Téti Waldraff no MAC-RS

09/jun

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “JARDIM EM FLOR”, uma panorâmica de 25 anos da artista Téti Waldraff. A mostra entra em cartaz na Galeria Xico Stockinger, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre, RS. A curadoria é da crítica de arte Paula Ramos.

 

 

Texto do diretor do MAC-RS

 

A exposição JARDIM EM FLOR da Téti Waldraff é uma intensa e radiante ode a vida, aquela que pulsa na natureza e é apreendida com sensibilidade pela artista em centenas de desenhos e objetos, com múltiplas formas e cores, traduzindo na sua arte, cheia de força e verdade próprias, o significado do “exercício experimental de liberdade”, como Mario Pedrosa conceituava o fazer artístico. O que também podemos sentir na obra da Téti é a capacidade infinita que o verdadeiro artista tem de se deslumbrar com a natureza e a vida.

 

André Venzon

 

 

Texto da curadoria

 

Uma das lembranças mais vívidas de Téti Waldraff (Sinimbu, RS, 1959) é do período em que, menina, percorria e observava o primoroso jardim mantido pela mãe. O amor que Dona Íris devotava às plantas e o modo como distribuía as espécies, harmonizando formas e cores, foram alimentando desde cedo o olhar e a sensibilidade de Téti, que, quando percebeu, também cultivava jardins. Reais ou fictícios, eles são como a própria artista: lúdicos, desembaraçados, obsessivos. E, fundamental: plenos de memórias e afetos.

 

Pode-se dizer que tudo, na sua obra, é resultado de encontros. Para Téti, é essencial vaguear pela cidade, deixar-se surpreender pela natureza, respirar o mato verde do distrito de Faria Lemos, no interior de Bento Gonçalves, onde mantém ateliê. Os registros desses percursos, depois elaborados, manifestam-se nos diários da artista, nos quais escreve, projeta, risca, colore, fixa imagens e impressões. Anotações pessoais e, ao mesmo tempo, documentos de trabalho, esses cadernos revelam procedimentos similares aos verificados em seus desenhos e objetos: sobreposição, aglutinação, colagem, costura, embrulhamento, amarração.

 

Tais processos despontaram no final dos anos 1990, quando, perguntando a si mesma se ainda poderia pintar uma paisagem, Téti trocou os materiais tradicionais por uma miríade de tecidos, lantejoulas, flores de plástico, botões e artefatos hodiernos frequentemente qualificados como kitsch. Fascinada por seus brilhos, transparências e texturas, passou a construir jardins ambulantes, cujos títulos sugerem a capacidade de ressignificação de nossas bagagens cotidianas.

 

Organizada como uma pequena antologia, a mostra articula trabalhos de mais de 25 anos de perseverante e contínua produção, escancarando o transbordamento de emoções dessa artista e arte-educadora que resolveu fazer da vida um ato potente de arte.

 

Paula Ramos

 

Mediação educativa para a exposição

 

A artista ministrará ainda a oficina: “TRIPADEIRAS… EXTENSÕES QUE ANIMAM!” para professores, estudantes de arte e interessados inaugurando o Espaço Vasco Prado do MACRS, no 6º andar da CCMQ, como espaço educativo do Museu. A atividade pedagógica tem como objetivos principais: Atiçar a observação cotidiana para que seja possível constituir memórias afetivas dos espaços que habitamos e a partir desta percepção recriar /inventar/propor novas geo-grafias; Buscar a essência do convívio com a natureza, sem o compromisso de imitar ou reproduzir o real; Explorar a forma, a cor e a linha da natureza, ativando as memórias já constituídas; Construir metáforas singulares; Experimentar o exercício de pintura/desenho expandido, visando procedimentos construtivos artísticos contemporâneos;

 

Desencadear questionamentos sobre intervenções artísticas no espaço. A oficina será desenvolvida no turno da tarde, das 13h30min às 17h30min (4 horas), em sete momentos de trabalho em grupo, partindo de uma visita guiada com a artista à exposição, passando pela processo de criação de “tripadeiras” individuais até a troca destes trabalhos entre os participantes ao final do processo. As datas e inscrições da oficina serão divulgadas no facebook.com/contemporanears, a partir do dia 11 de junho.

