Brecheret em exposição homenagem

06/jun

O Liceu de Artes e Ofícios, Luz, São Paulo, SP, comemora 150 anos com exposição – até 12 de agosto – em homenagem a Victor Brecheret. A mostra, que discute a escala das obras produzidas por um dos alunos mais ilustres da escola, tem curadoria de Fernanda Carvalho e Ana Paula Brecheret, neta do artista.

Um dos principais centros de ensino da cidade de São Paulo, o Liceu de Artes e Ofícios comemora 150 anos em 2023 e, para celebrar a data, homenageia um dos seus principais e mais ilustres alunos, o escultor Victor Brecheret. Intitulada Victor Brecheret: o mestre das formas, e realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret, a mostra apresenta a trajetória de um dos maiores nomes da escultura do país e do mundo. Com curadoria de Fernanda Carvalho e co-curadoria de Ana Paula Brecheret, neta do artista, a mostra será aberta ao público no dia 20 de maio no Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Nascido na Itália, Brecheret emigrou para o Brasil ainda nos primeiros anos de vida. Um dia, caminhando pelo Viaduto do Chá, enquanto ainda trabalhava consertando sapatos com a família, o jovem Victor Brecheret – na época com 15 anos – achou um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin, e percebeu ali, naquele momento, que era aquilo que gostaria de fazer, comentando com sua tia, que o levou até o Liceu e o matriculou no curso de Desenho e Modelagem, onde estudou por dois anos. Assim nascia uma profícua relação que formaria um dos mais geniais artistas brasileiros. Foi lá que teve os primeiros contatos com a escultura, e esse período na escola serviu como base para que depois o artista fosse estudar em Roma, e se tornasse um dos principais nomes responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional. Ao longo de sua profícua carreira, Brecheret transitou entre as cidades de São Paulo, Paris e Roma.

A exposição, que ocupa o primeiro pavimento do Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, reúne 14 obras de coleção particular, divididas em seis núcleos, datadas entre as décadas de 1910 e 1950. Nela, a curadoria busca discutir a escala das obras produzidas pelo artista ao longo de sua trajetória.

“Brecheret aproveitou-se de muitas tradições do fazer e de diversos materiais, executando desde obras monumentais com mais de trinta figuras de 6 metros de altura cada até pequenas peças representando dançarinas voláteis, mitos polivalentes e paixões estilizadas”, afirma Fernanda Carvalho.

Em “Victor Brecheret: o mestre das formas” o intuito é elucidar as contraposições trabalhadas pelo escultor. Segundo a curadoria, “a ideia é percorrer o amplo arco temático da produção do artista que dialogou com o sagrado e o profano, o masculino e o feminino, o oriente e o ocidente, a cultura dos povos originários e a mitologia, apresentadas em obras multiformes e de diferentes épocas históricas”.

Dividido em 6 núcleos – “Núcleo Modernidades – Figura de convite”, “Núcleo Vanguardas”, “Núcleo Memórias”, “Núcleo Modernismos – Contextos”, “Núcleo Tecnologia” e por fim, “Núcleo Múltiplas sintaxes” – o percurso expositivo da exposição propõe exames breves, mas densos de aspectos emblemáticos da trajetória do escultor a partir de suas próprias peças. Neles, os visitantes encontrarão memórias pessoais, iconografias, réplicas digitais, e a manipulação de materiais envoltos, cada qual, em ambientações cenográficas criadas especialmente para eles.

O Núcleo Modernidades – Figura de convite, propõe um diálogo entre peças produzidas por Brecheret e outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, por meio de um podcast criado pelas curadoras, com conversas imaginárias e emocionais que aproximam os personagens expostos; como a obra Dama Paulista (Retrato de Dona Olivia Guedes Penteado), de Brecheret, e Diana, deusa da Caça, de Houdon. Na conversa roteirizada pela curadoria, ambas mulheres moraram em Paris e se encontram acidentalmente e, num tom divertido, começam a discorrer sobre o modernismo e outras afinidades que as aproximam.

No Núcleo Vanguardas, os visitantes terão contato com experimentações artísticas do escultor. Ali, o público encontra peças como Beijo (1930), Dançarina (1920), Banho de Sol (1930), entre outros, e peças de mobiliário que preservam a intimidade do artista. O Núcleo Memórias, traz arquivos sonoros e fílmicos entremeados de depoimentos pessoais de membros da família do artista, além de documentações das passagens do escultor por Roma, Paris e São Paulo.

O acervo histórico do Liceu de Artes e Ofícios pode ser encontrado no Núcleo Modernismos – Contextos, que ilustra diversos contextos nos quais obras do artista foram inseridas, com arquivos do final do século XIX e início do século XX, e entre as décadas de 1910 e 1950. O eixo apresenta Novos cânones: exemplos emblemáticos de modernismos possíveis, onde o público encontra Pietá (1912-1913), única peça esculpida em madeira por Brecheret, e Virgem Indígena (1950), esculpida em gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Em Núcleo Tecnologia, o espectador tem contato com réplicas digitais de obras icônicas em hologramas e sua magia. Peças como: Fuga para o Egito (1925-1929), Soror Dolorosa (1920), O Ídolo (1929), entre outras. Por fim, o Núcleo Múltiplas sintaxes leva ao Centro Cultural diversos elementos e ferramentas que foram utilizados pelo escultor ao longo de sua jornada, como o registro da matrícula de Brecheret no curso de Desenho e Modelagem, ferramentas originais usadas pelo artista, materiais usados pelo escultor, uma maquete do Monumento às Bandeiras, entre outros.

