Novidade da Galatea em Salvador

04/mar


A Galatea tem a alegria de anunciar que Alana Silveira é a Diretora da
Galatea Salvador. Alana atua no setor cultural da cidade de Salvador,
onde nasceu, há mais de uma década. Acompanhando José Adário nos
últimos anos, operou a interlocução entre a Galatea e o artista,
resultando na sua individual, que inaugurou a Galatea São Paulo em
novembro de 2022. De lá para cá, foi liaison de Adário e possibilitou o
estreitamento dos laços da Galatea com a cena artística da capital da
Bahia, pavimentando a chegada da galeria na cidade.

Sobre Alana Silveira
Entre os seus projetos de destaque no campo das artes visuais, estão:
co-curadoria de Cais (Galatea Salvador, 2024); curadoria de Alágbedé
– Retrospectiva José Adário dos Santos (Caixa Cultural Salvador,
2023), mostra ganhadora do prêmio de melhor exposição individual do
Brasil no ano de 2023 pela revista Select; curadoria de Alagbedé – O
Ferreiro dos Orixás (Salvador, 2022); curadoria e direção artística de
InstruMentes – música para (re)invenção (Salvador, 2019),
contemplado no edital Rumos Itaú Cultural; produção de Ori
Tupinambá (Caixa Cultural Salvador, 2023); produção executiva na 3a
Bienal da Bahia (2015).

 

Por dentro dos Museus

26/fev

A Lustinha, novo selo na Luste, Ateliê Editorial & Multimídia de Marcel Mariano, chega ao circuito editorial e cultural para apresentar sua primeira publicação: “Por dentro dos Museus”. Um box acondiciona livros com narrativas, curiosidades e explicações de museus selecionados em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Uma série informativa, didática, porém leve e divertida que vai se infiltrar nos museus com os olhos de criança. Tudo para tornar essa experiência muito mais gostosa e divertida”, explica Lica Barros que idealizou o projeto e assina alguns textos em parceria com Monica Figueiredo, responsável pela concepção.

Ciente da importância dos museus para formação cultural de um país, a Lustinha traduz este conceito da conexão entre o passado, presente e futuro em uma linguagem acessível incluindo curiosidades e detalhes da arquitetura e das obras além de explicar termos próprios do segmento como acervo, técnicas, expografia e nomes dos principais artistas e profissionais envolvidos tanto em sua construção como criação. Com a série, que vai abarcar outras praças e instituições pelo Brasil e pelo mundo, coloca leveza na definição de que ao olhar para o passado pode-se conhecer o que foi feito para aprimorar mecanismos que podem influenciar o presente para que novos conhecimentos e técnicas sejam disponibilizadas para a sustentabilidade e informações das futuras gerações.

“Por dentro dos Museus” registra nove instituições em quatro cidades diferentes e, em cada uma, destaca 10 artistas que servem como introdução a um primeiro contato com sua coleção. Em São Paulo, tem-se o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). No Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã, Museu de Arte Moderna do Río de Janeiro (MAM-Rio) e Museu de Arte do Rio (MAR). Em Belo Horizonte, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) e em Brumadinho, o Instituto Inhotim.

Todas estas instituições – museus – estão a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, abertas a todos os públicos, que também funcionam como centros culturais reunindo atividades como música, dança, teatro, fotografia, literatura, gastronomia e todo tipo de arte. Suas funções primordiais incluem as de conservar, investigar, comunicar e expor o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e encanto. São estas histórias que a Lustinha, de Lica Barros, quer apresentar e aproximar de seu público!

O evento

Lançamento do box “Por dentro dos Museus”, Editora Lustinha, em 03 de março, domingo, das 15 às 18hs na Livraria da Travessa, Rua dos Pinheiros, 513, Pinheiros, São Paulo, SP. Idealização de Lica Barros, concepção de Monica Figueiredo com pesquisa e textos de Lica Barros, Carolina Porne e Beatriz Alves com patrocínio de Machado & Meyer Advogados.

