Vitória Taborda no Paço Imperial

29/jun

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a  exposição “Aparência”, exibição individual de Vitória Taborda que permanecerá em cartaz até 20 de agosto. A exposição marca o reencontro da artista com sua cidade natal, após um longo período morando em Nova York, nos EUA. Foi no Rio de Janeiro onde ela fez toda a sua formação em arte contemporânea, tendo sido integrante da chamada “Geração 80”. Com curadoria de Vera Beatriz Siqueira, apresenta 141 obras inéditas, pertencentes a três séries: “Animale Insectum”, “Paisagismo” e “Ovo Duro”, produzidas desde 2016 até hoje, nas quais a artista reconfigura esteticamente elementos existentes na natureza, criando obras ao mesmo tempo semelhantes e diferentes da nossa fauna e flora.                                                                  

 Os sentidos não se fixam, estão sempre cambiantes, há um jogo de ilusão e encantamento, que não se resolve. Essa é a grandeza do trabalho. É como a obra do Magritte: “Isto não é um cachimbo”. Na obra da Vitória poderíamos dizer: Isto não é um inseto. Gera uma dúvida, é um enigma que não se fecha”, conta a curadora Vera Beatriz Siqueira.

Em comum, todos os trabalhos se apropriam de elementos retirados da natureza, que são reconfigurados e ressignificados. “É um trabalho puramente estético, mimicando a natureza e a sua resistência a interpretações intelectuais, a despeito de nossas incessantes tentativas. Tenho interesse na geometria, cores e formas encontradas na natureza, como padrões/vocabulário pré-existentes. Gosto também de forma antes de função”, afirma a artista.

A pesquisa para estes novos trabalhos começou a partir da mudança da artista para a Região Serrana do Rio de Janeiro. “Moro numa casa no meio da Mata Atlântica, que tem uma enormidade de asas, patinhas e partes de insetos variados. Fui reconfigurando-os dentro de uma estrutura correta do inseto em termos de número de patas, asas, etc, mas seguindo uma estética de acordo com o meu olhar. Seguindo esta mesma noção, fiz o mesmo com as plantas, colhendo galhos, folhas secas, etc.”, conta a artista.

“O trabalho de Vitória Taborda parte de encanto estético com a exploração da natureza, invertendo a direção e a função da tarefa mimética. Recolhe pequenos galhos, folhas secas, corpos de insetos mortos, formando uma coleção de coisas usadas para mimetizar não a forma atual da natureza, e sim a sua versão fabulosa e imaginativa, nascida do contato duradouro, persistente e compassivo com o mundo que o origina”, diz a curadora.

Série em exposição

“Animale Insectum” – Inspirada pelo significado em latim da palavra “Insectum”, que significa “cortar em partes”, esta série é composta por 99 trabalhos nos quais a artista cria novos insetos a partir de partes de insetos existentes na natureza, tendo sempre uma preocupação estética. “O artista anseia por criar trabalhos únicos que desafiem classificações pré-existentes, em busca de melhor compreensão de nossa existência. O cientista também anseia em descobrir algo ainda escondido, seja um novo fenômeno ou um sistema sem precedentes, para melhor compreender o mundo existente. Desta forma, este trabalho é um diálogo entre ciência e arte, suas simetrias e semelhantes buscas”, afirma a artista.

Em alguns destes trabalhos, chamados “Mimetismo” (fenômeno no qual animais e plantas imitam o padrão de coloração ou o comportamento de outro organismo como forma de proteção), a artista coloca os insetos sobre pinturas geométricas, feitas por ela, como se estivesse mimetizando a pintura como estratégia de sobrevivência.

Em pequenos formatos, medindo 15 cm X 10 cm e 15 cm X 22 cm, os trabalhos serão apresentados dentro de caixas de coleções entomológicas, assemelhando-se à classificação biológica feita pela ciência. Estima-se que existam cerca de seis milhões de insetos no planeta, mas somente um milhão foi classificado até agora. Partindo desta premissa, a artista cria seus próprios insetos e questiona: “Seriam então, os insetos ainda não classificados, não existentes? Ou talvez, eles ainda não foram inventados? Seriam os insetos a serem classificados o potencial recontar da mesma história ou, novamente, a recombinação dos mesmos elementos de outros insetos?”.

Nas caixas, a artista acrescenta o termo “animal em segmentos livres”, “ecoando os versos livres da criação poética moderna, que inspiram a sua paciente artesania, costurando partes de diferentes origens. A natureza é imitada em sua dimensão estética, resistindo a toda classificação e racionalização”, ressalta a curadora.

“Paisagismo” – Seguindo a mesma linha dos insetos, nesta série composta por 15 obras, Vitória Taborda cria trabalhos a partir de galhos, troncos e folhas secas. “São o resultado do trabalho cuidadoso de selecionar e modelar os galhos finos recolhidos depois que caem. São também dendrogramas, representações esquemáticas e suavemente nostálgicas de árvores ausentes. E são ainda projetos, planos fabulosos de podas geométricas, de controle da neve, de casas fantásticas a serem mobiliadas por nossa imaginação. Apontam, assim, para o futuro de uma realização mágica, mas também recendem a melancolia de uma realidade que não existe mais”, afirma a curadora Vera Beatriz Siqueira.

