Toyota no Paraná

27/out

O “Espaço Arco-Irís” será inaugurado no Parque Geminiani Momesso, no Paraná. Nele, a obra de Yutaka Toyota celebra união entre Brasil e Japão no museu a céu aberto que chega para fortalecer a posição do Paraná no roteiro cultural e artístico brasileiro. Em 28 de outubro, o Parque Geminiani Momesso, localizado em Ibiporã, PR, inaugurará a obra “Espaço Arco-Íris”, de Yutaka Toyota. O artista nipo-brasileiro criou a obra para a comemoração do Centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. Composta por 10 blocos dourados – cada um representa uma década – e uma “alça” em aço que remete ao casco do navio que transportou imigrantes japoneses para o Brasil, a ponta da escultura instalada no Japão está direcionada para o sentido geográfico do Brasil e a ponta da nova escultura a ser inaugurada em solo brasileiro será direcionada para o país asiático. A peça tem 10 metros e pesa cerca de três toneladas, duas toneladas a menos do que a original. Dado seu peso e altura, a instalação ocorre em etapas, nas quais as partes de aço serão transportadas separadamente e a pintura finalizada in loco. As duas bases da escultura são firmadas no chão a partir de blocos de concreto cobertos por terra, invisíveis ao observador.

Sobre Yutaka Toyota

Nasceu em Tendo na província de Yamagata ao norte do Japão. Em 1954, graduou-se na Universidade de Artes de Tóquio. Imigra em 1958 ao Brasil após trabalhar no Instituto de pesquisas industriais de Shizuoka. Faz as primeiras pinturas abstratas no início da década de 60 no Brasil já com conceitos cosmológicos, ponto central dos seus trabalhos até hoje. Após receber o prêmio do I Salão Esso de Artistas Jovens – “II Prêmio” (de pintura) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1965, resolve ir à Itália. Aproxima-se da vanguarda europeia e seu trabalho bidimensional torna-se tridimensional, fixando na Itália por 5 anos. Retorna ao Brasil após ser convidado para participar, em 1969, da X Bienal Internacional de Arte de São Paulo e recebe dois prêmios aquisição, o Itamaraty e o Banco de Boston. Participa de diversos salões de arte moderna e ganha outros importantes prêmios, em seguida, fixa seu ateliê em São Paulo e naturaliza-se brasileiro no dia 11 de janeiro de 1971. Em 2016 monta um novo estúdio em São Paulo para criação e produção de obras monumentais de alto padrão. Yutaka Toyota está em contínua criação executando uma infinidade de projetos e obras autorais a partir de seu ateliê em São Paulo para o mundo.

Sobre o Parque Geminiani Momesso

Empresário, colecionador e incentivador das artes, Orandi Momesso, fundou o Parque Geminiani Momesso e a organização sem fins lucrativos Instituto Luciano Momesso, que tem a responsabilidade de administrar o museu a céu aberto. Construída ao longo de cinco décadas, a Coleção Orandi Momesso é um importante acervo de arte brasileira, reunindo cerca de 5 mil obras, relevantes trabalhos de uma grande diversidade de artistas, em praticamente todos os períodos da arte brasileira, incluindo clássicos, pré-modernos, modernistas e contemporâneos. A 25 km de Londrina, o parque é um paraíso ecológico formado por uma área 1.355 milhão metros quadrados, dos quais 121 mil são de mata virgem que encontram o Rio Tibagi, um dos mais importantes da região. A área foi doada por Orandi Momesso e está sendo paulatinamente transformada no centro cultural com o projeto do importante paisagista Rodolfo Geiser. Com um olhar aguçado, Orandi Momesso teceu uma das coleções de arte mais relevantes do Brasil. O Parque carimba o legado deste trabalho de mais de cinco décadas ao salvaguardar o acervo em acesso público e, além disso, dedicar um espaço cultural e biodiverso à sua terra natal. O patrimônio de Momesso conta com peças de grandes artistas como Angelo Venosa, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, José Resende, Nicolas Vlavianos, Rubem Valentin e Victor Brecheret, além de mobiliário colonial e moderno de Lina Bo Bardi e Rino Levi.