“Esta exposição, contemplando todas as fases do saber-fazer do escultor, é uma combinação de tributo da escola ao seu ilustre aluno ao mesmo tempo que uma homenagem de Brecheret aos 150 anos do Liceu”, comenta a curadora Fernanda Carvalho.

Sobre o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios

O CCLAO encontra-se anexo ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma das instituições de ensino mais tradicionais do país, com mais de 145 anos de história e relevantes serviços prestados à cidade e à sociedade paulistana, na produção de propriedades industriais e bens culturais. Trata-se de um espaço de eventos lindo, moderno, elegante e multiuso, com 1.630 metros quadrados nos dois pisos, situado no tradicional bairro da Luz, bem no centro da capital paulista.

Sobre o Instituto Victor Brecheret

O Instituto Victor Brecheret (IVB), fundado em 18 de novembro de 1999, tem como objetivo realizar e promover pesquisas, estudos, consultorias, cursos, conferências, avaliações e implementações de projetos destinados à divulgação e incentivo de atividades artísticas e culturais relativas às artes e artistas plásticos em geral, especialmente à obra do escultor Victor Brecheret. Realiza exposições e eventos nacionais e internacionais por meio de doações, subvenções, incentivos fiscais ou outros mecanismos legais. Desenvolve trabalhos de documentação, certificação, catalogação, arquivo e editoração de livros, referentes à produção de obras de arte e cultura em geral. Apoia programas e intercâmbios educativos, sócios-culturais e de informação. O IVB desenvolve atividades culturais junto às empresas e organizações públicas e privadas. Estabelece mecanismos para captação de recursos para a consecução de seus objetivos, individualmente ou em colaboração com empresas e entidades públicas, particulares, nacionais e internacionais.

Os 200 anos de Crítica de Arte no Brasil

23/maio

 

Em alusão ao bicentenário da Independência do Brasil, o livro reúne textos de intelectuais e pesquisadores que investigam a implementação, desenvolvimento e situação da crítica de arte no recorte desses 200 anos, em diferentes contextos e temporalidades, tendo como marco a Proclamação da Independência. O livro que é organizado pelo crítico e historiador de arte Shannon Botelho, terá lançamento em versão E-Book bilingue, com distribuição gratuita, com sistema de acessibilidade, e na versão impressa.

Será lançado no dia 27 de maio (sábado), às 14h, no Ateliê 31, Centro do Rio de Janeiro, o livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022”, que tem a organização de Shannon Botelho e textos de 12 pesquisadores nacionais do campo da crítica de arte. São eles: Almerinda Lopes (ES), André Rosa (RJ), Daniele Machado (RJ), Francisco Dalcol (RS), Kássia Borges (MG), Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP), Luiz Alberto Ribeiro Freire (BA), Maria Luisa Luz Távora (RJ), Rodrigo Vivas (MG), Sandra Makowiecky (SC), Sonia Gomes Pereira (RJ), Sylvia Weneck (SP).

O projeto da publicação nasceu de uma necessidade a refletir sobre o campo da crítica de arte no Brasil constituídos em diferentes contextos e temporalidades: nos espaços de imprensa, espaços alternativos e movimentos autônomos.

 

Pluralidade e difusão de linguages

Ao adotar abordagens históricas, os textos trazem à luz questões centrais para o desenvolvimento do sistema artístico, não somente no Rio de Janeiro, mas nas demais localidades do país, incluindo nas narrativas historiográficas presenças relegadas às posições secundarizadas, como as indígenas, como instrumento na superação das estruturas de exclusão e silenciamento das culturas e povos originários do Brasil, e de críticos estabelecidos para além das fronteiras da região sudeste, propondo uma descentralização da reflexão. “Um relato sobre a história da crítica de arte no Brasil ainda está para ser escrita. O que já foi produzido por diferentes pesquisadores em todo país compõe esforços de pesquisa, que indicam sempre a urgência de uma sistematização dos modelos críticos e das reflexões deles desdobradas para que se possa romper com o protagonismo do sudeste em relação as demais regiões do país”, explica Shannon Botelho. Com desejo de pluralizar a construção das narrativas históricas da crítica de arte, cada autor aborda um tema relacionado ao seu lugar de origem (cidade/estado), pondo em perspectiva os fatos sucedidos nesses 200 anos, através de um debate necessário para o público, propondo um lugar inédito para a Crítica de Arte no Brasil. “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022”; vem registrar um ponto de partida para uma narrativa plural, um passo adiante na construção de uma história democrática para a crítica de arte no Brasil, seu estado atual e seus horizontes.

 

Democratizacão e inclusão

De forma a democratizar o seu alcance, será lançada a versão E-book do livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022”, em edição bilíngue, com distribuição gratuita e com número ilimitado para download. Além disso, para maior democratização, o E-book está disponível na versão DAISY, que é um sistema de livro digital sonoro que ajuda pessoas com algum tipo de limitação à leitura, como idosos, disléxicos, pessoas cegas ou com baixa visão. Assim, o usuário poderá ir direto para uma determinada página, marcar um texto e muitas outras ações parecidas com as dos livros impressos. “A intenção é alcançar e movimentar um público amplo, nacional e internacional, sem distinção de qualquer natureza, com soluções em acessibilidade para as escolas públicas e privadas, instituições culturais, de ensino e de arte”, reforça Natalia Azevedo, da Abstrata, produtora responsável pela publicação. O E-book gratuito ficará disponível sem limite de tempo e de download a partir de maio de 2023 nos canais da produtora através de links permanentes em plataformas como ISSUU, Drive em modo público, com acesso livre através de link compartilhado para download.

