Homenagem a Hélio Oiticica

30/abr

Em 1974, os irmãos Andreas e Thomas Valentin criaram, com Hélio Oiticica, a obra CALL ME HELIUM, cujo título – uma homenagem a Oiticica – foi inspirado numa frase de Jimy Hendrix, numa de suas últimas entrevistas: Quando as coisas estiverem pesadas de mais, chamem-me de hélio, que é gás mais leve que existe. Quarenta anos depois da criação do projeto original, Andreas e Thomas Valentin realizam o sonho de exibir CALL ME HELIUM pela primeira vez, no Centro Cultural Correios, no centro do Rio.

 

Figura central da obra, um balão vermelho inflado com gás hélio e com os dizeres CALL ME HELIUM pintados em letras brancas, será alçado aos céus em dois momentos. O “aquecimento” acontece na Praia de Ipanema, Rio de janeiro, RJ, no local do antigo Píer, dia 4 de maio; e dia 10 de maio, na inauguração da mostra, o içamento será na Praça dos Correios, onde o balão permanecerá até o final da mostra, em 13 de julho.

 

Com instalação, performance de Jorge Salomão e exposição de fotos e documentos do período em que Oiticica viveu em Nova Iorque, além de cartas trocadas com os irmãos Valentin em função do projeto e obras de Carlos Vergara e Antonio Manuel, CALL ME HELIUM ilustra bem a multiplicidade do artista e sua forma de trabalhar com amigos e parceiros.

 

 

Datas: Praia de Ipanema, antigo Píer, dia 4 de maio.
10 de maio, inauguração da mostra, com içamento na Praça dos Correios, onde o balão permanecerá até o final da mostra, em 13 de julho.

CCBB-Rio – Coleção Ludwig

Abrindo as comemorações dos 25 anos do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, a Instituição inaugura uma de suas principais exposições do primeiro semestre de 2014: “Visões na Coleção Ludwig”, que apresenta 64 obras de uma das mais importantes coleções particulares de arte no mundo, a mais importante da Europa.

 

 
Com curadoria de Evgenia Petrova, Joseph Kiblitsky (ambos representantes do Museu Ludwig no Museu Estatal Russo de São Petersburgo) e co-curadoria de Ania Rodríguez, a mostra oferece ao público a chance de ver de perto, obras de diferentes períodos estéticos, assinadas por artistas como Picasso, Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat, Roy Lichtenstein, Gerard Richter, Claes Oldenburg, Jasper Johns, Jeff Koons entre outros.

 

As obras são da coleção reunida pelo empresário alemão Peter Ludwig (1925-1996), considerado um dos patronos das artes em seu país. A coleção de Ludwig totaliza aproximadamente 20 mil peças, distribuídas em 12 Museus Ludwig, presentes em países como Alemanha, Suíça, Hungria, Rússia, Áustria e China.

 

“Ao centrar na Coleção Ludwig, a exposição joga luz na figura do colecionador como um agente que intervém na produção cultural, ressaltando assim a sua importância. Pioneiro e com um olhar sempre atento à produção contemporânea, Peter Ludwig foi o primeiro colecionador alemão a visualizar o potencial da pop art e ficou famoso por comprar trabalhos de Roy Lichtenstein e Jasper Johns, que atualmente alcançam valores expressivos por conta da sua relevância artística”, explica Joseph Kiblitsky.

 

Ania Rodríguez ressalta que “por meio dos trabalhos expostos, os visitantes poderão mapear as coordenadas geográficas das viagens que o colecionador fazia por várias partes do mundo em busca de obras de arte, bem como refletir sobre os contextos estéticos que em muitas ocasiões marcaram suas épocas dentro da história da arte”.

 

 

A exposição

 

O percurso da exposição tem início logo na rotunda do CCBB – RJ, onde o espectador se depara com a monumental obra Cabeça de criança (1991), de Gottfried Helnwein – medindo seis metros de altura.

 

As salas do 2º andar ambientam obras de ícones da pop art como Andy Warhol (Retrato de Peter Ludwig, 1980), Roy Lichtenstein (Ruinas, 1965), Tom Wesselmann (Desenho em aço com frutas, flores e Monica, 1986), Claes Oldenburg (Banana-splits e sorvetes em degustação, 1964), Jeff Koons (Querubins, 1991) entre outros. O espaço também acolhe a obra de Pablo Picasso (Cabeças grandes, 1969) que, apesar de não pertencer diretamente ao movimento da arte pop, representa o início do interesse de Peter Ludwig pela arte do seu tempo.

