Rob Wynne pela primeira vez no Brasil.

16/out

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP,  apresenta até 09 de novembro “Always Sometimes” (sempre às vezes), a primeira exposição do artista visual Rob Wynne no Brasil. Conhecido mundialmente por sua pesquisa que combina a complexidade da semântica com a maleabilidade do vidro, o artista norte-americano traz para o Brasil um conjunto de 14 obras inéditas, que demonstram, sobretudo, a essência poética de sua obra, construída ao longo de mais de 50 anos de carreira. A mostra conta com a colaboração do consultor de arte e fundador da Kreëmart, Raphael Castoriano

Principal componente de “Always Sometimes”, o vidro tem sido utilizado por Rob Wynne como um fio condutor para explorar as facetas da linguagem e da abstração. Ao longo dos anos trabalhando com esse material, o artista foi adentrando caminhos mais livres e espontâneos, possibilitando cada vez mais quebrar as regras e tradições que envolvem produção em vidro. Para o artista, esses processos são os grandes protagonistas, já que organicamente ditam a direção das formas, sejam elas abstratas ou não. Como em alguns trabalhos da exposição, as obras “Phantom” (2024), “DayDream” (2023) e “Outlook”(2023) demonstram como as gotas de vidro derramado tomam forma, para então serem combinadas no espaço em sedutoras e cintilantes explosões cósmicas.

Itinerância em Fortaleza.

15/out

Pela terceira vez, a Fundação Bienal de São Paulo leva sua itinerância para Fortaleza, em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Até o dia 10 de novembro, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, recebe a seleção de catorze participantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.

Segundo a superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Helena Barbosa, receber uma itinerância da Bienal de São Paulo, mais uma vez, reforça a importância e a qualidade do Museu de Arte Contemporânea no circuito das artes visuais.

A itinerância

Entre os artistas que desembarcam na capital cearense estão Denilson Baniwa, um dos curadores da exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, atual representação brasileira na Bienal de Veneza; Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade como sujeito e objeto; e Nontsikelelo Mutiti, responsável pela concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) apresenta uma tradução visual dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. Já Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, é homenageado com obras que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral. A mostra também inclui o trabalho de Katherine Dunham, pioneira da dança moderna que integra tradições africanas e caribenhas, e o filme SHAKEDOWN (2018) de Leilah Weinraub, que documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles. Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, também marca presença com o filme Meditation on Violence (Meditação sobre a violência) (1948), que explora a dança e a temporalidade. Outros artistas como Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed e Nikau Hindin trazem para a mostra trabalhos que dialogam com a especificidade de suas culturas e tradições, oferecendo perspectivas críticas sobre colonialismo, diáspora e identidade.

Participantes

Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Nontsikelelo Mutiti, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.

Arte brasileira em La Paz.

08/out

O programa de mostras itinerantes da Fundação Bienal de São Paulo chegou, pela primeira vez, à cidade de La Paz, na Bolívia, com um recorte da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Por meio de uma parceria com o Governo do Estado Plurinacional da Bolívia e a Fundación Cultural del Banco Central de Bolivia, com apoio do Instituto Guimarães Rosa – MRE, o Museo Nacional de Arte (MNA) será ocupado até 20 de outubro por uma seleção de nove participantes da última edição da mostra – realizada entre 06 setembro a 10 dezembro de 2023 – que, agora, compõem a itinerância que já passou por dez cidades do Brasil e do mundo. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, o destaque dessa itinerância é o conterrâneo Melchor María Mercado (Sucre, Bolívia, 1816-1871), que atuou como artista, educador e, principalmente, como explorador. Conhecido por seu interesse pelas ciências naturais, retratou as paisagens visuais da Bolívia de maneira plural e sensível. Os anos de pesquisa de campo resultaram no trabalho intitulado Álbum de paisajes, tipos humanos y costumbres de Bolivia (Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes de Bolívia), que integra a seleção de obras que participam da mostra em La Paz.

Autodidata, a obra de Melchor María Mercado possui um grande significado patrimonial e documental para seu país. Por esta razão e no contexto da 35ª Bienal de São Paulo, a Fundação Bienal precisou realizar uma negociação de quase um ano com o governo boliviano, sob intermédio do Instituto Guimarães Rosa, responsável pela diplomacia cultural do Brasil e ligado ao Ministério das Relações Exteriores.