“É um parque dedicado às artes brasileiras, acho que isso é o mais relevante, é o diferencial. Ao mesmo tempo, há uma gama de artistas ali que vieram do exterior, mas que fizeram sua história no Brasil e se tornaram parte desse território. O parque tem esse valor em relação ao fortalecimento da arte nacional”, afirma Gianni Toyota, filho do artista e diretor do projeto.

Palestra de Daniela Name

18/out

A crítica de arte e pesquisadora Daniela Name falará no dia 24 de outubro, às 18h, sobre as obras da artista Amelia Toledo (1926-2017) expostas em “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler Rio de Janeiro, que foi prorrogada até 04 de novembro.

Daniela Name foi curadora, juntamente com Marcus de Lontra Costa, da exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo no Rio de Janeiro, realizada no Paço Imperial, de 17 de dezembro de 2014 a 1º de março de 2015.

Com mais de 50 obras – entre pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos – “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler, ilumina o período frutífero e experimental da produção da artista quando viveu no Rio, nos anos 1970 e 1980, que marcou sua trajetória, reverberando em trabalhos posteriores.

Além de obras icônicas, como o livro-objeto “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), dedicado ao cantor e compositor, ou trabalhos que estiveram em sua impactante individual “Emergências”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1976, a exposição na Nara Roesler Rio de Janeiro traz pinturas e aquarelas inéditas, em que o público pode apreciar sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais.

35 anos da Mão Afro-Brasileira no MAM SP

17/out

Poderá ser vista até 03 de março de 2024 no MAM SP, Parque do Ibirapuera, sob curadoria de Claudinei Roberto da Silv, a exposição comemorativa “Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira” que reúne cerca de quarenta e cinco artistas e em homenagem a Emanoel Araúko, artista criador do Museu Afro-Brasil.

A palavra do curador.

Em 1988, celebrou-se entre nós o centenário da Abolição da Escravidão, e várias iniciativas, de caráter público ou privado, foram promovidas para festejar a efeméride. O mesmo ano via surgir a nova carta magna da República, a Constituição que ampliava ou instituía direitos até então recusados a mulheres, negros, negras e originários. A celebração também deu ensejo a protestos daqueles que, justamente, entendiam ser pífios os avanços do combate às desigualdades de raça, gênero e classe, profunda e historicamente arraigadas na sociedade brasileira.

Nessa ocasião, tanto a exposição A Mão Afro-Brasileira – Significado da contribuição artística e histórica, organizada por Emanoel Araujo e realizada no MAM, quanto a nova Constituição foram resultados da luta obstinada daqueles que entendiam a necessidade de construir uma sociedade que, por ser justa e igualitária, seria também mais comprometida com a democracia.

O lapso de tempo que separa a exposição de 1988 desta, Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira, foi repleto de acontecimentos historicamente significativos, que acabaram por confirmar a relevância das instituições culturais do país, pois afirmam, igualmente, a importância central que a educação (formal e não formal) ocupa no combate às mazelas que secularmente nos assombram. Entre elas, o racismo estrutural que, apesar dos avanços que paulatina e lentamente vão sendo feitos, permanece, infelizmente, como característica comum ao cotidiano de milhões de afrodescendentes que são por ele infelicitados.

Entre as importantes conquistas observadas está, justamente, o debate sobre a constituição dos acervos dos nossos museus e sobre como eles espelham, ou não, a diversidade étnica, de gênero e classe da população do país. No momento em que se estabelece o necessário e profícuo debate sobre a relevância e circulação da produção intelectual e artística de minorias secularmente excluídas, convém lembrar a importância pioneira da mostra de 1988.

A exposição Mãos acaba por celebrar a memória de Emanoel Araujo – criador do Museu Afro Brasil, que hoje recebe seu nome -, um polímata que, falecido há um ano, no dia 7 de setembro de 2022, catalisou, a partir da sua pioneira e corajosa atuação, a vontade de todos os que desejam a promoção da cultura afro-diaspórica, por entendê-la parte valiosa e inextrincável de um patrimônio que pertence a toda a humanidade.

