Instalação no CCBB, Rio

07/jan

A partir de 05 de janeiro, um conjunto de 20 obras de grandes proporções vai mexer com a forma como vemos o prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro: barco e elevador flutuantes, janelas para jardins imaginários e até uma piscina em que o visitante pode entrar de roupa e ficar submerso sem medo de se afogar fazem parte da mostra de um dos nomes mais provocativos e populares da arte contemporânea, o argentino Leandro Erlich.

 

A exposição “A tensão” (de nome explícito e sonoramente ambíguo: quem não lê pode ouvir “atenção”), revela, já em seu título, um dos prováveis sentimentos que os visitantes sentirão diante das instalações do artista. Isso porque Erlich trabalha com referências que são, literalmente, “lugares-comuns”, espaços que estamos acostumados a ver no dia a dia, mas deslocados da condição de normalidade.

 

A obra de Erlich é estruturada no mecanismo da dúvida, do questionamento do que os nossos sentidos percebem em desacordo com o que nossa mente sabe. O espectador é posto em situações banais do cotidiano, como pegar um elevador, estar numa sala de aula, mas as ilusões óticas e a subversão da realidade propostas pelos artistas fazem suas obras ganharem conotações de aventura surrealista.

 

“A Tensão”, de Leandro Erlich, tem a curadoria de Marcello Dantas. A mostra fica em cartaz no CCBB RJ até 07 de março, com entrada gratuita mediante retirada de ingressos virtualmente. Retire o seu com antecedência e planeje bem a sua visita. Respeite o horário escolhido para a visitação, porque a mostra está sujeita a lotação e há limite de pessoas por hora.

A Natividade no MAS

13/dez

 

 

Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS / SP, Estação Luz, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura as exposições que celebram as festividades de final de ano.

 

Na sala de exposições temporárias, abre a mostra “”E Habitou entre Nós – A Natividade segundo os pintores”, sob curadoria de Beatriz Cruz e João Rossi. Composta por 31 telas e relevos que variam dos séculos XVI ao XX, de importantes autores como Fulvio Pennacchi, Paolo Veronese, Jorge José Eduardo Vedras, Samson Flexor, entre muitos, transmite a ótica com que cada qual viu a história do nascimento e da infância de Jesus. Pinturas italianas, brasileiras, chinesas, ibero-andinas, esculturas portuguesas e obras seiscentistas nacionais, um presépio da Ilha da Madeira do século XVIII e esculturas do Menino Jesus e de Maria grávida estarão no espaço da exposição.

 

Na Sala MAS/Metrô – Estação Tiradentes, abriga a individual de Madalena Marques – “Nasceu o Menino – A Natividade em Papel Machê”, sob curadoria de Jeison Lopes Pereira e João Paulo Berto. Os treze conjuntos de presépios em papel machê estão em exibição no espaço, confirmam a paixão e dedicação da artista à técnica a qual optou por se dedicar e que aplica com maestria. Os conjuntos de personagens desenvolvidos nos levam a um passeio por diferentes momentos da História da Arte, utilizando a cena da Natividade como tema central. A partir de pinturas de diferentes autores, tanto nacionais como internacionais, a artista extrai a cena principal e cria reproduções tridimensionais, fidedignas, em papel machê.

 

Abertura: 27 de novembro de 2021 – às 11hs

 

Duração: de 28 de novembro a 9 de janeiro de 2022.

 

Reencontro de Morandi com o Brasil.

07/dez

 

 

Depois de uma bem-sucedida exposição em São Paulo, a mostra “Ideias – O Legado de Morandi” será apresentada de 15 de dezembro de 2021 a 21 de fevereiro de 2022, no primeiro andar do Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, trazendo obras de um dos mais destacados artistas do século 20. A exposição é patrocinada pela BB DTVM.

 

Com uma investigação profunda da cor e da luz permeando sutilezas, Giorgio Morandi se dedicou intensamente à pintura de naturezas-mortas, especialmente de conjuntos de garrafas. Seu estilo ficou marcado por uma obra que reflete sobre o tempo e as relações produzidas pelo olhar. Esse universo é representado na exposição, que tem curadoria de Gianfranco Maraniello e Alberto Salvadori, e reúne obras que vieram diretamente do Museo Morandi, localizado na cidade de Bolonha, na Itália.