Itaú Cultural visita a Fundação Iberê Camargo

23/jan

A mostra “Livros de Artista na Coleção Itaú Cultural” faz sua primeira itinerância do ano na Fundação Iberê Camargo, Cristal, Porto Alegre, RS. Ao todo, são mais de 40 obras do acervo do Itaú Cultural chegando em Porto Alegre com foco nos artistas brasileiros na transição entre o Moderno e o Contemporâneo. Trata-se da oitava itinerância da mostra e inaugura as viagens em 2024 deste recorte do acervo de livros de artista do Itaú Cultural, entre eles, os gaúchos Carlos Scliar, Glauco Rodrigues, Glênio Bianchetti, Regina Silveira e Rochelle Costi.

Narrativas em Processo: Livros de Artista na Coleção Itaú Cultural chega a Porto Alegre depois de percorrer por sete cidades do país – a última foi no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro. Na capital gaúcha, permanecerá em cartaz na Fundação Iberê Camargo de 03 de fevereiro a 31 de março, e exibe um percurso de mais de 80 anos desse tipo de produção no cenário brasileiro. Felipe Scovino assina a curadoria da mostra onde as obras estão distribuídas em cinco eixos: Rasuras, Paisagens, Álbuns de Gravura, Uma Escrita em Branco e Livros-objetos.

Rasuras reúne peças que se colocam à margem de uma narrativa obediente ao pragmatismo. É o lugar de uma escrita que nasce para não ser compreendida, que é oferecida ao mundo com certo grau de violência e gestualidade, a exemplo de Em Balada (1995), de Nuno Ramos, cujo rastro do projétil atravessa o volume e se transforma em signo de leitura.

Os livros de Adriana Varejão, Artur Barrio e Fernanda Gomes, que compõem parcialmente a série As Potências do Orgânico (1994/95), e o livro de Tunga são índices de corpos transmutados em livros – estão lá vísceras, sangramentos, machucados, e no caso de Tunga, um componente erotizante.

Lais Myrrha também pode ser vista com o Dossiê Cruzeiro do Sul (2017), que questiona politicamente a constelação do Cruzeiro do Sul invertida na bandeira do Brasil; Aline Motta, com Escravos de Jó (2016), sobre um Brasil necropolítico, e Rosângela Rennó, com 2005-510117385-5 (2009), criada com reproduções de fotos furtadas e posteriormente encontradas e devolvidas à Biblioteca Nacional, seu lugar de origem.

No eixo Paisagens os livros dos artistas podem problematizar a paisagem enquanto um labirinto sensorial, como é a obra de Jorge Macchi; a paisagem como uma partitura que logo se transforma em desenho, como em Montez Magno e Sandra Cinto; evidenciar uma ampla gama de paisagens sociais atreladas a questões fundamentais para a compreensão do Brasil enquanto sociedade plural, como são os casos de Dalton Paula, Lenora Barros, Rosana Paulino e Eustáquio Neves.

Ainda, evidenciar a relação entre cosmogonias e povos originários, no caso de Menegildo Paulino Kaxinawa. Além disso, há uma produção realizada nos últimos cinco anos que se volta com uma potência crítico-social sobre a paisagem política brasileira, como pode ser observado na atmosfera de cinismo e niilismo que ronda o Livro de colorir, de Marilá Dardot, e O Ano da Mentira, de Matheus Rocha Pitta.

Álbuns em tiragem limitada estão concentrados no eixo Álbuns de gravura, composto de obras de artistas visuais que tiveram atuação determinante na passagem do moderno ao contemporâneo no Brasil. Concentra distintas análises, que exploram a reflexão sobre o diálogo entre a produção artística e os meios de experimentação, tendo o livro como forma e a serialidade como meio.

