Construções tridimensionais de Carlos Fajardo

08/maio

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresentará, entre 20 de maio e 24 de junho, “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, segunda exposição individual do artista Carlos Fajardo na sede da galeria. A mostra reúne um conjunto de 12 construções tridimensionais compostas por sobreposições de vidros laminados coloridos e transparentes que, circunscritos ao formato de uma caixa retangular, distribuem-se ritmicamente pelas paredes da galeria. Em “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, Fajardo dá continuidade à investigação que desenvolve há mais de cinco décadas sobre as relações espaciais entre o corpo, o objeto e a arquitetura, realizada nesta ocasião através do trabalho com materiais reflexivos, transparentes e luminosos que põem em dúvida o sentido da visão. A exposição conta com texto de apresentação do crítico e curador Diego Matos.

Embora se construam a partir de ângulos retos, as obras de Carlos Fajardo não pretendem convocar leituras fechadas. Os quadrados, os espelhos e as repetições podem ser, em um primeiro momento, identificados como recursos de uma linguagem assertiva, mas dentro da investigação do artista, eles são utilizados como ferramentas que abrem espaço para a ambiguidade. As peças apresentadas na exposição são formadas por sobreposições de superfícies de vidro dispostas em um determinado ângulo cuja inclinação produz um efeito de multiplicação de cores e planos, permitindo ao espectador acessar uma terceira dimensão. As doze caixas que ocupam a extensão das duas paredes opostas que configuram o espaço expositivo, ressoam e multiplicam o formato retangular da arquitetura da galeria, formando um corredor de espelhos coloridos e reflexos imprecisos. Cada caixa é composta por dois quadrados de cor, mas essas cores também não são fixas, variam a depender da incidência da luz e do movimento do olho de quem vê. Um retângulo, outro retângulo, e mais outro: repetem-se como a mesma nota musical inscrita numa partitura. Um mantra desconcertante. E é nos deslocamentos dos corpos e nas inclinações dos eixos que os espelhos vibram – talvez sim, talvez não.

 

Sobre o artista

Carlos Fajardo nasceu em 1941 em São Paulo, onde vive e trabalha. Sua obra possui grande relevância no panorama da arte brasileira assim como sua atuação de mais de 40 anos como professor. Ao longo de sua carreira, participou de diversas exposições importantes no Brasil e no exterior, dentre as quais Jovem Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em 1967, organizada por Walter Zanini. Participou da 9ª, 16ª, 19ª, 25ª e 29ª edição da Bienal de São Paulo, respectivamente em 1967, 1981, 1987, 2002 e 2010. Representou o Brasil na Bienal de Veneza em 1978 e em 1993. Participou da 1ª e da 4ª edição da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Com Nelson Leirner, José Resende, Geraldo de Barros, Wesley Duke Lee e Frederico Nasser integrou, de 1966 a 1967, o Grupo Rex. O grupo questionava as instituições e o modus operandi do sistema de arte por meio de intervenções, publicações, palestras, projeções ou encontros. Em 1970 fundou junto a José Resende, Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser a Escola Brasil, um “centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo” que foi importante não só na formação de muitos artistas brasileiros, mas também no amadurecimento das discussões sobre ensino e aprendizado de arte no país.

 

 

Contaminações e convergências espontâneas

05/maio

NONADA ZN, abriga a mostra coletiva “fragmento I: vento pórtico”, com os artistas Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima, sob curadoria de Clarissa Diniz, com aproximadamente 32 trabalhos entre esculturas, instalações, gravuras, vídeos e objetos, muitos inéditos, uma rara exposição de processo, a partir do dia 06 de maio e permanecrá em cartaz até 11 de junho. O projeto idealizado pela curadora, dividido em duas etapas, surge do desejo de reavivar um centro de produção na Penha, Rio de Janeiro, RJ, e reativar sua vocação criadora que, no passado, era preenchido por muitos saberes, memórias e trabalho.