 

“O percurso expositivo apresenta uma variedade de obras diversas – entre pinturas, aquarelas, desenhos e gravuras – que formam uma métrica composta por contínuas referências formais e variações tonais, e trazem à luz os temas examinados por Morandi desde os primórdios até a maturidade: naturezas mortas, flores e paisagens, os temas privilegiados da sua contínua pesquisa de novas modalidades representativas e objetos de uma indagação extremamente atual sobre a linguagem pictórica e gráfica e sobre as infinitas relações possíveis entre volumes, espaço, luz e cor”, ressalta o curador Gianfranco Maraniello.

 

O artista tinha particular interesse pelas pinceladas de Paul Cézanne, André Derain, Douanier Rousseau, Pablo Picasso e Georges Braque, além de mestres da tradição italiana como Giotto di Bondone, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca. A sua pintura foca numa gama bastante reduzida de temas, como as vistas do povoado de Grizzana ou as célebres naturezas-mortas de garrafas e potes. Nas obras, é possível ver as sutis mudanças na luz da tarde, a poeira que se deposita nos objetos, a passagem do tempo que se faz visível na própria matéria das garrafas que reaparecem uma e outra vez, quadro após quadro, ano após ano.

 

Essa exposição proporciona um reencontro de Morandi com o Brasil, pois o artista recebeu o Prêmio de pintura na IV Bienal de São Paulo em 1957. “É uma oportunidade para prolongar o tempo e o olhar sobre a sua obra, para além do contato excepcional de 1957. Uma tentativa de oferecer novas possibilidades de adquirir familiaridade com as séries pictóricas e retraçar os motivos da sua “ordem”, graças ao extraordinário volume de patrimônio e de iniciativas que qualificam o Museu dedicado ao artista por sua cidade natal”, comenta Maraniello.

 

No CCBB, uma reprodução fotográfica em grande formato de Luigi Ghirri levará o público a ter a sensação de estar no ateliê do próprio Morandi. Também está disponível ao público a instalação interativa Morandi Coletivo, um aplicativo que permite ao usuário montar suas próprias composições a partir da escolha de alguns dos elementos que Morandi usava de forma recorrente em suas obras. A composição é livre e coletiva – os visitantes editam em tempo real figura e fundo.

 

Dentre inúmeras combinações possíveis, há quatro obras escondidas que podem ser montadas pelo público, revelando a obra original. Cada elemento também possui uma frase sonora associada e as quatro obras escondidas na instalação representam cada um dos quatro compassos e acordes da música.

 

A exposição também exibe o documentário La polvere di Morandi (A poeira de Morandi), 2010, 59 min, dirigida por Mario Chemello. Além disso, um webapp com áudio-guia de vídeo libras comentando 10 obras da exposição. No dia da abertura, às 18h, haverá uma palestra gratuita com o professor e pesquisador Victor Murari, especialista em Morandi.

 

Além das obras de Morandi, o público ainda pode conferir na mostra obras de outros artistas que se inspiraram no seu trabalho, como Josef Albers, Wayne Thiebaud, Franco Vimercati, Luigi Ghirri, Rachel Whiteread e Lawrence Carroll.

 

De acordo com Maraniello, todos foram impactados pelo trabalho do pintor italiano e mostram a capacidade de atingir várias gerações. “Autonomia e a irredutibilidade do percurso de Morandi constituem a exemplaridade de uma resiliência que desarticula os paradigmas da vanguarda e das neovanguardas, apresentando-se nos contextos interpretativos da China, do Japão, da Coreia do Sul que, em anos recentes, têm acolhido com grande entusiasmo exposições promovidas em colaboração com o Museu Morandi”, finaliza.

 

Na história das artes visuais do século 20, Morandi ocupa um lugar especial como expoente destacado de uma linhagem de artistas cuja obra se impõe, num mundo cada vez mais cacofônico e ruidoso, pela reiteração silenciosa, a parcimônia, a simplicidade. A pintura de Alfredo Volpi, o cinema de Yasujirō Ozu ou a poesia de João Cabral de Melo Neto são exemplos de produções afins à de Morandi, em que as coisas se apresentam pelo que elas são, como se isso fosse simples.