 

A mostra oferece oportunidades únicas aos visitantes como a tela de 1984 (Sem Título) parceria entre Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat, um dos principais nomes da história do graffiti.

 

Outras 28 obras compõem outro segmento da mostra, com destaque para o hiperrealismo, representado pelos trabalhos Tamareiras (Robert Bechtle, 1971), Lanchonete de Unadilla (Ralph Goings, 1977) e pelos 48 retratos de Gerhard Richter (1972). O neoexpressionismo alemão, movimento que resgatou a pintura como meio de expressão a partir da década de 80, também é representado nesta exposição por nomes como Georg Baselitz, Markus Lüpertz e Anselm Kiefer.

 

Os visitantes podem ainda, conhecer obras produzidas em diversos contextos geopolíticos que atraíram o olhar de Peter e Irene Ludwig na medida em que as fronteiras da coleção avançavam. Artistas contemporâneos como o russo Vladimir Yankilevsky (Tríptico Nº 14 Autorretrato, 1987), e o grego Pavlos (Guarda-roupa IV, 1968) são alguns dos nomes expostos neste segmento.

 

 

PETER LUDWIG (1925-1996)

 

 

 

Peter Ludwig estudou história da arte, arqueologia, história e filosofia em Mainz (Alemanha). Em 1951, casou-se com Irene Monheim (filha de um dos alemães mais influentes na indústria do chocolate), com quem compartilhava o interesse pelas artes. Na mesma época tornou-se diretor na empresa Monheim Schokolade, ao mesmo tempo em que começou a se dedicar à sua coleção de arte ao lado da esposa.

 

Tornou-se um nome importante no cenário das artes quando passou a adquirir obras que faziam parte do movimento conhecido como pop art. A partir dos anos 70, suas atividades como colecionador aumentaram ao ponto de adquirir ao menos uma obra por dia. Sua vasta coleção, porém, não decorava apenas a sua casa e escritórios, tendo sido emprestada a vários museus pela Alemanha. Em muitos casos, o empréstimo acabou tornando-se uma doação permanente, fazendo com que muitos espaços passassem a ter o nome de Ludwig, em reconhecimento a sua generosidade.

 

É tido como o primeiro colecionador na Europa a reconhecer o valor da pop art americana, ressaltando desta maneira o seu olhar visionário e pioneiro. Atualmente suas coleções são distribuídas em museus de diversos países.

 

 

 

De 07 de maio a 21 de julho.

Alexandre Mury: “Eu sou a Pintura”

Alexandre Mury, artista conhecido pelos seus irreverentes autorretratos, apresentará ao público 12 trabalhos inéditos em sua primeira exposição individual na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Elisa Byington. A partir de releituras de ícones da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal, usando a fotografia como suporte, Mury encanta com seus personagens de caráter performáticos, dirigindo e produzindo todo o processo. “A proposta dos trabalhos desta mostra, intitulada Eu sou a Pintura, é um deslocamento de significados no tempo e no espaço, inspirado nas variadas possibilidades de perceber as cores, de uma forma divertida e intrigante”, avalia o artista, que costuma dizer que se multiplica em vários “eus” em seus trabalhos.

 

 
Cada trabalho tem um enigmático jogo de referências que podem revelar surpreendentes conexões de ideias. “Para a nova série de trabalhos, Mury decide se imergir na cor, entregando-se com rigor à limitação monocromática. Em poucos anos, o artista marcou para si um lugar singular e inconfundível no panorama das artes, jogando com a transgressão aos códigos sociais e o desafio à solenidade repressora dos cânones culturais. Adotou no seu trabalho um léxico de elementos corriqueiros, prosaicos e jocosos, com os quais compôs uma linguagem própria que flerta com o kitsch, abusa do nomadismo identitário que caracterizou a cultura Pop e aposta na liberdade fecunda e regeneradora da arte”, afirma Elisa.

 

A maior característica desta série de trabalhos é o foco na cor. “Por serem quase monocromáticos o efeito é praticamente uma camuflagem, onde não só aspectos plásticos são mimetizados mas toda uma provocação com ambiguidades de paradoxos que exigem um olhar atento para cada obra”, avalia Mury.

