Dos Brasis no Sesc Belenzinho

10/ago

A exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro” celebra negritudes e suas potências. Resultado de um trabalho desenvolvido pelo Sesc em todo Brasil, a mostra conta com sete núcleos temáticos, reunindo cerca de 240 artistas e coletivos negros, de todos os estados, sob curadoria de Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos, No Sesc Belenzinho, São Paulo, SP, com período expositivo até 28 de janeiro de 2024.

“Brasil, meu nego, deixa eu te contar,

A história que a história não conta,

O avesso do mesmo lugar

Na luta é que a gente se encontra”

(História para Ninar Gente Grande. Estação Primeira de Mangueira, 2019).

Em 2019, a Estação Primeira de Mangueira levou para a avenida o samba “História pra ninar gente grande”, que tinha o objetivo de narrar as “páginas ausentes” da História do Brasil e repensar as narrativas oficiais que foram ensinadas ao longo de gerações. No desfile, o público viu passar as histórias de protagonistas negras e negros, num samba que cantou o país, reconheceu a pluralidade que o compõe e denunciou a falsa ideia de unificação nacional e o problema da história hegemônica.

Agora, em 2023, a centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares, é uma das principais premissas que guiam o processo curatorial da mostra “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país.

A abertura da exposição, que ocupa diversos espaços no Sesc Belenzinho, aconteceu no dia 02 de agosto, em São Paulo, SP. A mostra segue aberta, com visitação gratuita, até 28 de janeiro de 2024. Depois, uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos. Realizada a partir de um trabalho em conjunto de analistas de cultura da instituição de todo o país, a exposição apresentará ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas negros, entre homens e mulheres cis e trans, de todos os estados.

“Como uma instituição que tem na diversidade uma de suas principais marcas, o Sesc busca por meio de suas ações dar voz aos mais diversos segmentos sociais, estimulando o debate e ajudando a registrar a história e cultura de nosso povo em toda sua abrangência e riqueza. Dentro dessas premissas, o projeto “Dos Brasis” lançou um olhar aprofundado sobre a produção artística afro-brasileira e sua presença na construção da História da arte no Brasil. Um trabalho que contou com nossos analistas de cultura em todo o país, em um grande alinhamento nacional. A exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro” é a culminância desse processo e oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, como também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, disse o diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

“Em sintonia com os desafios da contemporaneidade, por meio dessa exposição o Sesc São Paulo, ao lado de seus parceiros institucionais, procura desconstruir e subverter as persistentes hierarquizações culturais enfronhadas nas diferentes esferas da sociedade brasileira. O combate ao racismo estrutural passa pela valorização de elementos relacionados à educação e à cultura para a diversidade, assim como pela visibilidade e protagonismo de pessoas negras e indígenas de modo a reforçar a empatia, a solidariedade e o respeito entre os diversos membros do corpo social”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

Pesquisas em todo o Brasil

A ideia nasceu em 2018. Um projeto de pesquisa, fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões, com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil, com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas. A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira. A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística on-line intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas, com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.

“Dos Brasis, enquanto projeto expositivo, se pretende uma exposição histórica, mas não tem o intuito de esgotar o debate a partir da seleção de algumas figuras artísticas, escapando assim do gesto colonialista de mapear. Além disso, o que propomos são várias formas de acesso às escritas que nos ponham em jogo, reescrevam e até invalidem nossas premissas, no intuito de concebermos um coro que não se tece apenas na harmonia, mas também no conflito e na discordância, que nos retiram da ideia de uniformidade essencializada, muitas vezes evocada para mais uma vez nos levarem nosso direito à humanidade, expressa, também, no direito à contradição”, enfatiza o trio de curadores.

Núcleos da exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”

A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição, não caberá a junção formal, estilística ou estética. Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos – Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legitima Defesa e Baobá – que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.

“As premissas de narração cronológica, estilística ou quaisquer outros agrupamentos formais das histórias canônicas eurocentradas também não são opção. Em seu lugar, trabalhamos com a ideia de constelações: encontros, aproximações e distanciamentos entre diferentes proposições, que expõem suas particularidades e suas conexões. Sob o rótulo “arte preta” não caberá qualquer mecanismo de junção formal, estilística ou estética”, explicam os curadores.

