13ª Bienal do Mercosul

16/set

 

 

O evento de artes visuais, 13ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, sob a titulação geral de “Trauma, Sonho e Fuga” tem abertura para o público em geral a partir desta sexta-feira, dia 16.

 

Após dois anos de pandemia, a exposição oferece o reencontro com arte e a oportunidade de refletir sobre momento atual da sociedade. Esta edição reconhece nos traumas – individuais ou coletivos – o maior combustível da arte de todos os tempos e entende os sonhos como um estratagema para a fuga.

 

Uma instalação de Túlio Pinto, chamada “Batimento”, que interfere poéticamente, com faixas alaranjadas, na paisagem, oferece a possibilidade de sonhar dentro do inusitado e o impacto do trabalho. Outra obra que se destaca é a cabeça gigante do artista catalão Jaume Plensa disposta na frente da Fundação Iberê Camargo, uma arte potente que convida a uma reflexão sobre a dimensão do homem e em sua relação com o meio ambiente. As duas obras serviram como o prenúncio da promessa do curador geral Marcello Dantas ao dizer que a Bienal irá oferecer o impacto no imaginário comum, por meio da ativação do onírico, dos sonhos e dos delírios, abrindo portas para o escape de uma condição imposta a todos nós. “Trabalhando na fronteira entre a arte e a tecnologia, o curador-geral desta edição, a mostra acontecerá em cinco plataformas distintas, cada uma objetivando atingir uma combinação de públicos diferentes e conteúdos originais, provocando de forma disruptiva, sensorial e reflexiva”, pontua Dantas.

 

Participam da Bienal 100 artistas de 23 países, destacando-se:

 

Tino Sehgal, britânico radicado em Berlim, reconhecido por suas performances de situações construídas – nomeadas por ele como interpretações. Ele apresenta “This Element”, que ocorrerá em diferentes espaços expositivos da Bienal.

 

De Marina Abramovic –  artista sérvia – será exibida “Seven Deaths”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Margs, que recria em vídeo cenas de mortes da cantora greco-americana Maria Callas. A trilha sonora é composta por áreas de óperas interpretadas pela cantora lírica, como “La Traviata”.

 

A brasileira Lygia Clark (1920-1988)terá sua obra também no Margs, pela primeira vez, trechos do diário clínico da artista mineira, umas das mais importantes artistas do século 20. Serão exibidos objetos relacionais confeccionados por ela e utilizados nas sessões de arteterapia com seus pacientes.

 

Jaume Plensa, um dos escultores contemporâneos de maior relevância, terá mostra individual na Fundação Iberê Camargo. Além da escultura que recebe o público, poderão ser conferidos 12 trabalhos compostos de diferentes materiais como resina, aço, ferro, vidro e náilon.

 

O mexicano-canadense Rafael Lozano-Hemmer exibirá cinco obras interativas criadas a partir de seus conhecimentos como cientista físico-químico no Farol Santander. Por meio de dispositivos tecnológicos que coletam em tempo real dados biométricos do espectador, como frequência cardíaca e respiração, suas obras são ambientes responsivos.

 

O Instituto Ling recebe “Hypnopedia”, projeto colaborativo do artista mexicano Pedro Reyes. A proposta é apresentar uma enciclopédia de sonhos por meio de filmes feitos a partir de memórias oníricas.

 

A ideia do curador da Bienal

 

Marcello Dantas, curador-geral, frisa que esta edição da Bienal do Mercosul nasceu do desejo profundo de criar uma situação presencial forte entre as pessoas.

 

“A arte como algo que pudesse ser vivido fisicamente, com a participação do público e dos vetores que estão ligados à exposição”.

 

“Como um evento do outro lado do mundo pode afetar meu sonho, minha estratégia de vida, algo que me aconteceu, e eu não sei como falar a respeito”.

 

“As pessoas precisam encontrar um caminho e uma forma de tornar tangível um sentimento a partir de uma sequência de experiências vividas. O impacto disso é algo latente no mundo e como isso aparece nos sonhos, no inconsciente, interessa e é tema desta Bienal”.