Participantes

Ahlam Shibli, Bouchra Ouizguen, Cabello/Carceller, Carmézia Emiliano, Colectivo Ayllu, Melchor María Mercado, Min Tanaka e François Pain, stanley brouwn, Trinh T. Minh-ha.

Brasileiros e portugueses.

24/set

“Ação à Distância”, exposição coletiva na Kubikgallery Lisboa, com curadoria de Luisa Duarte & Bernardo de Souza tem abertura anunciada para o dia 03 de outubro na Calçada Dom Gastão, n. 4, Porta 45. 1900 – 194, Lisboa, Portugal.

A exibição conta com obras dos artistas Alexandre Canonico, Artur Lescher, Dan Coopey, Daniel Frota de Abreu, Emmanuel Nassar, Flávia Vieira, Gonçalo Sena, Leda Catunda, Manoela Medeiros, Paloma Polo, Pedro Vaz, Salomé Lamas, Sara Ramo e Vera Mota.

Nit de l’Art 2024.

23/set

Por ocasião do La Nit de l’Art 2024, a Baró Galeria apresentou duas exposições destacando obras de grandes artistas latino-americanos: “Oublier le corps…”, a primeira exposição individual de Lygia Clark em Maiorca, Espanha; e a mostra coletiva Lucidus Disorder, ambas com curadoria de Rolando J. Carmona.

“Oublier le corps” marca a primeira exposição individual em Maiorca da renomada artista brasileira Lygia Clark (1920-1988). A exposição, com curadoria de Rolando J. Carmona, explora como o trabalho de Lygia Clark se envolveu ao longo de sua carreira com o conceito de dissolução do corpo. Desde os seus primeiros esboços desconstruídos, que prenunciam as formas geométricas dos seus “Bichos”, até aos seus objetos relacionais, a mostra investiga como a sua prática ativou métodos estéticos e psicológicos radicais, reimaginando os papéis tradicionais entre a obra de arte, o artista e o espectador, envolvendo até mesmo o inconsciente. e transcender a experiência sensorial física tipicamente associada à arte.

Lucidus Disorder

Diego Barboza, Artur Barrio, Sérgio Camargo, Yoan Capote, Eugenio Espinoza, Magdalena Fernández, Gego, Jac Leirner, Hélio Oiticica, Federico Ovalles, Mano Penalva, Wilfredo Prieto, Luis Salazar e Antonieta Sosa.

“Esses artistas anunciaram um novo modelo de desobediência de cunho tropical, alicerçado na lógica do caos. Longe de serem reacionários, esses gestos simbólicos e físicos operando por meio da desconstrução formaram uma dinâmica quase estereoscópica entre artistas venezuelanos e brasileiros, que deixaram para trás a arte concreta no Brasil e a arte cinética na Venezuela configuraram uma resposta política à razão cartesiana e eurocêntrica que definia a estética oficial, criando obras que transcendiam a grade em crise e sorriam para a vida cotidiana.”

Rolando J. Carmona.

Mestres Modernos em exposição.

19/set

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura duas exposições com curadoria de Paulo Venancio Filho durante a semana da ArtRio. A exibição de “3 Mestres Modernos: Camargo, Tomasello, Cruz-Diez” será na galeria e, “Cinéticos-Construtivos”, no Stand do evento na Marina da Glória

A partir do dia 24 de setembro, na semana em que a cidade recebe a Feira ArtRio, um dos mais relevantes eventos de arte, Luiz Sève e sua filha, Luciana Sève, à frente da Galeria de Arte Ipanema, inauguram duas importantes exposições.

“A ArtRio já faz parte do calendário carioca e é um excelente veículo de vendas e de divulgação. Participamos com artistas do nosso acervo desde a sua primeira edição, em 2011”, afirma Luiz Sève.