Claudinei Roberto da Silva

curador

Artistas participantes: MAM São Paulo (Sala Paulo Figueiredo)

Agnaldo Manuel dos Santos, Aline Bispo, Almandrade, André Ricardo, Arthur Timótheo da Costa, Betto Souza, Claudio Cupertino, Cosme Martins, Denis Moreira, Diogo Nógue, Edival Ramosa, Edu Silva, Emanoel Araujo, Emaye – Natalia Marques, Eneida Sanches, Estevão Roberto da Silva, Flávia Santos, Genilson Soares, Heitor dos Prazeres, João Timótheo da Costa, Jorge dos Anjos, José Adário dos Santos, Leandro Mendes, Luiz 83, Maria Lídia Magliani, Maurino de Araújo, May Agontinmé, Mestre Didi, Néia Martins, Nivaldo Carmo, Otávio Araújo, Paulo Nazareth, Peter de Brito, Rebeca Carapiá, Rommulo Vieira Conceição, Rosana Paulino, Rubem Valentim, Sérgio Adriano H, Sidney Amaral, Sonia Gomes, Taygoara Schiavinoto, Wilson Tibério e Yêdamaria.

Arte Brasileira na Casa Fiat

11/out

Esta é a primeira vez que uma mostra de tamanha robustez é montada em Belo Horizonte, MG, fora do Museu de Arte da Pampulha (MAP) – algumas obras, inclusive, jamais foram vistas que não na icônica construção encravada às margens da Lagoa da Pampulha, pensada originalmente para abrigar um cassino aberto ao público. A exposição “Arte Brasileira” está organizada em seis núcleos inter-relacionados: Conjunto Moderno da Pampulha, Os Modernos, Pampulha Espiralar: Um Lar, Um Altar, Nossos Parentes: Água, Terra, Fogo e Ar, O Menino Que Vê o Presépio e Novos Bustos. Obras de Cândido Portinari, Guignard, Di Cavalcanti, Burle Marx, Mary Vieira, Oswaldo Goeldi, Antônio Poteiro, Yara Tupynambá, Cildo Meireles, Jorge dos Anjos, Vik Muniz, Nydia Negromonte, Froiid, Wilma Martins, José Bento, Eustáquio Neves e Luana Vitra, entre outros, são artistas de diferentes gerações e movimentos que agora se reúnem na exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”, inaugurada em Belo Horizonte.

No terceiro e extenso andar da Casa Fiat de Cultura, cerca de 200 obras, entre gravuras, pinturas, fotografias, esculturas e cerâmicas, nunca antes expostas em conjunto, fazem um importante passeio pela produção artística brasileira dos séculos XX e XXI, ressaltando os principais deslocamentos da arte contemporânea do país. Ali, estão nomes que contribuíram para elevar não só o pensamento estético, mas também uma criação que lançou olhares inovadores e utópicos sobre o Brasil, a partir de uma elaboração da releitura de uma identidade nacional proposta pelo modernismo.

As obras expostas na Casa Fiat evidenciam, também, a característica vanguardista do MAP, como sublinha o curador do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos, que assina a curadoria ao lado de Priscila Freire, ex-diretora do museu, inaugurado em 1957: “Na arte brasileira, a palavra vanguarda foi inaugurada no modernismo e acompanha essa coleção do MAP, que sempre se mostrou com muita coragem ao constituir seu múltiplo acervo”.

Priscila Freire, que esteve à frente do MAP durante 14 anos, diz que pode contar um pouco dessa história por meio da exposição. “Indiquei obras que considero interessantes da coleção de um museu que passou pelo moderno, pós-moderno e contemporâneo sendo sempre contemporâneo”, comenta.