 

Coleção Museu Albertina no Instituto Tomie Ohtake

05/set

 

 

Os trabalhos reunidos em “O Rinoceronte: 5 Séculos de Gravuras do Museu Albertina” agora em exibição no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, são provenientes do maior acervo de desenhos e gravuras do mundo, o The Albertina Museum Vienna, fundado em 1776, em Viena, que conta com mais de um milhão de obras gráficas. A seleção das 154 peças para esta mostra, organizada pelo curador chefe do museu austríaco, Christof Metzger, em diálogo com a equipe de curadoria do Instituto Tomie Ohtake, é mais um esforço da instituição paulistana de dar acesso ao público brasileiro a uma coleção de história da arte, não disponível em acervos do país.

 

Com trabalhos de 41 mestres, do Renascimento à Contemporaneidade, a exposição, que tem patrocínio da CNP Seguros Holding Brasil, chega a reunir mais de dez trabalhos de artistas célebres, para que o espectador tenha uma visão abrangente de suas respectivas produções em série sobre papel. “A exposição constrói uma ponte desde as primeiras experiências de gravura no início do século XV, pelos períodos renascentista, barroco e romântico, até o modernismo e à arte contemporânea, com gravuras mundialmente famosas”, afirma o curador.

 

O recorte apresentado traça um arco, com obras de 1466 a 1991, desenhado por artistas marcantes em suas respectivas épocas, por meio de um suporte que, por sua capacidade de reprodução, desenvolvido a partir do final da Idade Média, democratizou ao longo de cinco séculos o acesso à arte. O conjunto, além de apontar o aprimoramento das técnicas, consegue refletir parte do pensamento, das conquistas e conflitos que atravessaram a humanidade no período.

 

Do Renascimento, cenas camponesas, paisagens, a expansão do novo mundo pautado pela razão e precisão técnica desatacam-se nas calcogravuras (sobre placa de cobre) de Andrea Mantegna (1431-1506), as mais antigas da mostra, e de Pieter Bruegel (1525-1569), e nas xilogravuras de Albrecht Dürer (1471-1528), pioneiro na criação artística nesta técnica, cuja obra “Rinoceronte” (1515) dá nome à exposição. O artista, sem conhecer o animal, concebeu sua figura somente por meio de descrições. O processo, que ecoou em Veneza, fez com que Ticiano (1488-1576) fosse o primeiro a permitir reprodução de suas obras em xilogravura por gravadores profissionais. Já a gravura em ponta seca, trabalho direto com o pincel mergulhado nas substâncias corrosivas, possibilitava distinções no desenho e atingiu o ápice nas obras de Rembrandt (1606-1669), que acrescentou aos valores da razão renascentista a sua particular fascinação pelas sombras.

 

Nos séculos XVII e XVIII, possibilitou-se com a meia tinta, o efeito sfumato, e com a água tinta, a impressão de diversos tons de cinza sobre superfícies maiores. Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828) foi um dos mestres desta técnica, aprofundando a questão da sombra em temas voltados à peste e à loucura. Enquanto Giovanni Battista Piranesi (1720-1778) tem a arquitetura como tônica de suas gravuras em água forte, na mesma técnica Canaletto (1697-1768) constrói panoramas de Veneza.

 

No século XIX com a descoberta da litografia, com o clichê e a autotipia foi possível realizar a impressão em grandes tiragens sem desgaste da chapa de impressão e a consequente perda de qualidade associada ao processo. Diante disso, artistas tiveram disponível um amplo espectro de técnicas, a exemplo de Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), o primeiro pintor importante a se dedicar também ao movimento artístico dos cartazes. A metrópole, sua face boêmia e libertina foram amplamente reproduzidas pelo francês, um dos pós-impressionistas, como Édouard Vuillard (1868-1940), que revolucionaram a cromolitografia e influenciaram artistas do final do século XIX e começo do XX, como Edvard Munch (1863-1944), precursor do Expressionismo, movimento no qual notabilizaram-se Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Max Beckmann (1884-1950) e Käthe Kollwitz (1867-1945). Das joias da coroa austríaca estão dois de seus principais representantes: Gustav Klimt (1862-1918) e Egon Schiele (1890-1918). Como reação ao expressionismo, encontra-se George Grosz (1893-1959), um dos fundadores da Nova Objetividade, corrente de acento realista e figurativo que respondeu ao febril período entreguerras.