 

 

Sobre a artista

 

Téti Waldraff nasceu em Sinimbu, RS, 1959. ) Possui Licenciatura em Educação Artística, Feevale, Novo Hamburgo, RS, 1979; Licenciatura em Artes Plásticas, Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, RS, 1984; Bacharelado em Artes Plásticas – Habilitação Desenho, Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, RS, 1986. Com formação complementar em curso de desenho com Carmen Moralles, Atelier Livre, Porto Alegre, RS, 1980/1982; Curso de desenho com Marcos Coelho Benjamim, 16º Festival de Inverno, Universidade Federal de Minas Gerais, Diamantina, MG, 1983; Curso de pintura com Karin Lambrecht, Instituto Goethe, Porto Alegre, RS, 1983; entre as exposições individuais realizadas destacam-se: “Finitus… ou configurar a geografia por um instante”, intervenção no Espaço Cultural de Arte Contemporânea Torreão, Porto Alegre, RS, 1994; e “Téti Waldraff.- Bagagem de Jardim”, Kunsthalle Köln-Lindenthal, Kulturgalerie Bi Pi´s Köln, Alemanha, 2006.

 

 

 

De 10 de junho a 10 de agosto.

Bate papo na Athena Contemporânea

Amanhã, dia 10, ás 20h, Alexandre Mury, artista conhecido pelos seus irreverentes autorretratos,  que atualmente apresenta 12 trabalhos inéditos em sua primeira exibição individual na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, recebe para bate papo com Elisa Byington, curadora da exposição. Nessa mostra – “Eu sou Pintura” – realziada a partir de releituras de ícones da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal, usando a fotografia como suporte, Alexandre Mury encanta com seus personagens de caráter performáticos, dirigindo e produzindo todo o processo. “A proposta é um deslocamento de significados no tempo e no espaço, inspirado nas variadas possibilidades de perceber as cores, de uma forma divertida e intrigante”, avalia o artista, que costuma dizer que se multiplica em vários “eus” em seus trabalhos.

 

A maior característica desta série é o foco na cor. “Por serem quase monocromáticos o efeito é praticamente uma camuflagem, onde não só aspectos plásticos são mimetizados mas toda uma provocação com ambiguidades de paradoxos que exigem um olhar atento para cada obra”, avalia Mury. Entre os destaques desta mostra estão os trabalhos inspirados nas obras Arranjo em cinza e preto, no. 1 (James Whistler), A escala em amarelo (Frantisek Kupka), O bebedor de absinto (fase azul de Pablo Picasso) e Pallas Athena (fase dourada de Gustav Klimt).

Fajardo e Iole de Freitas na Raquel Arnaud

06/jun

A galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, exibe simultaneamente dois artistas contemporâneos: Carlos Fajardo e Iole de Freitas. Em “No aberto”, Carlos Fajardo desdobra questões apresentadas em sua mostra anterior na galeria. O artista reforça a ideia de Helio Oiticica de que o público é participador e não espectador. “Ele  (público) se insere nos trabalhos e, dessa forma, os influencia pela presença e refletividade”, diz Fajardo.

 

As onze obras apresentadas na exposição foram criadas a partir de diversos materiais como espelhos, vidros laminados coloridos, tecidos e fotografias, em dimensões que correspondem à escala humana. Os trabalhos, além de abordar multiplicação da imagem do visitante, exploram a relação da superfície plástica com suas possíveis reflexões visuais quando associadas aos materiais utilizados. A mostra conta, ainda, com uma instalação que se assemelha a um labirinto em linha reta.

 

Iole de Freitas, apresenta-se com sete obras em “Sou minha própria arquitetura”. A mostra decorre da pesquisa realizada pela artista durante sua residência na Casa Daros, no Rio de Janeiro, entre 2011 e 2013, que deu origem ao livro “Para que servem as paredes do museu?”. Neste período, Iole trabalhou em meio à instabilidade da restauração da instituição carioca e tal condição influenciou a criação de sua grande instalação com a qual o espaço foi inaugurado.

