Exposição de Mira Schendel

20/jun

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, apresentará a exposição “Mira Schendel:Toquinhos”, que será inaugurada no dia 28 de junho, às 18h. A mostra, em cartaz até 19 de agosto, conta com texto da curadora e crítica de arte Lisette Lagnado e reúne, pela primeira vez, um conjunto tão abrangente de obras – cerca de 60 – que compõem a série “Toquinhos”, produzida por Mira Schendel (1919-1988) principalmente entre 1972 e 1974. São trabalhos que se inscrevem no contexto das múltiplas experimentações com o papel de arroz japonês realizadas por Mira, após ter sido presentada pelo amigo Mario Schenberg, crítico de arte e importante físico brasileiro, com uma enorme quantidade desse material. A série “Monotipias”, produzida principalmente entre 1964 e 1967 e composta por cerca de dois mil desenhos, abre toda uma sequência de criações com o papel japonês que se desdobra, ainda, em trabalhos como as “Droguinhas” e os “Trenzinhos”, produzidos na segunda metade da década de 1960, e os “Objetos Gráficos”, realizados sobretudo entre 1967 e 1973.

Os “Toquinhos” aqui apresentados, vale ressaltar, diferem dos “Toquinhos” que consistem em pequenos retângulos de acrílico colados sobre placas transparentes também de acrílico, produzidos mais ou menos na mesma época (primeira metade da década de 1970). Entre as séries homônimas, os decalques de letraset são o elemento comum. A artista passa a utilizá-los sobretudo a partir da série “Objetos Gráficos”, cujas obras são compostas por folhas de papel de arroz repletas de rabiscos, traçados, rasuras, tipos datilografados e letraset inseridas entre duas placas de acrílico suspensas por fios de nylon e dispersas no espaço, longe das paredes, jogando com a luz, o dentro e o fora, a frente e o verso. Progressivamente, o desenho, a escrita cursiva e a rasura passam por um processo de síntese no trabalho de Mira, chegando ao que o ensaísta alemão Max Bense chama de “reduções gráficas”.

Nos “Toquinhos”, tais reduções são notáveis. A artista cria camadas colando sobre o papel japonês recortes geométricos (tingidos ou não) do mesmo papel, normalmente acompanhados de sinais de pontuação e letras. Ao ser questionada, em 1975, pela jornalista Norma Couri: “Por que letras?”, Mira responde: “São o pré-texto ou o pretexto do pós-texto”. Comentando tal diálogo, o teórico Geraldo Souza Dias afirma, em sua monografia sobre a artista intitulada “Mira Schendel: do espiritual à corporeidade” (2009): “A completa redução da forma a círculos e retas, desenvolvida nos tipos sem serifa da fonte Futura, a preferida da artista, permite considerar a relevância ótica das letras enquanto elementos de um conjunto. Nos trabalhos de Mira, o significado original dos sinais caligráficos – letras e números – transforma-se pela ação da letra autocolante, assumindo um caráter novo, puramente plástico.”

Reflexões de Richard John

12/jun

Richard John apresenta a exposição “Desenhos Miméticos” que inaugura no dia 17 de junho no V744atelier, Porto Alegre, RS. O artista propõe reflexões sobre as limitações da linguagem e a vida em sociedade.

O espaço foi idealizado e coordenado pela artista Vilma Sonaglio. O título da exposição e os trabalhos expostos são o resultado da tese de doutorado de Richard John, chamada “Desenhos Miméticos e A Tirania da Forma”, defendida em 2018. Partindo do antigo conceito grego de mimese, os trabalhos exploram a representação e a cópia como os elementos fundantes da linguagem, tanto visual como escrita.

Sobre a exposição

“O inferno é o outro”, escreveu Sartre. A enigmática frase do famoso filósofo francês resumia, de uma forma um tanto irônica, as diferenças e dificuldades da vida em sociedade. Apontava, também, para questões identitárias e a tendência, muito humana, de projeção no outro. Roland Barthes, outro filósofo francês, tentou algo mais propositivo ao escrever “Como viver juntos?”, um livro de 1977 que traz no título uma pergunta ainda muito atual. A exposição promete abordar estas e outras questões e é o resultado de uma tese de doutorado e mais quatro anos de trabalho. O artista, que desde 1988 vem produzindo experimentos entre pintura e desenho, considera que, mais do que estes quatro anos, a exposição é a culminância de suas reflexões desde a década de 1980.

