León Ferrari em Buenos Aires

17/maio

Durante 2020, o Museu Nacional de Belas Artes, Buenos Aires, Argentina, apresentou uma série de ações, atividades, propostas virtuais e exposições para comemorar o centenário do nascimento de León Ferrari, o grande artista argentino.

Desde setembro de 2020, o site do museu veicula material audiovisual com depoimentos, documentário e publicações digitais, entre outras iniciativas dedicadas a evocar a vida e a obra do artista.

Em 17 de maio de 2023, a tão esperada exposição antológica “León Ferrari. Recorrências”, com curadoria de Cecilia Rabossi e Andrés Duprat. Inicialmente agendada para abril de 2020, a exposição teve de ser adiada devido à emergência mundial provocada pela pandemia de Covid-19.

Palavras de Andrés Duprat sobre León Ferrari

“Tive a alegria de ser seu amigo e conhecê-lo intimamente. Além de grande artista, era um homem de qualidades excepcionais, de imensa generosidade e de uma inteligência aguçada marcada por uma nobreza extraordinária. Era alguém absolutamente comprometido não só com o seu trabalho, mas com todos os que necessitavam da sua ajuda, promovendo jovens artistas, até ajudando financeiramente quem precisava. Estudioso, prolífico, solidário, dono de uma notável lucidez e senso de humor, às vezes feroz, sem amarras, típico do livre-pensador que era. A sua formação em engenharia deu-lhe método e rigor; nada é casual ou superficial nas suas obras, fruto de meditações amadurecidas, por vezes durante décadas, e trabalhos técnicos, artesanais cultivados obsessivamente até à perfeição.

Em sua carreira, ele colocou em jogo sua aptidão em vários ofícios. Artista multidisciplinar, foi pintor, gravador, desenhista, escultor, também um grande teórico e polemista. Ele se aventurou em outras disciplinas, como música, dramaturgia, produção cinematográfica e redação. Suas experimentações formais incluíam esculturas e cerâmicas; estruturas de arame concebidas como construções geométricas e desenhos abstratos; scripts transbordantes, transcrições e caligrafia; colagens, Brailles e assemblages que, ao colocarem em diálogo elementos díspares, geram novos significados, não sem humor e denúncia; plantas de arquiteturas paranoicas, desenhos de cidades impossíveis e planetas de poliuretano expandido, entre outras pesquisas. Foi definitivamente um humanista, uma personalidade contemporânea de estilo renascentista, interessado em tudo o que diz respeito ao homem e às suas circunstâncias”.

Fotografia: Adrian Rocha Novoa.

Barrio em exibição na Central Galeria

 

“O Sonho do Arqueólogo: …uma tênue linha inexistente…entre dois espaços…existentes…enquanto…que…opostos..a si…” será a primeira exposição de Artur Barrio na Central Galeria, Vila Buarque, Sâo Paulo, SP. A abertura acontece no próximo sábado, 20 de maio, das 11h às 17h.

Antes da arte, Artur Barrio desejou ser arqueólogo submarino. Hoje, o artista vive em um barco sobre as águas da Baía de Guanabara e produz de forma solitária. Esquematiza em diversos papéis a possibilidade de uma ideia, que não necessariamente será seguida; tais papéis, no entanto, acompanham-no na realização de cada trabalho. Produz diretamente nos espaços expositivos, sem espectadores.

Possibilita, dessa forma, acessar a reclusão tal qual o homem de Lascaux ou da Caverna de Cosquer, podendo, assim, produzir de forma que as noções de consciência e inconsciência deixam de fazer sentido. Ao mesmo tempo, com o experiente olhar de quem estuda a vida em sociedade, produz para apresentar ao público. Dispensa o valor de culto do homem primitivo e esgarça o campo do possível na arte contemporânea. Ainda que as sensações sejam reais, acessar o seu trabalho pode ser uma experiência quase onírica, surreal.