 

Sobre Shannon Botelho

Crítico de arte, curador independente e professor no Departamento de Artes Visuais do Colégio Pedro II (RJ), Shannon Botelho é doutor em História e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ em parceria com a École des Hautes Études en Sciences Sociales/CRBC (Paris). É representante do Comitê de História, Teoria e Crítica de Arte da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Foi curador nas exposições: Abstrato Possível, Concreto Real(MMGV-RJ-2017); Balangandãs (Zipper Galeria-SP 2018); Paisagem Grão de Areia (MMGV-RJ 2018); O que você guarda tão bem guardado (Casa Abaeté-Ribeirão Preto 2019); Da Linha, o Fio (BNDES-RJ 2019), Impulsos Imitativos (MMGV-RJ 2019), Estruturas Improváveis (Casa das Artes-Tavira 2020), Illusions (Zipper Galeria-SP 2021), Malgré le Brouillard (Anne+Art Contemporain – Paris 2021), Forma é Afeto (Andrea Rehder-SP 2022), Água Banta (MMGV-RJ 2022), Hiper Paisagem (Zipper-SP 2022), Memória do Futuro (MMGV-RJ 2023), Coração na Mão (Le Salon H – Paris, 2023).

 

 

Artistas do papel no Museu Judaico

03/maio

 

Mostra reúne obras que utilizam o papel como suporte para diversas técnicas e destacam o protagonismo feminino no núcleo artístico.

O Museu Judaico, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta, a partir do dia 06 de maio (e até 13 de agosto), a exposição “Artistas do Papel: Obras colecionadas por Ruth Tarasantchi para o acervo do MUJ”, que reúne 32 obras de artistas mulheres judias feitas em papel em variadas técnicas, visando destacar a importância da presença de mulheres no núcleo artístico.

É a primeira mostra composta exclusivamente por obras do acervo do Museu. As peças foram coletadas por Ruth Sprung Tarasantchi, curadora e uma das fundadoras do Museu Judáico de São Paulo, que as recebeu como doações das próprias artistas ou de seus familiares, e trazidas à exposição em curadoria conjunta de Felipe Chaimovich.

Os conjuntos das obras tiveram sua organização pensada a partir de categorias de arte acadêmica, tais como retratos, cidades e paisagens, passando ainda por abstrações e também por um conjunto sobre temas da judeidade.

Felipe Chaimovich conclui: “A relevância das mulheres na formação deste acervo inaugural de arte indica a atenção do Museu para com uma história da arte plural e inclusiva, e que aproxime artistas menos conhecidas de autoras consagradas”.

Uma das artistas homenageadas no painel de abertura da exposição é a imigrante francesa Bertha Worms, cuja trajetória artística como primeira mulher a ser professora profissional de pintura em São Paulo no século XX foi estudada por Ruth Sprung Tarasantchi. Além de Bertha, a exposição traz obras de Fayga Ostrower (doadas por sua filha, Noni), Renina Katz, Gisela Leirner, Gerda Brentani, Hannah Brandt, Clara Pechansky, Miriam Tolpolar, Nara Sirotsky, Paulina Laks Eizirik, Agi Strauss e várias outras.

Ruth Sprung Tarasantchi, além de curadora e uma das fundadoras do MUJ, é também pioneira no tratamento de lacunas em exposições quanto a questões de gênero. Na mostra “Mulheres Pintoras”, em 2004 na Pinacoteca, evidenciou – no papel de curadora, a sub-representação de artistas mulheres nas coleções museológicas brasileiras.

 

Sobre o Museu Judaico de São Paulo (MUJ)

Inaugurado após vinte anos de planejamento, o Museu Judaico de São Paulo é fruto de uma mobilização da sociedade civil. Além de quatro andares expositivos, os visitantes também têm acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que serve comidas judaicas. Para os projetos de 2023, o MUJ conta com o Banco Alfa e Itaú como patrocinadores e a CSN, Leal Equipamentos de Proteção, Banco Daycoval, Porto Seguro, Deutsche Bank, Cescon Barrieu, Drogasil, BMA Advogados, Credit Suisse e Verde Asset Management como apoiadores.

 

Na Casa do Povo

28/abr

 

Vale o reencontro com o levante de Carlos Scliar em exposição até o dia 16 de maio. A obra temática encontra-se nos acervos da Casa do Povo, Bom Retiro, São Paulo, SP. O estudo de mosaico, “O Levante do Gueto de Varsóvia”, que o artista Carlos Scliar (1920-2001) realizou para a entrada da Casa do Povo está sendo exibido pela primeira vez. Feito à convite da instituição, esse trabalho esteve perdido mas foi reencontrado em 2023, sendo apresentado ao lado de documentos históricos sobre o Levante.

Em 2023, o Levante do Gueto de Varsóvia comemora 80 anos. A Casa do Povo criou uma programação que se desdobra em uma série de eventos. A comemoração é uma parceria entre o ICUF – Ídiche Kultur Farband, Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil, Federação Israelita do Estado de São Paulo,  Núcleo de Preservação da Memória Política – SP,  n-1 edições, Casa do Povo e mais de 25 organizações de 6 países.

