“Portal” de Alexandre da Cunha

10/fev

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira Cesar, São Paulo, SP, exibe sua exposição inaugural de 2020, “Portal”, mostra solo de Alexandre da Cunha, a sexta do artista na galeria. Ocupando as duas salas expositivas, pode-se dizer que Da Cunha apresenta duas individuais simultâneas, separadas e distintas. Na sala principal, o artista mostra esculturas baseadas na estrutura de biombos: divisórias feitas de materiais e objetos diferentes, como um pára-quedas, esfregões ou bandejas de alumínio.
Já na sala 2, Alexandre expõe duas séries de desenhos que, datadas de 1987 e 1998, pressagiam vários dos temas e inquietações de toda a sua produção posterior. A maioria das obras estruturadas como biombos é inédita. Existe apenas uma peça dessa nova família de trabalhos que já foi mostrada, em 2017, na exposição do artista no Pivô. “Era uma espécie de porta que na verdade surgiu da apropriação do trabalho manual do cotidiano da indústria do ferro; são placas originalmente utilizadas para recortar pequenos perfis para fazer reparos que, depois de ficarem esburacadas, são descartadas. O que eu fiz foi interromper no meio do processo de cortes uma das chapas que me interessou formalmente, pelos desenhos involuntários gerados pela ação dos operários da indústria”, conta Da Cunha. Essa espécie de estética involuntária, ou expressividade encontrada, é um dos principais leitmotivs da obra do artista, e está presente também nas esculturas feitas de betoneiras, cujas marcas de amassado não foram feitas pelo artista, mas sim vistas por ele como expressão material de interesse. Na obra exposta no Pivô, intitulada Portal, outro leitmotiv de Alexandre se evidencia: a apropriação da estética da escultura modernista feita em metal, como em Anthony Caro, William Tucker ou Phillip King. Com este último, Alexandre realizou uma exposição em 2018 (Duologue, The Royal Society of Sculptors, Londres). Na exposição “Portal”, Alexandre da Cunha apresenta todo o conjunto de obras alinhado, algumas peças presas perpendicularmente às paredes e, outras, autossustentadas sobre o chão, sem diagonais: uma coisa depois da outra. Apesar de terem partido da estrutura de biombo, cada obra possibilita observar através dela, abarcando o conjunto de maneiras diversas, conforme se caminha pelo espaço. “Muita gente fala sobre a criação de um ambiente nas minhas exposições, o que na realidade não é algo que procuro, pois penso cada obra como um elemento autônomo; eu faço esculturas, não faço instalações”, afirma. Outra característica desta nova série é que a ideia das bordas, das divisões, das fronteiras, já trabalhada de outras maneiras pelo artista, ressurge aqui de forma especial, por causa da inversão proposta por Da Cunha: em lugar de criar uma série que é reconhecível pela escolha dos materiais utilizados, prática mais recorrente em sua obra, na exposição apenas a estrutura se repete, enquanto os materiais e objetos utilizados em sua confecção mudam de uma peça para a outra. “Decidi experimentar essa fricção de um material “contra” o outro. Trata-se de um conjunto Página 1 / 3 definido apenas pela tipologia da peça. São esculturas que dividem o espaço.” Uma vez instaladas no espaço da galeria, as novas esculturas estabelecem um diálogo potente com a arquitetura. As duas peças que o artista concebeu a partir de bandejas de alumínio evocam a arquitetura modernista adaptada às necessidades do clima nos trópicos. No final dos anos 1940, o arquiteto francês Jean Prouvé projetou uma casa modular que seria de fácil reprodução, com o objetivo de sanar a falta de moradia nas colônias francesas na África; dois protótipos de sua Maison Tropicale foram construídos, um na Nigéria e outro no Congo, mas a utopia do design de impacto social não foi produzida em larga escala. A ideia do objeto pré-fabricado que se transmuta em obra de arte, entretanto, respira nessas divisórias prateadas de Da Cunha: leves e ventiladas, elas são constituídas de padronagens pré-fabricadas e invertidas (da horizontal para a vertical, da mesa ou do forno para um agrupamento empilhado e elegante dentro de um cubo branco), sua função social (prato-feito, cozinha industrial) escamoteada para que os materiais se sustentem na vertical como presença escultórica. Sobre os desenhos, Alexandre explica que teve uma surpresa ao revisitar esses dois grupos de trabalhos, um que enfatiza a linha do desenho, deliberadamente figurativo e narrativo, o outro constituído de volumes desenhados, algo que se poderia considerar mais próximo da pesquisa pela qual ficou mais conhecido. O que lhe interessou compartilhar desta (re) descoberta foi a presença de temas e de gestos naqueles desenhos que seguem protagonizando a sua obra, como o erotismo, por exemplo.