 

Sobre o artista

 

Nasce em 20 de julho de 1890 em Bolonha, Itália, cidade onde passa toda a sua vida. Nas primeiras pinturas, a partir dos anos 1910, mostra a sua precoce atenção aos impressionistas franceses, em particular Cézanne e, logo depois, Derain, Douanier Rousseau, Picasso e Braque. Volta a sua atenção para a grande tradição italiana, estudando Giotto, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca.

 

Nos meados dos anos 1910, pinta obras que mostram uma experimentação futurista e, a partir de 1918, passa de maneira muito pessoal por uma breve fase metafísica. Em 1918, entra em contato com a revista e o grupo Valori Plastici, com o qual expõe em Berlim em 1921. A partir dos anos 1920, inicia um percurso pessoal que seguirá com especial coerência, mas também com resultados sempre novos, dedicando a sua pintura apenas a três temas: naturezas mortas, paisagens e flores.

 

Em 1930, obtém a cátedra de técnica da gravura na Accademia di Belle Arti de Bolonha, cargo que manterá até 1956. Inicialmente apoiado e admirado por literatos, em 1934 é apontado por Roberto Longhi como “um dos maiores pintores vivos da Itália”, por ocasião da sua aula inaugural na Universidade de Bolonha. Em 1939, recebe o Segundo Prêmio de pintura na III Quadrienal romana.

 

Em 1943, durante a guerra, deixa Bolonha e se refugia em Grizzana, onde permanece até 25 de julho de 1944. Durante esse período, pinta numerosas paisagens. Em 1948, depois de expor ao lado de Carrà e De Chirico na Bienal de Veneza, recebe o prêmio de pintura da Comuna de Veneza.

 

Em 1953, recebe o Primeiro Prêmio de gravura na II Bienal de São Paulo, em que participa com 25 águas-fortes. Em 1957, a Bienal de São Paulo lhe confere o Grande Prêmio de pintura, à frente de Chagall. No último decênio, chega a uma pintura cada vez mais rarefeita. Morre em Bolonha em 18 de junho de 1964.

 

SOBRE O CCBB

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro ocupa o histórico nº 66 da Rua Primeiro de Março, no centro da cidade, prédio de linhas neoclássicas que, no passado, esteve ligado às finanças e aos negócios.

 

No final da década de 1980, resgatando o valor simbólico e arquitetônico do prédio, o Banco do Brasil decidiu pela sua preservação ao transformá-lo em um centro cultural. O projeto de adaptação preservou o requinte das colunas, dos ornamentos, do mármore que sobe do foyer pelas escadarias e retrabalhou a cúpula sobre a rotunda.

 

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil conta com mais de 30 anos de história e celebra mais de 50 milhões de visitas ao longo de sua jornada. O CCBB é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro e mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade.  Agente fomentador da arte e da cultura brasileira segue em compromisso permanente com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo, também, nomes da arte mundial

 

O prédio possui uma área construída de 19.243m². O CCBB ocupa este espaço com diversas atrações culturais, como música, teatro, cinema e exposições. Além disso, possui Biblioteca, além de abrigar o Arquivo Histórico e o Museu Banco.

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda de 9h às 20h. A entrada do público é permitida apenas com apresentação do comprovação de vacinação contra a COVID-19 e uso de máscara. Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio, os ingressos para os eventos podem ser retirados na bilheteria do CCBB ou previamente no site eventim.com.br.

 

Sobre a A BB DTVM

 

A A BB DTVM é líder da indústria nacional de fundos de investimento, com patrimônio líquido sob gestão de R$ 1,374 trilhão em recursos e 20,9% de participação de mercado, conforme ranking de Gestores de Fundos de Investimento da Anbima, de setembro de 2021. Oferece soluções de investimento inovadoras e sustentáveis para todos os perfis de investidores e sua excelência em gestão é atestada por duas importantes agências de rating – Fitch Rating e Moody´s.

 

Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 20h.

 

*retirada de ingresso no app ou site eventim.com.br ou na bilheteria do CCBB.

 

Palestra com o professor e pesquisador Victor Murari: dia 15 de dezembro, às 18h. Gratuito, com retirada de ingresso na bilheteria do CCBB RJ.