Fruto da parceria entre a Casa Fiat de Cultura e prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público até fevereiro do ano que vem e é parte das celebrações dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, eleito Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Para a secretária de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, “a exposição é um marco para a história do MAP, abre portas para pesquisas futuras e olhares que até então não tinham sido feitos sobre o acervo e a instituiçao”. Por sua vez, o presidente da Casa Fiat, Massimo Cavallo enfatiza o aspecto ousado, grandioso e inovador da mostra, “que desvela novos ângulos que habitam esse Patrimônio Cultural da Humanidade, nutrindo vínculos de pertencimento e identidades”.

Vocação contemporânea

“Arte Brasileira” dialoga com as indagações que permeiam o que há de mais atual nos debates sociais e com a literatura de Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Leda Maria Martins, homenageados e retratados no núcleo Novos Bustos. Muito antes de termos como decolonial ou pós-colonial se popularizarem no nosso vocabulário, as obras que serão vistas na mostra já traziam questionamentos que hoje encontram o pensamento contemporâneo. Quando Marcelo Campos e Priscila Freire propuseram que a exposição revelasse tal traço, perceberam que a coleção do MAP respondia a esse anseio e unia o que é considerado erudito, popular e contemporâneo.

“Só um acervo de vanguarda poderia nos dar insumos e elementos para constituir uma exposição com quantidade de arte popular que temos, com artistas negros e negras e também com muitas mulheres fundamentais para a arte brasileira. A exposição explicita isso, mas também busca renovar a leitura. Muitas obras aqui pertencem ao acervo, mas nunca tinham sido expostas. Isso é fundamental”, explica Campos.

Os quadros “Os acrobatas” (1958), de Candido Portinari, e “Espaço (da série Luz Negra)”, de Jorge dos Anjos, são dois destaques da exposição. “No Portinari é bonito porque a gente vê um artista modernista observando a cultura popular. Uma das utopias modernistas foi pensar uma sociedade mais justa, igualitária, com os ideais humanistas presentes. A grandeza de Portinari foi alertar para um Brasil que tinha na população suas riquezas culturais”, ressalta o curador.

Sobre Jorge dos Anjos, que tem outras duas obras expostas na Casa Fiat, Marcelo Campos salienta que o ouro-pretano ampliou tradições e “é um artista negro que olha para o seu tempo e, por outro lado, não esquece as discussões ancestrais”.

Entre as obras inéditas, vêm à tona o conjunto de pinturas populares e o presépio pertencente ao núcleo O Menino Que Vê o Presépio, montado em uma das pontas do terceiro andar da Casa Fiat. Exibido pela primeira vez ao público, a obra, inspirada em um conto de Conceição Evaristo, tem cerca de 300 peças e é composta por esculturas em cerâmicas originárias do Vale do Jequitinhonha, com autoria de Cléria Eneida Ferraz Santos e Mira Botelho do Vale.

“Esse é outro grande destaque, vamos colocar isso dentro de uma exposição que, em tese, seria de arte moderna e contemporânea. Esse gesto reforça a ideia de vanguarda do acervo do MAP”, afirma Marcelo Campos. Outra novidade fica por conta do restauro de duas obras: “Estandartes de Minas” (1974), de Yara Tupynambá, e “Tempos Modernos” (1961), de Di Cavalcanti, que se juntarão à mostra.

“Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” joga luz na potência cromática da arte brasileira e faz as pazes com a diversidade e a força das cores, tão rechaçadas e inferiorizadas por uma leitura antiquada e elitista. Com a mostra, atual e tropicalista, o curador diz que esse trauma pode ser superado: “A cor é uma conquista, horizontaliza a arte”.

Programação paralela

No dia 29 de outubro, às 11h, o Encontros com o Patrimônio convida a diretora de museus da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Janaina Melo, para o bate-papo “Museu de Arte da Pampulha (MAP): Um Museu e Suas Histórias”. O evento é virtual e gratuito, com inscrição pela Sympla. Já no dia 07 de novembro, às 19h30, a Casa Fiat de Cultura realiza um bate-papo presencial com os curadores Marcelo Campos e Priscila Freire.

A exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10 – Funcionários), até 04 de fevereiro de 2024.