“Ovo Duro” – Esta série é composta por 27 obras feitas com ovos de galinha brancos e azuis, unindo-os, criando novas formas. “Este projeto trabalha com a desconstrução da estrutura do ovo, um objeto percebido e compreendido universalmente, não só pelo seu formato como também pela consistência, informações que são imediatamente decodificadas”, diz a artista.

“Vitória cuidadosamente desconstrói, esvaziando-os, recortando-os, colando-os uns aos outros. As configurações que alcança falam de uma nova unidade, mas também de coisas inevitavelmente partidas. São outros seres segmentados que recolocam a temporalidade simultaneamente passada e futura no agora da arte”, completa a curadora.

Sobre a artista

Vitória Taborda estudou no Parque Lage nos anos 1980 e participou da exposição “Como vai você Geração 80”, em 1984, além de alguns salões de arte no Rio de Janeiro. Em 1988, foi para Nova York estudar Ilustração na School of Visual Arts. Estudou também encadernação e restauração de livros e produziu algumas edições limitadas de Livro de Artista, dois dos quais hoje pertencem à coleção do MoMA e a várias bibliotecas nos EUA. Neste período, participou de duas exposições coletivas de ilustração no Arts Director’s Club. De volta ao Brasil, em 2002, continuou seu trabalho de arte, pintando a óleo em papel cartão (binder’s board), pensando nas partes e no todo, pensando nos fragmentos e no inteiro até se enveredar por colagens com elementos pré-existentes na natureza.

Sobre a curadora

Vera Beatriz Siqueira é historiadora da arte, professora e pesquisadora do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autora de vários livros sobre arte brasileira, incluindo Arte no Brasil anos 20 a anos 40, Wanda Pimentel, Cálculo da Expressão: Goeldi, Segall, Iberê, Iberê Camargo, Burle Marx, Milton Dacosta, além de vários artigos em livros e revistas. Atuou como curadora de exposições na Fundação Iberê Camargo, Museu Lasar Segall, Museus Castro Maya e Paço Imperial, entre outros espaços culturais. Foi Coordenadora da área de Artes e membro do Conselho Técnico Científico do Ensino Superior (CTC-ES) junto à Capes/Ministério da Educação, entre 2018 e 2021. Atualmente coordena o Programa de Pós-graduação em História da Arte da Uerj.

Siamo Foresta

 

Quinze artistas brasileiros participam de mostra internacional concebida pela Fondation Cartier na Triennale Milano.

Até o dia 29 de outubro, a Triennale Milano e a Fondation Cartier pour l’Art Contemporain apresentam a exposição “Siamo Foresta”. Com curadoria do antropólogo francês Bruce Albert e do diretor artístico da Fondation, Hervé Chandès, a mostra reúne 27 artistas de diferentes países. Desses, 15 brasileiros, entre os quais nove são indígenas: Adriana Varejão, Aida Harika (Yanomami), Alex Cerveny, André Taniki (Yanomami), Bruno Novelli, Cleiber Bane (Huni Kuin), Edmar Tokorino (Yanomami), Ehuana Yaira (Yanomami), Jaider Esbell (Makuxi), Joseca Mokahesi (Yanomami), Luiz Zerbini, Morzaniel Ɨramari (Yanomami), Roseane Yariana (Yanomami), Santídio Pereira e Solange Pessoa.

Para sublinhar as conexões emocionais, afinidades estilísticas e conceituais entre as obras, os artistas estão idealmente conectados entre si também por meio das soluções cenográficas de Zerbini, que concebeu um projeto expositivo que abarca todos os trabalhos e permite que a floresta, com seus elementos e ritmo vital, entre nas salas da Triennale Milano.

Mais de 70% das obras pertencem acervo da Cartier pour l’Art Contemporain e contam, em especial, a história de sua relação com artistas de algumas comunidades indígenas da América do Sul. O encontro com esses mundos estéticos e metafísicos, indígenas e não, foi a ocasião para dar vida a novos projetos artísticos, obras inéditas e colaborações.

“Siamo Foresta apresenta um diálogo inédito entre pensadores e defensores da floresta, artistas indígenas e não indígenas que se inspiram em uma visão estética e política comuns da floresta como um multiverso igualitário de povos vivos, humanos e não humanos, e, como tal, oferece uma alegoria vibrante de um mundo possível além do nosso antropocentrismo. Desde suas origens, a tradição ocidental dividiu e hierarquizou os seres vivos segundo uma escala de valores da qual o ser humano é o ápice. Essa supremacia do humano distanciou progressivamente a humanidade do resto do mundo vivo, abrindo caminho para todos os abusos de que resultam a destruição da biodiversidade e a catástrofe climática contemporânea. A filosofia das sociedades indígenas americanas, por outro lado, acredita que seres humanos e não humanos – animais e plantas – embora se diferenciem pela aparência de seus corpos, estão profundamente unidos por uma mesma sensibilidade e intencionalidade”, explica Bruce Albert, antropólogo francês que trabalha há quase 50 anos com os Yanomami.