Para a Central Galeria, Barrio produz um monólogo cujo procedimento de elaboração, pela primeira vez, será realizado ao lado dos trabalhadores da galeria. Enquanto Barrio trabalha construindo a exposição, a equipe seguirá em seu trabalho cotidiano de escritório. Segundo o artista, ainda que seja definida uma linha invisível a separar os afazeres de equipe e artista, o processo não deixa de criar uma relação entre as partes pelo estorvo mútuo. O artista pretende ainda colocar em cena pó de café, luz baixa e um texto-lamento, transformando a galeria na caverna de um intelectual que deixa os rastros do gesto selvagem do laboro sobre uma pobre mesa e pelas paredes escritas à exaustão.

Maria Leontina – Gesto em suspensão

 

A exposição “Maria Leontina – Gesto em suspensão”, na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, comemora o quinto aniversário do espaço. A exibição, destacando a obra da artista, inclui cerca de cem pinturas, desenhos e gravuras de sua autoria, que vão desde a década de 1940 até a de 1980. A exposição reúne obras raramente exibidas, de diversas fases da carreira da artista, pertencentes à sua família, coleções particulares e instituições. A exposição também apresenta comentários de renomados críticos de arte brasileiros. A mostra tem como objetivo preencher a lacuna na história da arte brasileira, trazendo a obra de Maria Leontina de volta à atenção do público.

Um dos destaques da mostra é a tela “Páginas” que faz parte de uma série de 1972. Em 1974, quando seu filho Alexandre Franco Dacosta fez 15 anos, ela o presenteou com essa obra. Segundo ele, a pintura de um branco suave e azuis celestiais, com gesto delicado e linhas muito sutis, ficava exposta na parede de seu quarto quando morava com os pais e sempre o inspirou a ter uma leveza de espírito e uma paz de existência extemporânea.

Sobre a obra da pintora, diz: “minha mãe traçou leves contornos únicos, rarefeitos, e é como as mães criam seus filhos e filhas, com a força imanente de vê-los voar”.

Até 16 de julho.

Jac Leirner no Swiss Institute

12/maio

O Swiss Institute apresenta a primeira grande exposição individual institucional em Nova York da artista brasileira Jac Leirner. A exposição encapsula um amplo período cronológico da experiência da artista, com obras que vão desde a década de 1980 até hoje.

Em pilhas, pilhas e camadas, a acumulação seletiva de objetos do cotidiano de Jac Leirner segue uma lógica acretiva. O processo de Jac Leirner, ao mesmo tempo controlado e compulsivo, leva a obscurecer parcialmente a própria natureza dos materiais que ela reúne à medida que eles se transformam em escultura. A performance paradoxal do apagamento por acumulação ecoa o desaparecimento dos objetos de escolha de Jac Leirner ao longo dos anos: sacolas plásticas, cigarros, notas e cartões de visita, outrora onipresentes e aparentemente insubstituíveis, são cada vez mais expulsos de circulação.

Ancorando a galeria do andar térreo do Swiss Institute está a Fase Azul de Leirner (1992), uma escultura em loop feita de notas de cruzeiro, cuja forma empilhada esconde a antiga identidade e função da moeda agora sem valor. Referências ao minimalismo também são encontradas em várias esculturas de parede espalhadas pela galeria, onde coleções de objetos do cotidiano, como espirais de cadernos, níveis de bolha, lápis de instituições de arte e limas de unhas, entre outros materiais, são metodicamente transformadas em linhas e fileiras.

A galeria vault reúne uma peça-chave da série Lung de Leirner (1987) e a recém-produzida 4 de julho (2023). Enquanto o novo trabalho consiste em um monte de réplicas antigas em pergaminho falso da Declaração de Independência dos Estados Unidos manuscrita original, Pulmão/Lung (Vegetal/Mineral) é uma pilha de centenas de papéis forrados de alumínio, minuciosamente extraídos de maços de cigarro. A fusão de histórias, do pessoal ao político, do diarístico ao sistêmico, aponta para o interesse do artista pelos materiais que sustentam as interações sociais cotidianas.