 

A exposição, realizada com a colaboração da Embaixada da Áustria no Brasil, reúne outros nomes seminais da história da arte moderna como Paul Klee (1879-1940), um conjunto de várias fases de Pablo Picasso (1881-1973), Henri Matisse (1869-1954), Marc Chagall (1887-1985); alcança ainda artistas pop, que se utilizaram particularmente da serigrafia a partir de 1960, como Andy Warhol (1928-1987), até chegar nos mais contemporâneos como Kiki Smith (1954), além de outros mestres do século XX.

 

Até 20 de novembro.

 

Mostra a dois na Carpintaria

02/set

 

 

A exposição “FALA COISA” na Carpintaria, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 03 de setembro, é um diálogo entre trabalhos inéditos de Barrão, representado pela Fortes D’Aloia & Gabriel e Josh Callaghan, representado pela Night Gallery, de Los Angeles.

 

Com curadoria de Raul Mourão, a mostra suscita pontos de contato entre cada um dos artistas, cujas assemblages têm em comum um modo de crescimento vegetal, como se objetos banais ou de uso industrial pudessem brotar e crescer a partir da aglutinação de fragmentos heterogêneos. O título da exposição, “FALA COISA”, sugere um passo além da fisicalidade muda do objeto de arte e situa as obras no plano de uma cena dialógica envolvendo o espectador, o artista e os objetos eles próprios. Nessa interação, as identidades ou usos pré-atribuídos de cada coisa dão lugar a um regime relacional de comunicação semelhante a uma dramaturgia objetual, ressaltando os componentes teatrais e cenográficos da obra dos dois artistas.

 

 

Exposição Coleção Luiz Carlos Ritter

30/ago

 

 

Tarsila do Amaral, Frans Post, Guignard, Portinari, Morandi, Renoir, Di Cavalcanti, Volpi, Pancetti, Lygia Clark e Helio Oiticica são alguns dos artistas com obras do colecionador gaúcho radicado no Rio de Janeiro, que agora chegam ao público em formato de livro e exposição na  Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Max Perlingeiro com visitação pública desde 05 a 24 de setembro.

 

A Pinakotheke Cultural, em sua sede do Rio de Janeiro, irá lançar, no próximo dia 05 de setembro de 2022, o livro Coleção Luiz Carlos Ritter (Edições Pinakotheke), bilíngue (português/inglês), com 304 páginas, formato 23cm x 31cm, e textos de Nélida Piñon, Ana Cristina Reis, Vanda Klabin, Clelio Alves, Ricardo Linhares, e uma conversa entre Max Perlingeiro – que organizou e planejou o livro e a exposição – ,e o colecionador Luiz Carlos Ritter.

 

De uma família de cervejeiros gaúchos – que fundaram em meados do século 19 duas das mais importantes cervejarias do Rio Grande do Sul – Luiz Carlos Ritter, que mora no Rio de Janeiro desde a infância, iniciou em 1983 uma coleção que atualmente soma centenas de obras, de grandes nomes da arte brasileira e internacional, bastante abrangente, do século 17 ao 21. Um dos maiores emprestadores de obras para exposições no Brasil e no exterior, Luiz Carlos Ritter agora torna público um conjunto expressivo de suas peças no livro editado pela Pinakotheke, com imagens e fichas técnicas de pinturas, desenhos, aquarelas e gravuras de grandes artistas, como Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti Candido Portinari, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Candido Portinari, José Pancetti, além de nomes como Frans Post, Giorgio Morandi, Pierre-Auguste Renoir, e ainda de Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

O livro traz textos de amigos próximos e conhecedores de sua coleção, que inclui um jardim de esculturas em uma propriedade da família em Guarapari, Espírito Santo, com grandes nomes da arte.

 

Para marcar o lançamento do livro, a Pinakotheke montou uma exposição com 60 obras da Coleção Luiz Carlos Ritter. Seguindo as paixões do colecionador, a mostra terá flores e naturezas mortas de Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard, Candido Portinari, José Pancetti, Maria Leontina, Milton Dacosta, Victor Meirelles; e paisagens de Frans Post, Eliseu Visconti, Nicolau Antônio Facchinetti, Giovanni Battista Castagneto, João Batista da Costa.