 

Na presente mostra Iole amplia os conceitos arquitetônicos existentes nos prédios dos museus onde atuou como, Casa Daros, Pinacoteca de São Paulo, Casa França Brasil, entre outros, e apresenta obras em formatos menores que enfocam os mesmos conceitos estéticos elaborados em suas grandes instalações.

 

Obras construídas em chapas de aço opaco ou refletor que constituem as “paredes” do ambiente e recebem intensas torções das chapas coloridas de policarbonatos.”Em uma nova linguagem, o trabalho desloca as paredes originais dos prédios e implanta uma intervenção plástica diferente, reiterando aquela das grandes instalações previamente realizadas”, afirma a artista.

 

 

 

Até 12 de julho de 2014

O Brasil na Copa

05/jun

O Brasil, agora situado como sede da Copa do Mundo, é o tema da exposição apresentada na Galeria de Arte André, Jardim América, São Paulo, SP. Foram convidados 24 artistas para que criassem obras alusivas ao país e ao evento que sedia o mundial de futebol. A exposição, denomina de “O Brasil na Copa”, apresenta cerca de 32 obras distribuídas entre pinturas e esculturas, e exibe o Brasil como um todo em trabalhos assinados pelos artistas Inos Corradin, Antonio Bontempo, Alina Cubas Fonteneau, Sonia Menna Barreto, Herton Roitman, Alex Orsetti, Anita Kaufmann, Antonio Miranda, Cássio Lázaro, Eduardo Kobra, Fernando Cardoso, Gustavo Nackle, Marco Stellato, Margarita Farré, Walmir Teixeira, Fernando Cardoso, Heloize Rosa, Moysés Mellim, Élon Brasil, Eduardo Petry, João César de Mello, Marcos Garrot, Rafael Resaffi, Tania Corsini e Kenji Fukuda.

 

 

Até 28 de junho.

Julia Kater na SIM galeria

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, exibe nova série de trabalhos fotográficos realizados por Julia Kater. A apresentação desta mostra individual da artista é apresentada por Eder Chiodetto. Julia Kater exibe um conjunto especial de imagens em sua particular técnica constituída de relevo seco sobre fotografia impressa em algodão.

 

 

O elogio do encontro

 

Uma garota se curva até o solo e nesse movimento suas costas desenham um arco que casualmente ecoa e dá novo sentido ao conjunto de árvores que estão ao fundo. Figura e fundo, assim captados, não podem mais se dissociarem diante de nossa visão. Ambos passam a ter uma conexão física tão intensa, que tendem a deixar de ser primeiro e segundo plano, para se manifestarem como uma superfície homogênea.

 

Julia Kater cria, em diversos momentos de sua trajetória como artista visual, hiatos que interrogam a fotografia no seu nascedouro. A linguagem que surgiu com a intenção de mimetizar a realidade por meio da perspectiva renascentista – criando assim a ilusão de tridimensionalidade num suporte plano – vê-se desvelada dessa pseudo potência nas várias estratégias criadas por Kater.

 

Kater parece sequestrar as distâncias entre aqui e acolá, entre o que está próximo e o que parece distante. Ao subtrair esses espaços que distam figura e fundo, os corpos se amalgamam em sobreposições que sugerem novos desenhos, novas intersecções que criam um novo e inesperado organismo. Inesperado? Talvez nem tanto para quem, no desafio de observar atentamente a paisagem e seu entorno, perceba cenários em movimentos contínuos, que se alternam e se recombinam o tempo todo. As séries de Kater nos dizem que nada é estático, tudo está apto a ser recriado com novas informações, cores e texturas.

 

Ao raptar os espaços que a fotografia, de fato, não nos mostra – mas para os quais nossa percepção visual foi culturalmente treinada pela história da arte e da representação para assimilá-los – Kater cria colisões que geram o que podemos nomear de eventos escultóricos efêmeros.

