Eliane Prolik: Mira & Múltiplos

05/nov

Em paralelo à exposição “Da Matéria ao Mundo”, que acontece no Museu Oscar Niemeyer, a artista plástica Eliane Prolik lança seus mais recentes trabalhos em uma exposição pop-up na SIM Galeria, Curitiba, Paraná. A mostra “Eliane Prolik: Mira & Múltiplos” apresenta a série inédita de esculturas de mesa e dois múltiplos que trazem questões significativas da poética da artista.

 

Em metal, as obras de Eliane Prolik articulam elementos geométricos, urbanos e cotidianos. Suas esculturas constroem uma variedade de intensidades luminosas e ópticas, que capturam o dinamismo do corpo no espaço e na arquitetura. Também fazem parte da exposição os “Tapumes”, de 2013, elementos que criam uma espécie de labirinto para o espectador e que integram a exposição individual da artista no MON, além de “Brise”, de 2014, composta por esculturas suspensas que colocam o tempo em evidência.

 

A mostra ainda traz a obra Mira, realizada entre 2013 e 2014, exibida na feira ArtRio e adquirida para o acervo do Museu de Arte do Rio, o MAR.

 

“É uma obra muito interessante, em que há um aspecto reflexivo. Nessa escultura, você busca o horizonte ao mesmo tempo em que se vê”, explica Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria, que representa a artista com exclusividade.

 

 

De 05 a 12 de novembro.

San Poggio na Galeria Oscar Cruz

 

O artista argentino San Poggio, inaugura sua primeira exposição individual no Brasil: “A Leitura Submissa”, cujo título tem origem em uma pintura de Magritte chamada “A Leitora Submissa”, e do qual, o artista alterou apenas uma letra.

 

San Poggio vem trabalhando no campo pictórico, desenvolvendo uma série de pinturas em grandes formatos nas quais se desenrolam inúmeras cenas interconectadas. A confecção de sistemas de relações entre elementos e personagens é uma constante em sua obra, que envolvem o espectador em um processo de complexo estudo.

 

Tal complexidade na obra de San Poggio é com frequência interpretada como narrativa. No entanto, o processo de criar pinturas em sistema de “loop” parece contradizer o dispositivo quadro, como recorte ou janela, para um mundo imaginado. A imagem como sistema fechado, cujo espaço retorna sobre si mesmo, como um relato que se reinicia constantemente, reforçando desta forma, a sensação de confinamento e de repetição infinita; provocando uma desorientação no espectador, que não consegue compreender o significado, que parece manifestar-se claramente.

 

Na exposição que apresenta nesta ocasião na Galeria Oscar Cruz, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, alguns objetos e elementos extraídos das pinturas surgem no espaço da galeria, em uma série de instalações que ampliam o campo de indagação e de suas possíveis leituras. As pinturas também excedem o campo pictórico, pois o exploram questionando-o sobre sua condição de dispositivo de leitura. O quadro como sistema, revela seu funcionamento quando a repetição, as variações, derivações ou disfunções, contradizem constantemente nossa tentativa de ler nas imagens um discurso articulado.

 

 

 

Sobre o artista

 

Santiago Poggio, La Plata, Argentina, 1979. Vive e trabalha entre Buenos Aires e La Plata.

Anos 2000 – Principais exposições individuais

 

