Esculturas de Ascânio MMM

11/abr

 

No dia 16 de março, será inaugurada a primeira exposição individual de Ascânio MMM na galeria Silvia Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abrindo o calendário expositivo de 2023. Com texto crítico de Diego Matos, a mostra exibirá 7 trabalhos inéditos do artista – seis obras de parede e uma grande escultura – que contemplam a sua mais recente produção artística.

Uma das séries que integram a exposição é “Quacors” – um neologismo criado pelo artista que une as palavras quadrado e cor. Estamos diante de híbridos de esculturas e pinturas. Parte da longa pesquisa de Ascânio sobre as possibilidades do alumínio, os “Quacors” surgem como espécies de blocos nos quais uma sucessão de módulos quadrados – ora vazados, ora preenchidos – são articulados por parafusos dotados de certa folga, de tal forma que as composições sejam a um só tempo tensas e fluidas.

Em cinco décadas dedicadas à escultura, Ascânio construiu uma minuciosa obra – transparente em sua poética e firme em sua lógica construtiva – que lhe garante um lugar histórico na trajetória da abstração geométrica da América Latina. Esta foi sua práxis exclusiva. Ascânio nunca fez uma obra figurativa. A gênese particular do artista está ancorada em sua origem portuguesa e no contexto cultural brasileiro, mais especificamente o do Rio de Janeiro, cidade fecundada pela revolução neoconcretista e seus desdobramentos.

 

Sobre o artista

Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976. Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BE? Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.

 

Paulo Monteiro no Instituto Ling

06/abr

 

A mostra “Paulo Monteiro: Linha do Corpo” fica em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, até 17 de junho, com visitas livres de segunda a sábado e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site. O público poderá conferir ao todo 67 obras, criadas de 1990 até 2022. Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

 

Paulo Monteiro: Linha do Corpo

Esta exposição traz trabalhos de um segmento decisivo na obra de Paulo Monteiro, subsequente a um período de imersão na pintura, no sentido extremo do Expressionismo Abstrato e da Transvanguarda a que aderiu nos anos 1980-90 com o grupo Casa 7, que agitou essas décadas. Já então, a afinidade com as “caricaturas pictóricas” de Philip Guston e sua produção de quadrinhos denunciava a paixão pelo traço. Esta série de desenhos em grafite, os guaches, as peças de parede, as esculturas e as “pinturinhas” recentes assinalam um deslocamento, partindo daquela urgência e excesso expressivo para uma meditação gráfica: um recuo abrupto ao silêncio da linha. O desenho, em sua nudez de efeitos, é aqui o meio para refazer uma gênese, uma decantação da forma como grafia do movimento. Um traço incerto, que ora desliza, ora resiste expondo rebarbas da fricção com o papel. Um passo aquém para ganhar distância, meditar aquele fazer, autenticá-lo. O empasto anterior se torna rarefeito; a efusão converte-se em absorção, a ponto de se reduzir a elementaridades. O papel branco e o grafite preto que o sulca; a massa de argila (depois fundida em metal) que se erige num breve movimento (achatar, cortar e torcer): um mesmo pequeno gesto. A arte torna-se sua reflexividade; desenho mental, percurso errático do desejo. Dobra-se sobre si mesma, abstrai, duplica-se e sonha outros espaços. Instável, volta a desmoronar na massa amorfa. Mas o traço deve conter-se, descolar dos contornos, abstrair para avançar no espaço e, então, aventurar-se. Foi preciso despir-se de toda “coloração”, concentrar-se no gesto elementar, para, enfim, acessar esse núcleo poético que, desde então, perpassa toda a obra. Uma tensão limite entre a mobilidade e a leveza da linha e o peso das massas escultóricas, que nunca se consolida em “boa forma”, mas se articula numa ambiguidade pulsante, esculpindo corpos nas superfícies.

 

Virginia H. A. Aita

 

Sobre o artista

Conhecido como um dos nomes expoentes da geração surgida nos anos 80 no Brasil e tendo participado do notório grupo Casa 7, Paulo Monteiro desenvolveu ao longo das últimas décadas um extenso, coeso e vibrante corpo de trabalho, marcado por uma vontade profundamente particular, mas cuja capacidade de articulação aspira à linguagem universal. Suas pinturas e esculturas atravessam as influências recolhidas da transição do expressionismo abstrato para o neoexpressionismo e do minimalismo para elaborar estados de espírito e situações radicais em suas manifestações mais espontâneas. Baseado na síntese, o núcleo de sua pesquisa se encontra na natureza da conformação da matéria, que se estica em linhas, esparrama-se em marcas gráficas, demarca relevos, cortes, torções, dobras e desmanches, sempre em exercícios marcados pela combinação de delicadeza e rigidez.