 

80 anos de Levantes

O Levante do Gueto de Varsóvia é o ato inaugural da Casa do Povo. O evento histórico se alastrou entre os dias 19 de abril e 16 de maio de 1943, marcando a resistência judaica no último gueto estabelecido em Varsóvia. O Levante manteve acesa a chama da resistência, mostrando ser possível levantar-se contra a máquina de morte nazista. Não por acaso, após o fim da Segunda Guerra Mundial, a criação da Casa do Povo no Bom Retiro foi anunciada em homenagem a este acontecimento. Se “lembrar é agir”, como temos repetido na Casa do Povo, cada comemoração do Levante é um levante em si. O ano de 2023 não remete somente a um fato que aconteceu há 80 anos, mas marca também a celebração de 80 anos de encontros ininterruptos. A Casa do Povo atravessou tempos conturbados nas últimas décadas – com o fim do Estado Novo, a Ditadura Civil Militar e o frágil processo, ainda em curso, de redemocratização – sem nunca deixar de comemorar a data.

Os partisanos de Varsóvia escolheram a primeira noite de Pessach, a Páscoa Judaica, para iniciar suas ações de enfrentamento ao exército nazista. Seguindo a tradição de Pessach, costumamos lembrar e refletir sobre o significado da saída do Egito Antigo e o fim da escravidão do povo judaico. Através de rezas e cantos, a data é sempre uma convocação para também olhar para as lutas em curso no tempo presente, e com as quais devemos nos solidarizar. Por isso, apesar de o Levante ser uma data secular, ele também carrega a potência dos rituais religiosos, e busca invocar, de geração em geração, uma ancestralidade de luta, resistência e resiliência.

 

A obra de Athos Bulcão no Farol Santander

11/abr

Considerado como um artista completo, o Farol Santander exibe pela primeira vez em Porto Alegre, RS, obras de Athos Bulcão. Seus trabalhos percorrem áreas múltiplas como o desenho, pintura, painéis, design de superfície, murais, vestimentas e paramentos litúrgicos. Sua grande marca é a integração da arte na Arquitetura, como os muros escultóricos do Congresso Nacional e também do Hospital Sarah Kubitschek.

A exposição Athos Bulcão traz um recorte de sua extensa obra. Mais de 160 obras podem ser visitadas no mezanino do prédio e também na área externa, resultando uma ampla imersão e rica experiência para o público. O conjunto destaca pinturas, projetos e desenhos, peças gráficas, painéis de azulejos, fotomontagens, máscaras e objetos do período de 1940 a 2000. Três jogos de diferentes padrões de azulejos, estão em uma das salas do mezanino, e permitem que o público tenha a experiência de criar sua própria obra de arte. Na área externa, dois cubos com fachadas de azulejos de diferentes cidades do Brasil e do exterior, convidam o público para conhecer o trabalho de Athos no interior do Farol Santander indo ao encontro que dizia o próprio artista, “a arte existe para impactar, para provocar as pessoas”. O legado doado pelo artista está preservado na Fundação Athos Bulcão, em Brasília. Este acervo inclui as criações de ateliê – desenho, pintura, gravura, fotomontagem, objetos, o trabalho gráfico em jornais, revistas, livros e capas de discos. Athos Bulcão se destacou em seu diálogo direto com a Arquitetura, porém, sua obra vai muito além.

A curadoria da exposição Athos Bulcão é de Marília Panitz e André Severo e a produção é de Daiana Castilho Dias, presidenta do IPAC- Instituto de Pesquisa e Promoção da Arte e Cultura.

 

Sobre o artista

Nascido no bairro carioca do Catete em 1918, Athos Bulcão seguiu o roteiro obrigatório daquela época para jovens ricos ou de classe média, estudar Medicina, Engenharia ou Direito. No seu caso, ficou com a primeira opção, mas abandonou o curso em 1939 para se dedicar à arte. Em 1948 recebeu uma bolsa de estudos do Governo Francês e foi estudar em Paris. Retornou ao Brasil em 1949, e em 1952 foi admitido no serviço de documentação do Ministério da Educação e Cultura, e mais tarde passou a colaborar em projetos do arquiteto Oscar Niemeyer, com quem fez parceria nas obras de construção de Brasília e também com o premiado arquiteto João Filgueiras Lima. Em 2018, uma grande exposição em Brasília foi organizada para marcar os 100 anos do artista, que teve a capital da República como o principal cenário de suas obras monumentais. O artista faleceu aos 90 anos, vítima do Mal de Parkinson, em Brasília, DF, em 2008.

Stand da Galatea na SP-Arte 2023

29/mar

 


A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia sua participação na SP-Arte 2023, que começa hoje, 29 de março, e segue aberta para visitação até domingo, dia 02 de abril, no Pavilhão da Bienal. O stand da Galatea para esta edição apresenta obras de artistas que refletem o seu programa artístico, expondo desde seus artistas representados, passando por nomes fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, até artistas que criaram à margem do cânone.
A partir disso, o stand está organizado em três assuntos: figuras humanas e entidades; abstrações orgânicas e geométricas; e conceitualismos políticos.

Exposição-relâmpago no centenário de Franco Terranova

14/mar

 

Será comemorado com uma grande exposição-relâmpago o centenário do lendário marchand e poeta Franco Terranova (1923-2013), que esteve à frente da Petite Galerie, inovador e fundamental espaço de arte carioca que movimentou o circuito brasileiro entre 1954 a 1988, lançando nomes hoje consagrados, incentivando artistas, e criando salões e prêmios. “Uma Visão da Arte – Centenário de Franco Terranova e o legado da Petite Galerie” ficará em cartaz na Danielian Galeria, na Gávea, Rio de Janeiro, entre 04 a 18 de março.  A curadoria é de Paola Terranova – a filha caçula dos quatro filhos de Franco e Rossella Terranova, a bailarina e coreógrafa com quem ele foi casado de 1962 até sua morte – que está à frente do acervo da Petite Galerie, em um espaço na Lapa. Ela conta que para esta exposição comemorativa foram restaurados mais de 80 trabalhos. “Franco Terranova era antes de tudo amigo dos artistas, um apaixonado pela arte, e pretendemos fazer uma exposição que retrate seu olhar ao mesmo tempo afiado e afetuoso”, diz. Além dos artistas, era constante a presença na Petite Galerie de intelectuais como Ferreira Gullar, Mario Pedrosa, Millôr Fernandes e Rubem Braga.  A exposição comemorativa terá mais de 150 obras, entre desenhos, gravuras, pinturas e esculturas, de mais de 70 artistas que participaram da programação da Petite Galerie. Franco Terranova completaria 100 anos, em 09 de março próximo.