Para sublinhar as conexões emocionais, as afinidades estilísticas e conceituais entre as obras selecionadas, os artistas estão idealmente conectados entre si também por meio das soluções cenográficas orquestradas por Luiz Zerbini. De fato, o artista concebeu um projeto expositivo contínuo que abarca todas as obras e permite que a floresta, com seus elementos e ritmo vital, entre nas salas da Triennale Milano.

Por um lado, a floresta já não é um espaço alheio à cidade e à cultura, mas o lugar onde se celebra o encontro de culturas: Siamo Foresta é um grito de reivindicação de artistas que pensam a unidade do planeta através da ideia de floresta. Por outro lado, é por meio da arte que diferentes culturas podem dialogar e se transformar: a exposição relata as influências que as populações nativas da Amazônia e de outras regiões exerceram sobre as culturas visuais não nativas. O espaço expositivo torna-se o local onde as artes mostram o caminho para repensar o planeta e o seu futuro de forma diferente.

Siamo Foresta é enriquecido por uma publicação dedicada, contendo a documentação iconográfica do percurso expositivo, e por um guia com atividades exploratórias para crianças que exploram os conteúdos das obras, a par de um conjunto de workshops nas salas expositivas.

Os artistas em exibição

Adriana Varejão (Brasil), Aida Harika (Yanomami, Brasil), Alex Cerveny (Brasil), André Taniki (Yanomami, Brasil), Angélica Klassen (Nivaklé, Paraguai), Bruno Novelli (Brasil), Brus Rubio Churay (Murui-Bora, Peru), Cai Guo-Qiang (China), Cleiber Bane (Huni Kuin, Brasil), Efacio Álvarez (Nivaklé, Paraguai), Edmar Tokorino (Yanomami, Brasil), Ehuana Yaira (Yanomami, Brasil), Esteban Klassen (Nivaklé, Paraguai), Fabrice Hyber (França), Fernando Allen (Paraguai), Floriberta Fermín (Nivaklé, Paraguai), Fredi Casco (Paraguai), Jaider Esbell (Makuxi, Brasil), Johanna Calle (Colômbia), Joseca Mokahesi (Yanomami, Brasil), Luiz Zerbini (Brasil), Morzaniel Ɨramari (Yanomami, Brasil), Sheroanawe Hakihiiwe (Yanomami, Venezuela), Roseane Yariana (Yanomami, Brasil), Santídio Pereira (Brasil), Solange Pessoa (Brasil) e Virgil Ortiz (Cochiti Pueblo, Novo México, Estados Unidos).

DRIFT no CCBB São Paulo

26/jun

 


O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo apresenta uma seleção bastante representativa da produção do DRIFT, dupla de artistas holandeses que recupera em esculturas e instalações a relação da humanidade com a natureza.


As obras Amplitude e EGO ocupam o novo anexo de 300 metros quadrados que marca a expansão do CCBB SP, localizado bem à frente do endereço tradicional do museu; o novo espaço cultural possui dois andares, auditório reversível e corrobora com a transformação do centro histórico da cidade.

Em 2007, os artistas Lonneke Gordijn e Ralph Nauta criaram o DRIFT, na Holanda. Desde então, eles vêm desenvolvendo esculturas, instalações e performances que colocam pessoas, ambiente e natureza na mesma frequência. Suas obras sugerem ao público uma reconexão com o planeta e poderão ser conferidas gratuitamente entre até 07 de agosto.

Usando a luz como um dos elementos básicos de construção de sua arte, a dupla explora as relações entre humanos, natureza e tecnologia de forma simples e ao mesmo tempo profunda, conferindo aos visitantes a oportunidade de vivenciarem obras que tocam em elementos essenciais da vida na Terra. De acordo com Alfons Hug, curador da mostra, ao colocar a luz como elemento central de suas composições artísticas, o DRIFT “aponta para a ociosidade da vida cotidiana e a futilidade da atividade humana”. O curador afirma ainda que a luz, no DRIFT, “nos faz pensar no mundo de hoje, mas também em nossas origens, pois esta luz vem de longe e contém um vislumbre do passado remoto”.

Marcello Dantas, curador da exposição ao lado de Hug, explica que existe uma racionalidade por trás das obras do DRIFT, que é a possibilidade da natureza e da tecnologia viverem em harmonia. “Seja pelo mundo biônico, seja pelo conceito de animismo, em que todas as coisas – animais, fenômenos naturais e objetos inanimados – possuem um espírito que os conecta uns aos outros”.

Um dos destaques da mostra é Shylight (algo como “luz tímida”, se traduzido para o português). Trata-se de uma escultura hipnótica que se abre e se fecha, numa fascinante coreografia que mimetiza o comportamento de flores que, durante a noite, se fecham, numa medida de proteção e de economia de recursos. Se grande parte dos objetos feitos pelos homens tendem a ter uma forma fixa, o projeto do DRIFT, neste caso, é recuperar a ideia de que, na natureza, tudo está em constante metamorfose e adaptação. Assim, os objetos animados ganham a força de expressar, caráter e emoção.