 

As inéditas obras da série “Um e Outro”, criadas para essa primeira individual de Kater na SIM Galeria, apontam novos desdobramentos na busca incessante por esses eventos escultóricos fortuitos, que a artista tem apreendido nos últimos anos. Os planos fotográficos agora se rebelaram a ponto de escaparem da moldura que os encerravam, como nas séries “Ao Mesmo Tempo” e “Lugar do Outro”, por exemplo.

 

Essa inesperada cisão, que gera dois corpos isolados, traz elementos renovados para as relações entre figura e fundo e parece criar um novo foco de interesse da artista, que consiste na fatura quase impossível de se representar no mesmo plano, que é a relação entre o observador e o que este observa na paisagem.

 

Novamente uma garota – será a mesma que curvou as costas diante das árvores? – sugere com sua postura, que está observando algo num horizonte que não nos é possível enxergar. Apenas sugere porque Kater oblitera nossa visão do rosto da garota interceptando-a bruscamente com outro quadro, outro plano. Somos levados instintivamente a pensar em causa e efeito: a garota flerta com a paisagem e, nessa deambulação, ela é envolvida quase inteiramente por aquilo que vê.

 

Se nas séries anteriores o evento escultórico se dava pelo confronto e justaposição de dois corpos distintos, que tendiam a criar um novo desenho-organismo, agora em “Um e Outro”, temos um observador que é tomado por aquilo que ele observa. É ele quem elege na paisagem o elemento que irá transformá-lo. Nessa inversão sutil de ponto de vista, a artista parece se ausentar momentaneamente e deixar de orquestrar os encontros entre figura e fundo, para que o observador fotografado por ela lhe indique aquilo que tem o poder de transformá-lo pelo sentido da visão.

 

O estilete com o qual a artista criou as conhecidas incisões na superfície das suas fotografias, para revelar novas camadas significantes sob a paisagem, nesse instante foram transferidos para os olhos dos personagens que ela encontra em seu cotidiano.

 

Escultóricos, orgânicos e desafiadores, esses novos trabalhos de Julia Kater fazem uma espécie de elogio ao encontro entre pessoas, paisagens e histórias. Afinal, são sempre os encontros que nos propiciam transformações nos roteiros que seguimos, desenhando no fluxo contínuo da vida.

 

Eder Chiodetto

 

 

 

Sobre a artista

 

Julia Kater nasceu em Paris, França, em 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Possui formação em fotografia pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, São Paulo, SP, Brasil. Entre suas premiações encontram-se 2012, Residência Artística, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal e em 2011, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil. Realizou exposições individuais em 2014, Caixa Cultural Brasília; Galeria Vitrine, Brasília, DF; 2013, Projeto 3C, Centro de Criação Contemporânea, Salvador, BA; 2012, Galerie Virginie Louvet, Paris, França; Ao Mesmo Tempo, Fundação Abraço, Lisboa, Portugal; Lugar do Outro, Zip´up, Galeria Zipper, São Paulo, SP. Entre as exposições coletivas que participou destacam-se: 2013, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes, Casa do Brasil em Bruxelas, Bélgica; 2012, Soma, Genebra, VL Contemporary, Suíça, Inventário da Pele, Fotografia Contemporânea Brasileira, Curadoria Eder Chiodetto, SIM Galeria, Curitiba; 2011, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três. Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, Galeria Flávio de Carvalho, Complexo Cultural, Brasilia, DF, About Change, Banco Mundial, Washington, EUA, Outras Perspectivas, Espaço Texprima, São Paulo, SP, Idioma Comum, Artistas da CLPL na Coleção da Fundação PLMJ, Lisboa, Portugal; 2010, Projeto Dobradiça, Curadoria Eder Chiodetto, Arterix, São Paulo, SP, 12º Salão Nacional de Arte de Itajaí, Itajaí, SC, Incompletudes, Curadoria Mario Gioia, Galeria Virgílio, São Paulo, SP, Fidalga no Paço, Paço das Artes, São Paulo, SP, SP-ARTE, site specific, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP; 2009, Projeto Tripé, Natureza, SESC Pompéia, São Paulo, SP.