Romper – Tendo como ponto de partida o pensamento da historiadora e ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres brasileiras, Beatriz Nascimento, o núcleo reúne artistas que, em suas produções, interrogam narrativas que cristalizaram imagens e leituras históricas feitas de tentativas de exclusão daqueles que formam a maioria deste lugar assimétrico nomeado Brasil. A história da arte nomeada brasileira faz muito mais referência à minoria numérica branca no país do que, de fato, ao Brasil. “Nossa história da arte, que bem poderia ser chamada de branco-brasileira, funda-se sobre perspectivas de matrizes europeias, dando contornos de regra a iconografias, referências poéticas e teóricas com base no princípio da branquitude que, historicamente, aspira a um ideal de brancura que não encontra morada nem mesmo na pele de seus defensores”, argumenta o trio curatorial. O núcleo estará representado, dentre outros nomes, por artistas como Marcus Deusdedit (MG), Mestre Zimar (MA), Yhuri Cruz (RJ), Wilson Tibério (RS) e Rosana Paulino (SP).

Branco Tema – O título deste núcleo remete ao conceito “negro-tema” empregado pelo sociólogo brasileiro Guerreiro Ramos no seu livro “Patologia Social do Negro Brasileiro” (1955), ao criticar a desumanização de pessoas negras nas correntes acadêmicas do século 20. Os trabalhos reunidos neste núcleo, em menor número em relação ao dos outros demais, têm um gesto em comum seguindo os curadores: “inverter a ordem recorrente das imagens do negro-tema por aquelas que versam sobre um Branco-Tema, produzidas a partir do olhar negro. Lado a lado, essas obras interrogam, denunciam e parodiam a posição social privilegiada da branquitude, outrora encarada como neutra”. Este núcleo traz obras de nomes como Daniel Lima (RN), Arthur Timótheo da Costa (RJ) Davi Cavalcante (SE), Debis (MA), Pablo Monteiro (MA), entre outros.

Negro Vida – Este segmento também tem no pensamento de Guerreiro Ramos sua centralidade. Para o sociólogo, Negro-Vida é comparável a um rio, ecoando a noção de devir. O negro – como humano que é – é inapreensível em perspectivas unificadoras. Diferente da existência preta nas categorias produzidas por grande parte da intelectualidade branca, a existência de pessoas negras é multiforme, singular, com rotas, escolhas, procedimentos diversos. O núcleo reúne trabalhos de artistas como Antonio Tarsis (BA), Rubem Valentim (BA), Rommulo Conceição (BA), Li Vasc (PB), entre outros, incluindo esculturas de distintas escalas na entrada da exposição, que – segundo os curadores – “desafiam qualquer tentativa de unidade que determine as variadas produções dos artistas negros. A arte feita por pessoas pretas no Brasil é tão múltipla quanto a vida desses sujeitos. As escolhas formais, os materiais, os procedimentais não cabem no reducionismo do negro-tema”.

Amefricanas – Lélia Gonzalez desenvolve a categoria político-cultural de amefricanidade, cunhando o termo Amefricanas, que nomeia este núcleo, além de situar e marcar o longo processo histórico de presença e agência de mulheres negras nas Américas. A autora entende como neurose cultural brasileira a negação da formação plurirracial e pluricultural de nossa sociedade. “É o entendimento de que vivemos em uma cultura branca que permitiu a infiltração, a influência e/ou a assimilação de traços culturais negros e indígenas”, analisa o trio curatorial de Dos Brasis. Assim, Amefricanas reconhece a importância de intelectuais, artistas, escritoras, líderes políticas e religiosas inseridas intimamente nos movimentos culturais e sociais, mas também celebra a vida comum dessas mulheres, que, cotidianamente, performam gestos de resistência e liberdade nas imagens, representações, poéticas e autorias das Amefricanas presentes neste núcleo. Amefricanas traz obras de artistas como Vera Ifaseyí (RJ), Hariel Revignet (GO), Sy Gomes (CE), Castiel Vitorino (ES), entre outras.

Organização Já – As formas da população negra para se organizar e resistir das violências da escravidão e da colonialidade, são a base do pensamento que norteia a proposta do núcleo Organização Já, inspirado também no pensamento de Lélia Gonzales. “As primeiras formações de quilombos na Região Nordeste datam de 1559. No encontro de heranças culturais distintas, Palmares é fundada como nossa primeira república, a ser constantemente rememorada em movimentos de atualização de uma luta conjunta infindável, já que a violência racial – seja física, institucional, seja simbólica – também se atualiza”, explicam os curadores. Os trabalhos expostos neste núcleo de artistas como FROIID (MG), Emanuely Luz (MA), André Vargas (RJ) e Joyce Nabiça (PA), traduzem lutas, sejam nos centros urbanos e ou campo, histórias de rebeliões e lutas. “Organizados na alegria e na celebração do que somos, mais do que resistir, promovemos, fabulamos e reorientamos, em uma perspectiva negra, modos de viver”, comenta o trio curador.