 

O modernismo, outro núcleo importante da Coleção Luiz Ritter, é representado no livro e na exposição por obras de Guignard, Volpi, Portinari, Di Cavalcanti, e Flávio de Carvalho. Na categoria estrangeiros, estarão obras de Giorgio Morandi, Alfred Sisley, Joaquín Torres-García e Pierre-Auguste Renoir. A Coleção Luiz Ritter também tem importantes obras de artistas contemporâneos, como Lygia Clark e Hélio Oiticica, que também integram o livro e a mostra.

 

Gauchismo

 

Um capítulo do livro é dedicado a artistas gaúchos, que também terão obras expostas na Pinakotheke como Iberê Camargo e Pedro Weingärtner.

 

Em meio à Arte

 

Luiz Carlos Ritter cresceu em meio a obras de arte, graças a seus pais – a quem o livro é dedicado – que embora não fossem colecionadores tinham boas obras, adquiridas no pós-guerra. Pancetti, Guignard, o gaúcho Angelo Guido, e até mesmo uma escultura de Aleijadinho, exibido pela primeira vez na exposição “Imagens do Aleijadinho”, no Museu de Arte de São Paulo, em 2018, eram artistas com quem ele “conviveu”.

 

Primeiro quadro

 

O primeiro quadro que marcou o futuro colecionador, e que o “acompanha até hoje”, é “Paisagem de Sete Lagoas”, do pintor mineiro Inimá de Paula. Passando em frente à Galeria Bonino, na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, em 1983, Luiz Carlos Ritter foi atraído pela montagem de uma exposição, e esta pintura estava sendo instalada na vitrine. Ele voltou à noite, para a abertura da exposição, e conversou muito com a proprietária da galeria, Giovana Bonino. Como o quadro era muito caro para ele à época, “ela me financiou”. “É curioso porque da primeira obra o colecionador nunca esquece, nos mínimos detalhes.

 

Flores

 

A convivência com os avós paternos despertou no menino Luiz Carlos o interesse por flores. Após dois anos de tratamento de tuberculose em um sanatório suíço, o avô paterno, na casa dos quarenta anos, comprou uma chácara afastada da capital, onde o neto, já morando com a família no Rio de Janeiro, passava boa parte de suas férias escolares. Fazia parte da rotina acompanhar o avô “diariamente em suas lides jardineiras”. “Vi meu avô plantando e cultivando muitas flores de clima temperado, algumas inexistentes no Rio de Janeiro, além de árvores frutíferas para a alegria dos passarinhos. Eu ficava dez dias grudado nele, autêntica referência. Isso aconteceu dos meus seis aos dez anos, quando ele faleceu. Depois continuei indo lá visitar a avó e conheci ainda mais flores e árvores floríferas e frutíferas. Lembro-me também de um fato curioso anterior. Quando bem menino, ainda em Porto Alegre, acho que entre meus três e quatro anos, adoeci gravemente e recebia a visita desses avós, que invariavelmente me traziam um pequeno vaso de amor-perfeito, que passou a ser minha flor favorita. Bem mais tarde, tive a alegria de poder adquirir um óleo de Guignard com “amores-perfeitos’”, conta Luiz Carlos Ritter. Para Max Perlingeiro, a Coleção Luiz Carlos Ritter é como uma “coleção viva, em constante mutação”.

 

Sobre a Pinakotheke

 

A Pinakotheke já editou livros sobre as coleções Roberto Marinho, Cultura Inglesa, Aldo Franco, Airton Queiroz, Fundação Edson Queiroz, e ainda este ano publicará um livro dedicado à Coleção Igor Queiroz Barroso.

Livro Coleção Luiz Carlos Ritter – Ficha técnica

Bilíngue (português/inglês), 304 páginas, formato 23cm x 31cm – Edições Pinakotheke, 2022

Autores: Nélida Piñon, Ana Cristina Reis, Vanda Klabin, Clelio Alves, Ricardo Linhares, e uma conversa entre Max Perlingeiro e Luiz Carlos Ritter.

Organização e Planejamento: Max Perlingeiro – Publisher: Camila Perlingeiro

Preço: R$180

 

O livro estará disponível nas lojas da Livraria Travessa e Martins Fontes de todo o país, além da Amazon e das sedes da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza (Multiarte).

