Casa Daros e o Cine Daros

06/ago

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, realizará a terceira edição do “Cine Daros no Pátio”

entre os dias 12 a 16 de agosto de 2015, às 19h, com a exibição gratuita (em seu pátio

interno), de cinco animações feitas nas últimas duas décadas em quatro continentes

diferentes. Entre os títulos escolhidos estão clássicos como: “As Bicicletas de Belleville”, do

diretor Sylvain Chomet, e “Persépolis”, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e a recente

animação brasileira “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi, premiada em festivais

internacionais.

 

 

Cada um desses filmes apresenta técnicas e identidades visuais diferentes, desde animação

tradicional com traços simples e cores básicas de “Meu amigo Totoro” (1988) – do diretor

japonês renomado Hayao Miyasaki, do Studio Ghibli, referência no campo da animação

cinematográfico – à mistura de desenho artesanal e artifícios tridimensionais (“As Bicicletas de

Belleville”, de 2003), e ainda traços gráficos e expressionistas em preto e branco (“Persépolis”,

de 2007).  “Fantástico Senhor Raposo” (2009), de Wes Anderson encerrará a programação do

Cine Daros.

 

“Em comum esta seleção de animações têm a fantasia, que talvez tenha sido desde o início a

estratégia de fundo principal do gênero para conquistar tanto o público infantil quanto o

adulto”, diz a curadora Karen Harley. “Por meio da animação algumas verdadeiras estrelas

surgiram como o coelho Perna Longa, o rato Mickey Mouse, o ursinho Winnie the Pooh”,

completa Harley.

 

 

CINE DAROS – PROGRAMAÇÃO

 

Quarta-feira, dia 12 de agosto – “Meu amigo Totoro” (1988), Japão, 86min, livre. Direção de

Hayao Miyazaki

Sinopse: Produzido pelo Studio Ghibli (fundado em 1985 por Hayao Miyazaki, Isao Takahata e

Yoshio Suzuki, uma das principais empresas de animação do Japão), o filme conta a história de

duas irmãs e seus encontros com os espíritos das florestas no Japão do pós-guerra. Há aqui

uma forte conexão do fantástico com o sagrado. Este filme lançou a carreira internacional de

Miyazaki e a Walt Disney relançou o longa em 2006. “Totoro” é tão amado e conhecido pelas

crianças japonesas quanto Mickey Mouse ou Winnie the Pooh no Ocidente.

 

Quinta-feira, dia 13 de agosto – “As Bicicletas de Belleville” (2003), França,  78min, 10 anos.

 
Direção de Sylvain Chomet

 

Sinopse: Indicado ao Oscar de melhor longa-metragem de animação e melhor trilha sonora

original, narra – por meio de música a pantomima – a história de Champion, um menino que só

se sente feliz quando está pedalando sua bicicleta. O filme mistura uma estética da

modernidade que tomava conta nos anos 1920, que teve seu epicentro na França com o

esporte nacional de lá, o Tour de France –  a grande competição ciclista mundial. Muita música

(Ragtime), pantomima, referência ao cinema mudo, comentários Pop como alusão a filmes do

gênero Gangsters e principalmente um humor a la Jacques Tati estruturam esta divertida

mistura de nostalgia e metalinguagem com uma eloquente visão crítica do mundo.

 

Sexta-feira, dia 14 de agosto – “Persépolis” (2007), França e Estados Unidos, 96min, 12 anos.Direção de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud

 
Sinopse:  Adaptacão da autobiografia em quadrinhos de Marjane Satrapi, uma iraniana nascida

em 1969, “Persépolis” conta a história de uma menina que vive a revolução islâmica no Iran

em 1979 e toda a opressão decorrente. Conforme ela se torna uma pessoa adulta, Marjane se

encontra dividida entre o ocidente e o oriente e tenta encontrar o seu lugar no mundo. O filme

é uma poesia visual, narrativa e sonora. Ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, o

César Awards e foi indicado ao Oscar de melhor longa-metragem de animação.

 

Sábado, dia 15 de agosto– “O Fantástico Senhor Raposo” (2009), Estados Unidos, 87min, 10

anos. Direção de Wes Anderson. Vozes de George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman,

Mario Batali, Bill Murray,  Wes Anderson, Brian Cox, Hugo Guinness e Michael Gambon.

 

Sinopse: O Sr. Raposo (George Clooney), a Sra. Raposa (Meryl Streep) e seu filho Ash (Jason

Schwartzman) vão morar em uma árvore, localizada em uma colina. Lá eles têm como vizinhos

o Coelho (Mario Batali), o Texugo (Bill Murray) e a Doninha (Wes Anderson), entre outros

animais, todos com suas respectivas famílias. O Sr. Raposo prometeu à esposa que deixaria a

vida de roubos de galinhas, já que ela estava grávida. Desde então ele iniciou uma respeitável

carreira de colunista de jornal. Porém, a proximidade do novo lar com as fazendas de Boggis

(Brian Cox), Bunce (Hugo Guinness) e Bean (Michael Gambon) faz com que volte à velha vida,

às escondidas. Só que logo o trio de fazendeiros se une para capturá-lo.

 

Domingo, dia 16 de agosto– “Uma História de Amor e Fúria” (2013), Brasil, 98min, 12 anos.