Legítima Defesa – “Todo escravo que mata o senhor age em legítima defesa”. Essa frase paradigmática dita por Luiz Gama, em 1881, atravessa a memória da população negra no Brasil. “Este núcleo mira o cânone, sublinha a impossível neutralidade do sistema da arte e sua cumplicidade com as situações que estruturam o racismo”, afirmam os curadores. Eles prosseguem argumentando que “pessoas negras foram, por muito tempo, as únicas em empresas, em exposições, na teledramaturgia. Em muitas famílias, ainda somos “os primeiros a entrar na universidade”. Assim, agir em Legítima Defesa é nos mover diante desses fatos até que possamos nos dispor ao ócio, ao relaxamento”. Paula Duarte (MG), Leandro Machado (RS), Silvana Rodrigues (RS), Gabriel Lopo (MG), entre outros artistas, integram o núcleo Legítima Defesa.

Baobá – Baobá é o único núcleo que parte do título de uma obra de arte: a escultura de Emanoel Araújo, um dos mais importantes artistas da História do Brasil. Emanoel Araújo defendia a ideia de que a arte afro-brasileira é produzida por quem negro for, alterando a perspectiva de que essa vertente seria um tema desenvolvido por brancos. “Aqui, reverenciamos Emanoel e outros e outras artistas e obras que continuam sendo árvore, ramificando, florescendo, frutificando e fincando raízes. O Baobá do autor é uma escultura de madeira policromada, preta, facetada por arestas em ângulos que mantêm um diálogo com os signos afrodescendentes e com a tradição construtiva da arte brasileira”, ressaltam os curadores. O núcleo reúne peças totêmicas (agrupamento de pessoas, dentro de determinada etnia que se considera de um determinado totem) de cenas rurais a arranha-céus, conectando a tradição dos santeiros de madeira, sob influência cristã e afrorreligiosa, à abstração afro-indígena. “O ferro, a cabaça, os talos do dendezeiro são apresentados por artistas que vivem em cosmodinâmica com seus materiais – artistas que jamais abandonaram o sagrado, em uma relação entre arte e vida mais complexa do que a estabelecida por perspectivas ditas universais”, comentam os curadores. Além de Emanoel Araújo, o núcleo traz obras de nomes como (BA), Mônica Ventura João Cândido (MG), Ana das Carrancas (PE), Madalena Santos Reinbolt (SP) etc.

Exposição Sem Barreiras

Paulo Branquinho abre coletiva inédita com pinturas, gravuras, fotografias, esculturas e objeto. Após um hiato de três anos, a Galeria Paulo Branquinho acaba de voltar à cena artística, abrindo nova coletiva no dia 12 de agosto, sábado. “Sem Barreiras”, a nova exposição na casa do século XVIII, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, contará com a participação de 16 artistas, que, apresentarão obras empregando diferentes suportes, estilos, técnicas e materiais. Alessandro Caròla, Ana Pose, Analu Nabuco, Eda Miranda, Edna Kauss, Gustavo Alves, Ira Etz, Istefânia Rubino, Jacqueline Dalsenter, José Senna, Laura Bonfá Burnier, Marcia Rommes, Maria Cecília Leão, Maria Eugênia Baptista, Maria Lúcia Maluf e Teresinha Mazzei, têm em comum a proposta de buscar o olhar atento dos visitantes e causar emoções diversas. Em cartaz até 02 de setembro.

Sobre os artistas

De origem belga, Alessandro Caròla monta um painel em azulejos empregando a mesma técnica tradicional de pintura usada no século XVII em Portugal. Inspirado no barroco português, o tema mistura inquisição, erotismo e história em quadrinhos.

Realizadas no motel onde o pai vivia e trabalhava, onde foi praticamente criada, as fotografias de Ana Pose desbravam lembranças de menina através dos quartos que registrou.

Analu Nabuco agracia o público com seus totens, erguidos com objetos, pedras, madeira, sementes e diferentes materiais garimpados em seus caminhos.

