Um gesto de desejo e pertencimento.

10/abr

No meu jardim tudo se mistura

A Ocre Galeria, bairro São Geraldo, 4° Distrito, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição individual “no meu jardim tudo se mistura”, de Téti Waldraff (Sinimbu, RS, 1959), com curadoria de Paula Ramos. A mostra revela o profundo vínculo da artista com a Natureza, que se manifesta em sua prática de desenhar, pintar e criar a partir das formas orgânicas e dos ciclos de vida observados em seus jardins.

Para Téti Waldraff, o ato de desenhar e pintar é também um gesto de desejo e pertencimento. É no cotidiano entre Porto Alegre e Faria Lemos, cercada por árvores, arbustos e flores, que ela encontra matéria e inspiração. O jardim é espaço de cultivo e de criação, um território onde o natural e o artístico se fundem. Ali, o ato de observar o desabrochar das flores se transforma em linhas, cores e formas. Seu ateliê é móvel, adaptável: um banco, um bloco de notas, papéis soltos. Em cada gesto, emerge o desejo de registrar o instante e a matéria viva que o compõe.

A exposição expande essa experiência sensível, ao mesmo tempo em que desdobra pesquisas formais e conceituais realizadas em projetos anteriores, a exemplo da série “Nos rastros do Jardim de Giz”. Produzidos durante o período de isolamento social, imposto pela Pandemia, os desenhos da série surgiram a partir do painel produzido por pela artista junto ao Centro Cultural da UFRGS, em março de 2019.

No dia 12 de abril, às 11h, a Ocre Galeria promove uma conversa com Téti Waldraff e mediação da curadora Paula Ramos, crítica, historiadora de arte e professora do Instituto de Artes da UFRGS. O evento é uma oportunidade para o público conhecer mais sobre o processo criativo da artista e os caminhos que levaram à construção da exposição. A entrada é franca e o espaço tem acessibilidade.

Até  03 de maio.

As colagens de Dedé Ribeiro e Arte africana.

04/abr

A Temporada Brasil-França está chegando em Paris neste fim de semana. E para marcar o início das atividades, acontecerá a exposição “ColonialMente”, de Dédé Ribeiro mais o encontro imperdível entre as esculturas africanas de um acervo parisiense e as colagens dessa artista brasileira, fortemente inspiradas pelo continente. Um diálogo aberto sobre identidade, privilégios, recortes e desconstrução.

Entre 05 e 06 de abril, de 11 às 18h, na Galerie L’Œil et la Main – 41, rue de Verneuil, Paris. A realização e produção do evento é do Collège de Navarre, Paris Arty, Liga Produção, bref design art, la Quincave e a Galerie L’Œil et la Main, com o apoio das instituições da Saison Brésil en France 2025: Institut Français, Instituto Guimarães Rosa, Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores e o Governo do Brasil. Paris Arty, para quem é apaixonado por arte e por Paris. Exposições, museus, visitas, notícias e as últimas tendências artsy na Cidade Luz.

De Isaac Julien para Lina Bo Bardi.

26/mar

A Nara Roesler São Paulo apresenta até 24 de maio, a exposição “Isaac Julien – Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement – Photographs & Collages” exibindo 20 obras, 16 delas totalmente inéditas – derivadas do filme “Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement” (2019), ni qual Lina Bo Bardi (1914-1992) é representada por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. O texto crítico é de Solange Farkas, fundadora da Associação Cultural Videobrasil, em 1991, e curadora de diversas bienais e exposições.

As novas colagens do cineasta e artista britânico Sir Isaac Julien (1960), apresentadas pela primeira vez, se destacam pelo uso singular das cores, evocando diversos motivos poéticos e ecológicos na obra de Lina Bo Bardi.

A mostra na Nara Roesler ocorre simultaneamente à exibição inédita no Brasil, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), da videoinstalação, com nove telas, do filme “Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement”, de Isaac Julien, no novo anexo do museu, no edifício Pietro Maria Bardi.