A simplicidade de seus gestos não reduz o disparo de múltiplas experiências. Muito pelo contrário, aponta para uma ambiguidade, tão determinada quanto bem-humorada. Sua obra pode ser encarada a partir de aspectos do pensamento metafísico, mas também em diálogo com noções de coreografia e dança, ventilando questões a respeito do deslocamento, das medidas de distância e dos limites que delineiam o que entendemos como dentro e o que especulamos como fora. São manifestações que lidam, sobretudo, com o estado contínuo de transformação das coisas; e com a consciência que nos permite manter-nos sempre abertos para a chegada de novas imaginações. Seu trabalho integra inúmeras coleções permanentes, incluindo: MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC-SP (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

 

Sobre a curadoria

Virgina H. A. Aita, possui breve incursão pelas artes nos anos 1990 e mestrado e doutorado em Filosofia, especializou-se em filosofia moderna, estéticas anglo-americanas e Arthur C. Danto. Estudou Filosofia e História da Arte na Universidade de Columbia (Barnard College, NY), onde realizou seu pós-doutorado em Estética entre 2015 e 2016, e participou de cursos temporários na School of Visual Arts. Lecionou na UFRGS, na UFBA, na Casa do Saber (SP) e no Instituto Ling. Atuou como curadora na Fundação Iberê Camargo e em projetos independentes, produzindo textos na área de filosofia e crítica de arte. Recentemente coorganizou o IV Seminário Estética e Crítica de arte da FFLCH-USP (“Sentidos na Asfixia”), onde faz pós-doutorado e integra grupos de pesquisa em estética.

 

Marcando 20 anos

31/mar

No ano em que comemora seus 20 anos, A Gentil Carioca apresenta para a SP-Arte 2023 (Stand E4), uma seleção especial que traduz sua essência poética a partir nova produção dos artistas: Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Vinicius Gerheim e Vivian Caccuri.

Como parte da programação VIP da SP-Arte, a exposição Maria Nepomuceno & Valentina Liernur – Condo São Paulo 2023, n’A Gentil Carioca SP, participa do evento Travessa Aberta, um circuito de visitas aos espaços de arte da Travessa Dona Paula, em Higienópolis, que acontecerá no dia 01 de abril, de 10 às 12h.

 

O Brasil na Biennale Architettura 2023

30/mar

 

 