Em seu primeiro movimento – “fragmento I: vento pórtico” – a curadora ocupou os espaços desde o mês de março, com os artistas em atividades criativas desenvolvendo seus experimentos e poéticas, “realizando investigações site specific e partilhando seus saberes e desejos num processo coletivo de criação, crítica e interlocução”, como relata Clarissa Diniz. As pesquisas in loco, focadas em torno dos imaginários, políticas e formas do vento, do movimento, do vazio, do oco e do avesso. Nesse primeiro instante, tem-se uma singular ocasião de acesso de obras geradas a partir dessa imersão mas também ser apresentado a resultados que Iah Bahia, Loren Minzú e Siwaju Lima produziram através as contaminações e convergências espontâneas advindas da convivência entre si e com o espaço e suas histórias e a forma como foram compartilhadas.

A costura de artistas ímpares em uma mesma pesquisa apresentou-se como uma promessa onde os resultados impossibilitaram qualquer antevisão. Iah Bahia desenvolve obras com variadas formas e materialidades em artes experimentais, processuais e abstracionais. Possui sua prática-pesquisa a partir de observações e experimentações interdisciplinares conjunta a matéria-tecido, matéria-lixo e de outros elementos substanciais coletados no território urbano. Destaca as tensões do espaço habitado, e convoca o rearranjo dos efeitos do ecocídio em uma nova visualidade no mundo, como o conhecemos. Loren Minzú, em sua prática, investiga a produção de imagens ligadas a noções temporais, espaciais e corporais, com base em ficções acerca dos sistemas perceptivos e comunicativos em relações interespecíficas. Interessado nos processos fenomenológicos que compõem o mundo visível e sensível, o artista observa e joga com a luminosidade e a escuridão que emanam de corpos terráqueos e cósmicos, para compor cenas audiovisuais, instalações e esculturas com vegetais, minerais, elementos matéricos e artefatos. Por outro lado, Siwaju Lima investiga a relação do tempo com diferentes ecologias por meio do reaproveitamento de peças de ferro doadas ou encontradas. Seus trabalhos estabelecem uma relação íntima e direta com a escultura fundida, e as possíveis relações entre a matéria e os símbolos que incorpora, entre o objeto e seu entorno, entre corpo escultórico e o espaço, e entre a obra e nossos corpos, sempre numa dimensão temporal em espiral e em expansão.

Em um segundo momento, “Fragmentos II”, tem como fio condutor as ideias de armadilha, defesa, feitiço, armadura. Aglutinadas em “Fragmentos I e II”, as pesquisas de Siwaju, Iah e Loren harmonizam um estimulante cenário da produção recente da arte brasileira que atua com materiais como o papel, o ferro, a madeira e a cerâmica.

 

A palavra da curadoria

“Não estamos diante de projetos estéticos extrativistas no seio dos quais as matérias são instrumentalizadas como recursos a serem apropriados por mãos e gestos autoritários. Ao contrário, Vento Pórtico desdobra-se em exercícios poéticos cuja ética implica em dobrar, acariciar, oxidar ou tocar materialidades como a corpos cúmplices com os quais compartilhamos segredos, saberes, desejos e pragas”.

 

Sobre os artistas

Iah Bahia (1993 São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ). É formada no curso técnico em Design de Moda e, recentemente, ingressou em Artes Visuais-Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ (RJ). Em 2020, participou do programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 2022 participou da residência formativa Elã, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

Loren Minzú (1999, São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense, passou por instituições como Casa do Povo, (SP) e Parque Lage, (RJ) – onde compôs a turma de Formação e Deformação (2021). Em 2022, foi residente no programa Elã, do Galpão Bela Maré, (RJ). Nas exposições, destacam-se Rebu, no Parque Lage, (RJ), em 2021, Raio a Raio, organizada pelo Solar dos Abacaxis no pilotis do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2022), De montanhas submarinas o fogo faz ilhas, na Pivô (SP) em colaboração com a Kadist (2022) e In the Skeleton of The Stars, no Institut für Auslandsbeziehungen, (Stuttgart, Alemanha), em 2023. Também participou de mostras audiovisuais no Cine Bijou, (SP), Centro Petrobras de Cinema, (Niteroi, RJ) e na Cinemateca Nacional Dominicana (Santo Domingo).