Carlos Scliar, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti, que fundaram o icônico Grupo de Bagé, por exemplo, estão presentes em Gravuras Gaúchas (1952). O Meu e o Seu (1967), de Antonio Henrique Amaral, entre outros, têm a violência, o sexo e a política como temas recorrentes, com aparições de bocas, seios e armas, no primeiro caso, e de um nu tendendo ao expressionismo, no segundo. Uma das séries adquiridas pela Coleção Itaú Cultural recentemente, presente neste eixo, é Aberto pela aduana, de Eustáquio Neves, projeto selecionado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020. Outras aquisições recentes em exibição na mostra são Anotações Visuais, de Dalton Paula; Búfala e Senhora das Plantas, de Rosana Paulino; …Umas, de Lenora de Barros; e Reprodutor, de Rochelle Costi.

De Regina Silveira tem Anamorfas (1980), uma subversão dos sistemas de perspectiva. A mostra também conta com espaço para a xilogravura: Pequena Bíblia de Raimundo Oliveira (1966), com texto de Jorge Amado, e Das Baleias (1973), de Calasans Neto, acompanhado de um poema de Vinicius de Moraes. A literatura de cordel é o referente para essas obras. Na exposição, este gênero literário não se apresenta apenas como uma expressão da cultura brasileira, mas como um livro e uma narrativa produzidos manualmente pelo próprio artista.

No núcleo Uma escrita em branco, os visitantes encontrarão neste espaço livros que evidenciam a forma, o peso e a estrutura da obra ao invés da palavra, como Brígida Baltar, com Devaneios/Utopias (2005), Débora Bolsoni, com Blocado: A Arte de Projetar (2016), e Waltercio Caldas, com Momento de Fronteira (1999) e Estudos sobre a Vontade (2000).

Em outro extremo, O Livro Velázquez (1996) e Como Imprimir Sombras, ambos de Waltercio Caldas, e Caixa de Retratos (2010), de Marcelo Silveira, o leitor/visitante é deixado em um estado de perda de referências, pois a linguagem impressa no livro é turva, não se exibe com exatidão.

Por fim, o eixo Livros-objetos reúne e homenageia os pioneiros no Brasil dos chamados livros-objetos e sua intersecção direta com a poesia concreta. São três livros feitos em parceria entre Augusto de Campos e Júlio Plaza: Caixa Preta (1975), Muda Luz (1970) e Objetos (1969).

Sobre a Fundação Iberê Camargo

Iberê Camargo construiu, ao longo de sua carreira, uma imagem sólida de trabalho e profissionalismo. O resultado desse esforço e olhar para a arte estão preservados na fundação que leva o seu nome. Neste espaço, o objetivo é o de incentivar a reflexão sobre a produção contemporânea, promover o estudo e a circulação da obra do artista e estimular a interação do público com a arte, a cultura e a educação, a partir de programas interdisciplinares. O artista produziu mais de sete mil obras, entre pinturas, desenhos, guaches e gravuras. Somando-se a esta ampla produção artística, estão diversos documentos que complementam suas obras e registram sua trajetória, já que o artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, tiveram como preocupação constante a preservação da documentação e de sua produção. Toda a coleção compõe o Acervo Artístico e o Acervo Documental da instituição. São 216 pinturas que abrangem o período de 1941 a 1994; mais de 1500 exemplares de gravuras em metal, litografias, xilogravuras e serigrafias; e mais de 3200 obras em desenhos e guaches. Entre suas obras, destaque para um autorretrato pintado a óleo sobre madeira. Livre das regras do academicismo, Iberê sempre buscou o rigor técnico, mantendo-se fiel às suas memórias (o “pátio da infância”), e ao que considerava ético e justo. Sua pintura expressa este não alinhamento com os movimentos e as escolas. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries que marcaram sua trajetória, como “Carretéis”, “Ciclistas” e “As Idiotas”.