Intitulada “Terra”, a representação do Pavilhão do Brasil na Biennale Architettura 2023 – de 20 de maio a 26 de novembro no Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália – propõe repensar o passado para desenhar possíveis futuros, trazendo para o centro do debate agentes esquecidos pelos cânones arquitetônicos, em diálogo com a proposta curatorial da edição, Laboratory of the future (Laboratório do futuro). A exposição tem curadoria conjunta dos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares, e conta com a participação do povo indígena Mbya-Guarani, povos indígenas Tukano, Arawak e Maku, Tecelãs do Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá), Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho), Ana Flávia Magalhães Pinto, Ayrson Heráclito, Day Rodrigues com colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva (Grupo Etnicidades FAU-UFBA), coletivo Fissura, Juliana Vicente, Thierry Oussou e Vídeo nas Aldeias. Partindo de uma reflexão entre o Brasil de ontem, o de hoje e do futuro, a mostra coloca a terra como elemento poético e concreto no espaço expositivo. Para isso, o piso do pavilhão será aterrado, colocando o público em contato direto com a tradição dos territórios indígenas e quilombolas, além dos terreiros de candomblé.
“Nossa proposta curatorial parte de pensar o Brasil enquanto terra. Terra como solo, adubo, chão e território. Mas também terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida, humana e não humana. Terra como memória, e também como futuro, olhando o passado e o patrimônio para ampliar o campo da arquitetura frente às mais prementes questões urbanas, territoriais e ambientais contemporâneas”, contam os curadores.
A primeira galeria do pavilhão modernista é chamada pelos curadores de Decolonizando o cânone, questionando o imaginário em torno da versão de que Brasília, capital do Brasil, foi construída em meio ao nada, uma vez que indígenas e quilombolas que habitavam o lugar já eram retirados da região desde o período colonial, sendo finalmente empurrados para as periferias com a imposição da cidade modernista. Com múltiplos formatos, as obras que preenchem a galeria vão da projeção de uma obra audiovisual da cineasta Juliana Vicente e criada em conjunto com a curadoria, comissionada para a ocasião, passando por uma seleção de fotografias de arquivo, organizada pela historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, ao mapa etno-histórico do Brasil de Curt Nimuendajú e o mapa Brasília Quilombola, comissionado especialmente para mostra.
A segunda galeria, batizada de Lugares de origem, arqueologias do futuro, nos recepciona com a projeção do vídeo instalação em dois canais de Ayrson Heráclito – O sacudimento da Casa da Torre e o da Maison des Esclaves em Gorée, de 2015 –  e se volta para as memórias e a arqueologia da ancestralidade. Ocupada por projetos e práticas socioespaciais de saberes indígenas e afro-brasileiros acerca da terra e do território, a curadoria parte de cinco referências essenciais: Casa da Tia Ciata, no contexto urbano da Pequena África no Rio de Janeiro; a Tava, como os Guarani chamam as ruínas das missões jesuítas no Rio Grande do Sul; o complexo etnogeográfico de terreiros em Salvador; os Sistemas Agroflorestais do Rio Negro na Amazônia; e a Cachoeira do Iauaretê dos Tukano, Arawak e Maku.
A exibição demonstra o que várias pesquisas científicas comprovam: que terras indígenas e quilombolas são os territórios mais preservados do Brasil, e assim apontar para um futuro pós-mudanças climáticas no qual “decolonização” e “descarbonização” caminham de mãos dadas. Suas práticas, tecnologias e costumes ligados ao manejo e produção da terra, como outras formas de fazer e de compreender a arquitetura, estão situados na terra, são igualmente universais e carregam em si o conhecimento ancestral para ressignificar o presente e desenhar outros futuros para o planeta, tanto para as comunidades humanas quanto para as não humanas. Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo: “A Mostra Internacional de Arquitetura da Biennale di Venezia é um espaço privilegiado para o debate das questões mais urgentes em arquitetura e urbanismo, campo que, em última instância, reflete sobre nossas dinâmicas de vida a partir do uso e compartilhamento de espaços comuns, enquanto sociedade. Em um momento de grandes desafios enfrentados pela humanidade, realizar a exposição proposta pelos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares é uma maneira de dar visibilidade a pesquisas e práticas que podem contribuir para a elaboração coletiva de nosso futuro”.

 

Sobre os curadores

Gabriela de Matos é arquiteta e urbanista afro-brasileira, nascida no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, e cria projetos multidisciplinares com o objetivo de promover e destacar a cultura arquitetônica e urbanística brasileira, a partir das lentes de raça e gênero. É graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas (2010) e especializou-se em sustentabilidade e gestão do ambiente construído pela UFMG. Mestranda do Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Atualmente é professora  na graduação de arquitetura e urbanismo da Escola da Cidade. É CEO do Estúdio de Arquitetura – Gabriela de Matos, criado em 2014. Foi co-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no departamento de São Paulo, gestão (2020-2022). É fundadora do projeto Arquitetas Negras (2018), que mapeia a produção de arquitetas negras brasileiras. Pesquisa arquitetura produzida em África e sua diáspora com foco no Brasil. Entre outras, propõe ações que promovam o debate de gênero e raça na arquitetura como forma de dar visibilidade à questão. Foi premiada como Arquiteta do Ano 2020 pelo IAB RJ.
Paulo Tavares explora as interfaces entre arquitetura, culturas visuais, curadoria, teoria e advocacia. Operando através de múltiplas mídias e meios, seu trabalho abre uma arena colaborativa voltada para a justiça ambiental e contranarrativas na arquitetura. Seus projetos e textos foram apresentados em várias exposições e publicações nacionais e internacionais, incluindo Harvard Design Magazine, The Architectural Review, Oslo Architecture Triennial, Istanbul Design Biennale, e a 32a Bienal de São Paulo – Incerteza viva. Tavares foi cocurador da Bienal de Arquitetura de Chicago 2019 (EUA) e, atualmente, é membro do conselho curatorial da segunda edição da Trienal de Arquitetura de Sharjah 2023 (EAU). Foi curador dos projetos Acts of Repair (Preston Thomas Memorial Symposium, Universidade de Cornell, EUA), e Climate Emergency – Emergence, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) de Lisboa (Portugal). Tavares é autor de vários textos e livros que questionam os legados coloniais da modernidade, incluindo Forest Law/Floresta Jurídica (2014), Des-Habitat (2019), Memória da terra (2019), Lucio Costa era racista? (2020), e Derechos no-humanos (2022). Seus projetos de design também são apresentados na Bienal de Veneza deste ano no pavilhão do Arsenal.