2014 – A Leitura Submissa, Galeria Oscar Cruz, São Paulo, Brasil; 2013 – No one can write a book, Mohs Exhibit, Copenhague, Dinamarca; Alguna Edad de Oro, Museo Emilio Caraffa, Córdoba, Argentina; Moloch, Artis Galeria, Córdoba, Argentina; El tiempo perdido buscando, 2ª Bienal de Arte y Cultura,La Plata, Argentina; Los primeros fríos, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina; Madrigales, motosierras y otras cosas, Jardin Oculto Galería, Buenos Aires, Argentina; Recital (Nº2), performance con Lucia Savloff, Jardin Oculto Galería (Buenos Aires, Argentina; 2009 – Recital (Nº1), performance con Lucia Savloff, Museo de Arte Emilio Petorutti, La Plata, Argentina; It’s alive!, Jardín Oculto Arte Museo Contemporáneo, Buenos Aires,  Argentina; San Poggio, Residencia Corazón, La Plata, Argentina; 2008 – La nube rara, Museo Provincial de Corrientes, Argentina; Pinturas, Sudaca Tienda de Arte, La Plata; Caprichos, Paseo de la Imagen 1, Auditorium Centro de las Artes, Mar del Plata, Argentina; 2007 – El vergel de los niños, Cordón Plateado Espacio de Arte, Rosario, Argentina; 2006 – San Poggio, Galería Isidro Miranda, Buenos Aires, Argentina; Obras, Museo de Arte Contemporáneo; Latinoamericano, La Plata, Argentina; 2005 – Noosfera, Centro Cultural Borges, Buenos Aires, Argentina; 2004 – Noosfera, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina; 2003 – Noo, Biblioteca Pública de la   Universidad Nacional de La Plata, Argentina; 2002 – Industria Hargentina, Galería Tempesta, La Plata, Argentina; – ARTeMAIl, serie de imagens digitais enviadas periódicamente por correio eletrônico; Espejo, ação em espaço público, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; – Industria Hargentina, Centro de Arte Moderno, Quilmes, Argentina; 2000 – El Gran Asco, Centro Cultural Islas Malvinas, La Plata, Argentina.

 

 

De 18 de novembro a 20 de dezembro.

Gonçalo Ivo em Paris

A Galerie Boulakia, Paris, apresenta 15 pinturas em grande formato produzidas nos últimos três anos pelo pintor Gonçalo Ivo. Nesta segunda exposição na Galerie Boulakia, a primeira data de 2012, e sua sétima exposição individual em Paris, Gonçalo Ivo, fiel a ele mesmo e à pintura, atividade que desenvolve desde jovem, continua aprofundando questões plásticas que lhe são caras como a cor como forma autônoma de linguagem, uma geometria mais próxima da poesia do que do rigor e uma latente espiritualidade gerada pela sua proximidade e admiração aos grandes mestres do passado.

 

Aos 56 anos, instalado há quinze anos com sua família e seu ateliê em Paris, o artista que conviveu em sua juventude com Iberê Camargo, Aluisio Carvão e que tinha nas paredes da casa paterna Lygia Clark, Volpi, Eliseu Visconti e muitos outros mestres modernos e antigos, apresenta agora para o publico francês séries inéditas de trabalhos.

 

 

Sobre o artista

 

Arquiteto de formação, filho do poeta Lêdo Ivo, desde pequeno convive com artistas e escritores como João Cabral de Mello Neto. Artista internacional com obras no Museu de Arte Geométrica de Dallas, de Long Beach, California e nos principais museus brasileiros como Museu Nacional de Belas Artes, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e Museu do Mar, no Rio de Janeiro entre outros. Possui diversos livros publicados sobre sua obra com textos dos mais relevantes críticos de arte como o francês Marcelin Pleynet e os brasileiros Frederico Morais, Fernando Cocchiarale e Roberto Pontual.

 

 

Sobre a Galerie Boulakia

 

Fundada em 1971, a Galerie Boulakia representa os grandes nomes da historia da arte, dos impressionistas a Jean-Michel Basquiat passando por Picasso, Fernand Leger, Damien Hirst, e Chagall. Sustentou no inicio da carreira obras de artistas então desconhecidos como Sam Francis, Alechinsky, Jorn e Appel. Instalada na Avenue Matignon n° 10, a Galerie Boulakia é das mais prestigiosas galerias francesas.

 

 

De 02 de dezembro a 05 de janeiro de 2015.

O TOM DO AZUL

04/nov

O Gris Escritório de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP,  abre a exposição coletiva “#kindofblue”, com curadoria de Sue-Elie Andrade-Dé, composta por cerca de quarenta fotografias de Beto Riginik, Cassandre Sturbois, Cholito Chowe, Julia Milward, Gabriela Portilho, Luiz Trezeta e Victor Dragonetti, dois desenhos e uma peça exclusiva do designer de mobiliários e artista plástico Rodrigo Edelstein, além de uma instalação com esculturas, da artista plástica Norma Grinberg, e um livro de Julia Milward. Inspirada na cor azul e em todas as possibilidades criativas que a envolvem, a mostra acontece sob uma perspectiva de improvisação, de multiplicidade, imersa em cores que delimitam o espaço do indefinível, construindo e desconstruindo elementos.