Coleção Itaú

Todas as peças desta exposição pertencem ao acervo do Banco Itaú, mantido e gerido pelo Itaú Cultural. A coleção começou a ser criada na década de 1960, quando Olavo Egydio Setubal adquiriu a obra “Povoado numa planície arborizada”, do pintor holandês Frans Post. Atualmente reúne mais de 15 mil itens entre pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, filmes, vídeos, instalações, edições raras de obras literárias, moedas, medalhas e outras peças. Formado por recortes artísticos e culturais, abrange da era pré-colombina à arte contemporânea e cobre a História da Arte Brasileira e importantes períodos da História da Arte mundial. Segundo levantamento realizado pela instituição inglesa Wapping Arts Trust, em parceria com a organização Humanities Exchange e participação da International Association of Corporate Collections of Contemporary Art (IACCCA), esta é a oitava maior coleção corporativa do mundo e a primeira da América do Sul. As obras ficam instaladas nos prédios administrativos e nas agências do banco no Brasil e em escritórios no exterior. Recortes curatoriais são organizados pelo Itaú Cultural em exposições na instituição e exibidas em itinerâncias com instituições parceiras pelo Brasil e no exterior, de modo a que todo o público tenha acesso a elas e tendo alcançado cerca de 2 milhões de pessoas. Em sua sede, em São Paulo, o Itaú Cultural dedica duas mostras voltadas para as coleções “Brasiliana” e “Numismática”, expostas de forma permanente no Espaço Olavo Setubal e no Espaço Herculano Pires – Arte no dinheiro.

 

O Brasil em foco no MAR

09/jan

Apresentada pelo Instituto Cultural Vale e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), a mostra agora em cartaz no MAR, conta com a curadoria de Lilia Schwarcz, Paulo Vieira, Márcio Tavares, Rogério Carvalho e com o acompanhamento curatorial de Marcelo Campos, Amanda Bonan e Amanda Rezende, da equipe do MAR, que contribui com 68 obras da coleção, sendo que 18 delas nunca foram expostas ao público, como um oratório do século XVIII e um adorno do povo Baniwa, do século XX.

As questões da igualdade, da diversidade, da conquista dos direitos civis, bem como políticas de reparação, acolhimento e cidadania são os temas que perpassam a exposição Brasil Futuro: As formas da democracia, no Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, até 03 de março.

Com o sucesso da parceria com o MAR, a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e o CAF assinaram um memorando de entendimento ampliando as ações no setor cultural para toda a América Latina e Caribe. O Museu de Arte do Rio pertence à Prefeitura do Rio de Janeiro e sua gestão é feita pelo organismo internacional desde 2021. Brasil Futuro é dividida em três núcleos e conta com mais de 250 obras de artistas consagrados como Djanira, Mestre Didi, Tarsila do Amaral, juntamente com contemporâneos como Denilson Baniwa, Bastardo, Victor Fidélis e Daiara Tukano que integram a mostra.

Para o Museu de Arte do Rio, receber uma exposição que coloca em pauta as questões da democracia brasileira é extremamente importante e necessário. “A história da retomada da democracia no Brasil através da arte é o ponto de partida de Brasil Futuro. Para o Museu de Arte do Rio é, sem dúvida, essa mostra ajudará a promover para os nossos visitantes um debate que trata prioritariamente da democracia, dos direitos humanos e da igualdade. Tais temas corroboram com a missão do Museu de Arte do Rio de ser um espaço de trocas de conhecimento e da pluralidade”, afirma Leonardo Barchini, Diretor e Chefe da Representação da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) no Brasil, instituição que faz a gestão do MAR.

MUSEU DE ARTE DO RIO

O MAR é um museu da Prefeitura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais. “O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa um espaço de fortalecimento do acesso à cultura, ao ensino e à pluralidade intimamente relacionado com o território ao qual está inserido. Além de contribuir para a formação nas artes e na educação, tendo no Rio de Janeiro, com sua história e suas expressões, a matéria-prima para o nosso trabalho”, comenta Leonardo Barchini, diretor da OEI no Brasil. Após o início das atividades em 2021, a OEI e o Instituto Odeon celebraram a parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, a partir de quando o Instituto Odeon passa a auxiliar na correalização da programação. O MAR tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor, o Itaú Unibanco e a Globo como patrocinadores master, e a Nadir Figueiredo como patrocinadora. São os parceiros de mídia do MAR: a Globo e o Canal Curta. A Machado Meyer Advogados e a Icatu, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, também apoiam o MAR. O MAR conta ainda com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, também via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira

21/dez

Com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, foi aberta ao público em 16 de dezembro e permanecerá em cartaz até 18 de março de 2024. A mostra reúne obras produzidas por 61 artistas negros, de diferentes regiões, nos últimos dois séculos no Brasil. São cerca de 150 pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e documentos abordando uma variedade de temáticas, técnicas e descritivos, distribuídos pelos cinco andares do CCBB, São Paulo.