 

Sobre a participação brasileira na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura da Biennale di Venezia

A prerrogativa da Fundação Bienal de São Paulo na realização da representação oficial do Brasil nas bienais de arte e arquitetura de Veneza é fruto de uma parceria de décadas com o Governo Federal, que outorga à Fundação Bienal a responsabilidade pela nomeação da curadoria e pela concepção e produção das mostras em reconhecimento à excelência de seu trabalho no campo artístico-cultural. Organizadas com o intuito de promover a produção artística brasileira no mais tradicional evento de arte do mundo, as exposições ocorrem no Pavilhão do Brasil, projetado por Henrique Mindlin e construído em 1964.

Stand da Galatea na SP-Arte 2023

29/mar

 


A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia sua participação na SP-Arte 2023, que começa hoje, 29 de março, e segue aberta para visitação até domingo, dia 02 de abril, no Pavilhão da Bienal. O stand da Galatea para esta edição apresenta obras de artistas que refletem o seu programa artístico, expondo desde seus artistas representados, passando por nomes fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, até artistas que criaram à margem do cânone.
A partir disso, o stand está organizado em três assuntos: figuras humanas e entidades; abstrações orgânicas e geométricas; e conceitualismos políticos.

O retrato em exibição

24/mar

Inaugurada em novembro de 2022 em dois espaços  – Copacabana e um galpão industrial na Penha – a galeria dedicada a questões contemporâneas como política, racismo e gênero em obras de qualidade – discute agora, até 08 de abril, em sua sede em Copacabana, o conceito do retrato, presente ao longo da história da arte.

Os artistas Alan Oju (1985, Santo André, SP), André Barion (1996, São Paulo), Andy Villela (1994, Rio de Janeiro), Bruno Alves (1998, São Paulo), Emerson Freire (1995, São Paulo), Gustavo Magalhães (1998, Goioerê, Paraná), Irineia Rosa Nunes da Silva (1949, povoado quilombola do Muquém, Alagoas), Lucas Almeida (1995, São Paulo), Leoa (Renata Costa, 1997, Rio de Janeiro), Melissa Oliveira (2000, Rio de Janeiro), Marlon Amaro (1987, Niterói), Miguel Afa (1987, Rio de Janeiro), Siwaju (1997, São Paulo) trabalham o retrato em diferentes pesquisas e abordagens. O texto crítico é do fotógrafo Bob Wolfenson.

“Vivemos em uma sociedade fetichizada, onde tudo é elevado, maximizado. Num momento onde o retrato, representado pela compulsão pela autoimagem e selfies, toma lugar daquele outrora idealizado, o fetiche não é mais aquele enquanto prática. O erotismo está em se mostrar, mesmo que por filtros e camadas de mentira. O mundo está refém do espelho, o Narciso deixa o consultório do psicólogo e alcança a grande massa”, comenta Paulo Azeco, um dos sócios da Nonada.

Os trabalhos são em grande parte pinturas, com diversos materiais, e ainda esculturas e fotografias. “A exposição faz um breve recorte sobre como o retrato, que é um dos mais antigos sujeitos da história da arte, encontra ressonância nesses artistas que têm dialéticas tão distintas, mas que trabalham sobre a representação humana e seus desdobramentos contemporâneos”, diz Paulo Azeco.

 

 

Formatos inovadores de participação

23/mar

NONADA, galeria de arte contemporânea carioca, visita São Paulo em espaço próprio, mas temporário, para estar presente no circuito cultural paulistano durante o período da principal feira de arte do hemisfério sul – SP-Arte – e, apresentar de uma forma coerente com seu conceito raiz, artistas comprometidos com seu compromisso de atuar ativamente do mercado criativo brasileiro mas também buscando formatos inovadores de participar.