 

 

De 10 de junho a 12 de julho.

Marcos Duarte no MAC/Niterói

04/jun

A instalação VOCÊ JÁ VIU UM?, de Marcos Duarte, será exposta na área externa do MAC, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, durante o período de realização da Copa do Mundo de 2014. A obra nos remete à dimensão lúdica e híbrida da materialidade do tatu-bola, um ser estranho, hábil no curvar-se em si mesmo para se defender, adotando forma de bola. Esta singular forma de defesa, paradoxalmente, facilita sua captura e contribui com sua condição de vulnerabilidade na natureza.

 

Nas 11 peças que se distribuem no espaço, bola e bicho mesclam seus atributos híbridos. São sólidos, múltiplos, em escala ampliada, que exaltam a singularidade daquele que, como mascote da Copa do Mundo de 2014, se destina a desaparecer no fluxo de um evento espetacular. A intenção é de resgatar, simbolicamente, o tatu-bola do vácuo que acompanha sua popularidade repentina e fugaz, no momento singular de interferência em uma paisagem que expressa seu acolhimento através de sua natureza essencialmente curva, em contraponto ao ícone arquitetônico de Oscar Niemeyer, às margens da Baía de Guanabara. O artista é um dos representados da MUV gallery, o novo espaço de Camila Thomé e Stephanie Afonso.

 

 

De 07 de junho a 24 de agosto.

MUV, novo espaço

A MUV Gallery, galeria virtual dedicada à arte contemporânea, projeto de Camila Tomé e Stéphanie Afonso, abre mais uma frente, além do virtual. O projeto, que já completou um ano, funcionou muito bem e a tal ponto que clientes, parceiros e artistas não se contentaram com o movimento inovador na internet e com o showroom no espaço da casa no Joá. Por conta disso as galeristas buscaram um espaço onde possam realizar exposições individuais e ampliar o conceito MUV Gallery, que tem como objetivo aproximar o público da arte contemporânea e apresentar novos artistas. Na inauguração, será realizada a exposição individual de Piti Tomé, que apresenta seis obras inéditas, titulada de modo bastante original: “entre uma e outra coisa todos os dias são meus”.

 

O novo espaço situa-se em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, no burburinho artsy, na galeria ao lado da Livraria da Travessa. A grande novidade será o monitor touch screen, onde o visitante poderá ver os trabalhos dos artistas, preços das obras, e currículo/Biografia dos artistas, ou seja, se aproximar da arte sem se intimidar com perguntas. “Sabemos que faz parte perguntar na galeria detalhes sobre as obras, e isso vai continuar acontecendo, mas tivemos essa ideia do monitor para que o astral seja o mais informal possível”, conta Stephanie Afonso. Até o fim do ano, a galeria que representa hoje 13 artistas, entre eles Bob N, Felipe Fernandes, Cláudia Porto e Eloá Carvalho, pretende abrir mais duas exposições individuais, um dos motivos que fez com que a galeria nascesse e agora será possível trabalhar os artistas por inteiro, com uma quantidade maior de obras e realizar um trabalho mais aprofundado em cada exposição. A mostra tem curadoria de Marcelo Campos.

 

 

Sobre a artista

 