Wilma Martins no Paço Imperial

 

 

Um panorama da importante e consistente obra da artista Wilma Martins (Belo Horizonte, 1934 – Rio de Janeiro, 2022) será apresentado até 20 de agosto, e partir do dia 28 de junho, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, na exposição “Wilma Martins – Território da memória”. Esta será a primeira mostra póstuma da artista falecida no ano passado, aos 88 anos. Com curadoria de Frederico Morais, crítico de arte e marido da artista, e a historiadora de arte Stefania Paiva, que conviveu intensamente com Wilma nos seus últimos anos de vida, a mostra será composta por 37 obras, além de estudos, em um conjunto nunca antes reunido, incluindo trabalhos pouco conhecidos da artista, desde suas primeiras produções até a última. São gravuras, pinturas, desenhos e cadernos, que mostram a potência e as diversas facetas da obra de Wilma Martins.
A exposição apresentará desde os primeiros trabalhos da artista – pequenas gravuras da década de 1960 -, passando por xilogravuras maiores, pinturas e desenhos, chegando até a última obra feita por ela – “Dona Marta 24h” (2016), composta por 25 desenhos, que representam o Mirante Dona Marta, no Rio de Janeiro, em cada hora do dia e da noite, durante um período de 24 horas.

Xilogravuras

No início dos anos 1960, Wilma Martins produziu gravuras em preto e branco, em pequenos formatos, que apresentam, sobretudo, um exercício de observação da fauna e da flora. Após esse período inicial, Wilma passa a elaborar gravuras em grandes formatos, com formas orgânicas e geométricas, criando cenas místicas, alegóricas, compostas de núcleos onde seres se misturam entre si. “Os temas que Wilma aborda em suas gravuras são aqueles que falam da condição feminina – fecundação, gravidez etc. Mas esses temas aparecem estranhamente mesclados com outros – frequentes na arte medieval, que é sempre religiosa. No entanto, ela não foi buscar essa iconografia nos vitrais coloridos, mas nos psautiers nos quais encontrou toda forma de arcaísmos, anacronismos, de capitulares e iniciais zoomórficas, assim como enorme variedade de tramas gráficas, formas cilíndricas, ovóides, etc”, diz Frederico Morais.
Entre as xilogravuras apresentadas na exposição está o tríptico “O encontro” (1971), “a maior e a mais despojada e impactante xilogravura realizada por Wilma Martins”, segundo Frederico Morais. “É uma releitura do painel central do políptico Adoração do Cordeiro Místico. Uma magistral redução minimalista da obra do pintor flamengo. Wilma começou eliminando o cordeiro (a redenção), mantendo apenas o vermelho do altar, que de retangular se transformou em semicírculo. Na gravura de Wilma, as figuras femininas, escavadas no branco, corresponderiam às “anjas” que circundavam o altar. Agora, bem juntas, buscam ascender até o semicírculo vermelho. As figuras masculinas, negras, em conjuntos simetricamente agrupados, corresponderiam aos dois grupos humanos que aparecem, como que imobilizados, em primeiro plano na pintura de van Eyck – prelados com suas vestes vermelhas à direita, os demais representantes da sociedade civil à esquerda. Ambos se movimentam em direção à pirâmide de mulheres, para expulsá-las dali ou, ao contrário, para nelas se fundirem e juntos ascenderem. Desvestidos por Wilma, homens e mulheres, brancos e negros, anjos e humanos todos se igualam em sua humanidade. Ou não”, ressalta Frederico Morais.

 Pinturas e desenhos

Também fará parte da exposição um pequeno núcleo com a produção mais conhecida de pinturas e desenhos de Wilma Martins, incluindo a última obra produzida por ela, “Dona Marta 24h”, um conjunto composto por 25 obras. “Os trabalhos se diferem entre si pela luz que incide nas primeiras horas do dia, a sombra do entardecer ou o cair da noite. O vigésimo quinto desenho que compõe a instalação trata-se da mesma montanha em forma de quebra-cabeça (hobby de Wilma, assim como as palavras-cruzadas e os enigmas), onde cada peça representa uma hora dentre as 24h”, conta Stefania.
Além disso, será apresentado um caderno de bolso, cujas páginas trazem desenhos com paisagens do Rio de Janeiro, acompanhado por um bilhete escrito pela artista com instruções de uso. “Cabe destacar especialmente a série de desenhos focalizando o maciço da Dona Marta e o pequeno caderno de papel artesanal, (11,5×8,5 cm), registrando à maneira dos cicloramas do século XIX, no Rio de Janeiro,  toda a extensão da paisagem captada de sua varanda: Urca, Pão de Açúcar, Botafogo, Laranjeiras,  Silvestre, altos de Santa Teresa, Cristo Redentor”, ressalta Frederico Morais.
Completam a exposição três obras realizadas no início da década de 1980: “Santa Teresa I”, “Santa Teresa II” e “Santa Teresa com elefantes”. São pinturas criadas a partir da janela do ateliê/casa de Wilma, no bairro do Cosme Velho, no Rio de Janeiro. “Da parte mais baixa da cidade, ela pintou uma Santa Teresa suspensa, envolta em árvores e montanhas de cumes verdes. Pouco tempo depois, Wilma foi até o bairro de Santa Teresa, comprou o terreno que pintou tantas vezes, e ali ajudou a projetar a casa que tem uma varanda com vista para o ponto de onde ela olhava inicialmente. Esse deslocamento do ponto de origem criou uma conexão invisível, como um rebatimento da paisagem minuciosamente descrita por ela”, conta a curadora Stefania Paiva. “É a paisagem invadindo a casa, o que não se trata de uma liberdade poética, mas uma sensação real, pois em certas horas do dia, dependendo da luminosidade, essa paisagem se projeta através da porta de vidro dentro da casa, como se desejasse completar a forma circular do ciclorama. Inversamente, a biblioteca projeta-se na paisagem, nos fins de tarde, misturando-se com as árvores. Dupla leitura: livros e árvores”, explica Frederico Morais.

