

 

Fases representativas dos fotógrafos com trabalhos icônicos das mesmas estarão dispostas lado a lado, formando um painel visual harmônico e ao mesmo tempo diversificado, abrangendo temas dos mais variados como crenças populares, sadomasoquismo e sensualidade, entre outras.

 

A coleção de Marcelo Cintra possui como base primordial o olhar criterioso do colecionador: “…somente compro as fotos que me emocionam; seja pelo tema abordado ou pela técnica utilizada” define Marcelo Cintra. A inclusão da fotografia em seu acervo pessoal ocorreu após uma visita, já há alguns anos, a semana de Fotografia em Madrid; sendo que nos dias atuais estas já respondem por 20% de suas obras de arte.

 

 

De 25 de novembro a 17 de dezembro.

Oske exibe Samsara

17/nov

A 1500 Babilônia, Leme, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Samsara”, do fotógrafo nipo-brasileiro Hirosuke Kitamura (apelidado de Oske), composta por 16 imagens feitas durante suas viagens à Índia.

 

Nascido em Osaka, Japão, e morador de Salvador, Bahia, Oske se sentiu impactado durante suas expedições pela Índia. A cultura extremamente exótica e o caos desenfreado das cidades o impregnaram a ponto de lhe dar a sensação de estar percorrendo um labirinto. Não obstante essa realidade desordenada, Oske percebeu uma ordem natural operando através do forte contato entre os seres humanos e os elementos da natureza, de tal modo que uma profunda serenidade emana entre aquele povo.

 

Esta conexão entre o homem e a natureza, a transformação, a morte e a vida infinita é uma crença espiritual enraizada na cultura indiana. Desta percepção surgiu a série “Samsara”, na qual o fotógrafo explora o movimento dos corpos humanos, cenas cotidianas como o banho no Ganges, a textura da carne crua dos animais, que se transformam pela passagem do tempo. O cenário gerado por essas imagens não expressa alegria, preocupação, tristeza nem raiva, simplesmente vai passando com o silêncio que emana dele.

 

Dentro do hinduísmo e de outras religiões orientais, “Samsara” representa o ciclo de renascimento. Segundo esta filosofia, após a morte, a alma vai para Lua, cai com a chuva e passa para as plantas. A planta, ao ser comida pelo homem, é absorvida e se transforma no esperma. Após o sexo, o espírito volta novamente à vida através do nascimento de um novo ser. Estes fenômenos de interligação entre todos os elementos – ambiente, corpo e espírito – aparecem e desaparecem na escuridão, mostrando o círculo infinito de “Samsara”.

 

Neste novo trabalho, não há separação de tempo e espaço, paraíso e inferno, dia e noite, pois não existe definição de nada, apenas a mistura desses elementos silenciosos com a natureza humana. Nas palavras de Oske: “Ainda não consigo compreender exatamente o que eu vi na Índia. Talvez este mundo sem rumo, sem certezas, também seja como o círculo de Samsara, que segue misterioso e me hipnotizando.” Direção: Alex Bueno de Moraes.

 

 

De 27 de novembro de 2014 a 21 de fevereiro de 2015.

Iberê: 100 anos – A programação

A partir de 18 de novembro, dia em que o artista Iberê Camargo faria cem anos de idade, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, promove a abertura da exposição “Iberê Camargo: século XXI”. Com curadoria de Agnaldo Farias, Icleia Cattani e Jacques Leenhardt, a mostra comemorativa baseia-se nas principais questões e séries de trabalhos do artista, como os carretéis e ciclistas. Pela primeira vez desde que a criação da Fundação, todos os ambientes do prédio projetado por Álvaro Siza serão preenchidos por obras. As pinturas, gravuras e desenhos de Iberê Camargo dividem espaço com obras de mais dezenove artistas brasileiros, evidenciando o diálogo entre as diferentes linguagens.

 

 

Programação

 

No dia 19, quarta-feira, às 18h, será lançado o livro “100 anos de Iberê”, pela editora Cosac Naify, com organização de Luiz Camillo Osorio. Na quinta, dia 20, no mesmo horário, acontece o lançamento do filme documentário “Magma”, com direção e roteiro de Marta Biavaschi, que aborda o universo do artista. No dia 21, sexta-feira, ocorre a apresentação do vídeo da performance inspirada na “Série Carretéis”, assinada por Eva Schul.