 

Suas fotografias estão em diversas situações, cenários e personagens de maneira humorada, irônica, debochada e bastante crítica, sempre reinventando o icônico e o pictórico com uma identidade muito improvisada. Entre os destaques desta mostra estão os trabalhos inspirados nas obras Arranjo em cinza e preto, no. 1 (James Whistler), A escala em amarelo (Frantisek Kupka), O bebedor de absinto (fase azul de Pablo Picasso) e Pallas Athena (fase dourada de Gustav Klimt).

 

 

Sobre o artista:

 

Nascido no estado do Rio de Janeiro, e formado em Comunicação Social, desde criança é um artista por devoção, sempre pintando e desenhando. A fotografia como expressão vem legitimá-lo como artista a partir do momento em que começa expor seus trabalhos em galerias e centros institucionais e a ter suas primeiras obras na coleção de renomados colecionadores brasileiros como a de Joaquim Paiva e Gilberto Chateaubriand. Através da livre interpretação recontextualizada, lúdica e intrigante faz ressignificar célebres criações eternizadas e repensar os clássicos. O improviso e a visão alegórica remetem a um contexto contemporâneo mundial de reciclagens e releituras. O caráter performático, a auto-direção, a escolha e produção de figurinos e cenários reafirma a consistência, o estilo e a originalidade do artista no conjunto da obra.

 

 
De 16 de maio a 14 de junho

 

Lygia Clark no MoMA, NY

28/abr

O MoMA, Museum of Modern Arts, Manhattan, Nova Iorque, EEUU, anuncia “Lygia Clark, The Abandonment of Art, 1948-1988″, a grandiosa retrospectiva de Lygia Clark; a primeira e maior exibição abrangendo aproximadamente 300 trabalhos, concebidos entre o inicio dos anos 50 até  meados dos 80 quando a artista faleceu. Os visitantes poderão apreciar desenhos, pinturas, esculturas, objetos e trabalhos conceituais e participativos realizados por uma das artistas mais celebradas do Brasil. A obra de Lygia Clark vem despertando  – cada vez mais – a admiração e o devido reconhecimento internacional dando um conceito significante a uma constelação de trabalhos que definem cada degrau de sua carreira.

 

Concebida de coleções públicas e privadas, “Lygia Clark” apresenta um conjunto impressionante que tem o objetivo de re-instalar o trabalho conceituado aos novos rumos da arte contemporânea, sua participação e prática de arte terapêutica. A exibição vem acompanhada de um catalogo inteiramente ilustrado com ensaios de Sergio Bessa, Connie Butler, Eleonora Fabião e outros. Juntamente com a exibição, o MoMA abriga também a mostra “On The Edge: Brazilian Film Experiments of the 1960s and Early 1970s”, de 10 de Maio á 27 de Julho, uma vasta seleção de curtas e longa-metragens experimentais, realizados por artistas daquele período de transformação politica e social, com foco no trabalho participativo de Lygia Clark, e outros como Hélio Oiticica, Glauber Rocha, o poeta Raimundo Amado e a artista Lygia Pape. A seleção apresenta desde a estética B de José Mojica Marins, até os protestos na voz de Caetano Veloso. Alguns títulos populares como “Deus e o diabo na Terra do Sol” e “Bandido da Luz Vermelha” também estão na programação.

 

A exposição de Lygia Clark conta com o apoio de Ricardo e Susana Steinbruch, The Modern Women’s Fund, Patricia Phelps de Cisneros, Jerry I. Speyer e Katherine G. Farley, Vicky e Joseph Safra Foundation, mais The International Council of The Museum of Modern Art, Johanna Stein-Birman e Alexandre Birman, Consulado Gearl do Brasil em Nova Iorque, Patricia Fossati Druck, Roberto e Aimée Servitje, Frances Reynolds, The Junior Associates of The Museum of Modern Art, Fogo de Chão, the MoMA Annual Exhibition Fund,Patricia Cisneros Travel Fund for Latin America e Richard I. Kandel.

 

 

De 10 de maio a 24 de agosto.