Desse modo, o público poderá ter contato com cenas complementares do mesmo trabalho de Isaac Julien. Tanto no filme como nas fotografias e colagens, Lina Bo Bardi é representada em diferentes estágios de sua vida por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. No filme, as atrizes lêem textos adaptados dos escritos da arquiteta ítalo-brasileilra, envolvendo os espectadores em uma narrativa que se baseia em uma citação de Lina Bo Bardi – “O tempo não é linear, é um maravilhoso emaranhado no qual, a qualquer momento, fins podem ser escolhidos e soluções inventadas, sem começo nem fim”.

 

Adiar a ordem.

28/jan

A Galatea, inicia o calendário expositivo de 2025 da sua unidade na Rua Oscar Freire, em São Paulo, com a mostra coletiva “Adiar a ordem”, que apresenta obras de Bianca Madruga (Rio de Janeiro, 1984), Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983), Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974), Isadora Soares Belletti (Belo Horizonte, 1995), Leila Danziger (Rio de Janeiro, 1962) e Maíra Dietrich (Florianópolis, 1988). Com curadoria de Fernanda Morse, a exposição abre no dia 11 de fevereiro, e reúne artistas mulheres de diferentes gerações que estão produzindo, hoje, sob o vasto guarda-chuva do que se entende como arte conceitual.

Baseando suas práticas em intenso experimentalismo, as artistas transitam entre variadas linguagens, como o desenho, a colagem, a instalação e a escultura. O título da exposição se relaciona, justamente, com o caráter não-convencional dos métodos e recursos simbólicos por elas mobilizados. É como se, nesses trabalhos, houvesse uma busca por desafiar a ordem das coisas; é como se, através deles, a ordem das coisas fosse desfeita.

 Até 08 de março.

Primeira exibição individual no Rio de Janeiro.

24/jan

 

A exposição “Marcelo Silveira – Entre o mar, o rio e a pedra”, entra em exibição na galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro. Marcelo Silveira é um  celebrado artista pernambucano que realiza sua primeira mostra individual na cidade.

Com mostras individuais em várias cidades brasileiras e no exterior, Marcelo Silveira tem participado de importantes exposições coletivas, como a 29ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2010, duas edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2015 e 2005), a  4ª Bienal de Valência, no Centro del Carmen, no Museo de Bellas Artes de Valencia, Espanha, em 2007, e o Panorama da Arte Brasileira – “Contraditório”, com curadoria de Moacir dos Anjos, aberto em outubro de 2007 no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e que seguiu em fevereiro seguinte para a Sala Alcalá 31, em Madrid, e foi visitado pelo então Ministro Gilberto Gil, dentro da programação da ARCO 2008, quando o Brasil foi o país convidado. Atualmente Marcelo Silveira está presente na coletiva Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Nara Roesler tem exposto o trabalho do artista nos últimos 25 anos, em seus espaços em São Paulo e em Nova York, e agora propicia sua primeira individual no Rio de Janeiro.

O artista consolidou sua trajetória ao longo de 40 anos como um dos grandes nomes da cena contemporânea. Mostrará esculturas em madeira cajacatinga pertencentes às séries “Bolofotes”, “Sementes” e “Peles”, além de obras da série “Cabeludas”, feitas com crina equina e aço inoxidável, e três obras da série “Hotel Solidão”, com colagens criadas a partir de capas e contracapas de edições brasileiras da revista “Grande Hotel”, que foram editadas entre 1947 e 1955. As obras foram selecionadas pelo artista em conjunto com o núcleo curatorial da Nara Roesler. O texto crítico é de Daniela Name, que fará uma visita guiada à exposição junto com o artista na abertura.

Em cartaz de 11 de fevereiro até 05 de abril.

Nelson Leirner em retrospectiva.

23/jan

A Caixa Cultural São Paulo apresenta a primeira exposição retrospectiva póstuma do artista Nelson Leirner (1932 – 2020). Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra  “Nelson Leirner – Parque de Diversões” reúne 74 obras – algumas delas, realizadas em seus últimos anos de vida -, incluindo esculturas, pinturas, colagens, fotografias e objetos, oferecendo um panorama abrangente da produção multifacetada do artista ao longo de sua carreira.