 

 

 

 

 

Exposição colaborativa

06/dez

 

 

 

Fortes D’Aloia & Gabriel e Lévy Gorvy, Palm Beach, Fl, USA, anunciam “Nature Loves to Hide”, uma exposição colaborativa que alude às múltiplas formas pelas quais artistas históricos e contemporâneos abordam a natureza e a paisagem. Inspirando-se no mundo natural, os dez artistas presentes na mostra imbuem-se do aforismo do filósofo grego Heráclito – “a natureza gosta de ocultar-se” – contemplando em suas obras as esferas históricas, comunitárias e imaginativas compreendidas pelo gênero da paisagem. Representados pela Lévy Gorvy, Tu Hongtao (n. 1976), Francesco Clemente (n. 1952) e Pat Steir (n. 1938) se concentram em motivos singulares da natureza – a floresta, flores e cachoeiras – para envolver os visitantes em uma contemplação espiritual. As artistas Lucia Laguna (n. 1941), Adriana Varejão (n. 1964), Janaina Tschäpe (n. 1973) e Marina Rheingantz (n. 1983), da Fortes D’Aloia & Gabriel, utilizam-se de diversas tradições de pintura de paisagem para investigar questões culturais e pessoais, recorrendo à abstração como força libertadora de composição, ao mesmo tempo em que retêm traços emblemáticos da figuração. Em contraste, obras de Lucio Fontana (1899 – 1968), Willem de Kooning (1904 – 97) e Yves Klein (1928 – 62), selecionadas pela Lévy Gorvy, e de Rivane Neuenschwander (n. 1967), representada pela Fortes D’Aloia & Gabriel, integram a mostra com trabalhos altamente conceituais que redefinem radicalmente as noções convencionais dos limites do espaço e da terra. Como uma ponte entre o que faz parte do cânone e do que é contemporâneo, “Nature Loves to Hide” oferece uma experiência imersiva e multifacetada da pintura e da paisagem.

 

 

 

 

Now Gomide & Co

24/nov

 

 

Agora somos a Gomide & Co [We are now Gomide & Co]

 

Nós da Bergamin & Gomide temos o prazer de anunciar nosso novo nome: Gomide & Co, que traduz a evolução da visão e modelo de gestão da galeria. Sob a energia criativa e direção de Thiago Gomide, iniciamos 2022 com um novo projeto de formato societário e um propósito claro: reunir talentos diversos e impulsionar carreiras de forma abrangente.

 

Desde a nossa fundação em 2013, atuamos com excelência na promoção e divulgação da arte brasileira, participando das mais prestigiadas feiras e apresentando uma programação conceituada de exposições rigorosamente construídas – da seleção das obras, expografias e publicações. Em 8 anos, conquistamos o reconhecimento do circuito de arte nacional e internacional, o que só foi possível com a parceria de Antonia Bergamin, a quem somos gratos por absolutamente tudo. Na Gomide & Co, reafirmamos a missão de ser uma fonte consolidada para coleções privadas, museus e instituições ampliarem e diversificarem seus acervos.

 

Apresentamos a partir de agora o Co, abreviatura de companhia, que simboliza um gesto colaborativo. Nossos principais colaboradores se envolvem coletivamente nas decisões estratégicas, desde a aquisição de acervo à programação, com transparência e compartilhamento de resultados. Uma filosofia que se expande na construção de espaços de fortalecimento de uma audiência engajada e propositiva, com liberdade de formatos e modos de ativação da nossa programação. É com essa paixão genuína que desejamos expandir nossos diálogos com os artistas e suas obras, colecionadores, instituições e demais agentes do mundo da arte. Honramos o que nos fez chegar até aqui, e é com o mesmo vigor que exaltamos o que vem pela frente.

 

Bem-vindos à Gomide & Co.

Salão Nacional, a coletiva

22/nov

 

 

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar, entre 27 de novembro a 29 de janeiro de 2022, “Salão Nacional”, exposição coletiva que reúne trabalhos de Alex Vallauri, Amelia Toledo, Brancusi, Boi, Carlos Fajardo, Cassio Michalany, Claudio Kuperman, Claudio Tozzi, Dudi Maia Rosa, Fábio Miguez, Flávia Ribeiro, Guto Lacaz, Ivald Granato, José Resende, Leda Catunda, Luiz Paulo Baravelli, Marisa Bicelli, Siron Franco, Thomaz Ianelli e Zé Bico.