Coleção Andrea e José Olympio Pereira

10/out

Um recorte surpreendente da coleção Andrea e José Olympio Pereira, uma das mais importantes do mundo, tomará o espaço expositivo do Palácio Anchieta a partir de 17 de outubro. A mostra, com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, traz obras que têm a natureza como potência criativa, em diálogo com o registro dos povos originários, afrodescendentes e da dita tradição popular. Sob o arguto olhar da curadora Vanda Klabin, a exposição “De onde surgem os sonhos | Coleção Andrea e José Olympio Pereira” oferece um excelente momento de reflexão sobre os rumos da arte que trabalha as raízes mais fundas da ancestralidade brasileira. Mostra inédita de arte contemporânea, da coleção Andrea e José Olympio Pereira, no Palácio Anchieta, em Vitória (ES). Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, a exposição é a terceira lançada este ano pelo Museu Vale, como parte de suas ações extramuros, e marca os 25 anos de trajetória da instituição.

“De onde surgem os sonhos” tem título inspirado na obra de mesmo nome do artista macuxi Jaider Esbell, ativista dos direitos indígenas, falecido em dezembro de 2021. A mostra conta com 72 obras, de 50 artistas, da que é considerada uma das maiores coleções de arte contemporânea do Brasil e está entre as 200 maiores do mundo. Nesta seleção dividida em sete salas, obras de artistas como Adriana Varejão, Cildo Meirelles, Ana Maria Maiolino, Cláudia Andujar, Franz Krajcberg, Waltercio Caldas e José Damasceno, por exemplo, dialogam com os trabalhos dos artistas mais recentes.

Sobre a Coleção Andrea e José Olympio Pereira

Famosa no mundo inteiro, a coleção de Andrea e José Olympio Pereira tem foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual e reúne algo em torno de 2,5 mil obras. Em 2018, o casal inaugurou o Galpão da Lapa, antigo armazém de café do século XIX, e o converteu em um espaço expositivo que recebe, a cada dois anos, um curador diferente para criar novas exposições a partir das obras de sua coleção. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade”, explica Andrea. “Conseguimos entender melhor o artista desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como se fosse um livro cuja história seria impossível de ser compreendida só com uma página”, compara.

De 17 de outubro de 2023 a 28 de janeiro de 2024.

Esculturas de Ascânio MMM em retrospectiva

A exposição “Ascânio MMM: Torções” no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), Jardim Europa, São Paulo, SP, apresenta uma retrospectiva da carreira de 60 anos do escultor Ascânio MMM. A mostra, organizada por Francesco Perrota-Bosch, reúne 55 esculturas e instalações, 22 maquetes, 12 desenhos, além de fotos antigas e documentos do artista, que é reconhecido como um expoente da abstração geométrica na América Latina.

O conceito central da exposição gira em torno da ideia de “torção”, que se relaciona com a maneira como Ascânio combina módulos, como ripas de madeira ou pequenos blocos retangulares, para criar esculturas que parecem se retorcer sobre si mesmas, criando uma sensação de movimento e dança. Essas obras demonstram a fusão entre precisão matemática e estética, refletindo sua formação dupla em Artes plásticas e Arquitetura.

A exposição está dividida em duas partes: a primeira apresenta esculturas monocromáticas em madeira pintada de branco, que datam do final dos anos 1960 até o início do século 21. A segunda parte exibe obras das últimas duas décadas, nas quais o artista começou a utilizar o alumínio como base para suas criações.

Além das esculturas, a exposição destaca uma cortina de metal formada por pequenos quadrados vazados, que remete à influência de Hélio Oiticica, com quem Ascânio conviveu nos anos 1960. Também são mencionados outros artistas que influenciaram sua obra, como Franz Weissmann e Alexander Calder, conhecidos por suas esculturas geométricas e móbiles. Uma obra de destaque é Escultura 2, que recebeu o prêmio do Panorama da Arte Brasileira de 1972. A exposição também inclui esculturas instaladas na área externa do museu, criadas a partir das esculturas públicas de Ascânio no Rio de Janeiro, que contrastam com a arquitetura do MuBE e convidam os espectadores a interagir com elas de diferentes ângulos.