“Sempre procuramos prestigiar a Feira com a inauguração de novas mostras com peças do nosso acervo. É um período fervilhante, quando a cidade recebe muitas pessoas de fora, o que nos impulsiona a abrir uma exposição inédita. Mais do que nunca, nessa época o Rio se torna uma enorme vitrine que reverbera talentos, dos consagrados aos novos e promissores nomes do mercado. Há também os eventos paralelos que integram a programação do evento, atraindo desde os que produzem arte quanto colecionadores ou mesmo aqueles que apenas buscam aprofundar conhecimento na área”, complementa Luciana Sève.

“3 Mestres Modernos: Camargo, Tomasello, Cruz-Diez” apresenta uma seleção de trabalhos dos artistas Sergio Camargo, Cruz-Diez e, Luis Tomasello. Até outubro, a Galeria Ipanema, uma das precursoras do Modernismo, será ocupada pelos cinéticos de Cruz-Diez, pelos relevos em madeira de Tomasello, por uma escultura em mármore e dois relevos de Camargo, entre outras obras bastante representativas selecionadas pelo curador.

A partir do dia 26, no Stand da ArtRio (dia 25 para convidados, no Preview), o público visitante verá uma seleção dos artistas Antonio Maluf, Aluísio Carvão, Cruz-Diez, Dionísio Del Santo, Jesus Rafael Soto, Julio Le Parc, Lygia Clark, Paulo Roberto Leal, Franz Weissmann, Raymundo Collares, em “Cinéticos-Construtivos”, também curada por Paulo Venancio Filho.

Texto curatorial

“Um brasileiro, um argentino, um venezuelano. Este triângulo da geografia artística moderna sul-americana teria ainda um quarto vértice comum na cidade que tão fundamental foi para o desenvolvimento de suas trajetórias artísticas: Paris. Na mítica Galerie Denise René, espaço que congregou várias gerações artísticas construtivas e cinéticas em décadas de exposições, encontraram um ambiente de convivência com as tendências ainda vivas e atuantes do modernismo europeu. Lá, em Paris, mais precisamente na década de 1960, viveram todos os três em períodos variados e coincidentes. É bem possível imaginar um encontro dos três artistas em uma exposição, ateliê ou em um café. Naquela época a Europa atravessava o difícil período do pós-guerra e procurava se regenerar artisticamente; em especial através dos movimentos abstratos geométricos e sua derivação subsequente; a arte cinética. Sergio Camargo (1930-1990), Luis Tomasello (1915-2014) e Carlos Cruz-Diez (1923-2019) vão consolidar sua formação nesse ambiente de contatos, influências, diálogos que caracterizam esses momentos históricos raros de élan intelectual e artístico. Onde mais era possível um jovem artista não só encontrar e conhecer – Brancusi, como foi o caso de Camargo –  e também expor junto com Arp, Vantongerloo, Albers, Van Doesburg, entre outros? E participar de exposições, hoje históricas, como Art Abstrait Constructive International Structures), na Galerie Denise René, em 1961/62, que apresentou tanto os construtivos como os cinéticos, relacionando-os? Na tênue fronteira ou superposição entre o construtivo e o cinético é possível localizar e compreender os trabalhos desses três artistas. A vibração da luz que é provocada em seus trabalhos; o modo como a superfície, principalmente de seus relevos, reage e se modifica, calculada ou aleatoriamente, atua e desestabiliza as nossas certezas visuais. Será que tal aspecto mutável e transformativo era o que atraia esses artistas de culturas em difícil processo de modernização? Acima de tudo é a superfície incerta do relevo, entre a planaridade e a tridimensionalidade, receptiva a elementos circunstanciais que mais se prestam a excitabilidade tanto visual quanto mental empreendida por esses três artistas. A luz é o fenômeno fundamental, e aquele momento único que os impressionistas procuravam captar é por eles “produzido”, alongado e renovado no tempo. Tal empreendimento não foi um evento ocasional, simplesmente explicado pelo contágio parisiense, mas uma determinação artística que se estendeu ao longo de toda a obra dos três. Vistos hoje, há mais de seis décadas após aquele período de efetiva participação na consolidação de uma das tendências artísticas centrais do século XX, não há como não se referir a Camargo, Tomasello e Cruz-Diez senão como mestres modernos.”.

Anunciando Dashiell Manley.