Na série intitulada “Multiplicai-vos”, que faz alusão ao corpo, ao feminino, à reprodução (e tudo mais que envolva esta poética), Eda Miranda constrói objetos com caixa acrílica, papelão, papel Canson e impressão a jato de tinta.

Edna Kauss compôs um quadro de luz colorida com lâmpadas eletroluminescentes, MDF, tinta acrílica e equipamentos elétricos. A peça, camuflada atrás de uma cortina, desperta a curiosidade do público.

Gustavo Alves, com pinceladas sutis de guache sobre papel, imprime força no que irá expor, pinturas: os corpos de uma mulher de perfil, em tons de negro e marrom, e outro, sentado, em negro e amarelo.

Usando camadas de cor, Ira Etz busca levar o espectador à indagação; construindo e desconstruindo surgem formas inesperadas que se abrem para novas direções.

Jacqueline Dalsenter pretende, com “O Peso da Força”, sair de um círculo vicioso para um círculo virtuoso da imagem alcançada. Busca em suas pinturas o resgate da energia feminina contemporânea (honrando as conquistas de suas ancestrais diante de um patriarcado exacerbado). Investiga, em suas obras, suas próprias camadas e atravessamentos.

José Senna traduz em duas fotografias as belezas de cores, textura e formas encontradas no mundo vegetal.

Nas esculturas de Laura Bonfá Burnier, com sua arquitetura orgânica, a artista brinca com a sobreposição e interatividade das formas coloridas criadas em EVA.

Marcia Rommes propõe um diálogo entre as “Barreiras e Não Barreiras”, entre a pintura e outras linguagens, utilizando pinturas em acrílica sobre tela colocadas em caixas de acrílico na série “Tela Objeto”.

Maria Cecília Leão expõe autorretratos feitos em junho de 2022 e editados esse ano. Durante a pandemia, observando a luz vinda da janela do quarto, teve a ideia de fazer uma série em que expressou sentimentos como angustia, insegurança, desejo por um tempo melhor e esperança de um recomeço.

Obras da série “Vísceras da terra”, de Maria Eugênia Baptista, falam do quanto todos estão interligados, entrelaçados na trama da vida. Pintadas com as suas próprias mãos, a artista usou argila, óleos e resinas naturais, pigmentos e água de nascente, trazidas de imersões na natureza.

Maria Lúcia Maluf interpreta, à sua maneira, na gravura em metal, o tema “Pixels”.

Artista convidada de Vitória/ES, Teresinha Mazzei, apresenta seu trabalho de fotografia e arte digital com base nas pesquisas e uso de imagens de fios de seu cabelo ampliadas e transformadas.

E como já é tradição, Paulo Branquinho transforma suas inaugurações em uma grande festa entre amigos, artistas e apreciadores de arte, movimentando a tranquila Rua Morais e Vale. No dia 12 não será diferente: a partir das 17h, haverá apresentação do Trio Flor Amorosa, com muito choro, maxixe, polca e música instrumental brasileira. Composto por Luís Palumbo (flauta transversal), Juan (violão de sete cordas) e Rodrigo Sebastian (percussão), o grupo irá interpretar composições memoráveis de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, entre outros.

Sete artistas nos Correios SP

O Centro Cultural Correios – São Paulo, São Paulo, SP,  exibe a mostra “Este olhos que a Terra”, com abertura dia 08 de agosto, ás 16hs. A exposição coletiva reúne obras dos artistas – Osvaldo Gaia, Mercedes Lachmann, Vítor Mizael, Alexandre Murucci, Berna Reale, José Rufino e Jeane Terra – que abordam questões fundamentais relacionadas ao meio-ambiente e suas interações com a sociedade e a política. Em cartaz até 16 de setemebro.

A curadoria de Theo Monteiro, almeja compreender como a relação entre o homem e o ambiente em que habita é discutida na arte contemporânea brasileira, explorando amplamente a temática ambiental. A exposição contempla tópicos relacionados a questões sociais, históricas, políticas e biológicas, enriquecendo a diversidade de perspectivas dos artistas participantes.

Os expositores utilizam diferentes linguagens artísticas, como pintura, escultura, vídeo, fotografia e instalação, para expressar suas visões e reflexões sobre os temas em foco.