Fonte: MoMA, Roger Costa – Brazilian Press

Zerbini na Casa Daros

25/abr

A Casa Daros apresenta para o público a partir de 26 de abril de 2014 a exposição “Luiz Zerbini – Pinturas”, com curadoria de Hans-Michael Herzog, que reúne dezenove obras do destacado artista nascido em São Paulo, em 1959, e radicado no Rio de Janeiro. A quase totalidade dos trabalhos é inédita e pertence ao acervo do próprio artista, como as quatro pinturas recentes – em acrílica sobre tela, e em formato que chega a 2m x 3m – “Quadrado Maior, de 2013, “Hipermetrópico”, “Favela” e “Erosão”, de 2014.

 

O público poderá ver obras antigas, como “Peixes”, só vista no ano de sua criação, em 1996 – uma escultura com pintura composta por uma caixa de isopor, resina e tinta –, e duas “Sem título”, de 1999, uma monotipia e uma pintura de acrílica sobre papel.

 

Duas pinturas apenas vistas no exterior, como “Pedra Punk (2012) e “Medusa” (2011), pertencentes a coleções particulares, também estarão na exposição.

 

Estarão ainda na exposição desenhos, um conjunto de dez trabalhos da série “Copicsketch” (2011), em caneta sobre papel, dois feitos com cartas de baralho, de 2009, e três da série com slides, de 2009.

 

Da mesma forma que na exposição de Fabian Marcaccio há uma sala chamada Painting lab (laboratório de pintura), onde o artista revela seu “repertório”, Luiz Zerbini também mostrará uma versão inédita da instalação “Natureza espiritual da realidade” (2012), feita especialmente para a exposição, formada por uma mesa de cerca de dez metros de extensão, contendo elementos de seu cotidiano, com uma coleção de objetos que funcionam como ponto de partida de seu trabalho.

 

“Meu trabalho tem a ver com esse tempo suspenso e com a memória. Não a memória de fatos e acontecimentos cotidianos, que quase nunca consigo lembrar, mas uma espécie de memória visual, afetiva, que fica guardada num canto, num outro espaço que é muito presente… É como se fosse uma reorganização das minhas lembranças. As coisas que eu faço são impregnadas dessa memória”, afirma Luiz Zerbini.

 

A exposição integra a temporada dedicada à pintura, aberta por “Fabian Marcaccio – Paintant Stories”, que irá até 10 de agosto. Após a mostra de Luiz Zerbini, Casa Daros apresentará “Guillermo Kuitca + Eduardo Berliner – Pinturas”, de 30 de maio a 29 de junho, e “Vânia Mignone + René Francisco Rodríguez – Pinturas”, de 4 de julho a 10 de agosto de 2014.

 

O que está por trás da pintura

 

Hans-Michael Herzog, curador e diretor da Coleção Daros Latinamerica, sediada em Zurique, Suíça, conta que ao pesquisar a pintura atual no Brasil, e em qual artista brasileiro poderia fazer um diálogo mais direto com a obra “Paintant Stories”, de Marcaccio, pensou imediatamente em Zerbini. Apesar de ressaltar a individualidade de cada um, com pesquisas distintas, ele diz que é possível ver algo em comum, já que ambos buscam saber “o que é a pintura, o que está por trás da pintura”.  “Zerbini desenvolve dois grandes caminhos – um mais racional, ordenado, regular, e outro emocional – resultando em dois tipos de pintura ao mesmo tempo”, afirma. Ressaltando que não o considera um surrealista, o curador diz que ele “joga com essas ferramentas”, ao trazer “visões de paisagens não conhecidas, invenções, a exuberância tropical, a vegetação, e nisso tem algo a ver com Marcaccio”. Hans-Michael Herzog chama a atenção também para o aspecto lúdico do artista, evidenciado na obra “Peixes”.

 

 

Programa Diálogos: Luiz Zerbini

 

No dia 26 de abril de 2014, às 17h, no auditório da Casa Daros, o artista Luiz Zerbini falará sobre sua trajetória em conversa aberta ao público, com a participação de Hans-Michael Herzog. A entrada é gratuita, com retirada de senhas na recepção uma hora antes.

 

 

Sobre o artista

 

Luiz Zerbini nasceu em São Paulo, em 1959. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É um dos artistas que despontaram na década de 1980 e chega à maturidade explorando praticamente todos os aspectos da arte contemporânea. Desde o trabalho individual como pintor, até o coletivo no grupo Chelpa Ferro, desenvolve sua linguagem na utilização diversificada de mídias como vídeo, escultura, fotografia, música, desenho, pintura, arte gráfica, ambientes e instalações. A obra de Zerbini é considerada pelos críticos uma referência na arte brasileira.