 

Sobre o artista

 

“Meu processo de trabalho é baseado na observação de objetos. Eu sempre fiquei intrigado com a enorme quantidade de coisas que precisamos para viver e os papéis dos objetos ao nosso redor. Estou interessado nos processos de design, fabricação e distribuição deles entre nós. Grande parte do meu trabalho consiste em me forçar a aprender sobre as estruturas dos objetos comuns e as narrativas por trás deles, seus usos culturais e suas implicações na sociedade. O método de transformação ou brincadeira com sua aparência geralmente ocorre por meio de alterações muito sutis; Acredito que esse processo tenha mais a ver com o tempo do que com a intervenção física. Trata-se de criar uma plataforma e permitir que o espectador veja algo familiar de um ponto de vista privilegiado.” (Alexandre da Cunha, em entrevista à Jochen Volz para Mousse, 2017) Exposições individuais recentes incluem: Thomas Dane, Nápoles (programada, 2020); Duologue – colaboração com Phillip King, The Royal Society of Sculptors, Londres (2018); Boom, Pivô, São Paulo (2017); Mornings, Office Baroque, Bruxelas (2017); Free Fall, Thomas Dane Gallery, Londres (2016); Amazons, CRG Gallery, Nova York (2015); Real, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2015). Entre os trabalhos de intervenção urbana, destacam-se as obras comissionadas pelo Art on the Underground para a estação de metrô Battersea, Northern Line Extension, Londres (2021); para a Berkley Square, Londres (programada, 2020); por Samuels & Associates, Pierce Boston Collection, Boston (2017); pelo MCA Chicago, parte do Plaza Project (2015), e pelo Rochaverá Corporate Towers, São Paulo (2015). Exposições coletivas incluem: Mostra de inauguração do museu The Box, Plymouth, Inglaterra (programada, 2020); Contemporary Sculpture Fulmer, Buckinghamshire village of Fulmer, UK (2019); Abstracción Textil, Galería Casas Riegner, Bogotá (2018); Everyday Poetics, Seattle Art Página 2 / 3 Museum, Seattle (2017); Histórias da Sexualidade, MASP, São Paulo (2017); Soft Power, The Institute of Contemporary Art, Boston (2016); Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden aan Zee, Haia (2016); British Art Show 8, Leeds Art Gallery, Leeds (2015); Cruzamentos Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus (2014); When Attitudes Became Form Become Attitudes, Museum of Contemporary Art Detroit (2013); Decorum: Tapis et tapisseres d’artistes, Musée d’art Moderne de la Ville de Paris (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012). Possui trabalhos nas coleções Tate Modern, Inglaterra; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil; CIFO Coleção Cisneros, Miami, EUA; Coleção Zabludowicz, Inglaterra; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; FAMA, Itu, Brasil.

 

29 artistas na Luciana Caravello

29/jan

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 20 de fevereiro, a exposição “Artistas GLC”, que reúne cerca de 50 obras, recentes e inéditas, dos 29 artistas representados pela galeria: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Serqueira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchôa, Eduardo Kac, Élle de Bernardini, Fernando Lindote, Gê Orthof, Gisele Camargo, Güler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musatti, João Louro, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

A exposição reúne trabalhos em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Muitas obras são inéditas e estão sendo apresentadas pela primeira vez na mostra, como é o caso da pintura “Sundae Ilusões”, de Daniel Lannes, que, de acordo com o artista, mostra que “o amor colado às costas da musa garante ou não a ilusão da promessa afetiva”.