 

“Salão Nacional” é uma exposição que parte da obra de mesmo título realizada em 1986 por Guto Lacaz. Na peça de Lacaz, uma exposição é montada com miniaturas de obras de diversos artistas atuantes naquele momento. A exposição “Salão Nacional” reencena esse projeto em escala humana com as obras dos mesmos artistas, expandindo-o a partir da inclusão de outros artistas daquela mesma geração.

 

O modelo do Salão Nacional foi criado no Brasil na primeira metade do século XIX pela Missão Artística Francesa, fundadora da Academia Imperial de Belas Artes, posteriormente Escola Nacional de Belas Artes. O “Salão Nacional de Artes Plásticas” surge em 1933 sob o nome de “Salão Nacional de Belas Artes”. Para dar conta de uma produção cada vez menos acadêmica, cria-se, em 1951, uma sessão de arte moderna, dando origem ao “Salão de Arte Moderna”. Durante as décadas de 1960 e 1970, período da ditadura militar, os salões vão perdendo o prestígio que possuíam até então, sendo extintos em 1978 e reintegrados pela Funarte sob o título de “Salão Nacional de Artes Plásticas”. Na década de 1980, o Salão adquire um papel fundamental dentro do circuito de arte. Sendo um dos poucos lugares de projeção para artistas em início de carreira, dispunha também da premiação em duas modalidades: Viagem ao País ou Viagem ao Exterior. A mostra, que possuía um processo seletivo concorrido, servia como uma espécie de vitrine que aproximava a produção do jovem artista não somente ao público, mas também aos próprios componentes do júri, que eram curadores, artistas e marchands respeitados. Na década de 1980, período de abertura política e gradual redemocratização, participar do Salão Nacional significava dar um passo importante à integração em um circuito que começava a se fortalecer economicamente através da constituição e profissionalização de um mercado de arte.

 

O “Salão Nacional” de Guto Lacaz foi exibido pela primeira vez em “Muamba”, exposição realizada em 1987 na Subdistrito Comercial de Arte, galeria paulistana que reunia em seu programa expositivo os principais nomes da pintura daquele momento. Além de ter participado pela segunda vez consecutiva da Bienal de São Paulo com suas performances e instalações, Lacaz embarcaria no ano seguinte para a França, onde participaria da exposição “Modernidade – A arte brasileira no século XX” no Museu de Arte Moderna de Paris. Embora o mercado estivesse, naquele momento, se alimentando da pintura, os objetos low-tech e bem-humorados de Guto, que referenciavam desde a história da arte até o mito do progresso, circulavam com uma certa fluidez pelo circuito mais institucional. Suas “máquinas inúteis” propunham um jeito menos protocolar de se relacionar com o objeto de arte, em que a sisudez dava lugar ao riso, incorporando em suas propostas um espírito dadaísta, como em “Rádios Pescando”, conjunto de oito rádios cujas antenas eram transformadas em varas de pescar. Ainda em referência a Duchamp e ao seu “Nu descendo uma escada, nº2”, propõe uma abordagem sintética e irônica em sua experimentação com a pintura em “Homem na escada” obra que, além de integrar aquela exposição na Subdistrito Comercial de Arte, havia participado de sua instalação na 18ª Bienal de São Paulo e que pode ser vista atualmente na Pinacoteca de São Paulo na exposição “A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901 – 2021”. Em sua versão de Salão Nacional, Lacaz apresenta outras obras de artistas que participaram de edições anteriores da mostra, como Flávia Ribeiro, Carlos Fajardo, Luiz Paulo Baravelli, Dudi Maia Rosa, Cassio Michalany e Fabio Miguez. E faz algumas homenagens: ao ator, ilustrador e cenógrafo Patricio Bisso, grande figura da cena paulistana da década de 1980, através da inclusão da fotografia de Marisa Bicelli; ao artista Alex Vallauri, falecido naquele mesmo ano, pioneiro do grafite no Brasil, com quem participou da Bienal de São Paulo em 1985; à revista Around; ao mestre da escultura Constantin Brancusi e à Leda Catunda, que surge representada por uma fotografia publicada na imprensa onde foi descrita de maneira sexista como dona dos “mais belos joelhos da arte brasileira”. Lacaz reforça o tom irônico de sua peça, incluindo outros dois trabalhos sem autoria, como o de “um artista hippie que entrou no salão por engano”. Neste conjunto de treze trabalhos, há outro que nunca havia existido fora daquela maquete: uma “Cara” de Luiz Paulo Baravelli. A partir do convite para a realização desta exposição na Galeria Marcelo Guarnieri, a pintura ganha o corpo de quase dois metros de altura, 35 anos depois de ter sido desenhada: “Cara para Guto”. Baravelli executa, em acrílica e encáustica sobre compensado, a obra que Guto Lacaz havia projetado em miniatura como se fosse mais uma da série “Caras” que seu amigo havia exibido na Bienal de Veneza em 1984. Para esta exposição, além das obras referenciadas do trabalho de Guto Lacaz, são apresentadas também pinturas e esculturas da época produzidas por artistas atuantes naquele mesmo período como Boi, que expunha com frequência na Subdistrito Comercial de Arte, Amelia Toledo, Siron Franco, Ivald Granato, Claudio Tozzi, Claudio Kuperman, Thomaz Ianelli, José Resende e Zé Bico, nomes importantes da produção artística da década de 1980.