 

Através do tempo, o azul deixou de ser apenas uma cor – evoluiu e se tornou um conceito versátil. Em nossa sociedade, o azul tem o efeito psicológico do frio e da masculinidade, mas é também considerado como a cor da verdade, e de forma mais negativa, da melancolia e da morte. “Quem nunca se assustou ao ver aparecer o famoso ‘blue screen’ na tela do computador?”, comenta a curadora da exposição. Em “#kindofblue”, a intenção é explorar todos esses conceitos, em obras que não necessariamente reproduzem a coloração, mas que, de alguma forma, transmitem as sensações que o azul carrega. Citando algumas peças que fazem parte da mostra, uma fotografia de um crânio humano coberto com tinta azul, de Cholito Chowe; Gabriela Portilho expõe “Luz”, com uma paisagem composta por coqueiros e um fundo degradê com tonalidades que vão do cinza ao azul; Victor Dragonetti apresenta “Ana”, fotografia em preto e branco retratando uma mulher tirando a blusa, sozinha em um ambiente melancólico; e “Ópera do Malandro”, em que Beto Riginik fotografa um homem vestido de mulher em um clima vintage de câmeras analógicas antigas, com fundo que mescla diferentes tons de azul.

 

Para a mostra, destacam-se como referências o famoso disco de jazz de Miles Davis, “Kind of Blue” – do final da década de 1950, composto como uma série de esboços “modais”, com o intuito de deixar os músicos interpretarem as músicas no improviso, da forma mais espontânea possível; O artista francês Yves Klein, que se proclamava dono do céu, inventando o IKB (International Klein Blue), um pigmento azul que tem a capacidade de provocar uma sensação quase perturbadora de proximidade e de infinito simultaneamente; Claude Machurat, psicanalista da Association Lacanienne Internationale pour le Cercle Castellion, que evoca o azul como a “música dos olhos” – fazendo referência ao compositor Frédéric Chopin em sua busca da “note bleue”.
Contribuindo com a proposta original do GRIS Escritório de Arte, “#kindofblue” traz para seu acervo novas linguagens, com foco na fotografia emergente e incentivando projetos singulares, proporcionando ao público a oportunidade de vivenciar uma experiência cultural consistente, em um ambiente criativo e inspirador.

 

 

De 08 de novembro a 20 de dezembro. 

H.A.P Galeria: duas mostras

À frente da H.A.P Galeria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, Heloisa Amaral Peixoto recebe conjuntos inéditos de trabalhos das artistas Bel Barcellos e Claudia Melli. É a primeira vez que a galerista apresentará individualmente duas artistas nas salas térreas de seus sobrados. A investida dupla, segundo Heloisa, vem de uma coincidência temporal – o bom momento de Bel e Claudia, após período de investigações e desenvolvimento de suas produções artísticas; além do próprio entusiasmo ao ver o resultado do amadurecimento de cada uma delas.

 

 

Bel Barcellos, casa 11

 

Formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio, com mestrado na mesma área na University of Hull, Inglaterra, Bell Barcellos avança em seus opostos repletos de feminilidade ao apresentar um conjunto de treze desenhos e uma pintura, tendo a linha do bordado como linguagem principal. As imagens divagam sobre a relação homem-mulher, seus afetos, encontros e desencontros, e destacam-se, sobretudo, pelos grafismos criados como pano de fundo em seus alvos tecidos.

 

“De início os bordados eram apenas símbolos que entravam em meio às aguadas de acrílica ou aos traçados de grafite, remetendo ao trabalho das mulheres rendeiras, das rezadeiras e de um universo feminino esquecido no século XXI. Depois, os bordados tornaram-se tão fortes e reveladores de uma linguagem que me traduzia, que passaram a compor o desenho como um todo, figura e fundo”, conta Bel, que passou parte da infância no Recife, grande referência no ofício, e inaugura sua primeira mostra composta somente por desenhos bordados.