 

No dia 16 de março, às 19h, será realizado um leilão em prol da manutenção do legado de Franco Terranova, apregoado por Walter Rezende, com apoio da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, no site Iarremate –  https://www.iarremate.com.

 

Os artistas com obras na exposição comemorativa na Danielian Galeria são: Abelardo Zaluar (1924-1987), Adriano de Aquino (1946), Alexandre Dacosta (1959), Alfredo Volpi (1896-1988), Amélia Toledo (1926-2017), Angelo de Aquino (1945-2007), Angelo Hodick (1945), Anna Maria Maiolino (1942), Antenor Lago (1950), Antonio Henrique Amaral (1935-2015), Antonio Manuel (1947), Arthur Barrio (1945), Avatar Moraes (1933-2011), Carlos Scliar (1920-2001), Carlos Vergara (1941), Cristina Salgado (1957), Darel (1924-2017), Dileny Campos (1942), Dionísio del Santo (1925-1999), Edival Ramosa (1940- 2015), Eduardo Paolozzi (1924 – 2005), Emeric Marcier (1916-1990), Enéas Valle (1951), Enrico Baj (1924-2003), François Morellet (1926-2016), Frank Stella (1936), Frans Frajcberg  (1921-2017), Franz Weissmann (1911-2005), Gastão Manoel Henrique (1933), Glauco Rodrigues (1929- 2004), Iberê Camargo (1914-1994), Ivan Freitas (1932-2006), Hércules Barsotti (1914-2010), Jac Leirner (1961), José Resende (1945), Larry Rivers (1923-2002), Leda Catunda (1961), Lothar Charoux (1912-1987), Lucio Del Pezzo (1933-2020), Luiz Alphonsus (1948), Luiz Áquila (1943), Luiz Paulo Baravelli (1942), Luiz Pizarro (1958), Marcia Barrozo do Amaral,  Maria do Carmo Secco (1933-2013), Maria Leontina (1917-1984), Mestre Vitalino (1909-1963), Milton Dacosta (1915-1988), Mira Schendel (1919-2018), Mô (Moacyr)  Toledo (1953),  Monica Barki (1956), Myra Landau (1926-2018), Roberto Magalhães (1940), Roberto Moriconi (1932-1993), Roy Lichtenstein (1923-1997), Rubens Gerchman (1942-2008), Sepp Baendereck (1920-1988), Sérgio Camargo (1930-1990), Sérgio Romagnolo (1957), Serpa Coutinho, Tarsila do Amaral (1886-1973), Tino Stefanoni (1937-3017), Tuneu (1948), Victor Vasarely (1905-1997), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Waltercio Caldas (1946), Wanda Pimentel (1943-2019), Willys de Castro (1926-1988), Yara Tupynambá (1932) e Yvaral (Jean Pierre Vasarely- 1934-2002).

Centenário do artista

13/mar

A Galeria Base, Jardim Paulista, São Paulo, SP, de Daniel Maranhão, abre sua agenda de 2023 – até 15 de abril – com a mostra “Chico da Silva: A Boca do Mundo”, em comemoração ao centenário do artista, com cerca de 20 pinturas a guache sobre papel, da década de 1960, período considerado como um dos mais representativos em sua trajetória.

Pássaros, dragões, peixes, criaturas nada passivas mas de colorido vibrante, com posturas proativas, são grande parte da criação espontânea do universo de Chico da Silva desde seus primeiros traços em tijolo ou carvão nas paredes das casas da Praia do Pirambu, Fortaleza, para onde a família se mudou quando o artista ainda era muito jovem.

Nas palavras do pesquisador Bitu Cassundé, que assina o texto crítico da exposição, “Chico constrói através da sua visualidade uma importante caligrafia que abarca uma natureza e uma animalidade fabular inserida numa cosmologia na qual a figura humana pouco aparece e seres de diferentes espécies, reais ou não, habitam um território de disputas e conflitos”.

O título da exposição – “Chico da Silva: A Boca do Mundo” – faz alusão às figuras pintadas pelo artista, geralmente com bocas abertas, em posição de ataque ou defesa. Ainda segundo Bitu Cassundé “As relações que se estabelecem indicam a defesa do território, as brigas pelo alimento, a proteção e o acolhimento das crias, assim como a boca que rege e orquestra diferentes coreografias e performatividades”.

A Galeria Base tem como um dos pilares de sua pesquisa, a (re)descoberta de importantes artistas que, por motivos diversos, caem no esquecimento. No sentir de Bitu Cassundé, “…a história da arte brasileira é constituída por inúmeras lacunas e invisibilidades que compõem violentas narrativas de apagamentos”, e “Chico é um bom exemplo”, explica Daniel Maranhão. A exposição “Chico da Silva – A Boca do mundo” ressalta a importância deste artista indígena, cujas obras das décadas de 1950 e 1960 percorreram o mundo, tendo como ápice sua participação na Bienal de Veneza (ITA), oportunidade na qual, foi criado um prêmio inédito, para condecorá-lo. Como consequência dessas ações, “…nota-se atualmente um forte movimento de reposicionamento da obra de Chico da Silva, não só no Brasil como no exterior”, diz Daniel Maranhão. No início deste ano, a Tate Gallery (Londres), adquiriu um painel do artista para seu acervo e, a Pinacoteca do Estado de São Paulo (SP), alinhada a esse movimento, exibe uma mostra individual do artista, onde a Galeria Base colabora com a cessão de obras. O momento de exibir “Chico da Silva: A Boca do Mundo” é mais que oportuno pois se trata de um “instigante conjunto que evidencia o signo da boca na obra de Chico da Silva; a boca como estratégia de sobrevivência e de vida” conclui Bitu Cassundé.