– “Dizem que um artista sempre circula pelos mesmos temas, como uma forma de obsessão. O fato é que um artista aprofunda suas questões com o benefício do tempo; tudo é somado e levado ao seu desdobramento possível. Tudo isso –  tentativa, incerteza, erro, reelaboração, descoberta e redescoberta, avanços e recuos – são as partes constituintes de um processo artístico e é sua somatória que confere consistência ao trabalho”, observa Richard John.

Formalmente, alguns desenhos lembram livros de colorir ou o jogo dos 7 erros. São os chamados “trabalhos figurados” nos quais as representações de objetos simples trazem uma sensação de nostalgia e algo relacionado à infância. Mas, conceitualmente, eles vão muito além disso. E essa desproporcionalidade é estratégica e intencional porque os trabalhos funcionam em muitos níveis de leitura. Um dos conceitos utilizados por Richard John é o de inframince, criado por Marcel Duchamp (1887-1968), no qual o sentido artístico é encontrado em elementos praticamente imperceptíveis, nas relações mais sutis entre acontecimentos próximos. – “Duchamp, com o inframince, tentou chegar numa espécie de limite da arte, na qual ela pode residir na sua forma mais sutil, algo que me interessa como maneira de questionar, também, os limites da linguagem”, revela o artista.

Outra série também presente na exposição lida diretamente com a palavra. São os chamados “desenhos escritos”. Um desses desenhos traz listado mais de 10 mil nomes e sobrenomes. São amigos, parentes e pessoas conhecidas na sociedade e no meio artístico gaúcho, mas também artistas e filósofos de fama internacional. A ideia é render uma homenagem a cada um deles e, ao mesmo tempo, pensar as relações interpessoais na sociedade. Para o artista, a questão proposta por Barthes continua a nos desafiar: “Como viver juntos?”. Com os nomes, lado a lado, temos a impressão de células que formam um tecido e que perdem sua individualidade à distância, formando um todo abstrato.

Dividida entre “desenhos escritos” e “desenhos figurados” a exposição propõe um questionamento, tanto da linguagem escrita quanto desenhada, tratando dos elementos que formam tanto uma alfabetização verbal como visual. “- Não podemos esquecer que tanto a palavra como a imagem são elementos de linguagem e representação, como tal elas precisam ser aprendidas e são sujeitas a falhas. Minha ideia é justamente aproveitar estas falhas para encontrar novos sentidos na sua utilização e no nosso entendimento do mundo. Toda vez que se inventa uma nova linguagem se cria um novo mundo, uma nova vida”, conclui o artista.

“As linguagens e representações estruturam as relações sociais, culturais, econômicas, ideológicas e elas as reproduzem e as multiplicam”. Richard John opera nesse universo de reproduções e de cópias no qual vivemos imersos. Suas obras “enfatizam que as representações podem, também, representar a cópia ou os processos envolvidos em sua constituição”, escreveu Helio Fervenza, autor do texto de apresentação da exposição.

“Desenhos Miméticos” fica em cartaz até o dia 11 de agosto. Visitação de quartas as sextas-feiras, das 14h às 17h. Outros horários serão contemplados com agendamento pelo direct do Instagram do V744atelier.

Sobre o artista

Richard John (Bom Princípio-RS, Brasil, 1966) é artista plástico e professor. De 2013 a 2018 foi coordenador do Espaço Cultural ESPM, onde organizou exposições individuais de importantes artistas do cenário local e nacional, tais como Mario Röhnelt, Patrício Farias, Helio Fervenza e Maria Ivone Santos, Eduardo Haesbaert, Frantz, Dione Veiga Vieira, entre outros. Richard John é formado em Pintura (1992) e Desenho (1995) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Em 1998 defendeu sua dissertação de Mestrado na mesma instituição. Em 2022, também pela Ufrgs, defendeu a tese “Desenhos Miméticos e A Tirania da Forma”, cujos trabalhos práticos deram origem à corrente exposição. Richard John participou de várias exposições coletivas a partir do final dos anos 1980, dentre as quais se destacam 49° Salão Paranaense (1992), XVI Salão RBS do Jovem Artista (1996) e a mais recente, Próxima Pintura, Pintura Próxima (2022), exposição em homenagem ao colega e artista Gelson Radaelli. “Desenhos Miméticos” é sua terceira exposição individual. As individuais anteriores foram “Cosmogonia” de 1994 (Galeria Espaço Institucional, Casa de Cultura Mario Quintana) e “O Objeto Flutuante” de 2014 (Estúdio Clio).