 

Em “Entre linhas”, ela retrata várias fases do relacionamento de um casal. Os desenhos bordados em preto têm seus personagens em primeiro plano costurados entre as linhas do fundo, que formam grafismos ao serem tencionadas, ora mais próximas, ora mais distantes. Já no díptico “Sobre nós”, Bel amplia a dimensão das telas, criando um contraponto cromático entre elas. Em uma das telas, o bordado fino e preciso de uma árvore seca, posta em meio a um casal, se sobressai no tecido e contrasta com as aguadas de acrílica preta que formam o céu nebuloso e fluido da outra tela. Por fim, em formato pequeno, a série de três trabalhos “Solo” aborda a mulher conectada a elementos da natureza, plena em sua solidão, mas sugerindo, talvez, traços de melancolia.

 

Nestes últimos anos, Bel Barcellos vem mostrando seu trabalho em individuais pelo Brasil (São Paulo, Recife, Petrópolis) e no exterior (México e Alemanha). Em 2014 completa 20 anos em sua trajetória como artista plástica, tendo também atuado em sua área de formação, artes cênicas, bem como na literatura com seus livros infantis.

 

 

Claudia Melli, casa 9

 

Com formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e após recente temporada em Basel, na Suíça, Claudia Melli volta à H.A.P Galeria com série de nove desenhos inéditos. Nela, a artista aborda a questão da luz e do enquadramento, pontos centrais no conjunto de sua obra, mas criando desta vez novos horizontes, perspectivas e atmosferas de silêncio. São imagens de observação, captadas e guardadas em sua memória, registros que a motivaram a explorar possibilidades, deixando a neutralidade do preto e branco e dando lugar a composições monocromáticas.

 

O nanquim sobre o vidro permanece como técnica, porém agora ela opta pela introdução do azul em tinta acrílica como pigmento. A tonalidade foi escolhida para a reprodução de um momento transitório entre o dia e a noite, ou a noite e o dia. Insere assim um cromatismo como novo elemento pictórico em seus trabalhos e passa a lidar com questões relacionadas com a pintura, somando-se àquelas trazidas da fotografia, sem, contudo, deixar de lado o preto e branco tão particular de sua trajetória. Outro fator inédito são os novos formatos 85 x 130 cm, predominantes na mostra.

 

“Com a introdução da cor passei a lidar com características que pertencem à pintura, não mais apenas as questões da fotografia, que eu trazia para o desenho procurando ficar no limite entre um e outro. Não que esse interesse tenha ficado para trás, mas somou-se a ele a busca pelas soluções pictóricas”, conta Claudia.

 

 

De 08 de novembro a 06 de dezembro.

Inox exibe Burle Marx

A galeria Inox de Arte Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, exibe oito nanquins – da série “Erótica”  – de  Roberto Burle Marx. Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes arquitetos paisagistas do século XX, Roberto Burle Marx estudou pintura em Berlim, na Alemanha, no final dos anos 1920. De volta ao Brasil, continuou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Belas Artes. Os jardins planejados por Burle Marx eram comparados a pinturas abstratas, alguns bem curvilíneos, outros de linhas retas, usando plantas nativas brasileiras para criar blocos de cor. Além de paisagista de renome internacional, também foi um pintor notável, além de escultor, tapeceiro, ceramista e designer de jóias.

 

 

Sobre a Inox

 

Sócios da Galeria Inox, os irmãos Carneiro, Gustavo e Guilherme são colecionadores fanáticos de arte e conhecidos por possuírem um olhar apurado, curadoria afinada e bastante seletiva. O gosto pela arte esteve presente desde cedo em suas vidas, trazidas através dos pais, donos de um antiquário. O primeiro contato que tiveram com arte contemporânea, e o início de sua coleção, foi através do artista Palatnik. Os irmãos quando adolescentes comercializavam em feiras de antiguidade os animais em acrílico produzidos em série pelo artista na década de 1970. Já revelavam talento para comercialização desde bem novos. Hoje eles são donos da Galeria Inox, espaço dedicado a exposições de arte contemporânea que existe há 5 anos, no shopping Cassino Atlântico, em Copacabana. Além da galeria, os irmãos cuidam de uma coleção pessoal rica e bem extensa, dividida entre suas casas. O acervo conta com artistas renomados como Oscar Niemeyer, Abraham Palatnik, Burle Marx, Nelson Félix, Angelo Venosa, Tunga, Rodrigo Andrade, Brígida Baltar, Adriana Varejão, Artur Barrio, Beatriz Milhazes, Iole de Freitas, entre muitos outros dos quais são fãs. “Temos esta coleção porque precisamos, é um vício, uma necessidade”. Afirma um dos irmãos.