 

Outras obras nunca vista antes são “Todos os nossos desejos”, de Daniel Escobar, uma série de colagens onde confetes recortados de cartazes publicitários proporcionam uma paisagem pictórica de ilusórios fogos de artificio, e uma nova obra da série “Pseudônimo”, de Bruno Miguel, uma pintura onde o artista questiona os dogmas da linguagem a partir da substituição dos elementos tradicionais e históricos da pintura por processos, materiais e ferramentas de um mundo pós-industrializado, globalizado e conectado.

 

Esmeraldo em Zurique

08/jan


A obra singular de Sérvulo Esmeraldo (1929 – 2017) será exibida a partir de 10 de janeiro e até 28 de março na unidade de Zurique, Suíça, da Galeria Kogan Amaro. Com curadoria de Ricardo Resende, a mostra “Jouer avec le Cercle” evidencia o caráter múltiplo do trabalho de Esmeraldo, artista que viveu parte importante de sua vida na França. O conjunto reunido na exposição é uma síntese da somatória do gravador e desenhista que levou a gráfica para o objeto e a escultura na justa medida.

 

O empenho da Galeria Kogan Amaro na difusão da arte brasileira na Europa, por meio da unidade Zurique, ganha impulso com esta exposição. Esmeraldo expôs individualmente na Suíça em 1961, 1963, 1968 (Galerie Maurice Bridel, Lausanne), 1971, 1975 (White Gallery, Lutry, Lausanne) e em 2016 (Beurret & Bailly Auktionen, Basel), além de outras participações em mostras coletivas, e de constar em importantes coleções do país, que frequentou com certa assiduidade em seu período europeu, no qual construiu importantes relações profissionais e de amizade.

 

Desenhos, gravuras em metal, objetos e esculturas realizados entre as décadas de 1960 e 2000 compõem a mostra do artista cinético notabilizado sobretudo pela originalidade da obra que chamou de Excitables.

 

As obras eleitas na curadoria de Resende reforçam o interesse de Esmeraldo pelo jogo permutacional das formas para geração de novas formas, com destaque para o círculo. A combinação da razão com a intuição é o diferencial dinâmico e sutil do artista nascido no Crato, Ceará, em 1929, que deu uma efetiva contribuição à arte do seu tempo. Após a longa permanência na França Esmeraldo retornou ao Brasil, se fixando em Fortaleza. Foi lá que realizou sua grande obra da maturidade, presentificada em um conjunto de esculturas monumentais no espaço urbano da capital cearence.

 

“Seus trabalhos são imprescindíveis no que tange à arte geométrica. O artista observa o lado construtivo e o funcionamento das coisas com um pensamento gráfico o tempo todo geometrizante e animador da forma, explica Resende. “É como se quisesse limpar as arestas, as rebarbas e as ‘imperfeições das coisas que vemos no mundo, ao ‘economizar’ no gesto e na subtração de formas e explorando a forma arredondada”, completa.

 

Sobre o artista

 

Sérvulo Esmeraldo nasceu em Crato Ceará, 1929 e faleceu em Fortaleza, 2017. Desenhista, escultor, gravador, ilustrador e pintor, iniciou-se profissionalmente no final da década de 1940, frequentando o ateliê livre da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), em Fortaleza. Transferiu-se para São Paulo em 1951. O trabalho temporário na Empresa Brasileira de Engenharia (EBE) nutriu seu interesse pela matemática e repercutiu em seu futuro de escultor de obras monumentais. Ilustrador do Correio Paulistano de 1953 a 1957, dedicou-se com afinco à xilogravura, que expôs individualmente no Clubinho dos Artistas, dirigido à época pelo artista Flávio de Carvalho, e em 1957 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Nesta expôs uma coleção de gravuras de natureza geométrica construtiva, que ele acreditava ter sido preponderante para a bolsa do governo francês, no mesmo ano. Estudou Litografia na