Sobre o V744atelier

Idealizado e administrado pela artista visual Vilma Sonaglio, o V744atelier é um local para criar e expor arte contemporânea. Abriga exposições de artistas convidados, mas também aceita propostas de criadores que estejam desenvolvendo sua pesquisa e produção em todas as linguagens na arte contemporânea. Inaugurado em 18 de setembro de 2021, com a exposição “ViCeVeRSa…pode não ser o que é”, de Sonaglio, o Atelier já sediou a exposição “Paisagem sem Volta”, de André Venzon e Igor Sperotto, “Be-a-bá”, de Maria Paula Recena e Marcos Sari, “C+asa”, de Marcelo Silveira; “Tripadeiras”, de Téti Waldraff, “Desvio/Provas”, de Helena Martins-Costa, “Sem peso e Cem medidas”, de José Spaniol. “Desenhos Miméticos”, de Richard John, é a oitava mostra do espaço expositivo.

Em seu segundo ano de atividades ininterruptas, o V744atelier vem se consolidando como um local para criar e expor arte contemporânea. A cada exposição, um novo desafio é proposto ao público, que é convidado a pensar e a refletir, seja apreciando as obras, seja participando das tradicionais “Conversa com o Artista”, encontros que ganham apreciadores desejosos de conhecer mais sobre o artista e seus processos criativos.

Recomenda-se o uso de máscara e álcool em gel à disposição.

Até 11 de agosto.

Representação ousada feminina

07/jun

A exposição “Teresinha Soares: um alegre teatro sério” é o atual cartaz – até 29 de julho – da galeria Gomide&Co, Paulista, São Paulo, SP. Com organização de Luisa Duarte, apresenta um conjunto de obras entre desenhos, pinturas e gravuras da intensa trajetória da artista mineira pelos anos 1960 e 1970. A exposição conta ainda com textos inéditos de Lilia Schwarcz e de Julia de Souza. Inserida no contexto repressor da ditadura militar brasileira, a artista ousou a representar temas feministas e de gênero, por um viés do erótico e de grande contestação das relações do corpo com os costumes morais, o consumo e a máquina política.

“Minha arte é realista precisamente porque condeno os falsos valores de uma sociedade a que pertenço. Realista e erótica, minha arte é como a cruz para o capeta” – Teresinha Soares

O aspecto ousado está tanto na temática quando no tratamento formal empregado pela artista, com traços e cores que transitam e se relacionam com os movimentos artísticos da época, como a arte pop, o noveau réalisme e a nova objetividade brasileira.

“Em “Um alegre teatro sério”, trabalho que dá nome à exposição, o corpo feminino aparece duplicado – ora mais curvado e talvez reprimido; ora expansivo e sem amarras. Frases como “de luz apagada”, que aparece logo abaixo de um abajur iluminado, ou “há os outros naturalmente” e “recebe até na cama e o governado” contracenam com rostos que se beijam e o que parece ser uma máscara de teatro. A obra faz pensar no teatro da corporalidade feminina, sujeita a tantas proibições, jogos de simulação e não ditos. Permite introduzir também o imaginário erotizado dessa artista numa súmula bem-feita e que faz performance dentro e fora das telas” – trecho do texto de Lilia Schwarcz para exposição.

Antes de ser artista, Teresinha Soares foi a primeira vereadora eleita em sua cidade natal, Araxá, onde foi também miss e professora. Além de artista, é também escritora e ativista dos direitos da mulher e ambiental.   Nos últimos anos, seu trabalho tem sido revisto e reinscrito na história da arte brasileira, tendo participado de importantes exposições coletivas.

O seu olhar feminista e libertário, a sua capacidade de aliar eloquência formal de energia contestatória, nos endereçam uma obra munida de singular atualidade para pensarmos os caminhos da arte e os desafios políticos da contemporaneidade.

Sobre a artista

Teresinha Soares nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 1927. Mudou-se para Belo Horizonte no início da vida adulta, onde iniciou sua carreira artística. Participou de três Bienais de São Paulo (1967, 1971 e 1973) e realizou as exposições individuais “Amo São Paulo” (1968), na Galeria Art-Art, São Paulo, e “Corpo a Corpo in Cor-pus Meus” (1971), na Petite Galerie, Rio de Janeiro. Seu trabalho vem sendo revisitado e inscrito na história da arte brasileira, tendo recentemente feito parte de grandes exposições no Brasil e internacionalmente, como “The World Goes Pop”, na Tate Modern (2015), “Radical Women: Latin American Art”, 1960-1985, no Hammer Museum (2017), Brooklyn Museum (2018), e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018). Em 2017, o MASP realizou a sua primeira exposição retrospectiva em 40 anos: “Quem tem medo de Teresinha Soares?”.