Piti Tomé é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo e instalação. Seu interesse pela fotografia começou os 16 anos quando ganhou sua primeira câmera. É formada em cinema, pós-graduada em direção de fotografia pelo CECC e pela ESCAC, respectivamente, ambas em Barcelona, e começou seu percurso pela arte contemporânea participando de diversos cursos livres na EAV – Parque Lage, com professores como Fernando Cochiarale, Guilherme Bueno e Denise Cathilina.  Participou de duas exposições coletivas na Muv Gallery, uma com curadoria de Daniela Labra, e fez residência artística em Berlim, quando foi selecionada para o 4o prêmio Belvedere de arte contemporânea e para o Salão de Artes de Fortaleza, em Abril de 2014. Sua pesquisa gira em torno de questões sobre a memória, a infância e o tempo. Seus trabalhos são uma constante tentativa de costurar o passado e uma luta contra o esquecimento. Na mostra que apresentará seis obras inéditas, Piti fala da infância, do desaparecimento e luta contra o esquecimento da memória. A artista trabalhou em cima de fotos que vem de diversos lugares e feiras de antiguidades, dando para este material um novo significado. São impressões sobre as folhas, com folhas desmembradas de livros médicos, dicionários estrangeiros, fazendo um jogo de palavras com as imagens, introduzindo objetos tridimensionais, sempre lembrando ausência e a memória, ou falta dela nas pessoas. “Esta série narra pequenas biografias a partir de questões em torno da formação de identidade. São narrativas sobre uma infância perdida, sobre o abandono, a solidão, o esquecimento e, em última instância, a morte. Me aproprio de imagens e objetos para construir a história desses personagens, reiterando ou dando novo sentido a esses materiais. Através dessas vidas inventadas, construo um universo contra o esquecimento e tento dar conta do meu próprio passado”, finaliza Piti Tomé.

 

 

Sobre o nome da galeria

 

O nome – MUV Gallery – é inspirado na sigla de Movimento Uniformemente Variado da física. MUV é todo movimento com aceleração constante. Nossa galeria nasce desse conceito e já surge em movimento, sempre acompanhando as possibilidades que a internet proporciona e as novas mudanças que a vida contemporânea apresenta.

 

 

De 05 de junho a 08 de agosto

Mauro Restiffe no Instituto Moreira Salles/Rio

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inicia junho seu programa anual de exposições de fotografia contemporânea brasileira. Durante três meses de cada ano, o centro cultural do Rio de Janeiro abrigará uma exposição inédita desenvolvida em parceria com um artista ou fotógrafo, seja através de um trabalho comissionado ou de apoio a um trabalho em andamento.

 

A primeira exposição do novo programa é “São Paulo, fora de alcance”, do fotógrafo paulista Mauro Restiffe. A pedido da revista ZUM, Restiffe já havia fotografado o bairro da Luz em 2012. Para esta exposição, o fotógrafo foi convidado a estender seu trabalho sobre a cidade de São Paulo, realizando caminhadas por outros bairros, centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Esses deslocamentos aconteceram quase diariamente por três meses e deram origem a centenas de fotografias, feitas com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte da poética do artista. Mauro Restiffe é conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica. As 18 obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Muito longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Ampliadas em formatos que variam de 60 centímetros a mais de dois metros de largura, as imagens ganham escala monumental.

 

Os usos variados que os habitantes fazem da cidade e os diversos estágios de construção e conservação do patrimônio arquitetônico se combinam para narrar visualmente a experiência fragmentada que caracteriza a vida urbana. Nas imagens da exposição, os deslocamentos diários ao trabalho ou os passeios de fim de semana se misturam a fatos extraordinários, como o incêndio no Memorial da América Latina, ocorrido em novembro do ano passado, ou um dos vários protestos realizados este ano. Ao usar o preto e branco para fotografar acontecimentos recentes, o fotógrafo dá às obras uma ambiguidade temporal. O preto e branco e a alta granulação produzem uma unidade entre as pessoas e o variado tecido urbano, ao mesmo tempo em que serve de metáfora para a organização caótica e precária das cidades.

 

As obras de Mauro Restiffe serão afixadas em painéis espalhados pelo espaço expositivo, ao invés de estarem penduradas nas paredes, como numa exposição fotográfica tradicional. A montagem, que faz alusão ao percurso das cidades, obriga o visitante a confrontar-se com as obras e contorná-las, construindo planos, perspectivas e bloqueios conforme se caminha pela galeria. O título da exposição também sugere a impossibilidade de representar uma cidade grande e complexa como São Paulo. A exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual de Daniel Trench. A exposição será acompanhada de um livro com cerca de 50 imagens do projeto.