“O propósito da mostra é um diálogo transversal e abrangente da produção artística afro-brasileira no país”, explica o curador Deri Andrade, pesquisador, jornalista, curador assistente no Instituto Inhotim e criador da plataforma Projeto Afro de mapeamento e difusão de artistas negros/as/es da cultura afro-brasileira. A exposição é um desdobramento do Projeto Afro, em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 300 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000. “A exposição traz outra referência e um novo olhar da arte nacional aos visitantes”, afirma o curador. “A história da arte do Brasil apaga a presença negra e o artista negro do seu referencial”, completa.

Cinco eixos, cinco artistas. Assim foi desenhada a exposição que, a partir de cinco nomes centrais, revela diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade e discute eixos temáticos em torno de artistas negros emblemáticos: Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro, RJ,1882-1922), Lita Cerqueira (Salvador, BA, 1952), Maria Auxiliadora (Campo Belo, MG, 1935-São Paulo, SP,1974), Mestre Didi (Salvador, BA,1917-2013) e Rubem Valentim (Salvador, BA,1922-São Paulo, SP, 1991). 

Cada um dos nomes acima lidera, respectivamente, um eixo: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão (sobre engajamento político e direitos), Orum (sobre as relações espirituais entre o céu e a terra, a partir do fluxo entre Brasil e África) e Cotidianos (discussão sobre representatividade).

 

Dois artistas argentinos em foco

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, encerra 2023 fortalecendo seus laços com o Malba – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, ao trazer para São Paulo “Yente – Del Prete. Vida venturosa”, mostra organizada e apresentada no museu argentino em 2022, mesmo ano em que receberam a retrospectiva de Anna Maria Maiolino, organizada originalmente pela instituição cultural paulistana. Até 18 de fevereiro de 2024. 

Focada no casal de artistas Eugenia Crenovich (Eugenia Crenovich, Buenos Aires, Argentina, 1905-1990), conhecida como Yente, e Juan Del Prete (Vasto, 1897 – Buenos Aires, 1987), a presente exposição, com curadoria da pesquisadora e curadora-chefe do Malba, María Amalia García, ressalta a sinergia criativa do casal e o vínculo amoroso como uma forma de abordar o fazer artístico.

Durante mais de 50 anos, Yente e Juan Del Prete não só compartilharam a vida de casal, mas também trocaram diariamente ideias sobre arte. Realizaram inúmeras exposições individuais e participaram de diferentes coletivas, porém nunca expuseram juntos. Esta exposição reúne-os pela primeira vez com uma seleção de mais de 150 obras, entre pinturas, esculturas, tapeçarias, desenhos e livros de artista, abrangendo a ampla gama de suas carreiras, das décadas de 1930 a 1980. Existem dois elementos constantes na produção do casal: o trânsito entre figuração e abstração, abrangendo diversos estilos e a experimentação marcante de materiais. Na paixão pelo fazer, Yente e Del Prete se apropriaram das múltiplas correntes da arte moderna através de diversas referências, sempre usando os materiais como meios de experimentação.