A NONADA estará no térreo do Edifício Madalena, na Praça da Bandeira, região central de São Paulo, em um prédio Art Déco recentemente restaurado, embaixo do Viaduto do Chá. Usar ícones urbanos como referência é uma das formas que a galeria carioca entrar com respeito e coerência em São Paulo, marcando presença no maior centro cultural da América Latina, mas entendendo a necessidade de levar essas iniciativas para lugares importantes e, às vezes, externos ao circuito convencional de galerias e museus.

NONADA não é aqui – Superfície Matéria | Densidade Identitária, é uma mostra coletiva com 25 obras de 18 artistas, nomes com alcance já internacional como Miguel Afa e Melissa de Oliveira, representados pela galeria, e outros que participarão pela primeira vez de um projeto da NONADA como Tadaskia e Loren Minzu. A curadoria é de Paulo Azeco.

Pelo período de nove dias – de 25 de março a 02 de abril -, a jovem galeria, com um DNA que inclui sua presença no não lugar para sua existência e pertinência, exibe um projeto expositivo que reúne dois elementos imperativos em sua linha curatorial atual: “a ressonância da matéria nas pesquisas de jovens artistas percebida como ponto comum em muitas delas; além do moto primeiro da galeria que é a pesquisa de talentos periféricos à medida que muitos ainda estão fora de um circuito de arte convencional, com o foco maior em artistas LGBTQUIA+, questões identitárias, raciais e sociológicas. Deslocando o lugar da arte periférica para um sentido amplificado e que de fato faz sentido no pensamento contemporâneo”, como define Paulo Azeco.

 

Sobre a galeria

NONADA, um neologismo que remete ao não lugar e a não existência, também abre “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa e a união desses conceitos representa o pensamento basilar desse projeto. Como o próprio significado de NONADA diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas ou permanentes acerca de um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, como agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “NONADA é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo.

A NONADA mostrou-se necessária após a constatação, por seus criadores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas do hoje, sem receio nem temor em abordar temas políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação do projeto da NONADA foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas onde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco. Ludwig Danielian acrescenta: “…não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a arte boa, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos. Pretendemos promover discussões livres, contemporâneas, abertas, sem julgamentos prévios.”

Artistas: Miguel Afa, Melissa de Oliveira, Tadaskia, Loren Minzu, Alan Oju, André Barion, Emerson Freitas, Siwaju e outros.

 

 

Almandrade & Paulo Darzé na SPArte

20/mar

A Paulo Darzé Galeria, Salvador, anuncia e apresenta desenhos, pinturas, objetos de Almandrade na próxima SPArte/23. A conhecida galeria tem como objetivo de sua atuação a arte brasileira contemporânea, nas suas mais variadas expressões, linguagens e técnicas, trabalho que a consolidou como um dos mais importantes espaços de arte no Brasil, local difusor do que há de mais atual em pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, instalações e vídeos. Agora, em 2023, a Galeria Paulo Darzé comemora 40 anos, se constituindo neste tempo num centro por excelência do que há de mais atual na arte brasileira, tendo dentro de sua programação a participação, o que faz desde a primeira edição, mostrando na sua maioria artistas baianos, novos e consagrados, ao público brasileiro, na SPArte.

Para marcar sua presença neste ano apresenta uma exposição solo do artista Almandrade, comemorativa aos seus 50 anos de arte, com mostra de 60 trabalhos, em pequeno e médio formato, de desenhos, pinturas e objetos. A curadoria e texto de apresentação é de Denise Mattar.

 

A palavra da curadoria

“O artista teve uma formação solitária, criando uma poética particular, fundamentada a partir dos seguintes eixos: a poesia tradicional e as experiências visuais da Poesia Concreta, as experimentações desenvolvidas pelo Poema Processo, a arte construtiva e a arte conceitual. Sua pesquisa, desenvolvida à contracorrente da arte baiana do período, conversa de perto com a produção paulista e carioca, concreta e neoconcreta. Apesar da afinidade, e de encontros confortadores com Augusto de Campos, Décio Pignatari, Hélio Oiticica e Lygia Clark, entre outros, nos quais viu seu mérito reconhecido, Almandrade nunca deixou de residir em sua terra de origem, sentindo na pele as consequências de não viver no eixo Rio-São Paulo. Nem todas negativas, pois sua independência propiciou ao artista desenvolver de modo original a síntese proposta pelas vanguardas… Em sua obra estão presentes os trabalhos de cunho político e comportamental, realizados com extrema precisão e sutileza, desequilibrando verdades, objetos que desafiam o olhar do espectador com polida ironia, pinturas e objetos em madeira com mensagens secretas, peças rígidas de intenso cromatismo, exatas, mas calorosas, remetendo ao singelo concretismo das fachadas nordestinas”.