 

Dentre as principais exposições individuais que realizou destacam-se as mostras “Amor lugar comum”, em Inhotim, Brumadinho, Minas, e “Papagaio do Futuro”, na Max Wigram Gallery, Londres, ambas em 2013; “Amor”, no MAM Rio, em 2012; “Every Jetsonhas a Flintstone Inside”, na Max Wigram Gallery, em Londres, em 2011; “Ele vê o que ele sabe”,no Galpão Fortes Vilaça, em São Paulo, em 2010; “Ruído”, na Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, em 2009; “paisagem natureza morta retrato”, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, em 2008; “Do Corpo à Paisagem”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2006; as mostras na Galeria Filomena Soares, em Lisboa, Portugal, em 2005; na Galeria Rabouan Moussion, em Paris, França, em 2001; as mostras no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 1998 e 1996; a exposição no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, em 1995, dentre outras.

 

 

De 25 de abril a 25 de maio.  

Individual de Bruno Moreschi

A Funarte São Paulo, Campos Elíseos, São Paulo, SP, apresenta até 27 de abril a exposição “Sem Título – Técnica Mista, Dimensões Variáveis”, primeira individual do artista paranaense radicado em São Paulo Bruno Moreschi. Com curadoria de Paulo Miyada, a mostra é composta por quatro séries de trabalhos que discutem o funcionamento do sistema das artes visuais e da representação. Questões como originalidade, autenticidade, cópia, autoria e mercado são palavras-chaves para entender a produção do artista.

 

“ART BOOK”, série mais recente do artista é o ponto central da exposição. Baseando-se em conhecidas enciclopédias de artistas, Bruno Moreschi criou uma luxuosa publicação em português, inglês e espanhol que se assemelha a livros encontrados em bibliotecas e livrarias, com biografias, reproduções de obras, comentários de artistas e textos de curadores nacionais e internacionais. Entretanto, diferente das demais, todo o conteúdo desse livro/obra é inteiramente ficcional. Foram cerca de 3 anos criando estereótipos de 50 artistas internacionais e suas mais de 300 obras, entre pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, instalações e performances (com atores dirigidos pelo artista), feitas em tamanho real. No centro do espaço expositivo, exemplares da enciclopédia estarão dispostas em mesas e poderão ser folheadas pelo público. A obra, que fez parte do mestrado que o artista realizou no Instituto de Artes Visuais da Unicamp, sob orientação da prof. Lygia Arcuri Eluf, recebeu diversos apoios institucionais para se tornar uma realidade: foi parcialmente financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), foi contemplada em uma residência artística da AUIP (Asociación Universitaria Iberoamericana de Postgrado) para realizar parte da enciclopédia na Universidade de Coimbra, Portugal, e apoios da Funarte, com a Bolsa de Estímulos em Artes Visuais 2013 e Prêmio Funarte de Arte Contemporânea.

 

O curador Paulo Myiada fez da exposição uma espécie de coletiva de artistas, na qual Bruno Moreschi apresenta outras séries de trabalhos como artista convidado: “Procura-se”, “Bruno Moreschi, Autor de Pierre Menard, Autor de D. Quixote” e “Pedras”.

 

Na série “Procura-se”, realizada em coautoria com Camila Regis, o artista localizou os únicos 15 retratistas de polícia que ainda fazem retrato falado a mão no Brasil. Camila foi ao encontro desses profissionais nas mais diversas cidades brasileiras e descreveu o rosto do artista. O discurso apresentado aos retratistas foi sempre o mesmo. O resultado integra a exposição.

 

A série “Bruno Moreschi, Autor de Pierre Menard, Autor de D. Quixote” é uma instalação com com desenhos que simulam as páginas do conto “Pierre Menard, Autor de D. Quixote”, escrito por Jorge Luis Borges (1899-1986). Nesse conto, Borges conta a história de um suposto escritor chamado Pierre Menard disposto a rescrever o “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes (1547- 1616). Trata-se, portanto, de um conto, que discute questões relacionadas a reescrita, copia e autoria. Diante disso, o artista Bruno Moreschi refez a mão com nanquim o conto escrito por Borges. Foram quase quatro meses de tentativas para refazer de maneira mais precisa possível a tipologia e todos os outros elementos visuais/textuais presentes no conto de uma determinada edição. O resultado é uma instalação com pequenos bancos em que as pessoas podem subir e se aproximar das obras enquadradas na parede e, dessa maneira, repararem que não se trata de páginas impressas, mas sim, desenhadas com nanquim.