Jeane Terra: Apresenta obras que abordam os fenômenos de elevação dos mares e seus efeitos causados pelo aquecimento global;

José Rufino: Explora as questões relacionadas ao uso do solo, observando o embate entre o homem do campo e os grandes grupos econômicos, e seus impactos na dinâmica ambiental brasileira;

Osvaldo Gaia: Dedica-se a retratar as tradições ribeirinhas e a nomenclatura amazônica, refletindo sobre a relação entre o homem e a natureza na região;

Vítor Mizael: Utiliza a fauna como tema central de sua poética artística, trazendo reflexões sobre sua configuração no contexto contemporâneo;

Alexandre Murucci: Apresenta uma instalação que reflete o impasse civilizatório entre o homem e a natureza;

Mercedes Lachmann: Exibe trabalhos que estabelecem relação com o mundo vegetal combinando diferentes potências de plantas através de uma alquimia sensível;

Berna Reale: Sua obra de impacto consiste em vídeos que evidenciam as complexas relações entre o homem e o meio-ambiente, com múltiplas conotações sociais, políticas, filosóficas e poéticas.

Entre Formas e Cores

03/ago

Pela primeira vez, o artista Rodrigo de Castro apresenta esculturas em aço com pintura automotiva, além de telas recentes, na Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 08 de agosto, com curadoria de Vanda Klabin. A exibição permanecerá em cartaz até 09 de setembro.

Conhecido pelas pinceladas precisas que exploram o campo cromático com linhas geométricas, Rodrigo de Castro se permitiu transitar, pela primeira vez em sua carreira, entre o plano e a tridimensionalidade. Como ele mesmo definiu, revelará sua faceta de “pintor fazendo esculturas”: depois de seis anos sem expor individualmente no Rio de Janeiro, o artista mostrará, em caráter inédito, esculturas de aço com pintura automotiva – além de pinturas de grandes e médios formatos concluídas recentemente -, na exposição “Rodrigo de Castro: Entre Formas e Cores”. Quem acompanha a trajetória do artista, se surpreenderá também com a nova série de telas pretas cortadas por discretas linhas de cor.

Na exposição será possível constatar como o estreitamento do diálogo com a pintura originou as esculturas (algumas medindo 1,20 por 1,20 metros), que ganharam escala para uma melhor percepção do espaço e da cor. “A interação matéria (aço)- cor, passou a ser espaço-cor. Em ambos os casos a luz leva para as esculturas o movimento e as estruturas geométricas da pintura”, explica Rodrigo de Castro. Foi observando a vibração das cores no plano das telas que tudo teve início: “olhava e percebia, sentia que, em determinadas pinturas, a cor parecia sair do plano, como se ganhasse volume pela intensa vibração.  Resolvi então pesquisar esse caminho e entender o que seria a cor no espaço. Como colocar de pé um azul?”, complementa.

A palavra da curadoria

“A recente produção de Rodrigo de Castro conjuga a articulação do plano pictórico com um processo de linhas e formas que traduzem unidades intensas e revelam o seu enfrentamento direto com a pintura. Os elementos estruturantes do seu trabalho derivam do pensamento pictórico fundado pelos contrastes dos campos de cor e dispostas em um jogo de derivações geométricas, instaurando uma associação fértil e indissolúvel”, avalia a curadora e historiadora Vanda Klabin, amiga de longa data do grande artista e escultor Amílcar de Castro, pai de Rodrigo. “Os contrastes entre a opacidade e o brilho, aliados ao campo de coloração e a presença forte de uma ordenação geométrica, trazem maior materialidade ao seu trabalho que agora se desdobra no plano tridimensional”.

Sobre o artista

Nascido em Belo Horizonte e formado em Engenharia, Rodrigo de Castro atualmente vive e trabalha em São Paulo, onde mantém seu ateliê, tendo realizado sua última individual no Rio de Janeiro em 2017. Ao longo de sua trajetória, participou de diversas coletivas e tem no currículo cerca de dez exposições solo, uma delas em Lisboa, em 2019. Atuou como curador em algumas mostras de seu pai, Amílcar de Castro.