 

 

 

A Percepção Cinética na América Latina 

29/ago

 

 

A galeria Simões de Assis, Curitiba, PR, anuncia a “A Percepção Cinética na América Latina”, mostra que reúne, pela primeira vez, quatro dos principais expoentes da produção cinética e óptica: Jesús Rafael Soto, Carlos Cruz-Diez, Antonio Asis e Abraham Palatnik.

 

Os quatro artistas têm muito em comum: suas raízes latinas, integram a mesma geração, e criaram arte abstrata de cunho concreto, mais precisamente arte cinética, que envolve luz e movimento, além de contar com a participação do espectador.

 

As primeiras obras de arte cinéticas desses artistas surgiram num período de forte modernização da América Latina, e o continente desempenhou papel fundamental nesse movimento, algo que só recentemente foi reconhecido pela história da arte, sempre eurocêntrica. A mostra, que conta com texto crítico de Pieter Tjabbes, apresenta trabalhos históricos de Palatnik, com dois Objetos Cinéticos da década de 1960, além de dois relevos em cartão e diversas peças da série “W”. Já Antonio Asis integra a exposição com suas icônicas grades, ou “Grilles”, trabalhos que realizou a partir de sua convivência com Jesús Rafael Soto. O argentino foi assistente do venezuelano quando ambos já estavam radicados em Paris. As obras Soto, por sua vez, fazem parte do vocabulário matérico do artista, com o uso do metal e da cor em interações que exploram o movimento real e percebido. Por fim, há três séries distintas – e amplamente conhecidas – de Cruz-Diez, exemplares notáveis das “Physichromies”, das “Colores Aditivas” e das “Cromointerferencias Espaciais”.

 

A obra cinética não quer apenas traduzir ou representar o movimento, busca realmente se movimentar. Algumas peças utilizam o deslocamento ótico, e a op art parece ser uma descrição adequada para todas as obras aqui reunidas: elas mostram um universo vibrante, com movimentos sutis e ritmos envolventes. Embora as obras sejam, na realidade, estáticas, nossa percepção é de um movimento real no caso de Soto, Cruz-Diez e Asis, e de um movimento temporariamente contido na obra de Palatnik.

 

Até 22 de Outubro.

 

Artistas do Estados Unidos na Pinacoteca

26/ago

 

 

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz, Luz, São Paulo, SP, aborda experiências urbanas em nova mostra que permanecerá  em cartaz até 30 de janeiro de 2023. “Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976” reúne 150 obras, de 78 artistas, dentre eles, reconhecidos nomes da arte norte americana, como Andy Warhol, Berenice Abott, Edward Hopper, além de trabalhos de Charles White, Emma Amos, George Nelson Preston, Jacob Lawrence e Vivian Browne. A exposição é realizada em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art.

A curadoria é de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca, Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP e ex-curadora da Pina, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation. Em um ano em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o museu examina como a ideia de modernidade é elaborada nas artes visuais também fora do Brasil, especificamente nos Estados Unidos, que durante o século 20 constrói sua reputação como referência no cenário cultural mundial.

As obras em exposição datam de 1893 – ano da Exposição Universal, em Chicago, nos Estados Unidos, evento que marca a primeira vez que o Brasil se apresenta internacionalmente como um país republicano e alinhado com os valores políticos dos EUA – até 1976, celebração do Bi-centenário da Independência Americana.

A mostra explora os modos como a modernidade se manifesta na produção artística norte americana a partir das transformações das cidades e da observação dos ritmos e dinâmicas da vida nos grandes centros urbanos. Em “Pelas Ruas”, a multiplicidade dos trabalhos exibe um ambiente urbano que é ao mesmo tempo um lugar de encontro, entretenimento, multidões, mas também de segregação, solidão, conflitos, reivindicações sociais. “Fizemos a opção por apresentar uma narrativa mais expandida da arte norte americana, baseada numa maior variedade de artistas e movimentos regionais cuja produção figurativa e socialmente consciente persistiu ao longo do século XX à margem do discurso dominante da abstração. A seleção contempla muitos artistas artistas afroamericanos, mulheres e também um indígena”, ressalta Valéria Piccoli.