 

Siwaju Lima (1997 São Paulo, SP) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é artista do ateliê de escultura da EAV Parque Lage (RJ), do Programa Formação e Deformação, e da Escola Livre de Artes do Galpão Bela Maré (RJ). Entre as exposições coletivas que participou em 2022, destacam-se Arte como trabalho, no Museu da História e da Cultura Negra, Idolatrada salve! Salve! (RJ), na Fábrica Bhering, Olha geral, no Instituto de artes da UERJ (RJ), e Ecologias do bem-viver, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

 

Lourival cuquinha: brasil futuro

 

Exposição coletiva

A exposição “Brasil futuro: as formas da democracia” tem entre os trabalhos expostos o de Lourival Cuquinha, artista representado pela Central Galeria. Inaugurada no dia 1º de janeiro, no Museu Nacional da República, em Brasília, DF, a exposição iniciou uma intinerância pelo país, tendo como primeira parada o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém do Pará, até 18 de junho.

 

Jarbas Lopes e curadoria de Catherine Bompuis

04/maio

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Lua/Luta”, próxima exposição individual de Jarbas Lopes, com curadoria de Catherine Bompuis. A abertura acontece no próximo sábado, 06 de maio, das 17h às 22h.

 

A palavra da curadora

“O projeto Lua versus Luta abre um espaço de experimentação, jogo e risco que não impõe limites. Arte e vida aqui estão entrelaçadas e tudo parece ser construído caminhando, conversando, brincando, respirando: um processo de criação contínua. A pulsão de vida dirige as ações que se desenvolvem numa constante improvisação, ramificação e recusa de qualquer determinação que possa congelar a obra numa única direção. Performance, maquetes, esculturas, pinturas elásticas, projetos utópicos e desenhos parecem ser concebidos em um mesmo movimento onde o corpo ocupa o lugar central. Mais do que cada objeto tomado separadamente, são as relações tecidas entre os objetos e as ações, entre o individual e o social, que dão sentido à obra. Um ato de desafio que reafirma o direito à vida e a força do ato artístico. […] A vontade de transcender os limites clama por um outro mundo possível. […] Trata-se, portanto, de reinscrever simbolicamente o desejo e a consciência no corpo: Lua/Luta”

 

Conversa com Anna Braga no Paço Imperial

No dia 12 de maio, às 15h, a artista multimídia Anna Braga fará uma conversa com o público na exposição “Submersões”, em cartaz no Paço Imperial,  até o dia 21 deste mês. Há 20 anos sem fazer uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro, a artista falará sobre os trabalhos que apresenta na mostra panorâmica, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Na exposição são apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, que trazem temas como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Os trabalhos, que ocupam três salões do Paço Imperial, em uma área total de mais de 300 m², pertencem a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea de Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

Daniel Lannes em cartaz na Galatea

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a individual do artista Daniel Lannes, intitulada “Paraísos”, com abertura no dia 11 de maio, às 18h. A exposição conta com texto crítico de Tomás Toledo e depoimento de Beatriz Milhazes sobre o percurso do artista.

Inspirado pelo poema “Opiário”, de Álvaro de Campos (um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa), Lannes apresenta cerca de 20 pinturas cujas cenas se sobrepõem e se complementam em uma espécie de deriva entre o mundo real e imaginário. Tal como a voz que fala da sua “vida de bordo” no poema, o pintor vai buscar “Um Oriente ao oriente do Oriente.” Ao abrir mão de trazer seus personagens dentro de uma ordem lógica da narrativa, o artista deixa que o espectador preencha as lacunas dessa viagem-deriva que se atravessa a pinceladas largas.

Até 17 de junho.

 

 

Espaços domésticos por Ana Hortides

 

A exposição “Dona”, de Ana Hortides, amplia pesquisa em torno da potência política e poética dos espaços domésticos, na Arte Fasam Galeria & Galpão Cru, Barra Funda, São Paulo. Esta é a primeira mostra individual da artista Ana Hortides na cidade e aborda de forma poética a questão da propriedade como afirmação pessoal e política. Com conceitos que vão do même à playlist, “Dona” ainda convida o público para uma conversa e visita guiada.