 

Antônio Obá na Pina Contemporânea

21/jun

 

Revoada

A exposição de Antonio Obá Galeria na Praça, da Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP, em cartaz até 18 de fevereiro de 2024, olha para a trajetória do artista que, em vinte anos de carreira, difundiu suas obras em coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior. Seu trabalho é constituído por três importantes pilares, que conduzem a narrativa da exposição: a rememoração de acontecimentos históricos, a atribuição de novos significados a esses episódios e o processo educativo. A exposição “Antonio Obá: Revoada” é patrocinada pela Livelo, na cota Apresenta e tem curadoria de Ana Maria Maia e Yuri Quevedo.

A instalação e as crianças

A exposição apresenta um conjunto de pinturas com temáticas voltadas para a infância, e uma instalação inédita (Revoada), pensada a partir do contexto do museu – a Pinacoteca nasceu originalmente para ser uma escola. A obra consiste em 200 pares de mãos de crianças moldadas em resina em oficinas oferecidas pelo artista na Ocupação 9 de Julho (Movimento Sem Teto do Centro), em duas escolas particulares e no ateliê da Pina Contemporânea.

Além da instalação, 20 pinturas se organizam a partir do tema da infância e de um movimento vertical, muito presente no trabalho de Obá. No percurso de revisitar momentos da história, o artista inscreve a tragédia e a violência em um tempo mítico, transformando os personagens históricos em entidades, arquétipos que podem rever sua posição na própria história.

A infância em “Antônio Obá” não é ingênua. As crianças-personagens do artista são agentes do seu tempo, conscientes e capazes de transformar o mundo.

Sobre o artista

Antonio Obá nasceu em Ceilândia, Brasília, DF, em 1983. Foi professor de artes para crianças por muitos anos e seu projeto de individual parte da perspectiva da educação. O artista participa de exposições coletivas e individuais desde 2001, com um trabalho que maneja história e universo simbólico, alinhavando linguagens e experiências próprias. Suas últimas exposições incluem Path, Oude Kerk, Amsterdam; Antonio Obá: Fables, X Museum, Pequim (2022); Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros, IMS Paulista, São Paulo (2021); Enciclopédia Negra, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2021). Hoje, Obá vive e trabalha em Brasília, DF.

Resistência Retiniana

“Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam, finjamos ser os seus organizadores”.

Jean Cocteau

A “Resistência Retiniana”, uma expo-instalação, do documentarista Silvio Tendler – no Sesc Niterói até 08 de julho -, diretor premiado, reconhecido no Brasil e no exterior por sua contribuição ao cinema apresenta-se como criador de três projetos distintos: expo-instalação, espetáculo teatral (Olga e Luís Carlos, uma história de amor) e o documentário em longa-metragem (O Futuro é nosso!), produzidos por sua produtora Caliban Produções Cinematográficas.

Para a expo-instalação, “Resistência Retiniana”, Silvio Tendler convidou a artista visual Wira Tini, e os fotógrafos João Roberto Ripper e Antonio Scorza. Assina como curador, fotógrafo e cineasta e, atesta ser “…Uma experiência propositadamente caótica de fotografias, palavras e sons. Subverti o conceito ao criar a “resistência retiniana”, onde o cérebro captaria várias imagens em paralelo (ao invés de apenas uma) e criaria um labirinto de memórias com o que vivemos e sentimos em nossos percursos pela vida”, define o curador que, no texto abaixo, explica o termo como um dos primeiros aprendizados da escola de cinema.

Para Silvio Tendler, que passou trinta anos lecionando para alunos da PUC-RJ, nos ensina o desafio, quando se reinventa para cada nova criação entregue ao seu público. E reflete sobre “Resistência Retiniana”: “As imagens que selecionei, fotografias minhas de diversas fases, desde o jovem amante da imagem estática que corria o mundo atrás de revoluções, ao cineasta experiente que perdeu parte do movimento das mãos, mas não a vivacidade, e capta o que vê com um celular pela janela do carro”.