12/set

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, Balneário Camboriú, anuncia a representação do artista Dashiell Manley, baseado em Los Angeles, em colaboração com Jessica Silverman e Marianne Boesky. Conhecido por suas obras que exploram a interseção entre pintura, escultura e vídeo, Dashiell Manley investiga temas como tempo, narrativa e a materialidade da imagem.

O artista possui obras em acervos importantes como The Hammer Museum, JPMorgan Chase Art Collection; Los Angeles County Museum of Art; Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Palm Springs Art Museum, Pomona College Museum of Art e Santa Barbara Museum of Art.

Identidade artística de dois mundos.

09/set

“Re-localizando o Horizonte” inaugurou no Instituto Cervantes de São Paulo, SP. Trata-se de uma exposição coletiva com artistas da Argentina, Cuba, Chile e Brasil que celebra laços históricos, culturais e artísticos que uniram a Espanha à América Latina. Como destacou Gutiérrez Viñuales, catedrático em Arte Latino-americana no Departamento de História da Arte da Universidade de Granada, “a Espanha encontrou na América um espelho cultural onde se olhar e encontrar razões para sua própria identidade, enquanto que a América encontrou na tradição hispânica elementos plausíveis de serem revividos e entrelaçados com sua própria história, sua cultura e, portanto, sua arte, confirmando-se como um sustento da nacionalidade”.

A exposição “Re-localizando o Horizonte” celebra essas conexões, evidenciando como, ao longo do tempo, esses vínculos experimentaram tanto momentos de aproximação quanto de distanciamento. A mostra busca explorar a rica diversidade da arte latino-americana, ao mesmo tempo em que reflete sobre a influência mútua e as complexas relações que forjaram a identidade artística de ambos os mundos.

Curada por Mahara Martínez, a exposição coletiva apresenta uma seleção de obras de artistas latino-americanos que, através de diversos enfoques e meios, exploram a interseção entre a identidade cultural e as experiências pessoais. Os artistas Vero Murphy (Argentina), Mariana Tocornal (Chile), Larry Gonzalez (Cuba), Julia Retz (Brasil), Camila Bardehle (Chile), Nestor Arenas (Cuba), Evelyn Sosa (Cuba) e Renato Almeida (Brasil) oferecem, com suas obras, uma visão única que questiona e reinterpreta o ambiente natural e urbano a partir de uma perspectiva crítica e poética.

A exposição integra o projeto intitulado “Sentidos e sons de uma ilha”, que durante o mês de setembro incluirá eventos de música, exposições, palestras, literatura e cinema cubano.

Em cartaz até 05 de outubro.

Nova representação para Ana Silva

05/set

A Gentil Carioca, Rio de Janeiro e São Paulo, anuncia a representação da artista Ana Silva.

Nascida em Calulo, Angola, a artista vive e trabalha em Lisboa, Portugal, e se expressa por meio da diversidade dos materiais que utiliza. Tela, madeira, metal, tinta acrílica e tecido são elementos que compõem e dão forma à sua arte. Durante suas caminhadas pelos mercados de Luanda, começou a distorcer o uso primário de sacos de ráfia e outros artefatos para um trabalho de memória; de objetos abandonados a objetos revividos: “Não consigo separar meu trabalho da minha experiência em Angola, em uma época em que o acesso a materiais era difícil devido à guerra de independência e à guerra civil. Minha criatividade nasceu da exploração de meu ambiente imediato. Essa experiência teve um grande impacto em minha maneira de trabalhar e em minha vida de modo geral.”

Em 2023 participou das exposições coletivas Ocultas Marés: Ana Silva & Marcela Cantuária, n’A Gentil Carioca São Paulo e Constellation na Galerie MAGNIN-A em Paris, França. Em 2022, realizou a individual Vestir Memórias, na Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea em Almada, Portugal. No mesmo ano, também participou do Festival International des Textiles Extraordinaires, em Clermont Ferrand, na França.

Dois artistas amigos

04/set

Em comemoração aos dez anos de seu espaço no Rio de Janeiro, Nara Roesler traz à cidade dois renomados artistas internacionais, e amigos de longa data: o suíço Not Vital (1948), escultor, pintor e desenhista, e o inglês Richard Long (1945), um dos pioneiros da land art – obras de arte criadas com elementos da natureza e integradas a ela. A abertura da exposição “Mães”, com trabalhos dos dois artistas, será no dia 10 de setembro, às 18h. A exposição permanecerá em cartaz até 26 de outubro.