A Arte Fasam Galeria e o Galpão Cru realizam uma conversa e visita guiada à exposição “Dona”, de Ana Hortides, com a presença da artista e da curadora, Ludimilla Fonseca, na quinta-feira, 11 de maio, às 19h, no espaço expositivo, onde será discutido o processo artístico que resultou na mostra. Nascida e criada no bairro de Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Ana Hortides desenvolve uma ampla pesquisa em torno da potência política e poética dos espaços domésticos, que se expande a partir de uma prática focada nos materiais como meios de explorações formais. A mostra seguirá em cartaz até o dia 13 de maio.

A artista exibe pela primeira vez séries de trabalhos desenvolvidas exclusivamente para a mostra, discutindo e refletindo sobre os conceitos contemporâneos de “dona”, “proprietária”, “a patroa tá on” e “ela faz o corre dela”, expressões que podemos dizer que nos dias de hoje, vão além dos memes, sendo, acima de tudo,  afirmações pessoais e políticas. Além disso, foi elaborada uma playlist com hits que vão dos anos 1970 aos 2000 e que emplacaram nas paradas de sucesso nas rádios da época, e, que, decerto modo, abordam questões implicadas no processo artístico e curatorial que culminou em “Dona”.

A mostra traz o conjunto de esculturas “O Coro”, da série “Outsiders”, desenvolvidas com concreto e azulejos: peças únicas e numeradas que a artista garimpa e adquire em armazéns e fábricas antigas do Rio de Janeiro: “Como esses pisos estavam nas casas de tantas pessoas, a artista considera que eles ressoam como um grande coro inaudível, entoando um mesmo murmurinho nostálgico que conta e canta o passado”, conta a curadora.

A artista também mostra uma série de telas inéditas, produzidas com cortinas sobre chassi. Ao mesmo tempo em que jogam com a noção histórica das “pinturas como janelas para o mundo”, essas obras nos lembram das cortinas como “esconderijos”. Ao ficar atrás delas, nossos corpos infantis perdiam seus relevos humanos, adquirindo os  contornos do tecido. E, assim como o verso das pinturas, nos tornávamos invisíveis.

Além de uma obra instalativa, o projeto exibe o vídeo inédito “Cômodo”, para o qual Hortides desenvolveu um maquinário mecânico específico, cujo objetivo era despertar a casa. As máquinas simulam as batidas de coração e o movimento da respiração, evidenciando a existência autônoma dos objetos caseiros. “Nas casas onde crescemos, também havia um cantarolar baixinho, mas onipresente. Era a trilha sonora das mães e avós responsáveis pelas tarefas domésticas: enquanto passavam roupas e lavavam as louças, elas cantarolavam para si mesmas. Os cômodos eram suas plateias silenciosas, mas sempre presentes” – conta a artista.

Segundo a curadora Ludmilla Fonseca – “Neste espaço expositivo, não houve tentativa de forjar um ambiente de galeria. As características arquitetônicas, com destaque para o vidro e o cimento, são absorvidas, criando a ficção de um espaço em que nada funciona, exceto pela luz natural que entra através das janelas. Hortides se apropria desse contexto desenvolvendo um trabalho site-specific. Construído com azulejos, esculturas de caquinhos e uma samambaia, “Daydreamer” explicita que qualquer uso dado a qualquer lugar é sempre temporário. Passado e futuro ficam justapostos nesta instalação que também vai desaparecer.”

A mostra “Dona” sugere que a gente se retire das nossas lembranças e imagine os espaços afetivos do passado sem a nossa presença. Temos a tendência de achar que nada  acontece sem a interferência humana. No entanto, as coisas que nos cercam têm vida  própria: elas também envelhecem e, ao serem abandonadas ou descartadas, descobrem  como viver sozinhas.

 

Sobre a artista

Ana Hortides tem formação em Artes pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Participou da Residência Pivô Arte Pesquisa, São Paulo, 2022. Artista indicada ao Prêmio PIPA, 2021. Finalista do Concurso Garimpo da Revista DASartes, 2018. Recebeu o prêmio aquisição do 36º Salão de  Artes  Plásticas  de  Jacarezinho, Paraná, 2021, e do 1º Salão de Artes em Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia, Goiás, 2019. O seu trabalho integra a coleção do Museu de Arte do Rio e de coleções particulares.