A lista dos trabalhos inclui empréstimos vindos de 16 importantes instituições culturais como o Whitney Museum of American Art, Nova York (EUA), Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles (EUA), o Museum of Contemporary Art Chicago, Chicago (EUA), International Center of Photografhy, Nova York (EUA), a própria Terra Foundation for American Art, entre outros. Grande parte são pinturas e gravuras, ao todo 80 trabalhos. A totalidade se completa com fotografias. Destaque para as imagens de Berenice Abbott, Diana Davies, Gordon Parks, Robert Frank e Walker Evans.

A curadoria contemplou obras de um elenco de artistas mais diversificado com alguns nomes até desconhecidos no cenário brasileiro. É o caso de Charles White (1918-1979) e Emma Amos (1937-2020). White teve, em 2018, uma retrospectiva no MoMA (NY – EUA) mas, no Brasil, fará parte de uma exposição pela primeira vez. Seu trabalho “Wanted Poster Series #14” (1970) questiona os resquícios de uma mentalidade escravista a partir de um poster do século 19, onde se ofereciam recompensas por escravizados fugidos.

Já as obras de Emma Ammos sempre confrontam o sexismo e o racismo. A pintura “Eva the Babysitter” (1973), que está em “Pelas Ruas”, foi produzida enquanto Ammos era a única mulher a integrar o coletivo de artistas afro-americanos “Spiral Group”, na década de 1970. A pontencialidade das artistas mulheres também foi privilegiada na seleção das fotografias, exemplificada nas imagens de Diana Davies, que não apenas se engajou como registrou as passeatas e protestos em Nova York em prol do respeito à comunidade LGBTQIA+, como também nas fotos de arquitetura feitas por Berenice Abbott em Nova York. Outras imagens de cunho social, que abordam situação dos desempregados e imigrantes em São Francisco, feitas por Dorothea Lange, e os retratos de Gordon Parks sobre a cena musical do Harlem, um bairro periférico e predominantemente negro de Nova York, também estarão expostas.

Dos trabalhos de Andy Wharol, “Pelas Ruas” exibe um bastante singular na trajetória do artista e distante das imagens que o deixaram mundialmente famoso. Trata-se de uma gravura, de 1965, de cunho político, que aborda um episódio de violência policial ocorrido no estado do Alabama. Já de Edward Hopper, a gravura “Night Shadows” (1921) e a tela “Dawn in Pennsylvania” (1942) exemplificam suas tradicionais temáticas ligadas à solidão e melancolia das paisagens urbanas.

A organização expositiva ocupa sete salas do primeiro andar do edificio Pina Luz e as obras estão divididas em 7 núcleos: “A cidade branca”, onde estão os materiais referentes à Exposição Universal de 1893; “Experimentações artísticas”, que explora como a transformação das cidades pela construção de arranha-céus e eletrificação das vias, por exemplo, influencia no vocabulário artístico de uma época. Em “O Individual e o coletivo”, destaque para a diversidade das populações e a criação de comunidades como, por exemplo, Chinatown, famoso bairro de Nova York.

Nas próximas salas, o visitante encontra “Ritmos e padrões da cidade”, referência a quanto do ritmo da nossa vida cotidiana é ditado pela dinâmica do deslocamento entre pontos de uma cidade. No núcleo “A multidão anônima”, encontram-se representações da massa urbana e também da sensação de ser um indivíduo em meio a muitos outros. “Engajamento e separação” reúne trabalhos mais políticos dos anos 1960/70, que exploram o espaço urbano como palco para manifestações e reivindicações. Por último, “Cidades reimaginadas” aborda o modo como a contracultura da década de 1970 propôs e pensou outras formas de convivência em sociedade. A mostra termina com a projeção do filme “Tree dance” (1971), de Gordon Matta-Clark, em que vários performers tentam habitar uma árvore, utilizando lençóis, cordas para ocupar o espaço.

“Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976” propõe olhar para a arte norte americana do século XX sob o viés da representação da vida nas cidades, que define muito do que entendemos como a cultura americana até os dias de hoje. O catálogo bilingue, em português e inglês, traz além das imagens das obras, textos de apresentação assinado pelas curadoras e ensaios de autores convidados, além da tradução de artigos críticos sobre a Exposição Universal, incluindo da feminista Ida Wells e do abolicionista Frederick Douglass, e manifestos dos movimentos civis “Black Panther” e “Alcatraz”, que denotavam a efervescência política e social dos anos 1960/70, retratada por muitos dos artistas em “Pelas Ruas”. Esta exposição e seus programas são resultado da parceria e do generoso apoio da Terra Foundation for American Art. A exposição tem patrocínio da Allergan, na cota prata, e apoio da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, do marketplace FARFETCH e da empresa Bain & Co.