 

École Nationale des Beaux-Arts e frequentou o atelier de John Friedlaender, trabalhando com a Gravura em Metal, técnica que o levou a desenvolver uma linguagem de grande interesse, particularizando-o na dita “Escola de Paris”. Pesquisador obstinado, no início doa nos 1960, desengavetou seus projetos de objetos movidos a imãs e eletroímãs, Esmeraldo não querida mais ser gravador 24 horas, como ele viria a declarar em entrevistas posteriores. A chegada à série “Les Excitables”, garantiu-lhe lugar de destaque na cena cinética internacional, pela originalidade destes trabalhos que ele lançava mão da eletricidade estática. Em 1977 iniciou o retorno ao Ceará, à terra, como ele gostava de dizer, trabalhando em projetos de arte pública que incluíam esculturas monumentais na paisagem urbana de Fortaleza, cidade onde se fixou no final dos anos 70, e que hoje abriga cerca de quarenta obras de sua autoria.

 

Foi o idealizador e curador da Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras (Fortaleza, 1986 e 1991). Com diversas exposições realizadas e participação em importantes salões, bienais e outras mostras coletivas na Europa e nas Américas (Realités Nouvelles, Salon de Mai, Biennale de Paris, Trienal de Milão, Bienal Internacional de São Paulo, dentre outros), sua obra está representada em importantes museus e em coleções públicas e privadas do Brasil e exterior. Em 2011, a Pinacoteca do Estado organizou importante retrospectiva da obra do artista, sucedida por outras mostras de grande vulto. Artista homenageado da 6ª Edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, em 2017/2018, uma mostra importante do seu trabalho foi apresentada em cinco capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em reconhecimento ao seu grande legado, no ano que completaria 90 anos, o Governo do Estado do Ceará instituiu por lei, 2019 como o Ano Cultural Sérvulo Esmeraldo.

 

GEGO no Brasil

O MASP, Museu de Arte de São Paulo, Paulista, São Paulo, SP, exibe até 01 de março a mostra retrospectiva “Gego: a linha emancipada”, a primeira exposição de obras de Gego (Gertrud Goldschmidt) no Brasil.

 

Sobre a artista e a exposição

 

Gego (Gertrud Goldschmidt, Hamburgo, Alemanha, 1912 –Caracas, Venezuela, 1994) estudou Arquitetura e Engenharia em Stuttgart. Enfrentando o crescente antissemitismo no seu país de origem, migrou para a Venezuela em 1939, onde trabalhou como arquiteta. Não foi até ao início dos anos 50 que ela começou a sua carreira como artista, trabalhando primeiro em aquarelas, monotipias e xilogravuras, antes de passar para estruturas metálicas tridimensionais.

 

Trabalhando ao lado de um grupo de colegas que incluía Carlos Cruz Diez, Alejandro Otero e Jesús Soto, Gego tornou-se uma artista proeminente em abstração geométrica e arte cinética, movimentos alinhados com as vanguardas europeias do pré-guerra, que floresceram na Venezuela e América Latina, entre o final das décadas de 1940 e 1960. Ao longo da sua vida, preocupou-se em investigar três formas de sistemas: linhas paralelas, nós lineares e o efeito de paralaxe – pelo qual a forma de um objeto estático muda devido ao movimento da posição de observação do espectador. Explorou a relação entre linha, espaço e volume numa variedade de radicais esculturas sistemáticas em arame. Além disso, suas formas orgânicas, estruturas lineares e abstrações modulares abordavam metodicamente noções de transparência, energia, tensão, relação espacial e movimento óptico.