 

O novo projeto de exposições em fotografia contemporânea vem se somar às atividades que o IMS vem desenvolvendo nesta seara nos últimos anos e que incluem a publicação da revista de fotografia ZUM e o oferecimento da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS.

 

 

 

Sobre o artista

 

Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo, em 1970. Formou-se em cinema pela Faap e estudou fotografia no International Center of Photography e na New York University. Suas obras foram expostas, entre outros lugares, no MAC-SP (2011) e na 27ª Bienal de São Paulo. Seu trabalho faz parte de coleções importantes, como as da Tate Modern, do MoMA de São Francisco, de Inhotim e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi indicado ao prêmio BES-Photo de 2011 e, em 2013, foi premiado pela Fundação Conrado Wessel. Expôs no Rio de Janeiro em 2006, na galeria Laura Marsiaj. Esta é sua primeira individual institucional na cidade.

 

 

De 07 de junho a 28 de setembro.

Felipe Barbosa na Sergio Gonçalves Galeria

Felipe Barbosa inaugura exposição individual na Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, denominada “Quadrado Mágico”, cria um diálogo entre jogos matemáticos e a arte, subvertendo o sentido dos objetos ao ressignificá-los entre formas e signos geométricos, que inspiraram o artista nas 16 obras selecionadas. A curadoria é de Sergio Gonçalves.

 

Para Felipe Barbosa os quadrados mágicos possuem uma espécie de conexões ocultas com os números, nos quais busca fazer uma relação com os objetos escolhidos para trabalhar, cujo resultado surge através de diversas sobreposições que ganham formas geométricas. Assim como a série de painéis hexagonais com fichas e flâmulas dos anos 60, entre outros materiais, todos ganham status de arte nas obras do artista. “…acredito que os números e suas simetrias, entre as quais os quadrados mágicos, representam os estágios da criação, logo, procuro brincar com o abstrato e criar um novo mundo de possibilidades com a minha arte”, define o artista.

 

Para o inglês Keith Cricthlow, co-fundador da Academia de Temenos, “os quadrados mágicos são instâncias da harmonia dos números e servem como intérpretes da ordem cósmica que domina toda a existência. Eles aparecem para evidenciar algumas inteligências secretas, as quais, por um plano preconcebido, produzem a impressão de um desenho intencional”.

 

O quadrado mágico também já foi referência no futebol brasileiro e até mesmo o futebol se transforma em arte nas mãos do artista. Conhecido pela forma como desconstruía e depois recontextualizava bolas de futebol, agora Felipe Barbosa une camisas de times distintos, grandes rivais em campo, mas juntos através da arte. A obra “Camisa Brasileira” é a primeira dessa nova série do artista, que já desperta a cobiça dos colecionadores.

 

Outra novidade nesta exposição são os volantes de Badminton, espécie de peteca usada neste esporte pouco praticado no Brasil, mas muito popular entre os ingleses, em que Felipe os aglomera como já havia feito com lápis, canetas, palitos de fósforos e guarda-sóis. Nessa obra, Felipe Barbosa cria novas formas de expressão em que a série de unidades, tomadas como banais, feitas, refeitas e colocadas de forma a darem forma a outros objetos, – totalmente disfuncionais -, resultam em nova apropriação entre o fazer industrial e o readymade.

 

A mostra “Quadrado Mágico”,  é a primeira individual do artista na Sergio Gonçalves Galeria, que o representa desde dezembro de 2013. Com exposições recentes na Way Cultural, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Galeria Murillo Castro em Belo Horizonte e em Nova Iorque, agora Felipe Barbosa apresenta seus mais recentes trabalhos ao público carioca.