Um dos primeiros aprendizados nas escolas de Cinema é o fenômeno da persistência retiniana, que faz com que um objeto permaneça na retina por uma fração de segundo mesmo após desaparecer do campo de visão. O que seria uma falha do olho humano gera a ideia de movimento e está na origem da sétima arte. Subverti o conceito ao criar a “resistência retiniana”, onde o cérebro captaria várias imagens em paralelo e criaria um labirinto de memórias com o que vivemos e sentimos em nossos percursos pela vida.  A ideia surgiu a partir de uma conversa com Alice Maria Ferreira, professora da UnB, que me chamou a atenção para o tempo que o cérebro leva para processar uma imagem. É nessa experiência propositadamente caótica de fotografias, palavras e sons que eu convido o visitante a mergulhar. Ao cruzar o pano preto que nos separa da realidade, entramos em uma caixa escura feita de guerras, dores, afetos, rupturas, carnavais, cidades, povos originários e muita, muita resistência. Convidei dois fotógrafos e uma artista visual para dividir essa experiência comigo. João Roberto Ripper é ligado aos movimentos sociais, à defesa dos Direitos Humanos e às populações vulneráveis. Antonio Scorza transita entre o desalento e a alegria, em um testemunho do Homem e sua busca por sobrevivência. A artista visual Wira Tini, de origem indígena, traz as raízes de um Brasil profundo, a luta das mulheres, e a esperança de um futuro com mais igualdade. Nossa seleção de fragmentos de mundo conta com quatro olhares diversos que se encontram na busca pelo Humano. Selecionei fotografias minhas de diversas fases, desde o jovem amante da imagem estática que corria o mundo atrás de revoluções, ao cineasta experiente que perdeu parte do movimento das mãos, mas não a vivacidade, e capta o que vê com um celular pela janela do carro.

Silvio Tendler, cineasta, fotógrafo e curador

Sobre os artistas

Antonio Scorza: mergulhado no caleidoscópio da vida, transita em favelas e palácios, fome e banquetes, guerras e amores, capturando a contradição impregnada na condição humana em pequenos lapsos de luz. Trabalhou na France Presse, “O Globo”, “Jornal do Brasil” e já recebeu os prêmios World Press Photo, National Press Photographer Association e CNT.

João Roberto Ripper: fotojornalista autodidata, há mais de 50 anos focaliza seu trabalho na afirmação dos Direitos Humanos e busca documentar a delicadeza, a beleza dos rostos e dos fazeres dos socialmente marginalizados. Para Ripper, tão importante quanto fazer a denúncia dos desrespeitos aos direitos, é evidenciar a beleza, dignidade e humanidade de cada um.

Silvio Tendler: em 50 anos de carreira, lançou mais de 80 longas, médias e curtas-metragens com viés histórico, social e político. Acumula as três maiores bilheterias de documentários brasileiros e foi premiado em importantes festivais. Prefere biografar os “vencidos” aos vencedores, por isso ficou conhecido como cineasta dos sonhos interrompidos.

Wira Tini: grafiteira e muralista, traz em seus trabalhos sua raiz ribeirinha e de seus ancestrais do povo kokama, imagens  que retratam a cultura e a vivência nortista,  especialmente mulheres e trabalhadores. Pioneira na cena da arte urbana no Amazonas e primeira mulher a fazer um festival de grafite sobre as mulheres da região Norte.

Exposição de Mira Schendel

20/jun

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, apresentará a exposição “Mira Schendel:Toquinhos”, que será inaugurada no dia 28 de junho, às 18h. A mostra, em cartaz até 19 de agosto, conta com texto da curadora e crítica de arte Lisette Lagnado e reúne, pela primeira vez, um conjunto tão abrangente de obras – cerca de 60 – que compõem a série “Toquinhos”, produzida por Mira Schendel (1919-1988) principalmente entre 1972 e 1974. São trabalhos que se inscrevem no contexto das múltiplas experimentações com o papel de arroz japonês realizadas por Mira, após ter sido presentada pelo amigo Mario Schenberg, crítico de arte e importante físico brasileiro, com uma enorme quantidade desse material. A série “Monotipias”, produzida principalmente entre 1964 e 1967 e composta por cerca de dois mil desenhos, abre toda uma sequência de criações com o papel japonês que se desdobra, ainda, em trabalhos como as “Droguinhas” e os “Trenzinhos”, produzidos na segunda metade da década de 1960, e os “Objetos Gráficos”, realizados sobretudo entre 1967 e 1973.

Os “Toquinhos” aqui apresentados, vale ressaltar, diferem dos “Toquinhos” que consistem em pequenos retângulos de acrílico colados sobre placas transparentes também de acrílico, produzidos mais ou menos na mesma época (primeira metade da década de 1970). Entre as séries homônimas, os decalques de letraset são o elemento comum. A artista passa a utilizá-los sobretudo a partir da série “Objetos Gráficos”, cujas obras são compostas por folhas de papel de arroz repletas de rabiscos, traçados, rasuras, tipos datilografados e letraset inseridas entre duas placas de acrílico suspensas por fios de nylon e dispersas no espaço, longe das paredes, jogando com a luz, o dentro e o fora, a frente e o verso. Progressivamente, o desenho, a escrita cursiva e a rasura passam por um processo de síntese no trabalho de Mira, chegando ao que o ensaísta alemão Max Bense chama de “reduções gráficas”.