 

 

De 05 a 22 de novembro.

Em Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, apresenta a exposição individual da artista Elisa Bracher. A artista possui uma produção de mais de duas décadas e transita entre diferentes linguagens como o desenho, gravura, escultura e fotografia. A exposição apresentada exibe trabalhos realizados na década 90 e algumas produções recentes.

 

Ocupando todo o espaço da galeria, as obras são divididas de um lado pelas esculturas de madeira, gravuras e lençóis de chumbo e, do outro lado, pelas esculturas em ferro. Ao percorrer o espaço nos deparamos com as obras que se agigantam em relação ao espectador: o corpo que transita entre os trabalhos é confrontado a criar novas relações espaciais devido às grandes escalas das obras.

 

Esculturas em madeira: os trabalhos de Elisa, pesados em sua estrutura e leves em sua composição visual, sempre estão em tensão. As esculturas de madeira têm em sua composição as marcas do corte e o desgaste do tempo. Elas se equilibram escoradas em sua própria estrutura e em arranjo totêmico exibem toda a sua força e grandeza, maiores que o corpo humano, colocam-se no espaço imponentes a confrontar quem as observa.

 

Esculturas em ferro: as linhas das esculturas em ferro refazem o espaço, não o rebatendo, mas criando outros espaços em sua concepção dentro/fora. Ao avistar o trabalho com um certo distanciamento, as peças remetem a uma ordenação e concepção formalista, de perto isto é quebrado devido à irregularidade do material empregado. Do mesmo modo como nas esculturas de madeira, as marcas do feitio estão presentes, com um maçarico, Elisa esculpe as barras de ferro, dando ao material uma nova forma repleta de textura e deformidades.

 

Gravuras: as gravuras feitas com maquinários industriais evocam uma sofisticada articulação entre técnica/intuição: delicadeza de linhas e massas negras obtidas num processo de gravação de intenso embate entre matéria e ferramenta. Nesta articulação constrói-se uma poética que transita entre paisagens e memórias sob a forma de densas áreas negras e frágeis linhas que cortam o branco do papel.

 

A escala de grande proporção equiparada ao tamanho de um ser humano, repensa a imagem gravada e é observada com determinado distanciamento.  Aqui a gravura traz um embate corpo a corpo com o espectador, convidando-o a integrar e adentrar por entre as linhas que cortam o branco e entre o negro profundo que nos afasta de qualquer definição que limite e determine o espaço, como parede/fundo; finito/infinito.

 

Lençóis de chumbo: Os lençóis de chumbo são recortes que descem em paralelo à parede, possuem uma densidade que, ao contrário da gravura, não nos dá a possibilidade dos brancos, os olhos percorrem a estrutura da obra parando nas linhas formadas pelas sobreposições do material. Tais trabalhos têm um desenvolvimento recente na produção da artista e seguem concomitantes a outras técnicas.

 

 

Sobre a artista

 

Elisa Bracher, nasceu em 1965  em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Formada em artes pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Foi artista residente no The Article Circle, Noruega, Pólo Norte, 2014; no Atelier Iberê Camargo, 2006 e Out There – Sainsbury Centre For Visual Arts Norwich, Inglaterra, 2005. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se nas seguintes instituições: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia; Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional Belas Artes; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Paço Imperial – Rio de Janeiro; Musée d’Art Contemporain de Bordeaux; Centre de La Gravure et de I ‘Image Imprimée – Bélgica. Seus trabalhos fazem parte de diversas coleções públicas e privadas: Fundação Cultural de Curitiba; Museu Nacional de Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna da Bahia; Centro Cultural São Paulo.