 

Sobre o artista

Almandrade (Antonio Luiz Morais de Andrade) nasceu em São Felipe, 1953, município baiano, e vive em Salvador. É artista plástico, arquiteto, mestre em Desenho urbano, poeta e professor de Teoria da Arte, e destes seus interesses múltiplos vem realizando nestas cinco décadas exposições de desenhos, de pinturas, de poemas visuais, de livros de artista, e instalações, de objetos, através de trabalhos que absorvem e sintetizam as suas influências diversas – o poema processo, o concretismo, as histórias em quadrinhos, efetivando em sua arte uma comunicação gráfico-visual que atravessa das linhas retas à abstração geométrica, da palavra à imagem, com um projeto poético que perpassa todo este período, entre o conceitual, o construtivo e a poesia visual.

 

A mostra da Paulo Darzé Galeria na SPArte/23 ocupará o estande C2, no Pavilhão da Bienal, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, portão 3.

 

 

Exposição-relâmpago no centenário de Franco Terranova

14/mar

 

Será comemorado com uma grande exposição-relâmpago o centenário do lendário marchand e poeta Franco Terranova (1923-2013), que esteve à frente da Petite Galerie, inovador e fundamental espaço de arte carioca que movimentou o circuito brasileiro entre 1954 a 1988, lançando nomes hoje consagrados, incentivando artistas, e criando salões e prêmios. “Uma Visão da Arte – Centenário de Franco Terranova e o legado da Petite Galerie” ficará em cartaz na Danielian Galeria, na Gávea, Rio de Janeiro, entre 04 a 18 de março.  A curadoria é de Paola Terranova – a filha caçula dos quatro filhos de Franco e Rossella Terranova, a bailarina e coreógrafa com quem ele foi casado de 1962 até sua morte – que está à frente do acervo da Petite Galerie, em um espaço na Lapa. Ela conta que para esta exposição comemorativa foram restaurados mais de 80 trabalhos. “Franco Terranova era antes de tudo amigo dos artistas, um apaixonado pela arte, e pretendemos fazer uma exposição que retrate seu olhar ao mesmo tempo afiado e afetuoso”, diz. Além dos artistas, era constante a presença na Petite Galerie de intelectuais como Ferreira Gullar, Mario Pedrosa, Millôr Fernandes e Rubem Braga.  A exposição comemorativa terá mais de 150 obras, entre desenhos, gravuras, pinturas e esculturas, de mais de 70 artistas que participaram da programação da Petite Galerie. Franco Terranova completaria 100 anos, em 09 de março próximo.

 

No dia 16 de março, às 19h, será realizado um leilão em prol da manutenção do legado de Franco Terranova, apregoado por Walter Rezende, com apoio da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, no site Iarremate –  https://www.iarremate.com.

 