 

 

 

 

 

 

Rostos da Imigração

18/nov

 

 

O Museu da Imigração – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – Mooca, São Paulo, SP, promove até o dia 31 de dezembro, como parte da segunda edição do Programa de Residência Artística, a exposição “Rostos invisíveis da imigração no Brasil”, do artista angolano Paulo Chavonga na sala “Hospedaria em Movimento”.

 

A iniciativa, idealizada em 2019, tem o propósito de estimular a produção cultural, compreendendo que a arte pode ser uma expressão privilegiada para tornar sensíveis conceitos importantes para o entendimento das migrações. Dessa forma, por meio de editais, artistas individuais ou coletivos de artistas migrantes e refugiados são convidados a realizarem uma imersão nas atividades e rotinas do Museu da Imigração, objetivando o desenvolvimento de um projeto de artes visuais de diversas linguagens.

 

A proposta resultou na seleção do artista angolano Paulo Chavonga que, desde julho, esteve presente nos ambientes do complexo da antiga Hospedaria do Brás. Durante o período, o profissional conheceu o trabalho realizado por todas as equipes e, na sequência, iniciou a criação de três grandes telas. As obras, que compõem a mostra, estarão em cartaz no Museu até dezembro.

 

“O Programa de Residência Artística visa aproximar os artistas migrantes do Museu e, mais ainda, proporcionar aos visitantes diferentes análises e reflexões. Assim, o tema apresentado na edição, As migrações e os tijolos do racismo estrutural no Brasil, converge com essa finalidade, sendo primordial para seguirmos com os debates envolvendo o racismo e a história da Hospedaria. Por conta disso, inclusive, foram priorizadas as candidaturas de negros e/ou indígenas”, comenta a diretora executiva da instituição, Alessandra Almeida.\]Após a inauguração, o público presencial e virtual teve a oportunidade de acompanhar um bate-papo entre Chavonga e a profissional selecionada em 2019 e, também, membro da Comissão Curatorial do projeto neste ano, Emilia Estrada.

 

A palavra do artista

 

Por meio dos retratos gigantes, com depoimentos, protagonizados por imigrantes africanos vendedores das ruas de São Paulo, fricciono a dureza desse serviço com os sonhos que eles tinham e têm no Brasil. Ao mesmo tempo, demonstro como o racismo estrutural é um fator determinante no território do trabalho árduo, às vezes, semelhante à escravidão na qual essas pessoas se encontram. Com isso, quero trazer novos rostos e histórias para dentro do Museu. Rostos e histórias que não podem mais ser invisíveis. Um ato de coragem e desejo de diálogo para que nasça, talvez, um novo olhar sobre a gente africana no Brasil, explica Chavonga.

 

A Natureza na Arte na Casa França-Brasil

17/nov

 

 

 

Os finlandeses estão chegando: 5ª edição da Bela Bienal Europeia e Latino Americana reúne artistas daFinlândiae da Itália, propondo diálogo entre arte e sustentabilidade.