 

 

O uso primoroso das cores

03/maio

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou exposição de Renato Rios, artista brasiliense, nascido em 1989. A mostra “Cruzeiros” reúne cerca de 35 telas recentes e inéditas, com ensaio crítico de Marco Antônio Vieira. É a primeira exposição no Rio do artista, que atualmente vive em São Paulo. A mostra permanecerá em cartaz até 23 de junho.

O nome da exposição, “Cruzeiros” parte do conjunto inédito de pinturas a óleo, sobre tela ou papel. Nelas, estão algumas das marcas registradas do artista. A primeira é o uso primoroso da cor, a partir de jogos de contraste de excepcional equilíbrio e força. “Para Renato, o entendimento da pintura como acontecimento e fenômeno se dá por meio da cor. A cor dele é alquímica, onírica, alada. É uma cor que nos seduz, captura e hipnotiza. A cor na obra dele é ao mesmo tempo segredo e código, num convite para a abertura de sentidos”, diz Marco Antônio Vieira, Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB. Outro diferencial da obra do artista é a sua habilidade em atuar nas mais diferentes escalas, mantendo a potência do trabalho – uma qualidade de raros artistas. A exposição traz obras com dimensões diversificadas.

Segundo Marco Antônio Vieira, um dos trunfos do trabalho de Renato Rios, também representado no nome da exposição, é a sua capacidade de fazer o cruzamento entre o figurativo e o abstrato por meio da cor. “Renato entende essa tensão a partir de uma lógica complementar, muito mais relacional do que antagônica. Sua poética deve algo ao modernismo, mas ao mesmo tempo o atualiza, acenando para o futuro”, diz ele.

Nas telas em exposição na Mul.ti.plo podemos vislumbrar frestas, portas se abrindo, portais, estrelas, linhas que se cruzam…”Através do arranjo, da composição, do motivo, da cor, eu trabalho a pintura de forma que ela possa criar uma espécie de cruzamento entre esse mundo ordinário com outro mundo, mais ligado às ideias, à sensibilidade, ao encantamento. Eu acredito que essas pinturas são frestas que convidam as pessoas a olhar um mundo dentro desse mundo. “Cruzeiros” é o lugar onde se cruzam dois caminhos. Cada pintura que está ali é uma oportunidade para que se adentre em alguns mistérios”, conta o artista brasiliense de 34 anos, que expõe pela primeira vez na capital carioca.

 

Sobre o artista

Nascido em Brasília, DF, em 1989, cursou bacharelado em Artes Plásticas na Universidade de Brasília (UnB), entre 2008 e 2013. Vive e trabalha em São Paulo, SP desde 2016. Sua pesquisa investiga a intuição simbólica, buscando integrar os campos da representação e da consciência mítica acerca das relações natureza/espírito/mundo. Buscando evidenciar aspectos do misterioso idioma das cores, Renato Rios revela alguns frutos de seu produtivo diálogo com o pintor Paulo Pasta – um dos grandes coloristas da arte brasileira, do qual é assistente há sete anos. Em suas pinturas, orquestra fortes e sensíveis tensões entre áreas de cor, que mudam de atitude de acordo com a vizinhança, num magnético contraste de equilíbrio e força que parece querer direcionar o espectador para um lugar espiritual ou metafísico: do mundo das formas para o mundo das ideias, do mundo dos corpos para o mundo do Espírito, apontando seu trabalho para uma espécie de manutenção de um tempo e espaço originários, arcaicos.

 

Sobre a curadoria

Marco Antônio Vieira é Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB, atua desde 2007 como curador independente. Assinou curadorias e respondeu pelo acompanhamento de artistas para a Casa Fiat de Cultura (BH) e o Paço das Artes (SP). Desde 2019, trabalha junto a espaços dedicados à experimentação artística e curatorial no Centro-Oeste, como, A Pilastra e DeCurators, no Distrito Federal, e Rumos, em Goiânia. Desde agosto de 2022, é professor colaborador do Programa de Licenciatura em Artes Visuais, na área de Teoria e História das Artes Visuais, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PaExposição de arte contemporânea.

 

Artistas do papel no Museu Judaico

 

Mostra reúne obras que utilizam o papel como suporte para diversas técnicas e destacam o protagonismo feminino no núcleo artístico.