 

Na série “Pedras”, Bruno Moreschi convidou 8 fotógrafos especializados em registrar obras de arte para fotografarem um mesmo objeto : uma pedra de pequeno porte, espécie escultura primitiva. O artista apenas indicou qual seria a base da pedra e deixou que os fotógrafos fotografassem o objeto seguindo o estilo de fotografia relacionado ao registro de obras de arte. O resultado é um jogo de comparação que discute a fotografia da obra de arte, e mostra como, na maioria das vezes, estudamos arte não a partir do objeto de arte, mas sim, a partir de seu registro fotógrafo. Em outras palavras, a História da Arte é muitas vezes a História da fotografia do objeto de arte.

 

Um catálogo com textos de Paulo Miyada, Victor da Rosa, Camila Regis e Bruno Moreschi, foi lançado dia 05 de abril, seguido de mesa-redonda com presença de artistas, curadores e críticos que já trabalharam questões relacionadas a autoria no campo das artes visuais: Ricardo Resende, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Victor Rosa e Bruno Moreschi.

Arte investimento, a palestra

23/abr

O artista, curador e consultor de arte para coleções privadas e corporativas Franz Manata vai falar sobre “Arte como Investimento”, no ciclo de palestras da parceria do CasaShopping e a Casa do Saber Rio, no dia 29 de abril, às 19h. O encontro é destinado àqueles que buscam conhecer o funcionamento do mercado de arte e do colecionismo para fins de investimento. O participante ficará sabendo o que confere valor a uma obra de arte. Como o mercado dita o valor de uma obra de arte com base no público a que se destina. O evento irá
abordar o mercado global em que a arte contemporânea está inserida, galerias, espaços institucionais, suas regras, particularidades, o papel das grandes exposições e
dos curadores e o local do artista frente a tudo isso. Além de explicar como funciona o mercado de arte e quais os seus agentes. As inscrições são realizadas pelo site do CasaShopping. Mais informações pelo telefone (21) 2429-8000. Local: Espaço Casa – Bloco K, Cobertura, Av. Ayrton Senna, 2.150, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.

 

 

Sobre o artista-palestrante

 

FRANZ MANATA. Artista, curador e consultor de arte para coleções privadas e corporativas. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro, e mestre em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ. Tem formação em Economia com especialização em Sociologia e Administração Financeira pela PUC-Minas.

Um colagista em Nova York

O artista visual e ilustrador André Bergamin, foi um dos 35 nomes convidados a expor na International Weird Collage Show, no Brooklyn, em Nova York, EUA. A exibição coletiva reúne a comunidade global da técnica de colagem. A galeria The Invisible Dog Art Center recebe artistas da Alemanha, Escócia, Bélgica, Noruega, Holanda, Inglaterra, Finlândia, Espanha, Costa Rica e dos Estados Unidos. Esta é a sétima edição do evento, que já passou por outros seis países.

 

Formado em Publicidade e Propaganda, com especialização em Design Gráfico, André Bergamin iniciou no ramo da ilustração em 2004. Desde então, criou colagens para ilustrar reportagens e atender a marcas como New Statesman, Carta Capital, Folha de S.Paulo, Rolling Stone, TAM nas Nuvens, Época, Alfa, Airborne Magazine, Superinteressante, Galileu, Aventuras na História, Culprit L.A., Bravo!, entre outras.

 

O jovem colagista, que tem entre suas referências plásticas John Baldessari, Volpi e Max Ernst, utiliza revistas das décadas de 50 a 80, manipulando imagens de forma digital. Atualmente, ele é agenciado pela londrina Illustration Ltd. Nos últimos anos, em paralelo ao trabalho de ilustrador, Bergamin passou a focar na produção artística; recentemente expôs em Colônia, Uruguai, com o coletivo “LADO B” e seu trabalho está registrado no livro Collage Illustrations Cut & Paste. No último mês, foi selecionado pela publicação alemã Lürzer’s Archive para figurar na edição 2013/2014 como um dos 200 melhores ilustradores do mundo.