Nelson Leirner foi um artista provocador, cuja obra buscava desafiar convenções e questionar o sistema da arte e da cultura de massa. Transitando por diversos suportes e linguagens, o artista trouxe uma abordagem irônica e reflexiva à arte, mesclando elementos do popular e do erudito, e abordando questões políticas e sociais com um senso crítico. Sua obra explora temas como a banalização do consumo, a iconografia religiosa, e a própria sacralização do objeto artístico. Nelson Leirner ganhou destaque a partir da década de 1960, sendo uma das figuras centrais no movimento de arte conceitual no Brasil. Sua obra, marcada pela crítica institucional e pela exploração das fronteiras entre arte e vida, permanece relevante e atual, destacando-se pela capacidade de dialogar com diferentes contextos e gerações.

Em trecho do texto curatorial presente no catálogo, Agnaldo Farias explica que “…Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas, produzindo arte, apesar dela mesmo, quer dizer, apesar da seriedade com que muitos a encaram, uma seriedade hipócrita, fingida, pois faz de conta que não percebe as incongruências do mundo em que ela está metida”.

A exposição “Nelson Leirner: Parque de Diversões” segue em cartaz até 23 de fevereiro na Caixa Cultural, Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo, SP. Você pode visitá-la de terça a domingo, das 09h às 18h. A entrada é gratuita.

Visita da arte argentina contemporânea.

29/nov

A Coleção Oxenford, considerada a mais expressiva de arte contemporânea da Argentina, será apresentada na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. “Un lento venir viniendo – Capítulo III” fica em cartaz de 07 de dezembro a 23 de fevereiro de 2025. A abertura contará com a performance de bailarinos.

Essa exibição trata-se de um recorte da coleção do empresário Alec Oxenford, que, atualmente, reúne 600 peças de 200 artistas e promove um panorama da arte contemporânea argentina entre o final do século 20 e início do 21. No dia da abertura, ás 15h, será realizada a performance “Soy un disfraz de tigre”, da artista plástica Cecilia Szalkowicz, e às 16h, uma visita guiada pelo poeta e curador independente Mariano Mayer.

A seleção de trabalhos e de artistas para “Un lento venir viniendo” foi dividida em “capítulos” para as três mostras no Brasil, que já passou pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói (Capítulo I) e Instituto Tomie Ohtake (Capítulo II), em São Paulo. Na Fundação Iberê Camargo (Capítulo III), o episódio estético de destaque é a literatura do porto-alegrense João Gilberto Noll (1946-2017), e, em particular, “A céu aberto”, obra que transborda de imagens e procedimentos para dar forma a uma sensibilidade que desafia a nossa própria experiência de mundo.

“Pensamos nas relações com cada cidade e com a arquitetura de cada museu. É realmente como uma história contada em diferentes capítulos. O título (“Um lento vir vindo”, em tradução livre) aponta este movimento, de criar um vínculo aos poucos, e que ele se estabeleça nas duas direções. O “Capítulo III” descobre no conjunto de afetos precários uma zona para o encontro e a retroalimentação entre duas forças experimentais: a literatura de João Gilberto Noll e a arte. A potência precária age como uma plataforma interpretativa com a que as peças selecionadas nos per mitem voltar a experimentar a arte e o mundo, as suas possibilidades e as suas impossibilidades”, destaca Mariano Mayer.

“Capítulo III”, que ocupará o segundo andar da Fundação Iberê Camargo, é composta por 50 obras de 45 artistas e apresenta uma diversidade de linguagens, entre pinturas, fotografias, vídeos, instalações visuais e sonoras, performances, esculturas, colagens e publicações, propondo uma reflexão sobre a “potência do precário” como uma condição de constante transformação e instabilidade, tanto nos objetos quanto nas pessoas.

Participam da mostra na Capital gaúcha trabalhos de Alejandra Mizrahi, Amalia Pica, Cecilia Szalkowicz, Clara Esborraz, Jane Brodie, Inés Raiteri, Julieta García Vázquez e Sofía Bohtlingk, Karina Peisajovich, Luciana Lamothe, Lucrecia Plat, Malena Pizani, María Guerrieri, Mariana López, Paula Castro, Sol Pipkin, Valentina Liernur, Valeria Maggi, Agustín Inchausti, Alberto Goldenstein, Alfredo Londaibere, Diego Bianchi, Dudu Quintanilha, Ernesto Ballesteros, Faivovich & Goldberg, Feliciano Centurión, Gastón Persico, Jorge Macchi, Leopoldo Estol, Luis Garay, Miguel Mitlag, Nicolás Martella, Oscar Bony, Ruy Krygier, Santiago De Paoli, Tirco Matute e Ulises Mazzucca.