 

Esta exposição oferece um panorama cronológico e temático da obra da artista, do início dos anos 1950 ao início dos anos 1990, e inclui aproximadamente 150 trabalhos, que vão da escultura, aos desenhos, gravuras e têxteis. A exposição mostra a evolução da abordagem distintiva de Gego à abstração e destaca sua prática de desenho e gravura em diálogo com suas extraordinárias séries tridimensionais, incluindo esculturas vibracionais e cinéticas das décadas de 1950 e 1960. A exposição evidencia as significativas contribuições formais e conceituais de Gego na arte moderna e contemporânea, destacando as suas interseções com os principais movimentos transnacionais de arte, incluindo abstração geométrica e a Arte Cinética das décadas de 1950 – 60, e o Minimalismo e o Pós-minimalismo das décadas de 1960 – 70. Além disso, a exposição faz referência à história sociocultural da América Latina e avança na compreensão e valorização do trabalho de Gego dentro de um contexto mais amplo do modernismo do século 20, como uma das principais figuras artísticas da segunda metade do século.

 

“Gego: a linha emancipada” é a primeira exposição retrospectiva dedicada à artista no Brasil e é co-organizada pelo MASP com o Museo Jumex, Cidade do México, Museu d’Art Contemporani de Barcelona e Tate Modern, Londres.

 

Curadoria

 

Pablo Léon de La Barra, curador-adjunto de arte latino-americana, MASP; Julieta González, diretora artística, Museo Jumex, Cidade do México, e Tanya Barson, curadora-chefe, Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA)

 

Mercedes Viegas exibe Mecarelli

17/dez

O artista ítalo-francês Adalberto Mecarelli faz sua primeira mostra no Brasil. A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Adalberto Mecarelli – Luz +”, com obras do artista nascido em Terni, Itália, em 1946, e radicado há 50 anos em Paris. Esta é a primeira exposição no Brasil do escultor de matriz construtiva abstrata que se notabilizou por seu trabalho de pesquisa de luz e sombra, registros da luz solar, e está presente em vários espaços públicos em diversos países europeus, como França Itália e Alemanha. “A exposição traz sobretudo esculturas de luz que dialogam com o espaço da galeria, formas geométricas esculpidas pela sombra”, observa a curadora Elisa Byington, que selecionou obras do artista em diferentes técnicas e materiais.

 

Além das esculturas de luz, – que ocupam grande espaço na galeria – encontra-se na na mostra a obra “Jai Prakash, cr2075”, (2000), conjunto de cinco trabalhos em nitrato de prata sobre papel de algodão, feitas em Jaipur, na Índia, cidade muito frequentada por Mecarelli, desde a residência artística que fez entre 1992 e 1993, para pesquisar os notáveis observatórios solares do país; e a série “Hamlet” (1985), conjunto de nove impressões em água-tinta sobre papel de algodão, baseadas na cenografia que criou para a montagem de “Hamlet”, em 1985, no Théâtre des Quartiers d’Ivry, em Paris, com direção de Catherine Dasté, e excursionou por vários teatros franceses e europeus. A exposição traz ainda obras de 2010, em nitrato de prata sobre papel de arroz de registros solares feitos no Templo Haeinsa, na Coreia do Sul, e as obras inéditas “Demoiselles de Malakoff” (2019), desdobramentos da imagem de poliedros, impressas em nitrato de prata sobre tela crua. Malakoff é o bairro parisiense onde está o ateliê do artista, e as imagens surpreendentes que surgem do “embrulho” diferente de um mesmo poliedro, que, de modo não proposital e aleatório, remetem a imagens cubistas-futuristas, suprematistas, da abstração geométrica do início do século.

 

Elisa Byington explica que as obras em nitrato de prata são “fotografias no sentido etimológico do termo”. “É uma impressão de manchas de sol fixadas com nitrato de prata, formas resultantes de angulações diferentes da luz solar, escolhidas de forma aleatória – cada série obedece a um determinado princípio -, em diferentes momentos do dia”. “A parte pincelada de nitrato de prata – sobre tela, tecido ou papel – equivalente àquele volume desenhado pela luz solar, é imediatamente protegida da luz, mantida no escuro. Uma vez exposto à luz, o nitrato de prata escurece e adquire várias tonalidades, do marrom ao cinza chumbo, e consome lentamente aquela marca, a memória da presença, a marca deixada pelo sol naquele instante”, diz. O título das cinco obras em nitrato de prata sobre papel de algodão, “Jai Prakash, cr7520” (2000), se refere a um dos instrumentos astronômicos arquitetônicos em Jaipur, na Índia.