Nos “Toquinhos”, tais reduções são notáveis. A artista cria camadas colando sobre o papel japonês recortes geométricos (tingidos ou não) do mesmo papel, normalmente acompanhados de sinais de pontuação e letras. Ao ser questionada, em 1975, pela jornalista Norma Couri: “Por que letras?”, Mira responde: “São o pré-texto ou o pretexto do pós-texto”. Comentando tal diálogo, o teórico Geraldo Souza Dias afirma, em sua monografia sobre a artista intitulada “Mira Schendel: do espiritual à corporeidade” (2009): “A completa redução da forma a círculos e retas, desenvolvida nos tipos sem serifa da fonte Futura, a preferida da artista, permite considerar a relevância ótica das letras enquanto elementos de um conjunto. Nos trabalhos de Mira, o significado original dos sinais caligráficos – letras e números – transforma-se pela ação da letra autocolante, assumindo um caráter novo, puramente plástico.”

Experimentações de Andy Villela 

16/jun

A NONADA ZS, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre a individual “Nebulosa” de Andy Villela, sob curadoria de Clarissa Diniz, com 11 pinturas onde a artista registra seu método de pesquisa e construção de sua arte e de si mesma como um artífice da criatividade plástica. Até 05 de agosto.

Andy Villela, em seu próprio tempo, gera trabalhos como um procedimento investigativo. Mesmo em um processo não indolor a que se submete, sua verve artística consegue reinventar-se e apresentar resultados intensos, porém suavizados pela inserção das cores, que lhe são caras. Cada uma de suas obras recentes é um laboratório de estratégias metodologias, materiais, formais e semânticas que não se limitam apenas à produção de suas próprias obras de arte, mas, acima de tudo, à criação de uma poética que considera a própria criação como uma questão e uma matéria para exploração. “A profusão técnica de suas pinturas recentes – que combinam acrílica, stencil, bastão oleoso, spray e fogo, dentre outros materiais – é apenas uma das camadas dessa pesquisa que, no encalço dos processos de formação e transmutação das coisas e dos corpos, toma a química e o tempo como territórios de experimentação”, explica a curadora. Enquanto atravessa processos de hormonização e expressões performativas de gênero, Andy Villela direciona sua responsabilidade para a dimensão pública discursiva de sua obra, em vez de se concentrar exclusivamente na esfera privada e pessoal. Procura abordar socialmente o direito à constante recriação das formas, buscando ampliar os limites de suas predeterminações, além do período embrionário da vida, estendendo-o infinitamente.

Em cada pintura, a artista experimenta a morfogênese dos corpos em um espaço-tempo limitado. Ela reconhece que está realizando uma performance da própria expansão de seu próprio universo no plano pictórico. É a partir desse compromisso que evita, intencionalmente, “pintar imagens”. Suas pinturas não são concebidas como produtos de sua própria criação artística, mas, ao contrário, são capazes de continuamente formar e dar à luz sua própria autoria durante seu processo geracional de autocriação.

“Que abracemos a nebulosidade de nossas contínuas recriações é ao que nos convida a primeira exposição individual de Andy Villela na NONADA, cujas obras se formaram através de aventuras morfogênicas e, como tal, potencialmente nos mobilizarão percepções, reações, interpretações também instáveis, mutáveis e quiçá angustiantes”, afirma a curadora  Clarissa Diniz.

Sobre a artista e seu processo criativo

Andy Villela vive e trabalha no Rio de Janeiro e toma em primeira instância a pintura como pilar de sua produção. Influenciada pela abstração, ela se comunica por meio de símbolos inconscientes, dando espaço para uma estimulação onde diferentes cores, formas e caminhos dão sentido à sua produção através de seu processo de elaboração. Seu trabalho parte do contato com os materiais e como eles desenham uma linguagem investigativa atrelada à experimentação pictórica, nesse processo propondo questões sobre a racionalidade social e as regras técnicas da pintura. Um resgate emancipatório para a criação de uma linguagem própria, a artista conduz com atenção especial ao contato corporal com seu próprio mundo e ferramentas, especialmente a superfície, a tinta e o pincel. Sua pintura mistura o figurativo e o abstrato, afastando a possibilidade de uma interpretação literal, criando uma tensão entre a escala humana e outras espacialidades. Neste sentido, a artista dá protagonismo ao seu processo gestual, vai explorando os seus sentidos e as suas emoções que decorrem dos seus movimentos, e é nesta camada que revela a poesia da sua pintura, uma pintura liberta da dependência figurativa uma pintura de processos subjetivos desencadeados por múltiplas relações com a tela. Construindo assim, uma narrativa não linear que, no entanto, não se envolve em puro acaso, mas que ainda vai além da imposição de uma produção anestesiada.

Acervo Aberto

A trajetória de um ícone da arte urbana ao alcance das mãos. Ozeas Duarte (a.k.a. OZI) abre a ação/exposição Acervo Aberto, sob curadoria de Katia Lombardo, como parte do Projeto Desloca, no Studio Alê Jordão, Comendador Miguel Calfat, 213, Itaim Bibi, São Paulo, SP, apresentando – até 01 de julho – por volta de 150 obras entre pinturas, esculturas, ready made, serigrafias e matrizes originais de stencil.

O ser humano alcança momentos de ruptura, ou mudanças, em sua trajetória e essa ocasião, mais uma vez, apresentou-se para OZI. Seus 35 anos ininterruptos de ação tornam o momento autoexplicativo. O artista está em processo de mudança de ateliê e, como resultado de uma área menor, escolheu oferecer ao público a possibilidade de aquisição de obras de séries reconhecidas e conhecidas, bem como trabalhos pouco mostrados e, como destaque, as matrizes de stencil, por ele utilizadas.