Sobre Alec Oxenford

Cofundador da OLX e da letgo, Alec Oxenford é um empresário argentino residente no Brasil. É grande colecionador e membro ativo de comunidades internacionais em prol das artes latino-americanas. Entre 2013 e 2019, dirigiu a Fundación ArteBA. Atualmente, é membro do Acquisition Committee do MALBA e da Latin American and Caribbean Fund (LACF) do MoMA.

Sobre Mariano Mayer

Nascido em Buenos Aires, Mariano Mayer é poeta e curador independente. Entre seus últimos projetos como curador, figuram Prudencio Irazabal (MUSAC, León, 2024) e Táctica Sintáctica (Marres, Mastricht, 2023 e CA2M, Móstoles, 2022). Publicou também Ir al motivo (Galeria Elba Benítez, Madrid, 2023), Fluxus Escrito (Caja Negra, Buenos Aires, 2019) e Justus (Câmara Municipal de Léon, 2007) e dirigiu o programa em torno da arte argentina: Una novela que comienza (CA2M, Móstoles, 2017).

Artistas brasileiros em Viena

21/maio

 

O Desacordo: Um Teatro de Declarações, no Neuer Kunstverein, Viena, Áustria, com ação de Maurício Ianês.

Artistas participantes

Vivian Caccuri | Andressa Cantergiani | Maurício Ianês | Daniel Lannes | Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado | Ana Mazzei | Ventura Profana | Luís Roque | Tadáskia | Allan Weber com curadoria de Bernardo José de Souza.

A palavra do curador

A discordância: um teatro de declarações reúne onze artistas brasileiros contemporâneos cujas práticas artísticas provêm de uma ampla variedade de origens culturais e, portanto, apontam para um amplo espectro de preocupações estéticas e políticas. O conjunto de obras desta exposição aborda, portanto, não apenas a sociedade estratificada e sincrética do Brasil, mas também as contradições ideológicas inerentes às práticas artísticas contemporâneas a partir de uma perspectiva transcultural.

Esta exposição coletiva é composta por obras criadas em diversos suportes – escultura, instalação, colagem, vídeo, pintura e performance – e confronta narrativas que refletem sobre a impossibilidade de encontrar um léxico comum. Um léxico para discutir questões políticas inevitáveis, como a luta de classes, as alterações climáticas, as políticas de identidade, os sistemas de crenças heterogêneas, o legado da cultura simbólica e material e outras questões prementes do presente.

Porque vivemos num mundo onde as narrativas hegemónicas foram historicamente forjadas para manter o status quo da desigualdade – tanto étnica, cultural e socioeconómica – o país hoje conhecido como Brasil é apresentado aqui como um palco político no qual as forças capitalistas criaram zonas de extrema desigualdade social. Ex-colónia portuguesa, o Brasil transformou-se num império monárquico independente, cujas enormes ambições desencadearam mais tarde um impulso de modernização para construir uma economia global imbuída de noções positivistas de progresso tecnológico, apesar das infra-estruturas sociais precárias e do empobrecimento massivo da população.

Embora não seja uma exposição que examine a história ou a produção artística brasileira, O Desacordo parte das contradições inerentes a este país – e a qualquer outro país ex-colonizado – para explorar o cultural e exacerbar os conflitos políticos que moldam indiscriminadamente a contemporaneidade. manifestações políticas, artísticas ou não.

Bernardo José de Souza

Um certo espírito POP

27/mar

 

A Fundação Vera Chaves Barcellos destaca caracteristicas da Pop Art em nova exposição intitulada “Sem Metáfora”, mostra coletiva na Sala dos Pomares, em Viamão, RS, na mesma ocasião, haverá o lançamento do material educativo e do catálogo da mostra, que ficará  em cartaz até o dia 10 de agosto.