 

Sobre o artista

Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva) – (Alto Tejo, AC, 1922/23 – Fortaleza, CE, 1985) – Pintor e desenhista. Inicia na pintura, em 1937, utilizando como suporte os muros caiados das casas de pescadores na antiga Praia Formosa (CE). No início da década de 1940, em Fortaleza, entra em contato com o franco-suíço Jean-Pierre Chabloz, que o introduz nas técnicas do guache e do óleo. Apoiado pelo mecenato de Chabloz, participa, em 1945, do I Salão de Abril (CE) e exposições na Galeria Pour l’Art (Lausanne, Suíça), 1950 e no Museu Etnográfico de Neuchâtel (Suíça), 1956. A arte de Chico da Silva foi destaque na prestigiosa revista francesa Cahiers d’Art, sob o título “Índio Brasileiro Reinventa a Pintura”. Na década de 1960, produz quarenta guaches para o acervo do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC). Chico da Silva consagrou-se como um dos maiores pintores primitivos brasileiros. Em 1966, conquista Menção Honrosa na XXXIII Bienal Internacional de Veneza (ITA). Chico da Silva está presente com dois guaches da década de 1960 na coleção do MAR, o Museu de Arte do Rio de Janeiro, por doação do Fundo Max Perlingeiro. Em 2014, essas obras foram apresentadas nas exposições “Encontro de Mundos” e “Pororoca, a Amazônica no MAR”.

“A minha pintura é a minha própria linguagem. Sobre o sentido da alegria que sinto, ela é grande e, sobre a beleza que vejo no matizado das cores, ela é rica. O que sai do meu coração é rico e bonito; eu é que sou feio e pobre.” Chico da Silva

 

Celebrando Martinho de Haro e Florianópolis

Mestre da composição, o pintor e desenhista Martinho de Haro (1907-1985) é um dos mais importantes artistas de Santa Catarina e uma forte representação do modernismo brasileiro. Homem e trajetórias qualitativas, ele ganha um tributo em Florianópolis, SC, com a exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis” que abre no dia 15 de março, no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação. Aberta até julho, a mostra pode ser visitada gratuitamente de segunda a sábado, entre 13h30 e 18h30.

A curadoria de Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto reúne 46 trabalhos de Martinho de Haro que ajudam a traçar novas análises sobre uma criação pictórica amalgamada com Florianópolis, lugar que o artista nascido em São Joaquim escolheu para viver a partir de 1942 e onde morreu em 1985. A mostra tem ainda um Bruggemann (1825-1894), um Eduardo Dias (1872-1945) e um Othon Friesz (1879-1949), todas obras integrantes da Coleção Collaço Paulo, pertencente ao casal Jeanine e Marcelo Collaço Paulo. Para os curadores, Martinho de Haro “revolucionou a representação da cidade, valorizou os costumes, o casario, o mar, o céu, as baías, as auroras e os ocasos, com cores suaves, enquadramentos cinematográficos, ângulos e motivos novos que resultam em uma potente imagem da Ilha de Santa Catarina”.

Produto cultural totalmente patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), a exposição conta com o apoio das empresas Dígitro e Ibagy. Trata-se do segundo projeto expositivo do Instituto Collaço Paulo, inaugurado no bairro Coqueiros em julho de 2022. Entidade privada, sem fins lucrativos, além de salvaguardar a Coleção Collaço Paulo, promove a arte e a cultura por meio de programas de cunho educativo. O casal dedica-se há cerca de 40 anos à aquisição e conservação de um acervo que se concentra na representatividade dos artistas brasileiros do século 19 e dos catarinenses do século 20, abrangendo trabalhos de distintos períodos históricos, diferentes escolas, movimentos e estilos.

Quase sem perceber, no contato com Martinho de Haro, sob a sua influência, Marcelo Collaço Paulo começou a coleção na juventude. Com o passar dos anos, tornou-se um dos principais colecionadores das obras do artista, adquirindo quadros de todas as fases e temáticas peculiares como nus, carnaval, naturezas-mortas, paisagens, casarios e retratos. “Conheci Martinho nos anos 1970, quando era estudante de medicina. Fui levado à sua casa na Altamiro Guimarães, no centro de Florianópolis, pelo seu filho Martin Afonso de Haro. Tive o privilégio de contar com a sua amizade e vê-lo pintar inúmeros quadros no seu ateliê. O meu primeiro Martinho é desta época. Desde então, sempre aproveitei as oportunidades e fui multiplicando o seu olhar na coleção. Até hoje quando vejo um Martinho, me sensibilizo e me emociono. É o maior pintor modernista de Santa Catarina e aquele que expressou a Ilha da forma mais sublime”, situa o colecionador que busca homenagear Florianópolis no seu aniversário, abrindo o núcleo do Martinho da Coleção Collaço Paulo. “Convidamos todos a ver e desfrutar a cidade através dos olhos do mestre Martinho de Haro”, diz ele.

A exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis” alcança relevância pelo valor do artista, pelo pictórico e pelas representações de uma ilha que se transformou radicalmente ao longo dos anos. Jeanine e Marcelo Collaço Paulo são colecionadores interessados no conjunto de obras de um mesmo artista que, lado a lado, ganham um peso maior já que possibilitam estudos mais aprofundados sobre uma trajetória e, no caso, uma reflexão sobre o passado de Florianópolis, vista em céus, festas, gente, mares e barcos eternizados de modo significativo.

 

Sobre o artista

Natural de São Joaquim (SC), Martinho de Haro nasceu em 1907. Viveu por dez anos no Rio de Janeiro, onde integrou o Grupo Bernardelli e trabalhou como auxiliar de João Timótheo da Costa (1878-1932) na decoração da Igreja Nossa Senhora da Pompéia, e de Eliseo Visconti (1866-1944) na criação do panneau do Teatro Municipal. Realizou na mesma cidade, em 1977, sua última exposição. Em 1937, viaja a Paris, de onde volta cerca de um ano depois em razão da Segunda Guerra. Engajado nos assuntos da cidade, participou em 1949 da criação do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) que ele dirigiu entre 1955 e 1958. Nos 20 anos de morte, Walmir Ayala escreveu: “O diálogo agora é de uma pintura soberana e completa, com um universo de olhares necessitados de justiça e esclarecimento. A Ilha ganha agora sua luz, sua verdadeira luz, porque a obra viva de Martinho de Haro encontra seu continente exato; é um bem público destinado a valorizar a vida comunitária”. No centenário em 2007, uma comissão presidida por Marcelo Collaço Paulo, organizou uma vasta programação com exposição, livros, discussões, convidados ilustres e a produção de um documentário. A iniciativa reuniu o melhor da produção de Martinho de Haro, segundo João Evangelista Andrade Filho, secretário da comissão, na época administrador do MASC. O legado de Martinho de Haro recebeu a atenção de estudiosos e críticos, entre eles Fábio Magalhães, João Evangelista Andrade Filho, Roberto Teixeira Leite e Walmir Ayala, que se debruçaram sobre as obras e indicaram novas perspectivas de entendimento e avaliação. Ao morrer em 1985, em Florianópolis, Martinho de Haro deixa um expressivo legado que ajuda a compreender a cidade sob diferentes abordagens. Parte desta contribuição está na exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”. O pintor era pai do também artista plástico e muralista Rodrigo de Haro.

 

Sobre os curadores

Francine Goudel – doutora em artes visuais – teoria e história, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), mestre em estudos avançados em história da arte pela Universidade de Barcelona, Espanha, pós-graduada em Gestão Cultural pela Universidade Nacional de Córdoba, Argentina. É pesquisadora, curadora, produtora cultural e professora. Atualmente é curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação.

Ylmar Corrêa Neto – neurologista e professor associado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coleciona arte relacionada com Santa Catarina. Já organizou e escreveu livros sobre Martinho de Haro (1907-1985), Eli Heil (1929-2017) e Paulo Gaiad (1953-2016) e fez a curadoria de exposições de Eli Heil, Rodrigo de Haro (1939-2021), Carlos Asp, Paulo Gaiad e do acervo do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC). É coordenador do recém-criado Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros no Instituto Collaço Paulo.

O período expositivo entre março e julho configura uma agenda que busca ampliar o conhecimento sobre a marcante produção de Martinho de Haro. Iniciativas, de linhas diferenciadas, convergem para reflexões que reúnem nomes e temas significativos que ajudarão a modular um novo pensamento a respeito do artista. Já no dia 15 de março, às 19h30, o curador Ylmar Corrêa Neto faz um Instituto Conversa, compartilhando a conferência “Ocasos Raros em Martinho de Haro”, em que abordará a formação, as técnicas, a evolução e as exibições do pintor modernista, além de suas representações da paisagem, da cultura e do casario florianopolitanos.

Em abril, no dia 24, às 19h30, ocorre o primeiro de um conjunto de encontros idealizados pelo conferencista, pesquisador, professor, autor de livros, uma referência internacional no campo da literatura e das artes visuais, Raúl Antelo. Ele movimentará o Instituto Collaço Paulo para estabelecer o intercâmbio pessoal e a partilha de conhecimento sobre arte, arquivos e exposições na perspectiva de alargar sensibilidades e conexões com amplo público. O evento “Retroprojetor: Encontros do Olhar”, composto de seis conferências entre abril e setembro, duas proferidas por ele mesmo e por pesquisadores que receberam o seu convite, como Ivo Mesquita e Rosângela Miranda Cherem.

No dia 25, às 19h30, o programa Instituto Conversa recebe uma autoridade nas relações entre as artes visuais e a cidade de Florianópolis. Doutora e professora, Sandra Makowiecky fará a abordagem “Florianópolis em Tempos Diversos: Martinho de Haro entre Artistas” em que expõe parte de sua análise apresentada sobre o artista em um dos artigos do livro “A Representação da Cidade de Florianópolis na Visão de Artistas Plásticos”. A fala no Instituto Collaço Paulo, antecipa Sandra Makowiecky, se concentrará nas obras de Martinho de Haro, tecendo considerações e aproximações entre seus trabalhos e outros artistas que, ao longo do tempo, elegeram a cidade como objeto de paixão e poética artística.

A agenda prevê ainda reuniões do Clube de Colecionadores de Arte de Coqueiros (CCAC), o Instituto Homenagem que marca o centenário do crítico de arte catarinense Harry Laus (1922-1992) e os Sábados com Arte, ações desenvolvidas pelo núcleo educativo do Instituto Collaço Paulo.