Até 26 de novembro.

Novo artista representado

A Simões de Assis, São Paulo, SP, tem a alegria e o prazer de anunciar a representação de Flávio Cerqueira (São Paulo, 1983). O artista explora a construção de narrativas a partir de figuras humanas em bronze, evocando questões importantes de classe, identidade e raça. A partir de suas esculturas, Flávio Cerqueira é capaz de cristalizar o instante e o fragmento de uma ação, tornando desse modo o espectador um coautor na produção de significados da obra.

Seu trabalho faz parte de relevantes coleções particulares e figura no acervo de importantes instituições, como: Instituto Inhotim, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Universidade de Missouri Kansas City (UMKC); Museu Afro Brasil, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), entre outros.

A Casa é Nossa

06/out

Acaba de nascer um novo complexo cultural agregador no Rio de Janeiro: a Sala Partisan, na Lapa. Convidado para assumir a curadoria das exposições do espaço, que abre as portas ao público no sábado, dia 07 de outubro, o produtor de artes visuais Paulo Branquinho logo reuniu um grupo de 21 artistas para uma mostra arrojada, à altura da aguardada ocasião.

Artistas participantes

Adriana Nataloni, Albenzio Almeida, Ana Rutter, Ângelo Milani, Antônia Philipsen Boaventura, Bruca Manigua, Deisi Paiva, Domenico Salas,  Edna Kauss,  Ed Di Lallo, Edson Landim,  Enéas Valle, Ismael Davi, Jung Wladimyr, Lara Milani,  Lina Zaldo,  Lúcia Meneghini, Marcelo Gomes, Mário Campioli, Solange Palatnik e Umberto França integram o grupo convidado para a mostra intitulada “A Casa é Nossa”.

“Além de ser configurada como um grande salão para receber exposições, como esta que será apresentada, a sala dispõe também de um bar e drinqueria, um convite para um bom bate papo, música, artes visuais, performances, lançamentos de livros e o que mais vier com a proposta de incentivar a cena cultural carioca”, diz Paulo Branquinho.

A versatilidade dá o tom deste primeiro evento, antecipando o que está por vir. Conhecido por seus trabalhos com troncos de árvores mortas, o escultor (e velejador) Albenzio Almeida levará suas esculturas em ferro oxidadas pelo mar, criadas especialmente para o evento. Edna Kauss, apresentará uma obra in situ, um portal com iluminação de lâmpadas de neon criado para o local, onde o visitante “entra” em sua obra de linhas e luzes. Mário Campioli, mestre em efeitos especiais e hiper-realismo, promete uma performance no mínimo impactante: chegará acompanhado de um jovem modelado por ele em silicone.

Visitação: de 10 a 28 de outubro.

Suassuna, Brennand, Samico e dos Santos

03/out

A BASE, de Daniel Maranhão, Jardim Paulista, abre a exposição “Ressonância Armorial” com Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Gilvan Samico e Miguel dos Santos, texto crítico de Denise Mattar e 30 obras entre pinturas, esculturas e objetos dos quatro artistas mais representativos no Movimento Armorial, uma iniciativa artística cujo objetivo seria criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro que buscava convergir e orientar todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, etc. A abertura é no dia 07 de outubro, ficando em cartaz até 11 de novembro.

Em um primeiro momento, em 2020, Daniel Maranhão inseriu o Movimento Armorial, em seu segmento de artes plásticas, no cenário cultural paulistano com a exposição “Samico e Suassuna – Lunário Perpétuo”, que marcou a reinauguração da BASE pós-pandemia, agora, com “Ressonância Armorial”, amplia o número de artistas que trabalharam os mesmos conceitos.

As “iluminogravuras” – termo criado pela junção das palavras iluminura e gravura, de Ariano Suassuna, retornam à galeria acompanhadas de publicações, raros LPs do “Quarteto Armorial”, do múltiplo artista Antônio Nóbrega, e trechos do longa metragem “Auto da Compadecida” dirigido pelo pernambucano Guel Arraes. Suassuna, idealizador do Movimento Armorial, nos anos 1970, assim o conceitua: “A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das artes e espetáculos populares, com esse mesmo Romanceiro, relacionados”.