 

 

Até 25 de novembro.

Na fachada do Oi Futuro

29/out

O “Grande Campo”, projeto de arte pública do Oi Futuro no Centro Cultural do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, ganhará uma obra de Suzana Queiroga, artista conhecida por seus guaches acompanhados de versos que formam poemas visuais. No que a artista chama de “gigantesca folha de papel”, foram desenhados os versos “Me apequeno/ Voo/ Me separo/ Vento” sobre uma imagem do mar, dos ventos e do ar. O projeto tem relação direta com a série de desenhos “Livro do AR”, apresentada em 2013, no MAC, em Niterói, onde Suzana Queiroga reflete sobre o último voo do pai, morto em um desastre aéreo quando a mãe estava grávida da artista. A curadoria é de Alberto Saraiva.

 

 

A palavra da artista

 

“Foi como dar um salto radical do intimismo da pequena folha de papel para a escala urbana”, resume a artista sobre este trabalho.

 

 

A partir de 04 de novembro.

Evento no Parque Lage

28/out

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botâncio, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no espaço das Cavalariças e Capela, no próximo dia 03 de novembro, a exposição “EAV 75.79 – um horizonte de eventos”, que reúne gravuras, objetos, fotografias, cartazes, filmes e documentos que abordam os anos 1975 a 1979, período inaugural da instituição, fundada e dirigida por Rubens Gerchman. A curadoria é de Helio Eichbauer, cenógrafo e colaborador essencial daquela gestão, criador das inovadoras oficinas do Corpo e Pluridimensional, e Marcelo Campos, professor da Escola e coordenador do Memória Lage. “Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição.

 

Marcelo Campos observa que passaram pelas dependências da EAV “artistas, críticos de arte, antropólogos, diretores de teatro, cenógrafos, poetas, músicos”. Aglutinados por Rubens Gerchman, colaboraram com a Escola Helio Eichbauer, Frederico Morais, Lygia Pape, Celeida Tostes, Gastão Manoel Henrique, Roberto Da Matta, Rosa Magalhães. “Além do cinema, a poesia tinha ampla difusão, nos eventos do Verão a 1000, coordenados por Chico Chaves”, lembra o curador. Em shows e noites festivas de lançamentos de “poema-processo” circulavam pelo pátio da piscina da EAV músicos e poetas como Chacal, Neide Sá, Falves Alves (Rio Grande do Norte), Almandrade (Bahia) e Paulo Brusky (Pernambuco), Luiz Melodia, Caetano Veloso e Jards Macalé.

 

“Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição. “Apresentamos uma possível iluminação sobre o sentido de arquivo, de memória. Ao mesmo tempo, todo o restante, o que compõe a escuridão, continua a existir como potência, mas não se deixa ver, por razões que a história brasileira ainda está a revelar”, diz Marcelo Campos

 

A diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, observa que “em 1975, Gerchman assume a direção do então Instituto de Belas-Artes e logo chacoalha sua estrutura. Atualizar o ensino da arte no Brasil está na origem da EAV”. Para Marcio Botner, presidente da Oca Lage, organização social que administra a EAV e a Casa França-Brasil, “pensar a Escola de Artes Visuais do Parque Lage é pensar no Gerchman. Para ter arte tem que ter risco e liberdade. Ele abriu um espaço único de união das artes”.

 

 

Gravuras de 1976

 

A exposição ocupará as Cavalariças do Parque Lage e seu espaço contíguo, a Capela, com cenografia e móveis desenvolvidos por Helio Eichbauer, que criou dois biombos com quatro folhas cada, tendo como face quadros-negros sobre estruturas vazadas. Dispostos em ziguezague, eles exibirão reproduções de fotografias da época feitas por Celso Guimarães. O pensamento que norteava a prática exercida nas oficinas de Eichbauer emolduram os biombos, em frases-proposições como: Espaço topológico, Singularidade. Sincronicidade, A busca do espaço humano, Ritos de passagem, Encantaria.Pajelança, Sociologia da arte, Foto.síntese, Janelas dimensionais, Brasil.Idade, Espaço lúdico, Oficinas   Território tribal, Arte do fogo, Entropia e arte, Terra mater, Intuição e método.