Leonilson e a Geração 80

01/ago

Há 30 anos morria precocemente um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira: José Leonilson Bezerra Dias (1957, Fortaleza – 1993, São Paulo). A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, homenageia o artista, e ao mesmo tempo antecipa a comemoração dos 40 anos da histórica exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, realizada em 1984, na Escola de Artes Visuais Parque Lage, reunindo 35 obras emblemáticas – 16 de Leonilson, e 19 de outros artistas que também participaram do emblemático evento como  Adir Sodré de Souza (1962), Alex Vallauri (1949-1987), Beatriz Milhazes (1960), Chico Cunha (1957), Ciro Cozzolino (1959), Daniel Senise (1955), Fernando Barata (1951), Gervane de Paula (1962), Gonçalo Ivo (1958), Hilton Berredo (1954), Jorge Guinle (1947-1987), Leda Catunda (1961), Luiz Zerbini (1959) e Sérgio Romagnolo (1957). Duas obras que serão expostas estiveram na mostra do Parque Lage: “Sonho de Valsa” (1984), de Chico Cunha, pertencente à Coleção Mac Niterói, com 5,20 metros x 3 metros, e a pintura “Metástase” (1981), de Jorge Guinle. Outra obra em grande dimensão é “Sem título (série Pindorama)”, de Hilton Berredo, uma pintura por dispersão sobre o polímero emborrachado EVA, de 3 metros de altura por 4,5 metros de comprimento.

A curadoria de “Leonilson e a Geração 80” é de Max Perlingeiro, que destaca: “Uma das grandes revelações foi Leonilson. O artista explorava a figuração, os desenhos e pinturas da primeira fase de sua obra. O humor, a crítica social e as suas narrativas do cotidiano são marcas de seu trabalho”.

Marcus Lontra Costa – curador junto com Paulo Roberto Leal (1946-1991) e Sandra Magger (1956-2018) da icônica mostra de 1984 – foi o consultor de “Leonilson e a Geração 80”.  Ele afirma que “Leonilson foi, e ainda é, a principal referência de uma geração que, saída dos anos de chumbo da ditadura, buscava recuperar a alegria, a coragem, e a ousadia de pintar o que se via, e o Brasil que se sonhava”. “Leonilson foi o porta-voz da diversidade, de uma arte confessional, íntima, que falando de si, de seus problemas e suas questões, alcançava um nível internacional e coletivo. Leonilson foi essa referência principal, e seu reconhecimento é mais do que merecido. Ele foi a síntese da criatividade da arte brasileira dos anos 1980”.

A exposição será acompanhada do catálogo “Leonilson e a Geração 80” (Edições Pinakotheke), com 72 páginas, imagens das obras, e textos de Max Perlingeiro, Marcus Lontra Costa, Sandra Mager, Paulo Roberto Leal e Frederico Morais.

O apoio da EAV Parque Lage, que permitiu pesquisar documentos e informações importantes em seus arquivos, foi decisivo para a realização desta exposição.

A exposição “Leonilson e a Geração 80” estará aberta ao público, com entrada gratuita, na Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro, das 10h às 18h, até 23 de setembro. A Pinakotheke fica na Rua São Clemente 300, Botafogo.

César Bahia no MAR

26/jul

Percorrer os olhos pelas diversas imagens que atravessam a produção de César Bahia nos faz refletir sobre seus interesses e a sua forte ligação com a cultura afro-brasileira.
Artista baiano, residente de Fazenda Coutos, subúrbio de Salvador, possui tradição artística por ter nascido em uma família de escultores, foi com o pai que ele aprendeu boa parte da técnica do corte, entalhe, o uso do formão e da marreta.
Mais de 200 obras do artista, produzidas entre 2010 e 2023, estarão na exposição “Uma poética do Recomeço”, no Museu de Arte do Rio, MAR, Centro, Rio de Janeiro,  RJ, e conta com a curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Thayná Trindade, Amanda Rezende e Jean Carlos Azuos.
Até 29 de outubro

Um prêmio internacional

19/jul

Cildo Meireles ganhou o maior prêmio de arte da Europa. O escultor foi vencedor do Prêmio Roswitha Haftmann, com um valor de 150 mil euros. A premiação será feita em 22 de setembro deste ano.

O artista brasileiro foi consagrado com o Prêmio Roswitha Haftmann – o mais conceituado da Europa -, sendo, em 22 anos, o primeiro latino-americano a recebê-lo. Com um valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800.000,00), a premiação é apresentada desde 2001 por um júri presidido pelo diretor do Kunsthaus Zürich.

Sobre o artista

Nascido no Rio de Janeiro, Cildo Meireles, de 75 anos, é conhecido por suas obras que questionam a censura e a violência ao longo da História Brasileira. Com uma variedade de expressões artísticas, que vão de esculturas até performance, o artista surpreende com suas instalações altamente sensoriais e imersivas, trazendo um trabalho com grande valor poético, conceitual e social.