Nas palavras de Maria Amalia García: “A transição entre figuração e abstração foi uma constante no casal, abrangendo vários estilos (cubismo, surrealismo, abstração, expressionismo, entre outros), bem como uma marcada experimentação, tanto com materiais de arte (suportes diversos, têmperas, tintas, tintas a óleo trabalhadas com pincel e espátula; extensos empastamentos e gotejamentos), bem como com uma vasta gama de elementos de bricolagem e materiais descartados. Yente e Del Prete, na sua paixão irreprimível pelo fazer, apropriaram-se do cânone da arte moderna através de diversas referências, correntes e representações”, destaca a curadora. As peças expostas são provenientes principalmente da Coleção Yente – Del Prete, dirigida por Liliana Crenovich (sobrinha da artista) e de importantes coleções privadas e públicas argentinas, como o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires e a Coleção Amalita, entre outros.

 

Embora a abstração tenha sido um caminho de exploração criativa que os uniu de maneira fundamental, a mostra não se limita a esse recorte, percorrendo ambas as trajetórias e abrangendo o arco completo de suas ricas experimentações. “Vida Venturosa” é organizada em dois grandes núcleos: “A união na abstração” e “Voracidade”, que são divididos em subnúcleos, atravessando mais de cinquenta anos de produção. Apesar das diferenças entre si – ele, um imigrante italiano instalado no bairro de La Boca e formado sob tutela dos pintores do bairro; ela, de Buenos Aires, graduada em filosofia e a caçula de uma família judia abastada de origem russa – o casal percorreu um caminho conjunto de pesquisa artística através de diversas linguagens e materiais. Se conheceram no inverno de 1935, quando Del Prete já havia passado três anos na Europa, onde dedicou-se à experimentação com a colagem e à abstração, expondo em companhia da vanguarda construtivista parisiense. De volta a Buenos Aires, realizou duas exposições emblemáticas, onde apresentou fotomontagens, pinturas abstratas, colagens com cordões e chapas metálicas, esculturas em gesso esculpido e projetos de decoração, gerando rejeição e incompreensão na cena artística portenha. Paralelamente a seus estudos de filosofia, Yente realizava retratos familiares e caricaturas e ilustrações para revistas. No início dos anos 1930 ampliou sua formação plástica em passagem pelo Chile. Depois do encontro com Del Prete, começou sua pesquisa na abstração e por volta de 1937 produziu composições biomórficas: núcleos arredondados e coloridos que às vezes apresentam elementos figurativos. Nos anos 1940 seguiu com propostas mais construtivas, escolha que a levou a destruir sua obra anterior, ação em consonância com as sistemáticas destruições de Del Prete, em seu caso justificadas pela falta de espaço. Contudo, a produção aniquilada de Yente não foi documentada como a dele. O casal não escapou aos papéis de gênero vigentes à época, e a carreira de Del Prete foi privilegiada. Nada do entorno do casal parece ter ficado sem exploração em seus trabalhos. Para além de posição crítica diante das modas, Yente e Del Prete tiveram empatia e flexibilidade para se deixarem atrair pelas diversas possibilidades que a visualidade abria. Segundo Maria Amalia García, “Em um constante ir e vir entre figuração e abstração, durante os anos 50 e 60 abraçaram a experimentação pictórica, a colagem, a montagem de objetos e os têxteis. Ainda que de maneiras diferentes, foram vorazes apropriadores de estilos, materiais e técnicas. As anedotas da arte argentina remetem à “gula” de Del Prete para se referir a sua desenfreada produção. Yente, embora mais moderada em seus procedimentos, não foi por isso menos voraz. Sua obra se desdobrou em diversos suportes: não apenas se dedicou ao desenho, à pintura, aos relevos e à escultura, mas também expandiu seu trabalho aos têxteis, aos livros de artista e ao trabalho de arquivo”, completa.

 

 

Conversas entre Coleções

06/dez

Em “Conversas entre Coleções” contamos com seis dos mais importantes acervos particulares. Propusemos-lhes o desafio de estabelecer conexões entre suas obras e aquelas da Coleção Roberto Marinho.

Além da qualidade dos trabalhos apresentados temos a oportunidade de observar seus critérios de reunião: diálogos em duplas; estabelecimento de parentescos e entornos de artistas reconhecidos com outros ainda em pouca evidência; diálogos de tempos diversos, intencionais ou reunidos pelo acaso; a trajetória brasileira de dois artistas judeus com migração provocada pela eclosão de guerras e perseguições na Europa da primeira metade do século XX; paisagens, geografias, mapas, ações afirmativas e questionamentos étnicos.