 

Nuno Sousa Vieira no Brasil

24/ago

 

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a primeira individual de Nuno Sousa Vieira na cidade, um dos mais renomados artistas visuais portugueses. A mostra “Tenho a vista cansada” permanecerá em cartaz até 28 de setembro com texto de apresentação da crítica portuguesa Rita Gaspar Vieira. Ao todo estão reunidas nove pinturas inéditas e um vídeo, um projeto expográfico concebido exclusivamente para a galeria. A mostra faz parte da programação internacional da Mul.ti.plo durante a 12ª edição da ArtRio (que acontece de 14 a 18 de setembro, na Marina da Glória).

 

Na primeira sala, estão nove trabalhos de uma série de 15, realizados especialmente para a exposição. São pinturas feitas com tinta acrílica sobre plexiglass (lâminas de acrílico transparente). Os trabalhos refletem uma das principais particularidades do trabalho de Sousa Vieira: a utilização de materiais que já foram utilizados antes, que possuem um passado, que carregam uma história. “Meu interesse é que esses materiais voltem a atrair o olhar das pessoas, mesmo que de outra forma. É a prova de que podemos organizar o mundo de outra maneira”, diz o artista. Não por acaso, nos últimos 20 anos, ele instalou seu ateliê dentro de uma fábrica de plástico desmantelada, a Simala, em Leiria, sua cidade natal. É esse universo, de 6.000 m2 de área coberta e uma imensa quantidade de materiais deixados para trás, que o artista, conhecido por suas esculturas compostas por variados materiais fabris, elementos arquitetônicos e móveis descartados, utiliza como matéria-prima.

 

Na exposição, Sousa Vieira recorre também ao uso da palavra, mas no verso dos trabalhos. “As obras trazem palavras escritas, que não vemos claramente. Só as percebemos através das superfícies marcadas pelo tempo, dos vidros acrílicos que as compõem”, conta Rita, referindo-se a outra faceta do trabalho de Nuno: o jogo sutil entre o visível e o invisível, entre o que é evidente e o que não se vê. “Quero conduzir o olhar para o oculto. É no avesso onde quero chegar. Nós não vemos só com os olhos, vemos com o cérebro, com os sentidos, com o corpo todo. É esse olhar que quero trazer para a exposição”, diz ele. Por isso também, o verso de cada pintura da exposição estará registrado em postais, que serão entregues aos visitantes.

 

Outro destaque da mostra na Mul.ti.plo é a forma de apresentação do conjunto de pinturas. “O projeto expositivo é praticamente uma terceira obra. Tudo foi pensado por Nuno”, explica Stella Ramos, sócia da Mul.ti.plo. “Souza Vieira rompe os limites de parede e teto, interferindo no espaço e realizando um diálogo com a arquitetura do gabinete de arte”, acrescenta Maneco Müller, também sócio na galeria.

 

Na sala dois, o destaque é uma vídeo-obra, de 2011, com aproximadamente oito minutos. “O vídeo relata o emparedamento da entrada do meu ateliê, e sempre que o trabalhador entra em cena o vídeo é cortado e só volta quando o trabalhador sai. A obra procura refletir sobre a invisibilidade física do operário em prol da visibilidade da consequência do seu labor”, diz o artista, que estará no Rio para a abertura da exposição e depois segue para São Paulo onde inaugura uma mostra na galeria Raquel Arnaud.