 

 

Até 10 de maio.

Homenagem a Sante Scaldaferri

15/abr

No próximo dia 16, quarta-feira, às 19h00min, na Sala Walter da Silveira, Bilbioteca Pública dos Barris, Salvador, Bahia, serão exibidos dois documentários sobre a obra do notável artista plástico baiano Sante Scaldaferri. Uma justa homenagem ao conhecido artista plástico. Acompanhe a programação e as sinopses dos dois documentários.

 

 

16/04 – 19h00min
Sante Scaldaferri, A Dramaturgia do Sertão; Direção: Walter Lima; Documentário | 26min | 1999

 

Vídeoarte sobre o pintor, ator, gravurista, cenógrafo e professor Sante Scaldaferi (1928). Formado na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Scaldaferri foi assistente da arquiteta Lino Bo Bardi. No cinema, trabalhou como cenógrafo em produções do Cinema Novo e como ator em filmes de Glauber Rocha.

 

 

16/04 – 19h30min
Sante Scaldaferri; Direção: Cícero Bathomarco; Documentário | 34 min |2013

 

Na primavera de 2011, o Palacete das Artes Rodin Bahia promoveu a exposição POP / BIENAIS com obras do premiadíssimo artista plástico Sante Scaldaferri. O documentário que leva o nome do artista, teve como base os diversos quadros e painéis expostos na referida mostra. SANTE fala do conteúdo e da forma do seu trabalho, do seu processo criativo, da descoberta de uma “escrita” própria, da sua convivência com Glauber Rocha, da sua fidelidade à temática cultural nordestina, da sua resistência na realização de trabalhos não folclóricos e de fácil comercialização.

 

Ficha técnica :

Locução: Selma Santos;

Direção de fotografia: Carlos Modesto;

Edição: Mirilusa Barreto;

Pesquisa sonora: Robinson Roberto;

Roteiro e direção: Cicero Bathomarco;

Ano de realização: 2013.

Adriana Varejão em nova série

12/abr

Há cinco anos sem realizar uma exposição com apenas trabalho inéditos, Adriana Varejão apresenta a recém-criada série “Polvo” no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. O “Polvo” é fruto de uma pesquisa de forte caráter conceitual, desenvolvida ao longo de 15 anos, sobre a representação das cores de pele dos brasileiros e a ambivalência das definições de raça no país.

 

O ponto de partida foi o resultado da pesquisa do IBGE de 1976, que deixou em aberto a pergunta Qual é a sua cor?. O resultado foram 136 diferentes termos, alguns inusitados e muitos deles, figurativos, em contraponto aos cinco grupos estabelecidos: branco, preto, vermelho, amarelo e pardo. Adriana escolheu os 33 mais exóticos, poéticos e significativos e, a partir deles, criou as suas próprias tintas a óleo baseadas em tons de pele. Assim, surgiram as cores Fogoió?, Enxofrada, Café com leite, Branquinha, Burro quando foge, Cor firme, Morenão, Encerada e Queimada de sol, entre outras.

 

O resultado deste processo é um objeto de arte: uma caixa com 33 tubos de tinta (com tiragem de 200 exemplares), além da série de pinturas elaboradas a partir destas tintas, que criam um imenso painel. As telas são retratos de Adriana, executadas por outros pintores retratistas, com intervenções da artista. A cor da pele é neutra, acinzentada, com pinceladas geométricas e de inspiração indígena, realizadas com os tons das tintas Polvo. Acompanhando os retratos, pinturas circulares abstratas trazem a escala destas mesmas tintas. E todo o conjunto mantém a estreita relação com seus trabalhos anteriores, sempre lidando com questões como a miscigenação, o colonialismo e a cor da pele.

 

No dia 24 de abril, ela abre outra mostra “Polvo”, na Lehmann Maupin Gallery, em Nova York, com 12 retratos.

 

Panorâmica: Pela primeira vez, a artista ganhará uma panorâmica numa grande instituição pública americana. A mostra, ainda sem titulação, será aberta no dia 18 de novembro no Institute of Contemporary Art, em Boston.

 

 

Até 17 de maio.