Duas exposições no MAR

06/jun

O MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 1º de outubro as exposições individuais de Yhuri Cruz e Jaime Laureano. Uma exposição imersiva que aborda a vingança da vida e a política da presença. Essa é “Revenguê: uma exposição-cena”,  mostra individual do artista Yhuri Cruz. A proposta expositiva do artista visual, escritor e dramaturgo Yhuri Cruz é inspirada numa ficção desenvolvida por ele nos últimos anos, onde apresenta um novo planeta e suas reverberações naqueles que o conhecem. A mostra, que é divida em quatro núcleos, apresenta, em alguns momentos, a performance de Yhuri Cruz e outros seis artistas. Durante essas apresentações o público vai presenciar a criação de novas obras da exposição. A mostra tem curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Jean Carlos Azuos, Amanda Rezende e Thayná Trindade

Aqui é o Fim do Mundo

O passado do Brasil e a sua fonte de questionamentos sobre o atual contexto político, social e cultural são apresentados pelo artista Jaime Lauriano na sua nova exposição individual “Aqui é o Fim do Mundo”, no Museu de Arte do Rio. Cumprindo o papel de artista-historiador Jaime Lauriano apresenta esculturas, vídeos, desenhos e intervenções que revisitam símbolos, signos e mitos formadores do imaginário da sociedade brasileira. Com a curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Amanda Rezende, Jean Carlos Azuos e Thayná Trindade, a mostra “Aqui é o Fim do Mundo”, perpassa diretamente pelos signos do nacionalismo. Essa é uma exposição panorâmica que celebra os 15 anos de carreira de Jaime Lauriano.

  

Fundação Ecarta lança projeto de arte

Os três eventos ocorreram nos diferentes espaços da galeria. A Ecarta apresentou projeto para educadores. O debate de ações pedagógicas na arte e o papel dos artistas no pensamento de novas formas de expressão da educação ganhou espaço na Fundação Ecarta. O projeto “Professor Artista – Artista Professor” traz uma reflexão sobre a temática e o papel do profissional da educação na troca de conhecimento dentro da sala de aula.

“Todo professor pode ser artista? Todo artista pode ser professor? A partir dessa reflexão abrimos este novo espaço para o diálogo sobre a arte e a educação tanto nos espaços escolares ou não”, destaca o coordenador da Galeria Ecarta, o artista visual André Venzon. Para abrir o ciclo de exposições e conversas sobre o tema, foi convidada a artista e professora Téti Waldraff. As atividades do projeto em 2023 têm a mediação do artista e professor Walter Karwatzki.

De acordo com Téti Waldraff, “…é urgente o debate e o foco na formação de arte educadores”. Para a artista, que é professora de Artes Visuais, “…seja na dança, música ou no teatro é necessário qualificar o ensino em todos os espaços possíveis”.

Projeto Potência

Nova exposição do Projeto Potência na Fundação Ecarta De 06 de junho a 09 de julho, o espaço dedicado ao “Projeto Potência” na Fundação Ecarta receberá a exposição “Ruídos de Lembrança”, da artista Isabelle Baiocco. A mostra traz um conjunto de pinturas que partem de fotografias antigas da própria família, desde a infância de seus pais até a sua própria,

“Assim como os ruídos que marcam as fotografias e vídeos analógicos, as nossas lembranças são permeadas de ruídos, pedaços faltantes, cenas borradas, tempos trocados. Aqui o tempo e memória são assuntos inerentes a essas imagens e às nossas lembranças”, pontua a jovem artista porto-alegrense. A artista e professora do Instituto de Artes da Ufrgs, Lilian Maus, aponta que, “…a partir do uso virtuoso do desenho e da pintura em contato com a fotografia e o vídeo analógico, a artista discute o lugar do retrato na arte contemporânea e a própria onipresença das imagens nos veículos de comunicação”. Isabelle Baiocco cursa Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também é bolsista de Iniciação Científica coordenada pela Professora Marilice Corona. Começou sua experiência com pintura no final de 2017 com aquarela e atualmente trabalha também com outras técnicas como lápis de cor, tinta acrílica e tinta a óleo.