Essa mostra coletiva destaca produções com caracteristicas da Pop Art, englobando cerca de 70 obras de 42 artistas nacionais e internacionais. A seleção abrange diversas linguagens, como videoarte, fotografia, colagem, assemblage, serigrafia, pintura, desenho, escultura, objeto, gravura, livro de artista, instalação e arte postal, entre outras.

Romanita Disconzi (1940) será homenageada na mostra com um dos espaços do mezanino da sala, por ser uma artista essencialmente pop na concepção de suas obras como pinturas, gravuras, desenhos e objetos.

Nas palavras de Vera Chaves Barcellos (1938), organizadora da exposição: “Partindo da ideia de “um certo espírito pop”, Sem Metáfora evoluiu para a escolha de uma série de obras que são uma derivação das diversas caracteristicas do movimento da Pop Art em seu momento primeiro. Esta, que a nosso ver marca em grande número a produção das gerações futuras de artistas, tem como uma das principais caracteristicas a ausência de metáfora, utilizando-se de uma representação direta do mundo concreto do tempo em que se vive. Os inúmeros e variados aspectos abordados pelos artistas desta mostra se caracterizam por uma forma de linguagem denotativa, pela predominância da objetividade e, consequentemente, de imediata apreensão por parte do espectador.”.

Além das obras do Acervo Artístico da Fundação Vera Chaves Barcellos, Sem Metáfora conta com obras de coleções particulares do Instituto Dalacorte, Renato Rosa e Romanita Disconzi.

Para facilitar o deslocamento até a Sala dos Pomares (Rodovia Tapir Rocha, 8480 – parada 54, em Viamão), serão oferecidos dois horários de transporte gratuito de ida e volta (POA – Viamão – POA), por ocasião da abertura, no dia 13 de abril, com saída ás 10h30 e ás 14h, em frente ao Theatro São Pedro, na Praça da Matriz, no Centro Histórico de Porto Alegre, mediante inscrição prévia (formulário disponível no site fvcb.com.br)

 

Artistas participantes

 

Ana Miguel, Anna Bella Geiger, Antonio Caro, Artur Lescher, Avatar Moraes, Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Carmen Calvo, Cinthia Marcelle, Claudio Goulart, Denis Masi, E. F. Higgins III, Edgardo Vigo, Flavio Pons, Guglielmo Achille Cavellini, Hans-Peter Feldmann, Helena d’Ávila, Henrique Fuhro, Hudinilson Jr., Jesus Escobar, Joan Rabascall, Judith Lauand, Mara Alvares, Magliani, Mário Röhnelt, Mary Dritschel, Milton Kurtz, Neide S, Nelson Wilbert, Patricio Farias, Pedro Geraldo Escosteguy, Richard John, Rogério Nazari, Romanita Disconzi, Rubens Gerchman, Sandro Ka, Telmo Lanes, Téti Waldraff, Tony Camargo, Vera Chaves Barcellos, Victor Grippo, Wlademir Dias-Pino.

Dois artistas argentinos em foco

21/dez

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, encerra 2023 fortalecendo seus laços com o Malba – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, ao trazer para São Paulo “Yente – Del Prete. Vida venturosa”, mostra organizada e apresentada no museu argentino em 2022, mesmo ano em que receberam a retrospectiva de Anna Maria Maiolino, organizada originalmente pela instituição cultural paulistana. Até 18 de fevereiro de 2024. 

Focada no casal de artistas Eugenia Crenovich (Eugenia Crenovich, Buenos Aires, Argentina, 1905-1990), conhecida como Yente, e Juan Del Prete (Vasto, 1897 – Buenos Aires, 1987), a presente exposição, com curadoria da pesquisadora e curadora-chefe do Malba, María Amalia García, ressalta a sinergia criativa do casal e o vínculo amoroso como uma forma de abordar o fazer artístico.

Durante mais de 50 anos, Yente e Juan Del Prete não só compartilharam a vida de casal, mas também trocaram diariamente ideias sobre arte. Realizaram inúmeras exposições individuais e participaram de diferentes coletivas, porém nunca expuseram juntos. Esta exposição reúne-os pela primeira vez com uma seleção de mais de 150 obras, entre pinturas, esculturas, tapeçarias, desenhos e livros de artista, abrangendo a ampla gama de suas carreiras, das décadas de 1930 a 1980. Existem dois elementos constantes na produção do casal: o trânsito entre figuração e abstração, abrangendo diversos estilos e a experimentação marcante de materiais. Na paixão pelo fazer, Yente e Del Prete se apropriaram das múltiplas correntes da arte moderna através de diversas referências, sempre usando os materiais como meios de experimentação.