Direção de Luiz Bolognesi

 

Sinopse: O filme retrata o amor entre um guerreiro imortal e Janaína, a mulher por quem é

apaixonado por 600 anos, em quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o

regime militar e o ano de 2096, quando haverá uma guerra por água. O longa tem traço e

linguagem de HQ e ganhou o prêmio de melhor filme de animação no Festival Internacional de

Animação de Annecy, na França.

Claudia Melli/Bruno Barreto no MAM

15/jul

No próximo sábado, dia 18 de julho, às 14h30, o cineasta Bruno Barreto e a artista Claudia Melli participam de bate papo no MAM-RIO – Museu de Arte Moderna -, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, sobre os trabalhos que ela expõe na mostra “Lugares onde nunca estive”, em cartaz no museu. Outro ponto a ser discutido é a influência do cinema nas artes visuais e da pintura no cinema. No encontro será lançado o catálogo da exposição que fica no MAM até o dia 15 de agosto.

 

 

A mostra “Lugares onde nunca estive” oferece um percurso pela produção de Claudia Melli nos últimos anos, onde foram selecionadas obras relevantes dentro de cada série. Na exposição são apresentados 17 trabalhos, incluindo obras inéditas.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Claudia Melli costuma abordar em suas obras a questão da luz e do enquadramento, criando novos horizontes e perspectivas, que são resultado de registros de sua memória que a motivaram a explorar possibilidades, se apropriando de paisagens imaginárias, retomando as indagações sobre a natureza de nossos mecanismos de percepção. Sua técnica de desenho utilizando o nanquim sobre o vidro testa os limites entre desenho, pintura e imagem, tornando perto o que parece distante.

 

 

 

Sobre Bruno Barreto

 

 

 

Bruno Barreto nasceu 16 de março de 1955 já em berço esplêndido, pelo menos cinematograficamente falando. Seus pais são os produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto, donos da Produtora ‘LCD Barreto Filmes do Equador’, responsável por importantes filmes brasileiros como “Assalto ao Trem Pagador”, de Roberto Farias (1961), “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos (1963) e “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha, sem contar a maioria dos filmes de Bruno e seu irmão, Fábio Barreto, diretor do também indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro por “O Quatrilho” (1995).

 

 

O jovem Bruno decidiu entrar para a carreira de cineasta, filmando desde novo alguns curtas dentre eles “Bahia, à vista”(1967), que aparece nas listas da sua filmografia com seu primeiro trabalho. Cinco anos depois, com apenas 17 anos, filmou seu primeiro longa, “Tati, A Garota” (1972), onde dirigiu atores experientes como Dina SfatHugo Carvana e Wilson Grey. Dois anos depois veio o segundo filme, o drama “A Estrela Sobe”, com Betty Faria. Seu terceiro filme, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), foi realizado aos 21 anos. Bruno adapta a famosa obra de Jorge Amado e coloca como  protagonistas Sonia Braga (a Dona Flor), José Wilker e Mauro Mendonça (seus dois maridos). O resultado foi a melhor bilheteria nacional de todos os tempos, com aproximadamente 12 milhões de espectadores. Outra incursão de Bruno Barreto na vasta obra de Jorge Amado foi com o filme “Gabriela, Cravo e Canela”, onde imortalizou Sonia Braga no papel de Gabriela e ainda contou com um dos maiores atores de todos os tempos no elenco, o italiano Marcelo Mastroianni. Ainda no campo das adaptações, outro clássico que Bruno levou aos cinemas foi “O Beijo do Asfalto” (1981), peça de Nelson Rodrigues.

 

 

Depois de mais duas produções ainda nos anos 80, “Além da Paixão” (de 1985, com Regina Duarte) e “Romance da Empregada” (de 1987, com Betty Faria), Bruno Barreto teve nos anos 90 uma ampla carreira internacional. Mas foi com um trabalho brasileiro, o único da década, “O Que é Isso, Companheiro?”, que conseguiu chegar a maior premiação do cinema, o Oscar, levando o longa à indicação de melhor filme estrangeiro. Nos últimos anos, Bruno até se arriscou em uma grande produção hollywoodiana, “Voando Alto” (2003), protagonizado pela estrela Gwyneth Paltrow. Mas o filme foi um grande fracasso comercial e de critica, o que fez o cineasta afirmar iria concentrar seu trabalhos mais no Brasil. Em produções brasileiras, Bruno rodou ultimamente “Bossa Nova” (2000), comédia romântica que se passa no Rio de Janeiro e tem como par romântico sua mulher Amy Irving e galã Antonio Fagundes. Em 2013 dirigiu o drama de época “Flores Raras” que recria o relacionamento amoroso entre a arquiteta e paisagista brasileira Lota de Macedo Soares (Gloria Pires) e a poeta americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto), no Rio de Janeiro dos anos 1950 e “Crô – O Filme” protagonizado por Marcelo Serrado e baseado no mesmo personagem da Novela da Rede Globo Fina Estampa. “Não existe receita de sucesso. Veja o caso do Bossa Nova. Não fiz porque faria sucesso, mas porque tinha saudade do Rio. Se o Woody Allen fez Manhattan, eu quis fazer o Bossa Nova”. Levar o Brasil para concorrer ao Oscar de melhor estrangeiro com o filme “O Que é Isso, Companheiro?” (1997) e ser dono da segunda bilheteria de um filme brasileiro, com aproximadamente 10,8 milhões de espectadores com o filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), recorde que permaneceu há mais de trinta anos quando foi superado por “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro”. Estes são apenas dois exemplos da carreira do cineasta carioca Bruno Barreto, mas sua biografia não se resume a isso