O valor da arte

A Galeria Ecarta também recebeu a exposição “Primeiro Raio”, do artista Santiago Pooter. Com curadoria de Gabriela Motta, rótulos de bebidas, ícones religiosos, logomarcas e outras sínteses imagéticas formam o léxico visual das 20 obras que ficarão expostas até o dia 09 de julho. A partir da aproximação entre essas diversas marcas identitárias – sagradas, profanas, sincréticas -, o artista gera uma tensão relacionada às noções de valor cultural, econômico e simbólico dos objetos e das obras de arte. Aparentemente inacabadas, as telas de Santiago Pooter dividem o espaço com colchões usados, plantas mortas, restos de artefatos, propondo combinações semânticas insuspeitas entre as pinturas e elementos ordinários. Santiago Pooter é artista visual, pesquisador, graduando em História da Arte pela UFRGS e produtor cultural. Já foi indicado ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas em 2021 e 2022.

Pesquisas recentes de Leila Pugnaloni

30/maio

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, inaugura, em 1º de junho, a exposição “Tela”, de Leila Pugnaloni. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo, que destaca que a exposição “…revela as pesquisas recentes da artista, e abarca outras séries, cinco intervenções sobre as paredes do espaço e uma seção biográfica”.

A artista carioca radicada em Curitiba faz uma individual com obras inéditas e um conjunto de trabalhos emblemáticos de sua trajetória, em um total de 131 obras. Cinco intervenções, em que desenhou diretamente sobre a superfície das paredes do ambiente expositivo; 20 pinturas inéditas, de 2m x 1m, da série “Monocromia”, colocadas em uma parede de 30 metros de extensão; 40 desenhos em pequenos formatos, em nanquim sobre papel, que mostram a pesquisa da artista sobre a figura humana e modos de viver; e uma seção biográfica, com fotografias e publicações.

Leila Pugnaloni nasceu em 1956 no Rio de Janeiro, e passou boa parte de sua infância em Brasília, onde aprendeu a observar “o tracejado certeiro de Lúcio Costa e as linhas curvas de Oscar Niemeyer, referências que a influenciaram por toda a vida”, conta o curador. Na adolescência, em Curitiba, a artista assimilou a sua híbrida visão de mundo, “herdada pela sagacidade de seu pai e a delicadeza de sua mãe”. “Dona de um espírito libertário e inquieto, em 1982, alçou vôo até Nova York, nos Estados Unidos, onde desenvolveu técnicas na renomada escola de artes The Art Students League, que foram decisivas em sua trajetória”, continua Marco Antonio Teobaldo.

“De volta à Curitiba, ela bebeu na fonte da arte moderna brasileira e da americana, flertou com as criações de outros artistas como Alfredo Volpi, Ione Saldanha, Darel Valença e da amiga Anna Letycia. Leila iniciou então, o que se pode chamar de obra da artista, com duas vertentes muito delineadas: o desenho e a pintura”. “É bem verdade que o improvável está presente na sua pintura e também no seu desenho, mas as pinceladas da artista resultam em formas precisas e concretas, enquanto que suas linhas sinuosas são de uma indiscutível leveza poética. Leila se entrega ao ofício da arte com uma grande força e faz ecoar sua feminilidade em sutileza, harmonia e paixão pela vida”, afirma Marco Antonio Teobaldo.

Até 1º de outubro.

Exposição de Novíssimo Edgar

26/maio

A Gentil Carioca convida para a primeira exposição individual de Novíssimo Edgar, músico, compositor, poeta, artista visual e performer. A mostra “A Invenção do Espelho”, será na sede em Higienópolis, São Paulo, SP, e a abertura acontece neste sábado, dia 27 de maio, das 14h às 19h. O artista é um criador compulsivo e sua obra transborda autenticidade e liberdade, passando por diversos suportes e segmentos de pesquisas de metalinguagens e transmídia.

“A mostra foi concebida por Edgar como uma viagem, na medida do possível linear, por (…) referências, episódios, histórias e iconografias que o alimentam. Desfilam pelas salas da A Gentil Carioca desde episódios e personagens da mitologia grega até espíritos tailandeses, de iconografias indianas à releitura do mais célebre quadro holandês do século XVII, de máscaras rituais ao Guernica de Picasso.” – Jacopo Crivelli.