 

A arte como agente de reflexão sobre sustentabilidade e questões ambientais. Este é o mote da Bela Bienal Europeia e Latino Americana de Arte Contemporânea, que chega à sua 5ª edição com o tema “A Natureza na Arte”. Evento itinerante que este ano já esteve na Finlândia e aportou no Brasil com agenda em importantes cidades, como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, chega à Casa França-Brasil em curta temporada. No dia da abertura, 19 de novembro, contará com a presença do embaixador da Finlândia Jouko Leinonen.

 

Sob curadoria do finlandês Jari Järnström e do brasileiro Edson Cardoso – proprietário da AVA Galleria, na Finlândia – a mostra reúne 30 artistas finlandeses, além de italianos. Todos possuem em comum a proposta de promover um diálogo consistente através da exposição de suas obras, manifestadas através de pinturas e esculturas de bronze. “Promovendo esse diálogo intercultural, mostramos ao público em geral o que artistas de diferentes culturas estão desenvolvendo na arte contemporânea, unificando as distâncias continentais através de seus olhares sobre um único tema. Desejamos evidenciar a importância destas obras como agentes de reflexão sobre a preservação ambiental, bem como de suas raízes e tradições”, afirma um dos curadores, Edson Cardoso, que já realizou exposições nas principais cidades do mundo (Sede da ONU em Nova Iorque, Museu do Louvre em Paris, Prefeitura de Osaka, no Japão, Museu de Braga, em Portugal) e em outros espaços importantes no Brasil – Museu Oscar Niemeyer, MAM do Rio, MuBe Museu de Esculturas e Museu Histórico Nacional).

 

Relação dos artistas convidados

 

Finlândia: Anna Emilia Järvinen, Annukka Visapää, Antti Raitala, Bela Czitrom, Dan Palmgren, Elisa Daart, Hanna Uggla, Hanna Varis, Hannele Haatainen, Iria Ciekca Schmidt, Jari Järnström, Kristina Elo, Laura Pohjonen, Maaria Märkälä. Maj-Lis Tanner, Marko Viljakka, Merja Hujo, Mona Hoel, Nonna-Nina Mäki, Paula Mikkilä, Piippa Mutikainen, Päivi Kukkasniemi, Päivyt Niemeläinen, Raija Kuisma, Seppo Lagom, Sirkka Laakkonen, Sirpa Heikkinen, Ulla Remes, Ulla-Maija Vaittinen, Ursula Kianto.

 

Itália: Alda Picone, Judith Paone, Mauro Trincanato.

 

De 20 de novembro a 12 de dezembro.

Alfredo Jaar no Sesc Pompéia

11/nov

 

O conceituado artista chileno Alfredo Jaar, com 40 anos de trajetória, tem um recorte de seu trabalho feito pela exposição “Lamento das Imagens”, que ocupa os galpões do Sesc Pompéia continuará até 05 de dezembro.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Santiago, em 1956, Alfredo Jaar também é arquiteto, fotógrafo e cineasta. Ele começou sua trajetória artística no Chile, no final dos anos de 1970, quando o país passava pela ditadura militar. E ganhou destaque depois de se mudar para os Estados Unidos em 1982. Foi a partir desse momento que ele começou a colocar em evidência em suas obras as relações de poder internacionais. E passou a discutir temas como a continuidade das violências coloniais no mundo contemporâneo, as violências que provocam a invisibilidade seletiva de povos e populações. Os trabalhos de Alfredo Jaar figuram entre as mais importantes coleções de arte do mundo, como a do MASP – Museu de Arte Moderna de São Paulo; Tate Modern, em Londres; Centre Pompidou, em Paris; MoMA – Museu de Arte Modern e do Guggenheim Museum, ambos em Nova York; e no Centro Reina Sofia, em Madri, entre muitas outras.

Dois artistas, um francês, outro argentino

09/nov

 

A Galeria Evandro Carneiro, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe dois artistas estrangeiros que viveram no Brasil: Jean Guillaume e Hugo Rodriguez.

 

Exposição Jean Guillaume e Hugo Rodriguez

Dois artistas estrangeiros que escolheram o Brasil para viver. Um pintor francês nos anos 1950 e um escultor argentino, uma década depois.