Uma rara reunião que é um convite ao prazer, à educação visual e à reflexão. Um momento mágico no qual produções de tempos e geografias tão díspares vivem juntas em nossa presença e sensibilidade. Tesouros e incentivos na construção diária de nossas vidas: um hoje composto de pretérito e futuro.

Lauro Cavalcanti

Diretor-Executivo da Casa Roberto Marinho

 

Conjunto ímpar na Art Basel Miami Beach

Para a feira Art Basel Miami Beach 2023, entre 06 – 10 dezembro, no Miami Beach Convention Center 1901, Convention Center Drive Miami Beach, FL, a Simões de Assis reuniu um conjunto ímpar de artistas que se conectam e se aproximam por suas relações com a abstração espiritual ou intuitiva. Ainda que saibamos que as abordagens mais comuns na arte brasileira e latino-americana sejam concretistas, racionalistas, cartesianas ou mesmo matemáticas, a abstração também pode ser igualmente associada ao metafísico, ao etéreo e ao intuitivo. A seleção inclui obras de Abraham Palatnik, Ascânio MMM, Ayrson Heráclito, Carmelo Arden Quin, Emanoel Araujo, Gabriel de la Mora, Gonçalo Ivo, Heitor dos Prazeres, Ione Saldanha, Lygia Clark, Mano Penalva, Mestre Didi, Rodrigo Torres, Rubem Valentim, Serge Attukwei Clottey, Sergio Camargo e Zéh Palito – trabalhos que são articulados por suas naturezas ritualísticas, espirituais, mitológicas, folclóricas e cosmológicas. Mesmo nos tensionamentos entre a abstração informal, geométrica e a figuração, este conjunto enfatiza como diferentes materiais e meios contribuem para a expansão das possibilidades da abstração entre artistas de diferentes origens, gerações e suportes.

Exposição comemorativa no Quitandinha

30/nov

“Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, no Centro Cultural Sesc Quitandinha, revela fatos e artistas apagados da história oficial. O Sesc Rio de Janeiro tem o prazer de convidar, no dia 1º de dezembro de 2023, a partir das 10h, para a inauguração da exposição “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, que abre as celebrações dos 80 anos do espaço inaugurado em 1944 como hotel-cassino, e que hoje sedia o Centro Cultural Sesc Quitandinha. A grandiosa exposição tem curadoria geral de Marcelo Campos, e é composta por seis núcleos. O público é recebido por um mapa do século 18, e pelas primeiras referências da presença de negros na Freguesia de Nossa Senhora de Inhomirim, base do povoamento da região, por meio da navegação do rio Piabanha e das fazendas que exploravam o trabalho escravizado, que deu origem à cidade que hoje conhecemos como Petrópolis. A mostra será acompanhada por uma programação cultural gratuita.

“Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos” irá destacar inicialmente as tecnologias trazidas pelos africanos, suas lideranças, e a quitanda-assentada no local onde está o Quitandinha – operada por mulheres pretas, e responsável por parte expressiva da economia do século 19. A palavra é derivada de kitanda, “feira”, e kutanda,”ir para longe”, no idioma quimbundo, falado em Angola, origem de muitos africanos que formam a grande população afro-brasileira.Vários artistas contemporâneos participam deste núcleo. Em outro segmento, Anna Bella Geiger (1933) ocupa um lugar central, com um documentário sobre ela feito especialmente para a exposição, e com obras que participaram da 1ª Exposição de Arte Abstrata, em 1953. Para se ter uma ideia do ambiente glamuroso do local em sua época de cassino, de 1944 a 1946, vários itens do mobiliário e da decoração foram recriados, além de uma galeria com reproduções de fotografias de época, pertencentes ao Instituto Moreira Salles. Bailes Black, de carnaval, funk, jambetes, Furacão 2000, nos anos 1970, também terão registros na exposição.