Até 11 de agosto

Diferentes Gerações de Artistas

23/maio

A proposta da exposição “Artista de artista”, que ocupa até 24 de junho a Sala 2 da Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, foi convidar os artistas representados pela galeria residentes no Brasil a indicar outros artistas para participar de uma exposição coletiva. A sugestão foi que indicassem artistas históricos ou contemporâneos, preferivelmente brasileiros, que ainda não tenham alcançado a devida visibilidade dentro do circuito de museus e galerias.

Esse projeto parte do pressuposto de que as relações e conexões estabelecidas entre artistas é essencialmente movida por interesses muito distintos daqueles dos curadores, galeristas, art advisors, diretores de museu e jornalistas. Delegar a escolha das obras participantes aos artistas – e, nesse caso, um conjunto de 24 trabalhos selecionados por 16 artistas – implica, naturalmente, em uma exposição polifônica. E, no entanto, cada um dos trabalhos selecionados revela algo sobre os artistas que fizeram as indicações: às vezes ficam evidentes afinidades estéticas, metodológicas, temáticas; às vezes revelam direções de pesquisas semelhantes; ou simplesmente uma admiração por algo completamente diferente do trabalho do artista-curador. 

A grande maioria optou por colocar em evidência a prática de artistas mais jovens, muitos deles ainda sem representação em galerias comerciais. Em alguns casos, são relações de afinidade que se desenvolveram ao longo dos anos, muitas vezes envolvendo uma interlocução regular e o acompanhamento da trajetória desses jovens artistas. Em outros, os artistas representados conheceram as obras através de exposições realizadas em outros locais. Há, ainda, exemplos de artistas selecionados já estabelecidos no mercado e que estão presentes com uma produção distinta daquela que lhes deu reconhecimento; bem como artistas que, por diversas razões, nunca tiveram uma inserção significativa no circuito da arte.

Artista de artista é, sobretudo, uma oportunidade para enxergar uma parcela ínfima da produção de diferentes gerações de artistas sob a perspectiva de alguns dos artistas que trabalham conosco. Nesse sentido, forma um pequeno porém potente panorama de algumas ideias e práticas que apontam tanto para o passado quanto para o futuro, mantendo-se vivas através das relações dos artistas com artistas.

Afonso Pimenta – selecionado por Bruno Baptistelli, Ana Raylander – selecionada por Cinthia Marcelle, Fred Lemos Auad – selecionado por Tonico Lemos Auad, Gabriela Mureb – selecionada por Laura Lima, Gaya Rachel – selecionada por Anna Maria Maiolino, Júlia Gallo – selecionada por Thiago Honório, Mariela Scafati – selecionada por Pablo Accinelli, Marina Hachem – selecionada por Marina Saleme, Marlon de Paula – selecionado por Pedro Motta, Priscila Rooxo – selecionada por Panmela Castro, Renato Maretti – selecionado por Caetano de Almeida, Rose Afefé – selecionada por Marcius Galan,  Sofia Caesar – selecionada por Fernanda Gomes, Tantão – selecionado por Jarbas Lopes, Tiago Tebet – selecionado por Alexandre da Cunha, Yan Braz – selecionado por Marepe.

 

Mostra individual de Gustavo Nazareno

A Cassina Projects, Milão, tem o prazer de anunciar a representação de Gustavo Nazareno (1994, Minas Gerais, Brasil), que se junta à galeria após sua estreia na Itália e sua primeira individual na Cassina Projects, “Notas pessoais de fé”, com curadoria de Deri Andrade, em 2022. Gustavo Nazareno vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Trabalhando com pinturas a óleo e carvão sobre papel, Gustavo Nazareno parte para uma exploração espiritual e visual dos Orixás, divindades veneradas pelo culto sincrético da Umbanda brasileira e outras religiões da diáspora africana relacionadas aos iorubás, que encontraram seu caminho para a maioria dos mundo como uma emanação do comércio atlântico de escravos.

​Forças híbridas, espíritos ancestrais e negociadores mitológicos entre o mundo humano e o divino – profetas da sabedoria e encarnação de legados históricos -, no universo poético de Gustavo Nazareno os Orixás são figuras gloriosas de um panteão pungente onde se fundem tradições africanas, rituais brasileiros, espiritismo e catolicismo.

​Por meio do enigmático jogo de luz e sombra e da representação de entidades divinas e da paisagem como manifestação alegórica e universal da beleza, Gustavo Nazareno pondera sobre os atributos heterogêneos da identidade e sobre os contornos nebulosos de nossa experiência terrena enquanto confronta a persistência do colonialismo como narração.