 

Em uma das paredes estarão gravuras feitas em 1976, na EAV, pelos artistas Avatar Moraes (1933-2011), Dionísio Del Santo (1925-1999), Eduardo Sued (1925), Gastão Manoel Henrique (1933), Isabel Pons (1912-2002), Newton Cavalcanti (1930-2006), Roberto Magalhães (1940), Susan L’Engle (1944), e por Rubens Gerchman. Sobre um cubo, estará um trabalho recente e inédito do artista Thomas Jefferson (1978), estudante da EAV.

 

Três bancadas de madeira conterão originais de cartazes, publicações, documentos e fotografias da época pertencentes ao acervo da EAV, descobertas pelo projeto Memória Lage. Para dar ao público a noção do período, do contexto cultural e da abrangência de atividades realizadas pela instituição – que poderiam tanto ser discussões sobre feminismo, exibição de danças afro-brasileiras, sessões de cinema, ou incontáveis eventos de música e arte – esses documentos estão dispostos sob os temas Cultura popular, Cultura negra, Poesia, Cinema, Política cultural, Videoarte, Gravura, Escultura, Pintura, e Atmosfera. No centro do espaço, uma mesa giratória, como um moinho de quatro pás, conterá destaques dos registros dos eventos e atividades.

 

Na Capela, espaço contíguo à Cavalariça, será exibido um vídeo com depoimentos recentes e inéditos de Helio Eichbauer, dos artistas Roberto Magalhães e Xico Chaves, do editor Mário Margutti e do fotógrafo Celso Guimarães, que colaboraram com a gestão de Rubens Gerchman. Com cerca de uma hora de duração, o vídeo foi produzido por duas equipes da EAV – projeto Memória Lage, com entrevistas feitas por Juliana Rego e Thábata Castro, tendo à frente Marcelo Campos e Sandra Caleffi; e integrantes do Núcleo de Arte e Tecnologia, responsáveis pela filmagem e edição, em coordenação de Tina Velho.  Em um primeiro momento as entrevistas foram pensadas como forma de suprir uma lacuna documental do Memória Lage, mas o resultado rico e surpreendente foi determinante para que fosse inserido na exposição.

 

 

Intuição e Método

 

As famosas e criativas práticas realizadas por Helio Eichbauer entre 1975 e 1979 estavam fortemente embasadas em pensadores como Gilles Deleuze (1925-1995), Michel Foucault (1926-1984) e Félix Guattari (1930-1992). Frases como “A arte não reproduz o visível. Torna visível”, de Paul Klee (1879-1940), “Educação não é privilégio”, de Anísio Teixeira (1900-1971), e “Toda percepção é também pensamento. Todo processo de raciocínio é também intituivo. Toda observação é também invenção”, de Rudolf Arnheim (1904- 2007), também são referências para Eichbauer. Dentre as publicações que acompanharam o artista-professor estão “Os estados múltiplos do ser” (1932), de René Guénon (1886- 1951); “Abstração e empatia” de Wilhelm Worringer (1881-1965), “Escultura negra” (1915), de Carl Einstein (1885-1940), e o “Guia prático”, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), que para ele traz “o mundo sonoro da infância”.

 

Lisette Lagnado, no texto que acompanha a exposição, cita a questão proposta por Gerchman em um poema escrito durante a estada do artista em Nova York, entre 1969 e 1971: “como conduzir um programa “não branco, não europeu, não colonial, não geográfico”, e onde fazer circular esta ideia de cultura”? Ela complementa: “Não há terreno mais fértil para tamanha ambição do que uma escola. Mais ainda, uma escola de arte”. A respeito do período inaugural da EAV Parque Lage, Marcio Botner exalta “as gerações de artistas que juntos aprenderam a misturar as artes e voar longe, do Parque Lage para o mundo”.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.