Richard Long, único artista a ter sido finalista quatro vezes do Turner Prize, que venceu em 1989, foi eleito em 2001 para a Real Academia de Artes da Inglaterra, e nomeado “Sir”. Ele fará uma instalação criada especialmente para a exposição, com elementos encontrados na cidade. Richard Long costuma usar pedaços de madeira e pedras, em seus trabalhos. Ele e Not Vital têm em comum um espírito nômade, embora sempre ligados às suas raízes familiares. A mãe de Richard Long, Frances, oriunda de uma família de Bristol, Inglaterra, nasceu no Rio de Janeiro, em função do trabalho de seu pai para a fabricante de carros Hispano-Suiza. Richard Long também admirava muito a mãe de Not Vital, Maria, com quem convivia nas visitas ao amigo em sua casa em Sent, no vale Engadine, leste da Suíça. Quando ela fez cem anos, em 2016, Richard Long dedicou a ela uma nova edição de sua célebre série iniciada em 1971, “A Hundred Mile Walk” – uma caminhada de cem milhas, quase 161 quilômetros – e percorreu a distância entre Stonehenge e a nascente do Tâmisa.

“Sou um escultor que pinta”, salienta Not Vital, que desde 2008 pinta retratos, e mais tarde o que chama de “autorretratos”, em que “das muitas aplicações e remoções das camadas de tinta emerge uma imagem”. “Às vezes preciso me pintar três vezes, ou duas, ou apenas uma, porque a cada dia nos vemos de maneira diferente”. Ele explica que inicialmente fazia um rosto “com olhos e cabelo”, mas que depois percebeu que “bastava ter um nariz”. “Quero chegar com essas pinturas a um momento de sentimento. Elas não têm a ver com formas ou cores, e sim muito com as emoções”. “É muito importante o que está em volta, o que alguns chamam de aura”, diz.

Autor de grandes esculturas colocadas ao ar livre, espalhadas pelo mundo, Not Vital também gosta de criar em formatos menores, em vários materiais, como aço ou gesso. “Gosto muito de gesso, pois é o que mais se assemelha à neve. Tenho que trabalhar rápido, porque endurece muito rapidamente”, diz. Uma das esculturas em gesso é “Pão de Açúcar” (2022). “É claro que se você é das montanhas, você sempre está interessado nelas”, afirma Not Vital.

Not Vital é notabilizado também por ter expandido a escultura em direção à arquitetura com a criação de suas “casas-esculturas”. Ele cunhou o termo Scarch, a junção, em inglês, das palavras “escultura” e “arquitetura”, para definir obras construídas ao redor do mundo, com material disponível no local. No Brasil, Not Vital fez exposições individuais no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 2015 – a primeira na América do Sul -, “Saudade”, de novembro de 2018 a março de 2019, e “A vida é um detalhe”, de novembro de 2022 a fevereiro de 2023, ambas na Nara Roesler São Paulo. Ele participou das coletivas “Aberto/01”, na Casa Oscar Niemeyer, em São Paulo, em 2022, “Ar livre: esculturas de grande escala na Fazenda Boa Vista”, entre julho de 2020 a fevereiro de 2021, e “Roesler Hotel #29: Reflectionson Time and Space”, com curadoria de Agnaldo Farias, de 1º de abril a 11 de maio de 2019, na Nara Roesler São Paulo.

Richard Long é descrito no site da Tate, prestigiosa instituição de arte da Inglaterra, como o tendo expandido a ideia de escultura, de modo a integrar a arte conceitual e a performance. Na inauguração da Tate Modern, em Londres, em 2000, a obra “Red Slate Circle”, de Richard Long, uma escultura circular com rochas e limo, esteve na mesma sala que uma grande pintura da série “Water Lilie”, de Claude Monet (1940-1926). Ao invés de se sentir “cooptado” pelo sistema de arte, com as honrarias recebidas, ele disse ao jornal “The Guardian” que achava bom ter “alguém como ele para dar credibilidade” aos conselhos britânicos e de arte. “Estou fazendo um favor a eles”, brincou.