 

Contrastes Luz e Sombra

 

“Desde o início, a obra de escultor de Adalberto Mecarelli se constrói sobre questionamentos da visibilidade e a conceituação do não-visível. A experiência com o núcleo primordial da escultura na Escola de Belas Artes de Terni, o fogo, a transformação da matéria, e a ideia do vazio que se cria no processo da fundição com a técnica de cera perdida, um vazio perfeito, é decisiva para sua trajetória, distante da figuração. Ele vai trabalhar os opostos vazio/cheio, as relações entre o dentro e o fora, interior e exterior, contrastes entre luz /sombra, visível e invisível, os extremos luminosos do preto e do branco, recolocando-os como partes de um todo, no espaço”, comenta Elisa Byington.

 

Intervenções em espaços públicos

 

Uma característica presente em grandes esculturas de Adalberto Mecarelli é que se realizam plenamente em um único dia do ano, de acordo com cálculos precisos da inclinação do sol. Dentre as muitas intervenções em espaços públicos realizadas por Adalberto Mecarelli, está “Stomachion Solis”(harmonia infinita do sol), uma grande estrutura em aço cortén, que inicia o percurso no Parque das Esculturas, em Siracusa, Itália. Instalada no topo de uma falésia, em frente à Ilha de Ortígia, centro histórico da cidade, a obra é uma composição de quatorze peças que remetem ao Stomachion de Arquimedes (Siracusa, 287 a.C. – 212 a.C.), um dos mais antigos e fascinantes quebra-cabeças na história da humanidade. A partir de cálculos precisos, a escultura de Mecarelli, às 11h de cada dia 13 de dezembro, reflete os raios solares, que cruzam o mar e iluminam a Capela de Santa Luzia, em Ortígia, onde há a célebre tela do Caravaggio com o “Sepultamento de Santa Luzia” (1608). Uma hora mais tarde, às 12h, a mesma estrutura projeta a sua frente a sombra de um quadrado perfeito. No dia 13 de dezembro se festeja Santa Luzia (c.283 – c. 304), padroeira de Siracusa, e considerada protetora dos olhos. É o dia de seu martírio, quando arranca os olhos e os entrega ao carrasco para não renegar a própria fé, data próxima ao solstício de inverno. A obra faz alusão à luz (Lucia, em italiano), e a falta dela, a cegueira, uma passagem do caos ao cosmo. “Luz e sombra, caos e cosmo serão os quatro elementos em suspensão”, observa o artista.

 

Outras intervenções notáveis de Adalberto Mecarelli são “Eppur si muove” (1999), frase de Galileu, iluminada na fachada no Instituto Galileu, no campus da Universidade de Viltaneuse, em Paris, por meio de um complexo mecanismo de espelhos pela luz do sol no dia da sua condenação, 20 de junho; “Lux umbrae” (2011), nos Cryptoportiques, em Arles, França, e a escultura de luz, espécie de lua que surgia na fachada da Igreja de Sant’Eustache, durante a Nuitblanche, em Paris, em 2012. Em 2015, ele fez uma intervenção na abadia cisterciense de Sylvacane, na Provença, França. Em 2018, realizou “O Sol ao Sol”, uma grande escultura em pedra, de quase cinco metros de altura, instalada em um espelho d’agua junto a um poliedro irregular em aço, em Ibiúna, São Paulo. A cada dia 22 de setembro, data do equinócio de primavera, o sol, que passa no centro da fenda que divide em dois o “totem” de pedra, reflete na água sob o poliedro em aço, que devolve os raios refletidos na direção do sol.

 

Até 31 de janeiro de 2020.