A exposição, pensada em conjunto pelo artista e curadora exibe, em ordem cronológica, os inúmeros trabalhos e técnicas utilizados durante as décadas de criação e participação intensa no circuito de Arte Urbana. Artista inquieto e questionador, OZI está sempre à procura da “outra”, da “nova” técnica que pode aprimorar sua forma de registros. Mais ou menos cor; menos ou mais detalhes… tudo vai depender da forma que a vida estiver se apresentando naquele momento. OZI não é um criativo alienado ao presente. Ele expressa o hoje! Como prova dessa característica, o último módulo de OZI – Acervo Aberto é “Degustação” onde são exibidas novas pesquisas e obras inéditas. O viés cáustico e desafiador vem como bônus! O container “Proibidão”, com restrição etária por seu conteúdo, coloca a vista trabalhos polêmicos que já causaram embates com marcas mundiais, questionadas e provocadas pelo artista em algum momento de sua trajetória. Acervo Aberto possui obras criadas desde os anos de 1980 até os dias atuais. Muitos deles, além de participação em mostras emblemáticas de Arte Urbana, já foram exibidas internacionalmente em países como Argentina, Austrália, Estados Unidos, França, Suíça, além de cidades e capitais pelo Brasil.

A possibilidade de ter contato com as “mascaras matrizes de stencil” é única. “Essas “máscaras, matrizes” carregam a memória e a gestualidade das várias obras que são feitas a partir delas, trazendo uma sobreposição de tintas e cores que foram usadas nas pinturas”, explica a curadora.

“Com essa ação, abro a possibilidade das pessoas possuírem momentos de minha trajetória e fazer parte da minha história no circuito de arte urbana”.   OZI.

Ativações

OZI – Acervo Aberto possui uma agenda de ativações, para convidados, como parte do Projeto Desloca

Dia 17 de junho – sábado – das 11 às 18hs.

Visitas guiadas com OZI, Katia  Lombardo e a artista convidada Simone Siss durante o período.

Dia 18 de junho – domingo – das 12 às 14hs

Brunch com roda de conversa em que participam OZI, Katia Lombardo, os artistas Simone Siss e Alê Jordão e o galerista e curador Baixo Ribeiro

Arte e Arquitetura

15/jun

Linear, robusta e de leveza singular, a Galeria Origami CASACOR, Conjunto Nacional, Avenida Paulista, 2073, foi projetada por Gabriel de Lucca, arquiteto à frente do escritório GDL Arquitetura. Com 192m², a galeria possui predominância da madeira e do concreto em perfeito diálogo com o edifício. O percurso arquitetônico começa num amplo corredor linear paralelo a um labirinto, que distribui e organiza os trajetos de toda área expositiva sem necessariamente ditar sua exploração.

A escada é um dos destaques do espaço. Sua forma faz alusão ao Tsuru (ave sagrada e um dos mais tradicionais origamis da cultura japonesa) e o elemento construtivo convida o visitante a descobrir um mirante que permite uma vista sem obstruções do que acontece no seu entorno. De forma equilibrada, o invólucro arquitetônico se destaca entre as obras e peças que enfatizam e valorizam o design e a arte nacional. Cada seccionamento do projeto foi pensado para obter uma condicionante visual diferente, explorando cheios e vazios, permitindo a percepção de caminhar dentro de um quadro.

Todas as obras dos artistas mencionados estarão à venda durante o período da mostra e parte das vendas serão revertidas para o Instituto Tomie Ohtake e o Instituto Rubem Valentim. Os interessados podem realizar a compra e buscar por mais informações no próprio espaço. Os valores começam em R$ 6 mil podendo chegar até R$100 mil.

A CASACOR São Paulo, principal evento da mais completa mostra de arquitetura, paisagismo, arte e design de interiores das Américas segue até 06 de agosto, no Conjunto Nacional, com o tema Corpo&Morada. A proposta da 36ª edição é trazer novas leituras e abordagens para tratar de grandes questões do nosso tempo como inclusão, diversidade e sustentabilidade. Os profissionais do elenco 2023 apresentam projetos em referência à pele em que habitamos, além daquela do corpo, a da casa e a do planeta.

Esse ano, assim como nos anteriores, a CASACOR São Paulo manterá sua agenda de visitação programada, onde o visitante deve escolher o dia e a hora em que deseja visitar a mostra e, no ato da compra, atentar a esse detalhe, pois haverá tolerância máxima de 15 minutos para entrada no evento. A venda de ingressos acontece por meio do aplicativo CASACOR, no site oficial da mostra ou na bilheteria do evento mediante disponibilidade. A CASACOR São Paulo 2023 tem patrocínio master Deca, patrocínio Coral, parceira de tecnologia LG, patrocínio local Duratex e Casa Riachuelo, banco oficial Banco BRB, carro oficial Peugeot, apoio local Portinari e Savoy, fornecedores oficiais The Bar e Vivo Fibra, seguradora oficial Pottencial Seguradora, mídia partner oficial Veja e hotel oficial Radisson Oscar Freire.

Até 06 de agosto no Conjunto Nacional, Avenida Paulista, 2073.