O Museu Judaico, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta, a partir do dia 06 de maio (e até 13 de agosto), a exposição “Artistas do Papel: Obras colecionadas por Ruth Tarasantchi para o acervo do MUJ”, que reúne 32 obras de artistas mulheres judias feitas em papel em variadas técnicas, visando destacar a importância da presença de mulheres no núcleo artístico.

É a primeira mostra composta exclusivamente por obras do acervo do Museu. As peças foram coletadas por Ruth Sprung Tarasantchi, curadora e uma das fundadoras do Museu Judáico de São Paulo, que as recebeu como doações das próprias artistas ou de seus familiares, e trazidas à exposição em curadoria conjunta de Felipe Chaimovich.

Os conjuntos das obras tiveram sua organização pensada a partir de categorias de arte acadêmica, tais como retratos, cidades e paisagens, passando ainda por abstrações e também por um conjunto sobre temas da judeidade.

Felipe Chaimovich conclui: “A relevância das mulheres na formação deste acervo inaugural de arte indica a atenção do Museu para com uma história da arte plural e inclusiva, e que aproxime artistas menos conhecidas de autoras consagradas”.

Uma das artistas homenageadas no painel de abertura da exposição é a imigrante francesa Bertha Worms, cuja trajetória artística como primeira mulher a ser professora profissional de pintura em São Paulo no século XX foi estudada por Ruth Sprung Tarasantchi. Além de Bertha, a exposição traz obras de Fayga Ostrower (doadas por sua filha, Noni), Renina Katz, Gisela Leirner, Gerda Brentani, Hannah Brandt, Clara Pechansky, Miriam Tolpolar, Nara Sirotsky, Paulina Laks Eizirik, Agi Strauss e várias outras.

Ruth Sprung Tarasantchi, além de curadora e uma das fundadoras do MUJ, é também pioneira no tratamento de lacunas em exposições quanto a questões de gênero. Na mostra “Mulheres Pintoras”, em 2004 na Pinacoteca, evidenciou – no papel de curadora, a sub-representação de artistas mulheres nas coleções museológicas brasileiras.

 

Sobre o Museu Judaico de São Paulo (MUJ)

Inaugurado após vinte anos de planejamento, o Museu Judaico de São Paulo é fruto de uma mobilização da sociedade civil. Além de quatro andares expositivos, os visitantes também têm acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que serve comidas judaicas. Para os projetos de 2023, o MUJ conta com o Banco Alfa e Itaú como patrocinadores e a CSN, Leal Equipamentos de Proteção, Banco Daycoval, Porto Seguro, Deutsche Bank, Cescon Barrieu, Drogasil, BMA Advogados, Credit Suisse e Verde Asset Management como apoiadores.

 

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo anuncia

28/abr

 

Em exposição e encontro com o artista, Andrey Guaianá  Zignnatto que fará revisão sobre os  movimentos da história da arte brasileira, reafirmando elementos das  culturas indígenas, reapropriados, no dia 29 de abril, a partir das 13h. O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Parque do Ibirapuera, Portâo 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura  e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura no próximo dia 29 de  abril, a exposição individual “Alicerce” do artista indígena Andrey Guaianá  Zignnatto, que apresentará ao público um total de 10 trabalhos produzidos  em diversas plataformas e técnicas (vídeo, objeto, instalação, serigrafia,  pintura). A mostra conta com a curadoria do próprio artista e tem como  destaque a instalação de mesmo nome, “Alicerce”, a maior já produzida por  Zignnatto – uma casa pré-moldada de concreto, apoiada sobre um conjunto  de dezenas de grandes vasos cerâmicos indígenas. O texto curatorial traz a assinatura de Sandra Ará Rete Benites.

O conjunto de trabalhos expostos propõe uma revisão sobre o processo de  desenvolvimento dos movimentos modernistas e contemporâneos da História  da Arte Brasileira, no qual Zignnatto identifica uma constante apropriação de  elementos das culturas indígenas por parte dos artistas na produção de seus  trabalhos, que dele excluíram, no entanto, os povos indígenas, o que  Zignnatto chama de “processo de grilagem cultural”.

Outro trabalho de destaque da mostra é o conjunto de 5 pinturas denominado “Espelho dos Juruás”. Nele, o artista retrata, em cada tela, sua boca, num gesto  que apresenta sua arcada dentária, semelhante à forma por meio da qual  escravos negros e indígenas eram avaliados por seus colonizadores. Abaixo  das imagens, encontram-se algumas das muitas frases de preconceito  dirigidas constantemente ao artista.