 

 

Arte e som nas coleções MAM Rio

13/dez

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta de 1º de dezembro de 2019 a 1º de março de 2020 a exposição “Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio”. Com curadoria de Chico Dub, a exposição se insere no programa Curador Convidado, criado em 2018 pelo Museu, e se relaciona com a 9ª edição do Festival Novas Frequências.

 

A exposição reúne obras de Hélio Oiticica, Carlos Vergara, Waltercio Caldas, Daniela Dalcorso, Claudio Tozzi, Carlos Scliar, José Damasceno, Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, MarciusGalan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua, entre outros. São pinturas, fotografias, desenhos, vídeo, objetos sonoros, instrumentos musicais, partituras gráficas, esculturas, instalações e discos de artista presentes na coleção do Museu. Estão programadas ações performáticas para janeiro de 2020.

 

O título da exposição é retirado do nome da obra de José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968), feita em 1997. Ao lado de cada obra haverá um QR Code, que permitirá ao público acessar pelo seu celular mais informações sobre o artista no site do MAM Rio.

 

“Canção Enigmática” irá ocupar dois espaços no terceiro andar do Museu, destinado a mostras do acervo, e tem uma complementação com mais duas obras no Foyer dos artistas suíços Martina Lussie e Luigi Archetti, pertencentes aos próprios artistas.

 

A exposição procura inserir o MAM Rio na chamada “virada sônica”(“sonicturn”), termo cunhado para designar a mudança gradual de foco do visual para o auditivo, que vem ocorrendo nas práticas artísticas e nos estudos acadêmicos nos últimos anos, graças a implementos tecnológicos. “E também pela busca em estabelecer novos parâmetros artísticos, o som passou a ser reconhecido e exibido como uma forma de arte em si mesmo”, explica o curador Chico Dub. “Ainda que não seja uma mostra exclusiva de arte sonora – prática surgida na obscura zona entre música composta, instalação, performance e arte conceitual, e que tem o áudio como componente principal ou que silenciosamente reflete sobre o som -, abraça todo o acervo dessa disciplina artística no museu, reunindo trabalhos de Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, Marcius Galan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua e Siri”.

 

Chico Dub diz que “as obras reunidas mostram basicamente cenas musicais tiradas do cotidiano, como nas pinturas modernistas de Di Cavalcanti e Djanira, manifestações folclóricas nas quais a música possui caráter essencial, como nas fotografias de Bárbara Wagner inspiradas no maracatu, rituais religiosos afro-brasileiros tal qual em Pierre Verger e no candomblé, e associações diretas com gêneros musicais, como nos retratos de Daniela Dacorso em bailes funk, na influência do samba nos “Parangolés” de Hélio Oiticica e nas fotografias de Carlos Vergara no desfile do Cacique de Ramos, ou em ícones do porte de Tom Jobim (Cabelo e Márcia X) e Beethoven (Waltercio Caldas). Trabalhos realizados durante a ditadura militar no Brasil, como os de Cláudio Tozzi e Waltercio Caldas, gritam contra a situação opressiva que se instalava naquele momento no país e, infelizmente, soam mais atuais do que nunca”. Ele complementa dizendo que “há ainda um destaque especial para as chamadas partituras gráficas, trabalhos com origem no contexto da música e apreciados por artistas visuais em função de sua característica libertária que vai além da notação musical convencional. Paulo Garcez, Carlos Scliar, Chiara Banfi e, de certa forma, José Damasceno possuem trabalhos nesse contexto”.

 

Está programado para os domingos de janeiro de 2020 uma série de ações performáticas que buscam se relacionar com procedimentos da música experimental, da arte sonora e de outras linguagens, como as artes visuais, a dança e performance. Essa programação complementar reafirma a ideia da ocupação do espaço público como ato estético e político, questão presente nos encontros realizados por Frederico Morais no início dos anos 1970, quando a área externa do MAM e o Aterro do Flamengo foram incorporados como extensão natural do Museu.