Miguel dos Santos, que aos 79 anos figura como único integrante vivo do Movimento Armorial e que, atualmente, está no foco dos grandes colecionadores e instituições nacionais e internacionais, é apresentado de forma inédita na BASE. Como define Daniel Maranhão, “não há como se falar em Movimento Armorial, sem citar Miguel, um dos principais participantes.(…) É sabido que cada artista tem sua fase, ou época, mais prestigiosa; e, no caso de Miguel, são as décadas de 1970 e 1980 as mais importantes, de onde serão apresentadas oito obras, todas em óleo sobre tela, sendo que seis delas da década de 1970 e duas, em grande formato, da década de 1980, adquiridas ao longo de anos”. Sobre seu trabalho, Denise Mattar pontua: “Incorporando vestígios do passado e referências a deuses ancestrais, seu trabalho, personalíssimo, envereda pelo realismo mágico.”

Gilvan Samico possui obras inspiradas no Cordel desde os anos de 1960 o que o qualifica como um dos precursores do Movimento Armorial. “O virtuosismo técnico na arte da xilogravura, aliado ao imaginário das fantásticas histórias do Romanceiro Popular do Nordeste, apresentadas de forma hierática, quase sagrada, em “soberana simplicidade”, tornaram a obra de Samico a mais plena concretização das ideias armoriais – uma união perfeita de erudito e popular”, como define Denise Mattar. Dentre as xilogravuras, destacam-se: “Dama com Luvas” (1959) e “Suzana no Banho” (1966) (acervo do MoMA, NY), com tiragem limitada (20 exemplares).

Internacionalmente reconhecido como pintor e ceramista, Francisco Brennand exibe esculturas de grande porte e peças em cerâmica – painéis e placas – da década de 1960, “que evocam o mundo telúrico, sensual e provocador, característico de toda a sua produção”, segundo Denise Mattar.

“A reunião desses quatro artistas, na Galeria BASE, evidencia a ressonância do Movimento Armorial, potencializando seu resultado mágico e contestador, que remete às raízes profundas de nosso país.”  Denise Mattar

Obras emblemáticas de Amelia Toledo

Segue em cartaz até o dia 21 de outubro a exposição “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A mostra é dedicada ao período em que Amelia Toledo viveu no Rio de Janeiro nos anos 1970 e 1980, período em que iniciou uma obra pioneira na história da arte brasileira, e ultrapassou a linguagem construtiva incorporando elementos da natureza, criando o que se pode chamar de abstração ecológica. A exposição traz mais de 50 obras emblemáticas da artista, como pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos produzidas na cidade, ou que foram desenvolvidas posteriormente a partir de suas pesquisas naquele período.

Amelia Toledo (1926, São Paulo – 2017, Cotia, São Paulo) iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1930, e ao longo de sua trajetória participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas várias bienais, e possui obras em importantes coleções institucionais. Além de trabalhos icônicos como “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), um livro-objeto em papel, acetato e fotomontagem, dedicado ao cantor e compositor, e obras que integraram sua impactante individual “Emergências” em 1976, no MAM do Rio de Janeiro, a exposição reúne pinturas e aquarelas inéditas em que o público verá sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais.

Amelia Toledo criou o Projeto Cromático – premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil -, com 68 tons, que revestem as paredes da Estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, no Rio de Janeiro, inaugurada em 1998. Sua intenção foi fazer com que o público não se sentisse caminhando em direção ao fundo da terra, como disse em entrevistas na época. Na Praça Arcoverde, em frente à estação, está a fonte/escultura “Palácio de Cristal” (1998), um bloco de quartzo rosa sobre espelho d’água, de 140 cm x 140 cm x 140 cm, criada também pela artista. Em São Paulo, há obras públicas no Ibirapuera – uma delas inaugurada recentemente – no Metrô do Brás e no Parque Vila Maria.