Dois importantes artistas negros, que tiveram forte presença no antigo hotel-cassino, ganham visibilidade e são homenageados. Tomás Santa Rosa (1909-1956), pintor, ilustrador, responsável pela inovação no design de capas de livros – “Cacau” (1934), de Jorge Amado, e “Caetés” (1933), de Graciliano Ramos, são exemplos – e importante cenógrafo – a peça “Vestido de Noiva” (1943), de Nelson Rodrigues, em 1943, marco no teatro brasileiro – e autor dos murais da piscina e do café-concerto, e da pintura decorativa de biombos do Quitandinha. Em outros dois espaços do CCSQ serão reproduzidas as decorações de carnaval do Rio, feitas por ele em 1954. Ativista dos movimentos étnico-raciais, trabalhou de 1947 a 1949 no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento (1914-2011). Já o gaúcho Wilson Tibério (1920-2005) fez nos salões do Quitandinha, em 1946, uma exposição com cerca de 130 obras. Militante político e antirracista, foi viver na França, fez constantes viagens à África, onde pesquisou o cotidiano das populações e ritos afro-brasileiros, criando várias pinturas, e participando de eventos sobre artes negras, como o 1º Congresso de escritores e artistas negros na Universidade de Sorbonne, Paris, em 1951, e do 1º Festival Mundial de Artes Negra, em Dacar, em 1966, hoje em dia um evento emblemático.

“Pensar e celebrar os 80 anos do Quitandinha, focando em arte e cultura, é rever uma história, sublinhar fatos, em sua maioria, desconhecidos, e cuidar para que uma sociedade desigual não permaneça”, afirma Marcelo Campos. “O Quitandinha foi protagonista nas relações da paz mundial, com a assinatura, em 1947, do tratado que se tornaria, anos depois, na Organização dos Estados Americanos, a OEA. Dois importantes artistas brasileiros, Tomás Santa Rosa e Wilson Tibério, realizaram murais e exposições neste local. A primeira mostra de arte abstrata do Brasil aconteceu lá. Portanto, a exposição “Da Kutanda ao Quitandinha” atravessará parte dessa história sob um olhar atual. Levantamos imagens de imprensa importantes e raras. Entrevistamos Anna Bella Geiger, uma das participantes da exposição de Arte abstrata”, assinala. “Realizar esta exposição é evidenciar a centralidade do Quitandinha, hoje, Centro Cultural Sesc, na realização de ações culturais”.

Até 25 de fevereiro de 2024.

Laura González: Nova Consultora

13/nov

É com grande entusiasmo que a Galatea anuncia que Laura González passa a colaborar como Consultora de Desenvolvimento do Programa Internacional, ajudando a expandir os horizontes de nossos artistas e projetos.

Laura é historiadora da arte, consultora e estrategista cultural baseada em Londres. Ela é co-fundadora da themust.co: uma nova plataforma de e-commerce que vende objetos funcionais criados por artistas, utilizando moda e design como oportunidades para cultivar novas comunidades de colecionadores e apoiadores de arte.

Desde 2015, atua como consultora privada e curadora de coleções de arte moderna e contemporânea na América Latina, Europa e Estados Unidos. De 2011 a 2015, co-fundou e dirigiu o departamento de Arte Latino-Americana na Phillips em Nova York, amplamente reconhecido por expandir no mercado internacional o alcance de artistas conceituais e abstratos da região.

Nascida e criada em San Juan, Porto Rico, Laura possui bacharelado em História da Arte pela Universidade de Yale e mestrado pelo Courtauld Institute. Durante seus estudos em Yale, voltou-se para o modernismo da Europa Ocidental enquanto trabalhava como curadora bolsista na galeria de arte da universidade. No Courtauld Institute, se especializou em práticas experimentais na arte latino-americana e do leste europeu a partir dos anos 1950 até o presente, escrevendo sobre os desafios que essas perspectivas trazem para abordagens críticas tradicionais.