Atravessando o edifício, Straight with Rounds (2023) reúne uma grande seleção de objetos que Jac Leirner escolheu em virtude de sua circularidade, leveza e tamanho modesto. Como contas díspares em um cabo de tensão aparentemente sem fim esticado, retirado de seu contexto de uso e extraído do que a artista descreve como “a infinidade de materiais”, as rodas e anéis convidam à admiração e ao exame, como se fossem vistos pela primeira vez.

A galeria do segundo andar apresenta Village Inside I e II (2023), feito de material impresso selecionado de todo o East Village. Cobrindo duas telas, a miríade de folhetos, menus, guardanapos, caixas de fósforos e muito mais oferecem uma representação pictórica da vibrante vida cotidiana do bairro histórico. Sua qualidade estridente ressoa em Hardcore Drummer (Talco) I (2023), uma nova peça feita de baquetas quebradas outrora usadas na cena punk paulistana dos anos 1980. Esses objetos ecoam exemplos dos primeiros experimentos geométricos do artista em duas aquarelas exibidas lado a lado no mesmo espaço.

Amarrado entre um desejo essencial de acumular e formas incidentais de serendipidade, o compromisso de Jac Leirner ao longo de mais de 40 anos para reunir materiais, objetos e produtos compõe “um léxico idealista de signos em que a própria vontade de viver é discernível em uma materialidade cada vez mais distante”. como Baudrillard escreveu sobre objetos de consumo. (1) Seu tributo formal contínuo a materiais descartáveis ​​eleva o efêmero ao biográfico, ao coletivo e ao sublime.

(1) Jean Baudrillard, O Sistema dos Objetos, trad. James Benedict (Londres: Verso, 1996), 203.

O Swiss Institute agradece a Jac Leirner Exhibition Circle, Consulado Geral do Brasil em Nova York / Instituto Guimarães Rosa, Esther Schipper e Fortes D’Aloia & Gabriel.

Esta exposição é organizada por Simon Castets, ex-diretor do Swiss Institute, e Alison Coplan, curadora sênior e chefe de programas.

 

Sobre a artista

Jac Leirner nasceu em 1961 em São Paulo, onde vive e trabalha. Em 1984, recebeu seu BFA em Belas Artes pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. As exposições individuais selecionadas incluem: Prêmio Wolfgang Hahn 2019, Museu Ludwig, Colônia (2019); Jac Leirner: Add It Up, The Fruitmarket Gallery, Edimburgo (2017); Fantasma Institucional, IMMA Dublin (2017); As bordas são desenhadas à mão, MoCa Pavilion, Xangai (2016); Jac Leirner. Funções de uma variável, Museo Tamayo, Cidade do México (2014); Jac Leirner: Pesos y Medidas, Centro Atlantico de Arte Moderno, Las Palmas de Gran Canária (2014), Jac Leirner, Hardware Silk, Edgewood Avenue Gallery, Yale University School of Art, New Haven (2011); Jac Leirner, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2011); Adhesive 44, Miami Art Museum, Miami (2004); Projeto Parede, Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo (1999); Directions, Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, Washington D.C. (1992); Jac Leirner, Museu de Arte Moderna, Oxford (1991), Currents, ICA, Boston, (1991), Viewpoints, Walker Art Center, Minneapolis (1991) e Hip-Hop, Bohen Foundation, Nova York (1998). Recebeu inúmeras bolsas e residências, entre elas: Prêmio APCA 2012: Melhor Exposição do Ano – Estação Pinacoteca, São Paulo; 2012 artista residente na Yale University School of Art; 2001 Bolsa John Simon Guggenheim; 1998 artista visitante na Rijksakademie van Beeldende Kunsten, Amsterdam; 1991 artista visitante no University College, Oxford; 1991 artista visitante na Ruskin School of Drawing and Fine Arts, University of Oxford; Artista residente em 1991 no Museu de Arte Moderna de Oxford, e artista residente em 1991 no Walker Art Center, Minneapolis.