Nas palavras de Maria Amalia García: “A transição entre figuração e abstração foi uma constante no casal, abrangendo vários estilos (cubismo, surrealismo, abstração, expressionismo, entre outros), bem como uma marcada experimentação, tanto com materiais de arte (suportes diversos, têmperas, tintas, tintas a óleo trabalhadas com pincel e espátula; extensos empastamentos e gotejamentos), bem como com uma vasta gama de elementos de bricolagem e materiais descartados. Yente e Del Prete, na sua paixão irreprimível pelo fazer, apropriaram-se do cânone da arte moderna através de diversas referências, correntes e representações”, destaca a curadora. As peças expostas são provenientes principalmente da Coleção Yente – Del Prete, dirigida por Liliana Crenovich (sobrinha da artista) e de importantes coleções privadas e públicas argentinas, como o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires e a Coleção Amalita, entre outros.

 

Embora a abstração tenha sido um caminho de exploração criativa que os uniu de maneira fundamental, a mostra não se limita a esse recorte, percorrendo ambas as trajetórias e abrangendo o arco completo de suas ricas experimentações. “Vida Venturosa” é organizada em dois grandes núcleos: “A união na abstração” e “Voracidade”, que são divididos em subnúcleos, atravessando mais de cinquenta anos de produção. Apesar das diferenças entre si – ele, um imigrante italiano instalado no bairro de La Boca e formado sob tutela dos pintores do bairro; ela, de Buenos Aires, graduada em filosofia e a caçula de uma família judia abastada de origem russa – o casal percorreu um caminho conjunto de pesquisa artística através de diversas linguagens e materiais. Se conheceram no inverno de 1935, quando Del Prete já havia passado três anos na Europa, onde dedicou-se à experimentação com a colagem e à abstração, expondo em companhia da vanguarda construtivista parisiense. De volta a Buenos Aires, realizou duas exposições emblemáticas, onde apresentou fotomontagens, pinturas abstratas, colagens com cordões e chapas metálicas, esculturas em gesso esculpido e projetos de decoração, gerando rejeição e incompreensão na cena artística portenha. Paralelamente a seus estudos de filosofia, Yente realizava retratos familiares e caricaturas e ilustrações para revistas. No início dos anos 1930 ampliou sua formação plástica em passagem pelo Chile. Depois do encontro com Del Prete, começou sua pesquisa na abstração e por volta de 1937 produziu composições biomórficas: núcleos arredondados e coloridos que às vezes apresentam elementos figurativos. Nos anos 1940 seguiu com propostas mais construtivas, escolha que a levou a destruir sua obra anterior, ação em consonância com as sistemáticas destruições de Del Prete, em seu caso justificadas pela falta de espaço. Contudo, a produção aniquilada de Yente não foi documentada como a dele. O casal não escapou aos papéis de gênero vigentes à época, e a carreira de Del Prete foi privilegiada. Nada do entorno do casal parece ter ficado sem exploração em seus trabalhos. Para além de posição crítica diante das modas, Yente e Del Prete tiveram empatia e flexibilidade para se deixarem atrair pelas diversas possibilidades que a visualidade abria. Segundo Maria Amalia García, “Em um constante ir e vir entre figuração e abstração, durante os anos 50 e 60 abraçaram a experimentação pictórica, a colagem, a montagem de objetos e os têxteis. Ainda que de maneiras diferentes, foram vorazes apropriadores de estilos, materiais e técnicas. As anedotas da arte argentina remetem à “gula” de Del Prete para se referir a sua desenfreada produção. Yente, embora mais moderada em seus procedimentos, não foi por isso menos voraz. Sua obra se desdobrou em diversos suportes: não apenas se dedicou ao desenho, à pintura, aos relevos e à escultura, mas também expandiu seu trabalho aos têxteis, aos livros de artista e ao trabalho de arquivo”, completa.