Os artistas com obras na exposição comemorativa na Danielian Galeria são: Abelardo Zaluar (1924-1987), Adriano de Aquino (1946), Alexandre Dacosta (1959), Alfredo Volpi (1896-1988), Amélia Toledo (1926-2017), Angelo de Aquino (1945-2007), Angelo Hodick (1945), Anna Maria Maiolino (1942), Antenor Lago (1950), Antonio Henrique Amaral (1935-2015), Antonio Manuel (1947), Arthur Barrio (1945), Avatar Moraes (1933-2011), Carlos Scliar (1920-2001), Carlos Vergara (1941), Cristina Salgado (1957), Darel (1924-2017), Dileny Campos (1942), Dionísio del Santo (1925-1999), Edival Ramosa (1940- 2015), Eduardo Paolozzi (1924 – 2005), Emeric Marcier (1916-1990), Enéas Valle (1951), Enrico Baj (1924-2003), François Morellet (1926-2016), Frank Stella (1936), Frans Frajcberg  (1921-2017), Franz Weissmann (1911-2005), Gastão Manoel Henrique (1933), Glauco Rodrigues (1929- 2004), Iberê Camargo (1914-1994), Ivan Freitas (1932-2006), Hércules Barsotti (1914-2010), Jac Leirner (1961), José Resende (1945), Larry Rivers (1923-2002), Leda Catunda (1961), Lothar Charoux (1912-1987), Lucio Del Pezzo (1933-2020), Luiz Alphonsus (1948), Luiz Áquila (1943), Luiz Paulo Baravelli (1942), Luiz Pizarro (1958), Marcia Barrozo do Amaral,  Maria do Carmo Secco (1933-2013), Maria Leontina (1917-1984), Mestre Vitalino (1909-1963), Milton Dacosta (1915-1988), Mira Schendel (1919-2018), Mô (Moacyr)  Toledo (1953),  Monica Barki (1956), Myra Landau (1926-2018), Roberto Magalhães (1940), Roberto Moriconi (1932-1993), Roy Lichtenstein (1923-1997), Rubens Gerchman (1942-2008), Sepp Baendereck (1920-1988), Sérgio Camargo (1930-1990), Sérgio Romagnolo (1957), Serpa Coutinho, Tarsila do Amaral (1886-1973), Tino Stefanoni (1937-3017), Tuneu (1948), Victor Vasarely (1905-1997), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Waltercio Caldas (1946), Wanda Pimentel (1943-2019), Willys de Castro (1926-1988), Yara Tupynambá (1932) e Yvaral (Jean Pierre Vasarely- 1934-2002).

Exposição de José Resende

13/mar

A Galeria Marcelo Guarnieri, apresenta, entre 18 de março e 22 de abril, “Notas de Rodapé: Amilcar, Lygia e Weissmann”, primeira exposição individual de José Resende – nos Jardins – , o espaço da galeria em São Paulo. A mostra é formada por um conjunto de onze esculturas inéditas produzidas a partir de cortes e dobras em seis chapas de aço corten aproveitadas integralmente. Embora surjam de chapas idênticas e sofram cortes e dobras muitas vezes iguais, cada uma das onze esculturas pode ser percebida de maneira particular. José Resende propõe a ocupação total do espaço da galeria e assim, um contato mais próximo do espectador, que, ao transitar pelas esculturas, percebe mais facilmente que com apenas a rotação de algumas delas, surgem outras bem distintas. Com o título “Notas de Rodapé: Amilcar, Lygia e Weissmann”, José Resende explicita claramente as referências com as quais esse trabalho está relacionado, convocando, de maneira alusiva, os três artistas neoconcretos para tratar das questões de interesse que compartilham. A exposição conta com texto crítico do curador Diego Matos.

Um dos artistas mais importantes da escultura brasileira, José Resende (1945, São Paulo, Brasil) explora, desde a década de 1960, as potencialidades expressivas de materiais industriais tão diversos como aço, chumbo, cobre, parafina e as relações que estabelecem com o espaço através das dinâmicas de peso e contrapeso. Durante as décadas de 1960 e 1970, José Resende esteve à frente de projetos significativos para a história da arte brasileira que buscavam levantar questões ao redor do ensino de arte, da crítica e do mercado como a Rex Gallery and Sons, a Escola Brasil, a Revista Malasartes e o jornal A Parte do Fogo. A partir da década de 1990, desenvolve projetos de arte para espaços públicos, ampliando sua investigação sobre os efeitos da relação entre suas obras e a dinâmica do espaço urbano. Destacam-se, entre elas: O Passante (1996) no Largo da Carioca, Rio de Janeiro; a peça Sem título (1997) que integra o Jardim de Esculturas do Parque Ibirapuera e os três pares de vagões suspensos à margem da Radial Leste, no Grupo de Intervenção Urbana Arte/Cidade (São Paulo, 2002).

José Resende participou de diversas exposições nacionais e internacionais, entre elas a Bienal de Paris em 1980, a Bienal de Veneza em 1988, a 9ª Documenta de Kassel em 1992, a Bienal de Sidney em 1998 e de diversas edições da Bienal de São Paulo. Em 1984, recebeu a bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation e residiu em Nova Iorque durante um ano. Entre suas exposições recentes, destacam-se: “José Resende: Na membrana do mundo”, na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2021); 33ª Bienal Internacional de São Paulo (2018) e “José Resende”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, 2015). Seu trabalho faz parte das coleções do MoMA – The Museum of Modern Art (Nova Iorque), MAM-SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAC/USP e Pinacoteca do Estado de São Paulo.