Iole de Freitas no Instituto Tomie Ohtake

17/jul

 

Em instalação monumental inédita, a artista retoma a dança para sublinhar o movimento, o espaço e a forma. Ao entrar no grande hall do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, – até 17 de setembro – o visitante vai se deparar com uma surpreendente instalação de dimensão monumental concebida pela artista visual que completa cinco décadas de carreira. “Iole de Freitas: Colapsada, em pé”, com curadoria de Paulo Miyada, é uma mostra organizada em torno desta instalação, produzida com tubos metálicos e placas de policarbonato marcados pelo uso prévio como partes de instalações feitas pela artista nos últimos vinte e cinco anos. Essa nova peça apoia-se sobre o solo e se ergue como um abrigo aberto repleto de movimento.

“Ela dispensou a possibilidade de criar novas linhas e planos suspensos na idiossincrática arquitetura desse espaço de passagem e cruzamento desenhado por Ruy Ohtake, e desceu ao chão de seu ateliê as peças constituintes de dez de suas exposições. Tubos metálicos e placas de policarbonato marcados pelo uso (com arranhões, manchas, sujidades e desgastes) foram então girados, recombinados, aparafusados, soldados”, explica o curador chefe do Instituto Tomie Ohtake.

Para a concepção da obra, pela primeira vez em seis décadas, a dança retornou direta e explicitamente ao seu fazer artístico, como modo de apreensão do espaço e concepção da forma. Neste processo ela começou a experimentar fragmentos de dança, cenas curtas ou anotações corporais em meio à obra em construção. Conforme Paulo Miyada, mover-se, só ou na companhia de seu neto, Bento, transformou-se numa espécie de notação que antecipa e testa relações entre partes e formas. “Trata-se da dança como régua, sismógrafo, desenho, maquete, laboratório”, ele destaca.

A questão com o corpo contida neste imenso “acontecimento da obra construída” convida as pessoas a percorrer a instalação em livre movimento. “Essa peça é um abrigo aberto, uma cena à espera de atores voluntários, uma partitura espacializada de dança, um dispositivo de medição do corpo e do espaço; é uma máquina para a vivência de múltiplos estados de presença, para a experimentação de modos de aparecer e perceber-se”, completa Paulo Miyada. Os fragmentos filmados dessa experiência com a dança integram duas videoinstalações inéditas como parte da exposição desenvolvida em diálogo entre artista e o curador, que resultará ainda em uma publicação a ser distribuída gratuitamente.

Enquanto no Instituto Moreira Salles, em “Iole de Freitas, anos 1970 / Imagem como presença”, exposição em cartaz com curadoria de Sônia Salzstein, a artista apresenta uma parte de sua história reelaborada por uma instalação contemporânea, no Instituto Tomie Ohtake, ela abre novos caminhos em sua obra ao reprocessar elementos constitutivos de sua trajetória: a dança e a própria matéria de suas instalações.

Sobre a artista

Nascida em Belo Horizonte (MG), em 1945, Iole de Freitas mudou-se aos seis anos para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação em dança contemporânea. Estudou na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), cidade em que hoje vive e trabalha. A partir de 1970, viveu por oito anos em Milão, onde começou a desenvolver e expor seu trabalho em artes plásticas a partir de 1973. A artista participou de importantes mostras internacionais, como a 9ª Bienal de Paris, a 16ª Bienal de São Paulo, a 5ª Bienal do Mercosul e a Documenta 12, em Kassel, Alemanha. Além de comparecerem a individuais e coletivas em várias cidades do mundo, seus trabalhos integram importantes coleções, entre as quais, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP); Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Museu Nacional de Belas Artes, RJ; Museu do Açude, RJ; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); Museu de Arte do Rio (MAR); Bronx Museum (EUA); Winnipeg Art Gallery (Canadá); e Daros Collection (Suíça).

MAM Rio em cinco perspectivas

12/jul

A mostra “Museu-escola-cidade: o MAM Rio em cinco perspectivas” propõe um exercício de memória no 75º aniversário do museu: um ato de olhar para o passado, para o que já foi feito e as coisas que lá aconteceram, como convite para pensar o que o MAM Rio pode ser hoje e no futuro. Focando nas primeiras três décadas de sua história, a exposição apresenta cinco áreas que ancoram as ações do MAM Rio, e um evento que marcou seu curso. Educação, design, cinema, o experimental e os movimentos de criação artística que atravessaram a existência do museu são os campos de atuação escolhidos, os quais cimentam a relevância de uma instituição intimamente ligada às dinâmicas da cidade.