 

Padrões geométricos e cinéticos

 

O artista pernambucano José Patrício, que é conhecido no circuito de arte, tanto no Brasil como no exterior, usa materiais simples do cotidiano, principalmente botões – que ele compra em armarinhos, liquidações – para criar padrões geométricos e cinéticos. Ele vai mostrar na exposição “José Patrício – Infinitos outros”, trabalhos inéditos, com botões costurados em tela sobre suporte de madeira, e também um conjunto de “Conexões cromáticas”, em que usa selos postais da Inglaterra sobre impressão em papel, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir de 20 de maio, às 15h. Em seguida, às 16h, José Patrício fará uma visita guiada à exposição. Em cartaz até 22 de julho.

Os trabalhos com botões, que se tornaram emblemáticos na trajetória de José Patrício, começaram em 2005, derivados das obras feitas com dominós, que chamou a atenção do circuito de arte para o artista, quando em 1999 criou uma instalação para o convento de São Francisco, em João Pessoa, usando as peças do jogo.

“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. “Progressão cinética XI” (2022), com 161 x 159 cm, “comenta um pouco o trabalho que considero importante, que é uma série de instalações com dominós montados no chão, chamada “Ars combinatoria”, que se compõe por quadrados realizados por três jogos de dominó, e, em cada ação, o resultado é diferente”, diz José Patrício. “Esta obra é também uma arte combinatória que utiliza os botões”.

As obras com botões têm 3.600 quadrados cada, e apenas um espaço central permanece vazio. O artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “que são preenchidos com os botões”. “A forma de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das seqüências que serão criadas ali na estrutura”.

As exceções são “Espirais cinéticas II” (2022) e “Espirais cinéticas III” (2022), dois dípticos medindo respectivamente 115,5 x 222 cm e 114 x 224 cm, com um viés cinético, e que utilizam a estrutura de 112 dominós, objeto recorrente no trabalho do artista.

“Eu não existiria sem minhas repetições”, Nelson Rodrigues (1912-1980), é uma frase que o artista diz que pode também ser atribuída a ele. “A chave-mestra do meu trabalho talvez seja essa da repetição, que a cada concretização de uma obra consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.

 

Larissa de Souza nova artista representada

 

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriú, anuncia a representação da artista Larissa de Souza.

 

Sobre a artista

Nascida em São Paulo em 1995, Larissa de Souza é artista autodidata. Em sua pintura, majoritariamente figurativa, concentra-se na imagem da mulher afro diaspórica – seu universo particular e coletivo -, navegando entre a memória, o corpo, o desejo e a ancestralidade. Utilizando tinta acrílica, Larissa de Souza retrata cenas afetivas que destacam a importância da experiência negra em seu testamento poético, questionando o silenciamento da população negra pelo pensamento colonial e escutando a ancestralidade inscrita no corpo. Sua pintura carrega a história das mulheres de sua linhagem e a força de muitas outras. Por meio de um universo cromático muito singular, marcado por texturas e também aplicações como bordados, ladrilhos e tecidos que integram a composição. Possui trabalhos nos acervos do Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo, SP.

 

 

Presença brasileira na Biennale di Venezia

11/maio

A Galeria Simões de Assis anuncia a participação de Ayrson Heráclito na seleção de artistas para o Pavilhão brasileiro na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura, La Biennale di Venezia.

Ayrson Heráclito é artista, professor e curador, suas obras transitam entre instalações, performances, fotografias, desenhos, aquarelas, esculturas e produções audiovisuais. Aborda em sua pesquisa as conexões entre o continente africano e as diásporas negras nas Américas.

O projeto Terra, curado por Gabriela de Matos e Paulo Tavares, irá ocupar o Pavilhão do Brasil em Veneza com uma mostra que busca realizar uma reflexão sobre o passado, presente e o futuro do Brasil, sob o enfoque da terra – solo, adubo, chão e território, mas também como elemento poético. O grupo de artistas conta também com a participação dos povos indígenas Tukano, Arawak e Maku, entre outros. A mostra abre no dia 20 de maio e permanecerá em cartaz até 26 de novembro.