 

Também nos dias 19, 20 e 21 de novembro, a Fundação Iberê Camargo promove o seminário “Iberê Camargo: século XXI”. Sempre com início às 19h, o evento traz discussões sobre a obra e o legado de Iberê Camargo. A cada noite, haverá um painel de discussões com três palestrantes e um mediador abordando diferentes aspectos da produção do artista.

 

No dia 22, sábado, ocorre o “Encontro para Educadores”, promovido pelo Programa Educativo da Fundação. Nele, os professores têm a oportunidade de conversar com os curadores sobre a exposição. Antes do início do debate, acontece a apresentação do documentário “Pare olhe escute”, realizado pela Fundação Iberê Camargo, com comentário da diretora e roteirista Marta Biavaschi. O filme tem narração do próprio Iberê, com imagens e sons de arquivo, a partir do universo de sua obra e, de acordo com Marta Biavaschi, foram criados quadros vivos que dialogam com seus quadros. Além disso o filme evoca “a paisagem da memória do artista com filmagens realizadas em Restinga Seca, Jaguari, Santa Maria, Porto Alegre e Rio de Janeiro, lugares onde viveu, observou e transfigurou a realidade”. A escolha do título relaciona o Pare Olhe Escute do cruzamento da via férrea com o sentido de parar, olhar e escutar sua obra.

 

 
Outros destaques do Centenário de Iberê Camargo

 

Exposições:

 

Itália

Serão apresentadas três mostras  em maio de 2015. O Museo Marino Marini, em Florença, exibirá gravuras. O Palazzo Pitti, igualmente em Florença, mostrará obras do artista criadas nos anos 1960. O Museo Morandi, em Bolonha, mostrará um paralelo entre as obras de Iberê e do mestre Giorgio Morandi (1890 – 1964), apresentando naturezas-mortas de ambos.

 

São Paulo
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) inaugurou dia 15 a retrospectiva “Um Trágico nos Trópicos”.  A Pinacoteca do Estado de SP terá mostra dedicada às gravuras. No Rio de Janeiro, o Museu de Arte Moderna (MAM) apresentará uma retrospectiva  em outubro de 2015.

 

Interior do RS
A mostra itinerante “Iberê Camargo – Um Homem a Caminho” passa por Bagé, na Da Maya Espaço Cultural e Lajeado,  no Sesc.

 

 

 

Digitalização

 
Até o fim do ano, o acervo da Fundação Iberê Camargo estará disponível na internet, reunindo mais de 5 mil obras e documentos.

 

 

 

Expositores

 

A mostra foi concebida a partir das principais problemáticas da obra de Iberê Camargo e as repercussões na produção de artistas brasileiros contemporâneos. Diferenciando-se de um formato convencional de exposições comemorativas, em geral um conjunto representativo ordenado cronologicamente, a exposição destaca a potência da poética de Iberê Camargo em diálogo com trabalhos de dezenove artistas brasileiros de gerações variadas como Angelo Venosa, Arthur Lescher, Carlos Fajardo, Carmela Gross, Cia. De Foto, Daniel Acosta, Edith Derdyk, Eduardo Frota, Eduardo Haesbaert, Fabio Miguez, Francisco Kingler, Gil Vicente, Jarbas Lopes, José Bechara, José Rufino, Karin Lambrecht, Lenir de Miranda, Regina Silveira e Rodrigo Andrade.

 

 

Até 29 de março.

Kandisnky no Brasil

14/nov

Brasília é a primeira cidade fora da Europa a receber uma exposição com obras do criador do abstracionismo, Wassily Kandinsky. Cerca de 150 peças, entre quadros, objetos, fotos, livros e cartas sobre o artista, seus contemporâneos e suas influências podem ser vistos no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A mostra está dividida em cinco blocos: Kandinsky e as raízes de sua obra em relação com a cultura popular e o folclore russo; Kandinsky e o universo espiritual do xamanismo no Norte da Rússia; Kandinsky na Alemanha e as experiências no grupo Der Blaue Reiter, vida em Murnau; Diálogo entre música e pintura: a amizade entre Kandinsky e Schonberg; Caminhos abertos pela abstração: Kandinsky e seus contemporâneos.