 

 

Sobre o artista

 

Felipe Barbosa nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, e graduou-se em Pintura pela UFRJ, e é mestre em Linguagens Visuais pela mesma instituição. Em seus trabalhos, conjuga elementos do cotidiano e faz referências à História da Arte, alterando os significados dos objetos que elege transformar, criando em seu expectador uma sensação simultânea de proximidade e desconforto. O artista expõe regularmente desde 2000, em diversos países ao redor mundo, entre eles México, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Croácia, Lituânia, França, Canadá, Holanda, Inglaterra, Argentina e Japão. Dentre suas mostras recentes, destacam-se Campo de las Naciones, na Galería Blanca Soto, em Madrid, na Espanha; The Record : Contemporary Art and Vinyl, no Miami Art Museum, nos Estados Unidos; Futbol Arte y Passion, no MARCO – Museo de Arte Contemporaneo de Monterey, no México; e Consuming Cultures – A Global View, 21C Hotel-Museum, em Kentucky, também nos Estados Unidos. A partir de dezembro de 2013, passou a ser representado pela Sergio Gonçalves Galeria.

 

 

De 07 de junho a 27 de julho.

Nuno Ramos na Fundação Iberê Camargo

30/mai

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta a mostra “Nuno Ramos – Ensaio sobre a dádiva”. Pensando o conceito antropológico de dádiva  – troca entre dois objetos distintos com base em valores simbólicos, e não econômicos  – o artista desenvolveu o trabalho especialmente para o espaço do 4º andar da Fundação, em diálogo com a arquitetura do edifício. Na exposição, que tem curadoria do crítico de arte e filósofo Alberto Tassinari, objetos se lançam no vão do espaço expositivo e ocupam o interior das salas, acompanhados por dois curtas-metragens intitulados “Dádiva 1 – copod’águaporvioloncelo”  e “Dádiva 2 – cavaloporPierrô”, desenvolvidos pelo artista e produzidos em Porto Alegre pela Tokyo Filmes.

 

Toda a instalação gira em torno dessas duas trocas, que se desdobram em três formas: escultura, vídeo e réplica da escultura. Na sala de “Dádiva 1”, um pedaço de barco – elemento recorrente na obra de Nuno – se projeta sobre o parapeito da sala, sustentando um violoncelo sobre o vão do átrio e fazendo a ligação entre ele e o copo d’água. Na parede oposta, é exibido o curta-metragem correspondente, que mostra uma mulher recolhendo o copo d’água na praia, trocando o objeto por um violoncelo em um bar e devolvendo o violoncelo para a água. No roteiro original de Nuno, um mar calmo remete à metáfora purificadora da água marinha, porém, durante a produção, o mar virou o rio Guaíba e a Lagoa dos Patos.

 

O espaço dedicado a “Dádiva 2” recebe um trilho de montanha russa que lança um cavalo de carrossel no vazio e o liga a Pierrô, aqui representado por um aparelho de som que toca o samba “Pierrô Apaixonado”, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres. O curta apresenta a história de um Pierrô, interpretado pelo artista plástico Eduardo Climachauska, que é sequestrado por motociclistas em Porto Alegre e preso em uma casa, sendo devolvido um cavalo em seu lugar. Segundo o curador, a personagem tradicional e carnavalesca da Commedia dell’Arte, que, pela mão de artistas do início do século XX,  vira Pierrô Lunar, encarnação do artista, repete sua transformação na mostra de Nuno.

 

Na sala central, são colocadas réplicas em tamanho real das duas esculturas das salas anteriores, uma em latão e outra em alumínio, interligadas por tubos de vidro em que circulam dois líquidos diferentes, representando o sono e a vigília. Além das esculturas, são expostas gravuras produzidas pelo artista no Ateliê de Gravura da Fundação, com auxílio técnico de Eduardo Haesbaert.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1960, Nuno Ramos tem formação em Filosofia pela USP e se debruça sobre diversas formas artísticas, como pintura, desenho, escultura, vídeo, instalação, poesia, prosa e ensaio.  Na juventude, participou do ateliê Casa 7, integrando a Geração 80, responsável pela volta à pintura e fortemente influenciada por Iberê Camargo. Em “Ensaio Sobre a Dádiva”, o público porto-alegrense terá a oportunidade de conferir de perto o trabalho de Nuno Ramos.

 

 

Até 10 de agosto.