Novo Banco Photo 2014

24/out

Depois de Pedro Motta vencer no ano passado o NOVO BANCO PHOTO (ex- BESphoto),  na edição de 2014 novamente outro brasileiro, a artista Letícia Ramos, é a grande vencedora. Em sua 10ª edição, a exposição dos finalistas, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, por meio de uma parceria entre o Novo Banco, o Museu Coleção Berardo e o Instituto Tomie Ohtake, após passar pelo museu português, será apresentada em São Paulo, de 24 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015.

 

A escolha de Délio Jasse (Angola), José Pedro Cortes (Portugal) e Letícia Ramos (Brasil) para concorrer ao prêmio foi feita pelo primeiro júri de seleção, que analisou, durante o período definido pelo regulamento, o panorama da produção fotográfica de artistas em Portugal, no Brasil e nos países africanos de língua oficial portuguesa. Compuseram esse júri: Jacopo Crivelli Visconti (Brasil), crítico e curador independente; João Fernandes (Portugal), subdirector do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid; e Bisi Silva (Nigéria), fundadora e diretora do Centre for Contemporary Art, em Lagos.

 

Despois desta etapa, os selecionados são convidados a produzir uma obra comissionada, cujo resultado é analisado por outro corpo de jurados para a decisão do vencedor. Esse segundo júri contou com Elvira Dyangani Ose, curadora de arte internacional da Tate Modern, de Londres, Luis Weinstein, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotografia de Valparaíso, no Chile, e María Inés Rodríguez, diretora do Musée d’Art Contemporain de Bordeaux, na França.

 

 

Sobre as obras produzidas pelos artistas para concorrer ao Novo Banco Photo

 

Em “Nós sempre teremos marte”, Letícia Ramos, 38 anos, que vive em São Paulo,  procurou fazer uma homenagem à imaginação científica romântica, “aos inventores descobridores de mundos distantes”. A artista foi buscar o título em um jornal que faz uma referência literal à frase “Nós sempre teremos Paris”, do filme “Casablanca”, e à chegada da nave Curiosity a Marte, no ano passado. Este conjunto de obras apresenta-se como uma narrativa de ficção-científica, um inventário de imagens que falam do cientista perdido no tempo e no espaço. A exposição é composta de fotografias produzidas a partir de processo de microfilmagem, assim como de um curta-metragem realizado a partir de miniaturas, mostrando a trajetória de um microsubmarino à deriva nas profundezes de um lago pré-histórico submerso no gelo Antártico.

 

Já o português José Pedro Cortes, 38 anos, nascido no Porto, apresentou “Um Eclipse Distante”, conjunto de imagens em que o autor renova a exploração da relação fotógrafo-modelo. Pos sua vez, o angolano Délio Jasse, nascido em Luanda há 34 anos, criou a série “Ausência permanente”, na qual desenvolve uma reflexão acerca dos vestígios do passado – fotografias antigas sobre a época colonial em Angola – e da sua influência no presente.

 

 

 

Sobre Letícia Ramos

 

Nasceu em Santo Antônio da Patrulha,  RS, 1976. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. O seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento e a sua apresentação em vídeo, instalação e fotografia. Os seus trabalhos, com forte caráter processual, geralmente inserem-se no âmbito de projetos de investigação mais ampla. Em séries como ERBF, Escafandro, Bitácora e Vostok, desenvolve complexos romances geográficos que se desdobram e se formalizam em diferentes mídias. A artista recebeu prêmios e bolsas importantes entre os quais,  o Prémio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2010), para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011-2012), com a publicação do livro de artista Cuaderno de Bitácora e a participação na residência expedicionária «The Arctic Circle» (2011). O trabalho fotográfico realizado durante a expedição foi distinguido com o Prêmio Brasil Fotografia – Pesquisas Contemporâneas (2012). Em 2013, participou no programa «Encontros na Ilha» da 9.ª Bienal do Mercosul. Neste mesmo ano, em residência no espaço PIVÔ (São Paulo), desenvolveu o projeto Vostok, constituído por um filme de 35 mm, um livro, um website e um disco LP. No mesmo ano, seu projeto Microfilme foi contemplado com a Bolsa de Fotografia 2013, do Instituto Moreira Salles e da Revista Zum. Atualmente, em São Paulo, também está em cartaz com a exposição Sabotagem, em parceria com Marcia Xavier, na Casa da Imagem.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.