 

Sobre o artista

 

Nuno Sousa Vieira nasceu em Leiria, Portugal, em 1971. Atualmente, vive e trabalha entre Lisboa e Leiria. Frequentou o Mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, escola onde agora é doutorando. Recentemente expôs na SE8 Gallery, em Londres; no Consulado de Portugal, em São Paulo; na Tabacalera, La Principal, Madri; Fundação Portuguesa das Comunicações, Lisboa; no Q22 – Colégio das Artes da Universidade de Coimbra; Galeria Espacio Olvera, Sevilha; Consulado de Portugal em Sevilha; Galeria Graça Brandão, Lisboa; Galerie Emmanuel Hervè, Paris. Entre 2010 e 2011, realizou três importantes exposições individuais: no Pavilhão Branco do Museu da Cidade, em Lisboa; na Newlyn Art Gallery and The Exchange, no Reino Unido; e na Hans Mayer Gallery, Alemanha. Apresentou também um projeto individual na ARCO, Madrid, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. Expôs ainda na Kunsthalle São Paulo, 2014; Appleton Square, Lisboa, 2012; Galeria Graça Brandão, Lisboa, 2010; Carpe Diem, Lisboa, 2009; Galeria Graça Brandão, Lisboa, 2009; e na Empty Cube, Lisboa, 2008, entre outras. O seu trabalho está representado em diversas coleções, como PINTA – Latin America, CAV (Centro de Artes Visuais), Coleção Teixeira de Freitas, Coleção PLMJ, Coleção António Cachola, Câmara Municipal de Leiria, Coleção Paulo Pimenta, Coleção José Lima, Coleção António Albertino.

 

 

Calder + Miró na Casa Roberto Marinho

22/ago

 

 

Através da exibição da mostra “Calder + Miró”, dois artistas fundamentais da arte internacional e da História da Arte entram em cartaz na Casa Roberto Marinho,  Rio de Janeiro, RJ. Visitações até 20 de novembro de terça-feira a domingo das12h às 18h.

 

A palavra do diretor da Casa Roberto Marinho

 

Calder + Miró assinala um momento muito especial da Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, ao reunir dois fraternos gigantes do século XX, interlocutores numa extensa conversa lúdica envolvendo invenção, humor, sínteses e afinidades.

 

É também a primeira mostra alavancada pelo acervo de um dos filhos do nosso patrono: a coleção Karin e Roberto Irineu Marinho. Às suas obras juntam-se, no espaço do Cosme Velho, sob a batuta de Max Perlingeiro, trabalhos de 6 instituições e de 32 particulares. A eles o nosso agradecimento.

 

O Rio de Janeiro é assim agraciado com uma exposição que já nasce inscrita como uma das mais importantes na cidade. Com alegria convidamos cada pessoa a nela mergulhar.

 

Lauro Cavalcanti / Diretor Casa Roberto Marinho

 

Introdução à Arte Contemporânea com Julia Lima

10/ago

 

 

A história da arte é uma disciplina que vem sendo constantemente revisada e reescrita. No entanto, a produção contemporânea – por seu volume, pela velocidade de mudança, pela proximidade do tempo – é o recorte talvez de mais difícil acesso pelo público.

 

Em discussão nesse curso introdutório de três aulas a produção artística atual a partir de perguntas que buscam ajudar a entender o que é arte contemporânea, o que a diferencia da arte moderna, e como chegamos até ela, passando pelos principais nomes que marcam a virada contemporânea, como Marcel Duchamp, Jackson Pollock, Yayoi Kusama e Louise Bourgeois.

 

A partir desta introdução, o participante terá um breve panorama dos momentos e movimentos que desenharam a história da arte no século 20, pavimentando um caminho pera melhor ler, interpretar e compartilhar a arte contemporânea.

 

Julia Lima é curadora independente, pesquisadora e tradutora especializada em ensaios na área de artes visuais. Também atua como crítica de arte, professora de história da arte e no acompanhamento de artistas.

 

As aulas acontecem presencialmente na Simões de Assis, Rua Sarandi, 113 A, Jardins, São Paulo, SP, nos dias 15, 22 e 29 de agosto.

 

 

A arte cinética de Dario Perez-Flores

09/ago

 

 

A Galeria Espaço Arte MM, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 20 de agosto a exposição “Chromatique en série”, do artista cinético Dario Perez-Flores, exibindo pinturas e uma nova série de obras que nos inserem em um universo de cores e movimentos.
O artista venezuelano Dario Perez-Flores, mestre da arte cinética, apresenta pinturas produzidas a partir do final da década 1980 e uma nova série de trabalhos, em metacrilato, que salientam um elemento tão presente nas produções do artista: a cromática. A curadoria é da Galeria Espaço Arte MM e o texto de apresentação é assinado pelo crítico de arte Jacob Klintowitz.