 

Vinte e cinco anos de atividades

09/maio

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.

 

 

Intervenções realizadas em conjunto

Inspirados pelo pensamento de volatilidade presente na expressão “amores líquidos”, criada pelo polonês Zigmunt Bauman, Rose Maiorana e Tarso Sarraf fazem um convite à reflexão sobre os sentimentos nutridos pelo ecossistema amazônico e marajoara, além do olhar que lançamos sobre eles. Eles inauguram a exposição “Amazônia Líquida”, no dia 16 de maio, na New Gallery, Pinheiros, São Paulo, SP, reunindo cerca de 40 obras que têm como base fotografias de Tarso Sarraf  produzidas em um trabalho de campo, na Ilha de Marajó, entre 2020 e 2021, com intervenções coloridas pintadas por Rose Maiorana. A primeira parceria entre os dois aconteceu em 2022, quando Rose Maiorana incluiu, em uma individual sua, uma obra inédita que consistia numa intervenção em pintura sobre uma foto de Tarso Sarraf. Nascia ali o embrião deste projeto, que deve ir longe: a ideia da dupla é viajar com a mostra para outros lugares, dentro e fora do Brasil, com produção da Arte2.

A liquidez exponencial contida no bioma amazônico também tem no arquipélago uma vasta presença. Abundante em águas, também possuem vivacidade e multiplicidade de povos, de olhares, de culturas, de sabores, de religiões, de misticismos e de essências. Donos de uma riqueza natural sem igual, o que confere toda notoriedade que ganharam em tabloides, falas de personalidades, destinos de celebridades, entre outros espaços de protagonismo, declinam a meros coadjuvantes quando o assunto são recursos para iniciativas de preservação e desenvolvimento socioambiental. Esses espaços geográficos transcendem aquilo que vagamente se imagina sobre eles, mas Rose Maiorana e Tarso Sarraf, através da exposição “Amazônia Líquida” apresentam, com propriedade na fala e no olhar, os seus vieses artísticos através de telas e retratos.

 

Sobre Rose Maiorana

Rose Maiorana é uma artista plástica contemporânea que nasceu no Estado do Pará, região amazônica do Brasil. Suas obras são um convite à imersão em um universo de cores e formas que transbordam vida e movimento. Seu trabalho é um reflexo da sua personalidade, livre e observadora, capaz de capturar a essência da natureza e transformá-la em arte. Inspirada pelo revolucionário movimento do pop art, Rose realizou sua primeira vernissage, “Explosão de Cores”, em sua cidade natal, Belém. Desde então, sua arte não parou de evoluir, sempre explorando novas possibilidades e inspirações. Sua segunda exposição, intitulada “Aflorar”, teve como destaque a natureza, um tema que encantou a artista através de sua observação e contemplação. Essa conexão com a natureza, aliás, é uma característica forte de seu trabalho, que transcende a técnica e toca a alma. Com o tempo, participou de diversas exposições coletivas, tanto em Belém, como em outras cidades, como Rio de Janeiro e Bruxelas, Bélgica. Em todas elas, sua arte causou um grande impacto e conquistou admiradores. Atualmente, Rose Maiorana está totalmente envolvida com sua herança amazônica e marajoara, que se manifesta em seu trabalho. Em sua fase atual, ela apresenta a exposição “Amazônia Líquida”, que traz um viés artístico e crítico sobre a região, sempre abstraindo retratos e revelando suas visões e sentimentos através das cores e traços. Com sua arte, Rose Maiorana é uma genuína embaixadora da cultura e da beleza amazônicas, que sempre encantam e surpreendem aqueles que a conhecem. Suas exposições são um convite para embarcar em uma jornada de descoberta e contemplação da natureza e da vida ao Norte do Brasil. Realizou sua primeira mostra de arte na inauguração da Sala João Carlos Pereira (TV Liberal), 2021. Em 2022, cria e apresenta o videocast Lib Art. Neste mesmo ano, participa da exposição de santinhas ONG Arte pela Vida, da qual é madrinha e recebe homenagem na 1ª Vernissage da Escola Cipp. Em sua trajetória, vale destacar as participações na Amazônia Fashion Week (2022) e na exposição “Bandeiras e Cores Entre Nós”, em Búzios (a convite da artista e curadora Ângela Oliveira, em 2023), além da inauguração da Galeria Rose Art, no Shopping Grão Pará (2022).