Como evento, o incêndio ocorrido em 1978 no museu representa um momento de mudanças caracterizado pelo engajamento coletivo de profissionais da cultura e da população, e pela revisão institucional. Em cada um desses eixos, obras do acervo do MAM Rio são apresentadas junto com documentos provenientes, em sua maior parte, dos arquivos do museu, escrevendo histórias por meio de objetos, imagens e impressos.    .

Até 03 de dezembro.

Artista do Recife

O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  recebe, a partir de 15 de julho, a exposição “Desculpe Atrapalhar O Silêncio De Sua Viagem”, de Lia Letícia, em sua primeira exibição individual na cidade. Com curadoria de Clarissa Diniz, a exposição apresenta singularidades do percurso da artista, que busca redimensionar e representar corpos invisibilizados ou excluídos da história oficial da arte. Na mostra serão apresentadas obras, práticas, intervenções e documentos que, conectando Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro, visam potencializar esses cruzamentos geopolíticos em contínua transformação e expressar um desejo vivo pela criação em coletividade. Com realização de Rosa Melo Produções Artísticas e incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, a mostra ficará em cartaz até o dia 26 de agosto, sempre com entrada franca.

Como destaca a curadora, Clarissa Diniz, certamente quem frequenta ônibus, trens e metrôs das grandes cidades já foi abordado por um “desculpe atrapalhar o silêncio de sua viagem”. Mesmo proibidas no Brasil, as atividades comerciais nos meios de transporte são o meio de sobrevivência de milhares de pessoas. O comércio de itens tão díspares quanto balas, pendrives, biscoitos e fones de ouvido divide espaço com músicos, poetas, dançarinos e vários outros artistas que também fazem desses veículos palco para suas performances. Esse contexto de disputa entre desigualdade social e a pujança criadora permeia a produção de Lia Letícia.

“É nessa complexidade política, social e estética das formas de trabalho que se inscreve a obra de Lia Letícia. Nesse contexto, sua obra atua não apenas como denúncia, mas como uma provocativa, irônica, inventiva e bem-humorada terapêutica social. A exposição é um convite para a aproximação desses públicos às práticas da artista que também fará uma criação coletiva junto a doceiras da Saara”, destaca a curadora Clarissa Diniz.

Gaúcha radicada em Recife, PE, desde 1998, Lia Letícia tem sua obra lastreada não na excepcionalidade e pretensa autonomia da arte, mas em seu oposto: sua ordinariedade, suas disputas, suas violências. Para a artista, a arte é parte dos conflitos e construções da cultura e, como tal, deve ser pensada, criticada e tensionada por práticas culturais que se situam à margem do coração de sua hegemonia econômica, política e simbólica. Por isso, há quase três décadas, tem convocado camelôs e artistas de rua para usos não-especializados da ideia de arte e suas práticas políticas. Ela usa o humor e convida mulheres, indígenas, negros e outros sujeitos que foram subalternizados pela colonização para um diálogo e um conjunto de intervenções e propostas que, agora, pela primeira vez serão articulados e apresentados como um corpo.

Lia Letícia considera que sua atuação como artista e seu papel como educadora se retroalimentam. “Toda obra, mesmo quando pensada individualmente pelo artista, traz dentro de si um pensamento coletivo, da vivência do artista enquanto ser social”, afirma.

O trabalho que leva o nome da exposição contou com a participação do musicista Jessé de Paula, que tocava nos coletivos de Recife, e atuou de forma ativa e insubmissa. Segundo Lia Leticia, a conversa com Jessé de Paula mudou, em diversos aspectos, a própria feitura da obra. “Essa tensão, essa fricção entre como uma obra é pensada, como ela é executada e como chega ao espectador é o que me interessa. Busco trazer para dentro do meu trabalho as contradições desses outros corpos e coletividades”.

Também faz parte da exposição “Thinya” (2015-2019), obra realizada pela artista a partir de duas residências artísticas, uma em Berlim – Alemanha -, e outra no Território Indígena Fulni-ô, no agreste de Pernambuco. Com a sinopse “Minha primeira viagem ao Velho Mundo. Minha fantasia aventureira pós-colonial”, o trabalho foi premiado em festivais como o Janela Internacional de Cinema, de Recife, e o Pachamama – Festival de Cinema de Fronteira, no Acre, e tem em sua trajetória a passagem por mostras nacionais e internacionais.