No dia da abertura, será realizada uma conversa entre o artista e Luiz Canê  Mingué, o Kenké (chefe) do povo Dofurêm Guaianá, povo originário da cidade  de São Paulo. A conversa será aberta ao público interessado e gratuita.

As obras da produção artística de Andrey Guaianá Zignnatto são consideradas  pelo próprio artista uma forma de buscar o equilíbrio entre as muitas e  diferentes forças dos universos urbanos e dos povos originários, de sua vida  em ambientes urbanos, inclusive de sua experiência na juventude como  pedreiro, com a ancestralidade indígena de sua família.

O projeto, contemplado no Edital Proac Expresso Direto nº 038/2021, conta  com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São  Paulo. Conta igualmente com o apoio da Alphaz Concept, cerâmica Gresca e Desaya  revestimentos.

 

Encontro com o artista Andrey Guaianá Zignnatto

O encontro será em torno da exposição “Alicerce” e contará com a presença  de Luiz Canê Minguê Guaianá, Chefe e líder espiritual do povo Indígena  Dofurêm Guaianá de São Paulo, para dialogar com Andrey que irá abordar na  conversa aspectos da montagem da mostra, de modo a que o público  participante conheça os bastidores do processo e tenha um encontro  privilegiado com o artista no dia da abertura.

 

Sobre o artista

Autodidata, professor de artes visuais e ativista de projetos sociais.  Trabalhou como ajudante de pedreiro dos 10 aos 14 anos de idade. Indígena  das etnias Dofurêm Guaianá e Guarani M’bya. Estas memórias afetivas e  ancestrais são a base para o desenvolvimento conceitual e dos métodos  usados na sua produção artística. Participou de exposições, entre individuais e coletivas, em museus, centros  culturais e galerias de arte no Brasil, Estados Unidos, Emirados Árabes,  França, Colômbia, Inglaterra, Itália, Peru e Argentina. Contemplado com 2  prêmios do Ministério da Cultura, sendo 1 pela Funarte e 1 pelo IPHAN (2014  e 2015); 5 prêmios da Secretaria de Estado da Cultura de SP pelo PROAC  (2014, 2015, 2017, 2021, e 2022); prêmio do 18º Festival Cultura Inglesa,  e indicado para o prêmio Jameel Art Prize do Victória & Albert Museum da  Inglaterra (2017). Possui obras em acervos importantes de instituições  públicas e privadas, como Perez Art Museum Miami – EUA, Bunker Artspace – EUA, Museu de Arte do Rio – Brasil, coleção Diane Solomon – EUA, coleção  Alfredo Setúbal (CEO Itaúsa) – Brasil, coleção família Marsano – Peru, coleção família Marinho -Brasil, entre outras. Desde 2002, realiza oficinas de arte para projetos humanitários que apoiam  pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social, para refugiados da  guerra civil na Síria e Líbano, refugiados da Venezuela, crianças órfãs do  Abrigo Nossa Casa, Casa da Fonte, Centro de Referência do Idoso, Centro de  Referência da Assistência Social, Centro de Apoio Psicossocial adulto e  infantil, moradores da Rua Helvetia (região da Cracolândia SP), prostitutas  e ex-prostitutas atendidas pela Associação Magdala, Centro de Detenção  Provisória Bandeirantes entre outros.

 

Sobre o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo é uma instituição da Secretaria de  Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo administrada pela  Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Inaugurado em  2004, a partir da coleção particular do seu diretor curador, Emanoel Araujo,  o museu é um espaço de história, memória e arte. Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do mais famoso  parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil Emanoel  Araujo conserva, em cerca de 12 mil m2, um acervo museológico com mais  de 8 mil obras, apresentando diversos aspectos dos universos culturais  africanos e afro-brasileiro e abordando temas como religiosidade, arte e  história, a partir das contribuições da população negra para a construção da  sociedade brasileira e da cultura nacional. O museu exibe parte deste acervo  na exposição de longa duração e realiza exposições temporárias, atividades  educativas, além de uma ampla programação