 

Sobre Tarso Sarraf

Tarso Sarraf começou a fotografar em 1991 quando participou de oficina na Associação FotoAtiva e Núcleo de Oficinas Curro Velho com mais de 30 anos de profissão dedicados ao Fotojornalismo. Já passou como repórter fotográfico por importantes jornais da capital paraense, como o Jornal Diário do Pará (de 2007 a 2011), Jornal Amazônia, Jornal O Liberal (de 2011 a 2018). De 2021 à presente data, é Coordenador Audiovisual do Grupo Liberal e colabora periodicamente com a mídia nacional e internacional em veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Valor Econômico, Revista Veja e Agência France Presse (AFP). Possui importantes prêmios, dentre eles o Prêmio Abril de Jornalismo (2011), Prêmio Hamilton Pinheiro de Jornalismo (2020, em 1º lugar) e 43º Prêmio Jornalismo Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (2021, em 1º lugar). Entre coberturas já realizadas, merecem destaque: Olimpíadas Rio 2016, Copa Rússia 2018, Copa Catar 2022, Covid-19 no Pará, 2020 e 2021, além das posses presidenciais de Dilma (2011 e 2015), e Lula, em 2023. Possui trabalhos publicados nos livros “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro” (2014 a 2021) e Focus Le Regard des Photographes de I’AFP 2020 Focus Le Regard des Photographes de I’AFP (2021).

Até 09 de junho.

 

A obra de Analivia Cordeiro

08/maio

Nascida em 1954 no Brasil, Analivia Cordeiro é uma artista consagrada, pioneira do vídeo e da arte digital. Ela vem explorando as relações entre corpo, movimento, arte visual e arte midiática desde o início dos anos 1970.⁠

⁠Seu trabalho seminal ”M 3×3” é considerado a primeira arte em vídeo a sair da América do Sul e internacionalmente uma das primeiras coreografias de dança criadas especificamente para vídeo, usando processamento de imagem de computador para anotar os movimentos de dança.⁠

⁠A retrospectiva ”Analivia Cordeiro: From Body to Code” no ZKM Karlsruhe, Alemanha, apresenta pela primeira vez um panorama da obra completa da artista, coreógrafa e arquiteta. Esta exposição permitiu que suas performances históricas de vídeo e danças de computador dos anos 1970 e 1980 entrassem em diálogo com uma seleção de seus trabalhos de 1990 até o presente. A exposição também faz parte da série programática ”Perspectivas Femininas” dedicada às posições femininas na Artemídia. Os artistas são Soun-Gui Kim, Marijke van Warmerdam, Analivia Cordeiro e Ulrike Rosenbach.⁠

⁠Outra exposição no Musuem Canteo Atlantico de Arte Moderno em Las Palmas de Grande Canaria reúne sob um mesmo conceito as duas vertentes transversais da obra de Analivia Cordeiro: “Corpo e grafite”.⁠

Esta exposição apresenta pela primeira vez na Espanha uma seleção das obras mais representativas de sua carreira realizadas entre 1971 e 2022. Os esboços e desenhos históricos contribuem para a compreensão de seus processos de pesquisa. Uma seleção de seus retratos feitos pelo renomado fotógrafo brasileiro Bob Wolfenson de 1987 a 2020 completam o perfil da artista.⁠

⁠Em conjunto com a exposição “Coded: Art Enters the Computer Age, 1952-1982”, Analivia conduzirá uma oficina que combina dança e interação do corpo com arte e tecnologia visual e audiovisual. Acontecerá no LACMA em LA, durante dois dias, de 17 a 18 de julho.