 

Sábados com Arte

Os sete encontros – “Sábados com Arte” – planejados para o primeiro semestre convidam a participar de uma visita mediada com a equipe do educativo. Previstos para os dias 25 de março, 15 e 19 de abril, 13 e 27 de maio e 10 e 24 de junho, sempre às 15h, a cada sábado as atividades diferenciadas vão além da mediação que dura cerca de uma hora e meia e buscam ampliar o conhecimento em torno das obras reunidas na exposição “Indivisível Substância: Martinho de Haro e Florianópolis”. Com vagas limitadas, 30 pessoas no máximo, as inscrições são por ordem de chegada, mediante manifestação do interesse na recepção do instituto. Menores de 14 anos devem estar acompanhados de seus responsáveis.

As ações propõem o diálogo e a participação. A partir das leituras, imagens, do repertório e das subjetividades de cada visitante, a proposta é construir juntos um percurso singular pela arte de Martinho de Haro. A idade mínima é de sete anos.

 

Equipe Técnica

Curadoria, expografia e textos: Francine Goudel e Ylmar Corrêa Neto – Revisão e edição de textos: Néri Pedroso – Coordenação de montagem: Cristina Maria Dalla Nora – Montagem: Flávio Xanxa Brunetto – Material educativo: Ana Martins e Joana Amarante – Material gráfico: Lorena Galery – Fotografia: Eduardo Marques.

 

 

Exposição da Coleção Eduardo Vasconcelos

10/mar

Exposição de arte “Gravado na Alma” abre no Espaço Cultural do Banco da Amazônia. O vernissage será nesta terça-feira (14) e seguirá aberta ao público para visitação gratuita até 05 de maio, no horário das 9h às 17h. Uma obra da artista Maria Perez Solá, que está em destaque na exposição Eduardo Vasconcelos no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Campina, Belém, PA, é uma exposição de arte que promete ficar gravada na memória dos paraenses. A exposição de gravuras “Gravado na Alma” foi contemplada pelo edital de pautas do Banco da Amazônia e é composta por mais de 71 obras de artistas nacionais e internacionais que compõem o acervo da Coleção Eduardo Vasconcelos.

Segundo a curadora, Vânia Leal, a exposição é formada por trabalhos de artistas cujos percursos seguem várias técnicas e poéticas. “São vias que possibilitam encontros entre linhas, texturas, arquiteturas, animais e paisagens. É um espaço para dizer: gravura ao infinito do tempo e no tempo. Como um laboratório vivo em constante construção na coleção de Eduardo Vasconcelos”, explica.

Grandes nomes das artes plásticas, como Albrecht Dürer, Rembrandt, Goya, Gustave Doré e Picasso produziram gravuras, bem como artistas brasileiros de renome, como Livio Abramo, Sérvulo Esmeraldo, Flávio de Carvalho, Arthur Luiz Pìza e Tarsila do Amaral. No Pará, a gravura ganha força a partir dos anos 1970, com a obra de Valdir Sarubbi, que, junto a nomes de diversas gerações (inclusive posteriores) como Ronaldo Moraes Rego, Osmar Pinheiro, P. P. Conduru, Jocatos, Armando Sobral, Elaine Arruda, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Glauce Santos, Jean Ribeiro e Antar Rohit, marcaram seu nome na trajetória da gravura no cenário amazônico.

“Acreditar na produção artística, no quanto ela representa hoje e para gerações futuras, é a força motriz que impulsiona e dinamiza a coleção. Meu afeto pela arte está gravado na alma, assim como as obras de tantos artistas aqui presentes”, destaca Eduardo Vasconcelos. “Agradeço ao Banco da Amazônia, que, para além de suas atividades financeiras, exerce papel fundamental no fomento ao cenário artístico e na difusão e apoio à cultura, trazendo ao público obras pertencentes a uma coleção privada”, acrescenta.

 

Núcleos da exposição

A curadora explica que a exposição possui quatro núcleos curatoriais: “projeções da natureza mutante”, “corpos passagens”, “formas e desejos da gravura” e “arquiteturas e cartografias imaginárias”.

“Os trabalhos dos artistas que integram a exposição reiteram aproximações e percursos diferentes, criam vertentes distintas entre choques e junções nos núcleos”, avalia. Ainda segundo a curadora, cada núcleo reúne uma sequência de trabalhos expressivos. “No núcleo “projeções da natureza mutante”, por exemplo, os artistas Valdir Sarubbi, Sebastião Pedrosa e Laura Calhoun trazem nas obras uma natureza mais estilizada com diferentes simbologias. Armando Sobral e Ronaldo Moraes Rego gravam desenhos de folha e casca. Diô Viana emerge com força, incisões que remetem gotas que se dissolvem em outras formas da natureza”, explica.

 

Lançamento do catálogo e ações educativas

Ao longo da exposição ocorrerão diversas ações educativas como bate papo com artistas e visitas guiadas para estudantes de escolas públicas, a fim de que adolescentes e jovens tenham contato com a arte. Também ocorrerá o lançamento do catálogo, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.

 

A Coleção Eduardo Vasconcelos

Desde 2021, a coleção Eduardo Vasconcelos vem abrindo as portas do acervo pessoal ao público paraense por meio de iniciativas como esta do Banco da Amazônia, que viabiliza edital para selecionar projetos artísticos relevantes à região amazônica. Neste percurso, o colecionador já realizou três mostras a partir de editais similares de incentivo à arte e cultura, cujas exposições nasceram do diálogo entre a curadoria e Eduardo. Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições.

“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo Vasconcelos.