Jean Guillaume nasceu na França em 1912 e estudou pintura em Bordeaux e Paris, desde 1928, mas sempre entrecortando as lições com viagens pelo mundo – sobretudo ao Oriente. Era também marinheiro. No final dos anos 1930 havia se matriculado na Académie Chaumière, onde se tornou muito amigo de Yves Brayer e Bernard Buffet. Estava decidido a seguir a carreira artística, porém teve os planos interrompidos pela Segunda Guerra Mundial, quando foi convocado para o combate. Ao fim do conflito, trabalhou como ilustrador de livros e participou de diversas coletivas (Teixeira Leite, 1988, p. 240).

Em 1951 veio para o Brasil, fixando-se primeiramente no Rio de Janeiro, época em que expôs em São Paulo (Livraria Francesa) e na capital federal de então (Galeria Montparnasse). Dez anos depois, apaixonou-se por Cabo Frio (litoral norte do RJ), onde viveu até a sua morte, em 1985. Sua obra retrata paisagens urbanas e litorâneas, com boas doses de surrealismo, em uma franca inspiração do alemão Max Ernst (1891-1976) e suas Florestas. Devido à sua identificação com as praias da cidade em que escolheu para residir, alguns críticos o identificaram como “o pintor de Cabo Frio”, no entanto, suas paisagens são muito mais fantásticas do que as dunas daquelas praias fluminenses. Sua obra extrapola e muito aquela paisagem, aproximando-se bem mais das florestas surrealistas de Ernst do que já se imaginou. A partir dessa semelhança, Evandro Carneiro reconheceu um diálogo profícuo entre a sua pintura e as esculturas que também apresentamos nesta mostra.

Hugo Rodriguez é escultor e, com 92 anos, ainda vive na Argentina, mas esteve no Brasil de 1960 a 2011. Havia ganhado uma bolsa para estudar na Europa, mas interessava-lhe a América (Moreira, 2011, p. 4). Chegou ao país de carona em um avião da Força Aérea Brasileira e trazia no bolso 50 dólares. Assim iniciou sua estada por aqui. Deslumbrou-se com a paisagem carioca desde que as portas daquele avião se abriram. Se virou, trabalhou como garçom, mas nunca deixou de esculpir e experimentou todo tipo de material até decidir-se pelo bronze. Só que ao invés de fundi-las pela técnica da cera perdida, usual na fundição, optou pelo isopor:

“nele eu me expresso, nele eu obtenho a forma que desejo plasmar. Mas é um material sem resistência para suportar o tempo, e a primeira coisa que cumpre a uma obra de arte é ter algum vínculo com o infinito, com a eternidade. Ela tem que permanecer porque encerra uma verdade. Então era preciso fundir o isopor em bronze”, disse em entrevista ao jornalista Eliezer Moreira. Era quase uma “cosmovisão”, outro termo que Hugo aprecia bastante e trouxe para a sua obra. Dois guaches bastante expressivos desta exposição revelam essa metafísica. “Seja como for, não procuro espantar. Não quero que as pessoas saiam correndo da minha escultura. Ao contrário, minha fantasia é que se reúnam em volta dela em grandes celebrações” (Moreira, 2011, p. 7). Totens que nos fazem fluir em direção ao espaço.

Essa “magia” tanto é um ponto intrigante na obra de Hugo que foi notada por Hélio Oiticica (Revista Arquitetura I. A. B de setembro de 1965, apud. Moreira, 2011, p.7) e diz respeito aos espaços vazios: “Há uma configuração fisiognômica no caso especial da escultura de Hugo Rodriguez. Não uma figuração, mas um sem-número de possibilidades imagéticas(…). É isto produto da tensão existente no fazer-se contínuo das superfícies descontínuas desses amálgamas de massa-espaço. Reside aí o caráter mágico dessas obras.”

Treze esculturas de Hugo Rodriguez estão à mostra na Galeria Evandro Carneiro, das quais algumas são quase um espiral rumo à cosmovisão deste artista. Somam-se a elas vinte telas do pintor Jean Guillaume que parecem florestas fantásticas. Vale a visita!

Laura Olivieri Carneiro

 

Até 11 de dezembro.