 

As peças em exposição pertencem ao acervo de nove museus e de coleções particulares vindos da Rússia, Alemanha, Áustria, Inglaterra e França. Alguns dos principais itens são do Museu Estatal Russo de São Petersburgo. A organização da mostra também teve participação da Arte A Produções, responsável pela “Virada Russa”, realizada em 2009, no circuito do CCBB.

 

Mais do que apresentar obras do pintor russo, “Kandinsky – Tudo começa num ponto” oferece ao público a oportunidade de conhecer as referências de sua obra, como a relação entre arte e espiritualidade, a cultura popular no norte da Sibéria, o folclore russo, a música e os rituais xamânicos. As peças em exposição estão divididas em três espaços, um deles interativo. Utilizando óculos especiais, o público pode conferir uma das obras do pintor se desmembrando de acordo com o movimento do visitante e emitindo sons. Também é possível ouvir a descrição das cores e de suas características.

 

Na exposição, há pinturas de todas as fases do pintor, ilustrações de contos populares, símbolos religiosos, séries de paisagens, roupas e tambores utilizados em rituais xamânicos, coleções de objetos de cerâmica e litogravuras. Além de Kandinsky, a mostra traz quadros de artistas contemporâneos, como a ex-mulher Gabriele Münter, Alexej Von Jawlensky , Mikhail Larionov, Pavel Filonov, Nikolai Kulbin e Aristarkh Lentulov.

 

O objetivo dos curadores da mostra, Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, é fazer com que o espectador entenda vida e obra do pintor e também a relação com outros artistas e com a cultura de sua época. A ideia é compreender o contexto que ajudou na sua formação, dar um “mergulho no mundo que cercou e influenciou Kandinsky”. Para o diretor-geral da exposição, Rodolfo de Athayde, entender o gênio criativo implica compreender a sensibilidade que marcou a história da arte no século XX. “Esta exposição apresenta o prólogo dessa história enriquecida, que é a arte moderna e contemporânea. O modo em que se forjou a passagem para a abstração, os recursos a partir dos quais a figuração deixou de ser a única via possível para representar os estados mais vitais do ser humano, e finalmente o novo caminho desbravado a partir dessa ruptura”.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Moscou, em 16 de dezembro de 1844, Wassaly Kandinsky formou-se em Direito antes de iniciar sua vida como pintor. Uma visita a uma exposição de artistas impressionistas franceses e ao Teatro Bolshoi, onde assistiu à ópera Lohengrin, de Richard Wagner, despertaram o desejo de produzir arte. Em 1896, ele se mudou para Munique, na Alemanha, onde iniciou o curso de pintura. Em 1900, ele ingressou na Academia de Artes de Munique, onde estudou com Franz Stuck. Foi neste período que conheceu a artista Gabriele Münter, com quem passou a viver até o início da 1ª Guerra Mundial. Em 1911, Kandinsky e Franz Marc criaram o grupo Der Blaue Reiter (Cavaleiro Azul).  O período em que viveu na Alemanha é considerado o de maior desenvolvimento da arte abstracionista do pintor. No ano seguinte, ele publicou “Do espiritual na arte”, a primeira fundamentação teórica da arte abstrata. Ele escreveu ainda um livro de memórias e uma coletânea de poesias com 55 litogravuras, ambos em 1913. No início da guerra, voltou para Moscou, já sem Gabriele. Participou de eventos culturais e políticos no período após a Revolução Russa. Casou-se com a filha de um general, em 1917, e cooperou com o comitê popular de educação, ensinando arte e auxiliando na reforma e na criação de museus, entre 1918 e 1921. Kandinsky voltou à Alemanha em 1922. Em seguida, aceitou o convite de Walter Groupiuos e começou a lecionar na escola Bauhaus, onde permaneceu até 1932. Os 159 quadros pintados a óleo e as 300 aquarelas produzidos entre 1926 e 1933 se perderam depois que os nazistas declararam o artista “degenerado”.  Aos 67 anos, o pintor se mudou para a França. Ao lado da mulher, ele passou a viver em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Foi a última morada de Kadinsky até sua morte, em 13 de dezembro de 1944.

 

 

Locais e datas.

Depois de Brasília, a mostra “Kandinsky- Tudo começa num ponto” segue para o Rio de Janeiro, entre 27 de janeiro e 30 de março de 2015. São Paulo receberá o evento entre 18 de abril e 29 de junho de 2015. A exposição se despede do Brasil em Belo Horizonte, entre 21 de julho e 28 de setembro de 2015.