 

“É notório pensar hoje em dia que 4’33” não é simplesmente uma ‘peça silenciosa’, mas, sim, uma obra cujo objetivo é a escuta do mundo. Em outras palavras, o trabalho mais famoso de John Cage, ao emoldurar sons ambientes e não intencionais, nos revela através de uma escuta profunda que a música está em todos os lugares; que todos os sons são música”, observa Chico Dub.

 

“Partindo de Cage, os sons que ecoam pelo MAM são música. Uma canção enigmática formada por todos os sons ao redor combinados, dentre outros, com batidas do coração, berimbaus high tech, gadgets eletrônicos, sons artificiais, bandas fora de ritmo, orquestras tocando músicas diferentes ao mesmo tempo, o som da chuva e uma ordem em italiano para se fazer um café”.

 

Até 1º de março de 2020.

 

ArtRio 2020

10/dez

Estão abertas as inscrições para a ArtRio 2020. A ArtRio completará sua 10ª edição em 2020 e reforça seu foco na arte brasileira e latino-americana. O evento acontecerá de 09 a 13 de setembro de 2020 na Marina da Glória.

As inscrições são para os programas PANORAMA, VISTA e BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Os programas SOLO, PALAVRA e MIRA terão seus participantes selecionados pelos respectivos curadores.

 

A ArtRio chegará nesta 10ª edição com uma importante história de valorização da arte brasileira e latino-americana. Mais do que uma feira de arte de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma plataforma com um calendário ativo ao logo de todo o ano, realizando diferentes programas sempre com o intuito de aproximar artistas e galerias de seu público, estimular o conhecimento e valorizar a produção de novos artistas, incentivar a criação de novo público para a arte e disseminar o conhecimento da arte em projetos de acessibilidade e educação.

 

A feira, é um importante momento do calendário artístico profissional, com a reunião das mais importantes galerias do país e também de outros países da América Latina.

 

As inscrições serão avaliadas pelo Comitê de Seleção da ArtRio, que analisa diversos pontos como proposta expositiva para o evento, relevância em seu mercado de atuação, artistas representados – com exclusividade ou não -, número de exposições realizadas ao ano e participação em eventos e/ou feiras.

 

O Comitê 2020 é formado pelos galeristas:

 

Alexandre Roesler (Galeria Nara Roesler) – Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque – Antonia Bergamin (Bergamin & Gomide) – São Paulo – Filipe Masini e Eduardo Masini (Galeria Athena) -Rio de Janeiro – Gustavo Rebello (Gustavo Rebello Arte) – Rio de Janeiro – Juliana Cintra (Silvia Cintra + Box 4) – Rio de Janeiro

Nos últimos anos, atraídos pela expressiva presença de arte brasileira na ArtRio, tanto com obras de artistas consagrados como as jovens descobertas, importantes colecionadores e curadores internacionais vieram para o Rio de Janeiro, incluindo curadores e membros de conselhos de aquisições de importantes museus e fundações como Solomon R. Guggenheim, Tate Modern, Dia Art Foundation e SAM Art Projects, entre outros.

 

Programas

 

PANORAMA Programa destinado às galerias já estabelecidas no mercado de arte, tanto em esfera nacional quanto internacional.

 

VISTA Programa destinado às galerias com até dez anos de existência, que apresentam projetos com foco curatorial mais experimental.

 

BRASIL CONTEMPORÂNEO Pelo terceiro ano consecutivo, o programa reunirá projetos individuais de artistas e galerias baseados nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

 

SOLO Programa destinado a projetos expositivos com foco em importantes coleções de arte. O programa contará com projetos que apresentem uma visão mais aprofundada sobre a obra de um único artista.

 

MIRA O programa MIRA convidará o público a explorar narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes que usam a vídeo arte como plataforma.

 

PALAVRA O programa propõe a palavra como peça fundamental na arte, promovendo conversas, leituras e performances de poetas e artistas que trabalham com a temática.

 

A seleção dos três últimos programas, SOLO, MIRA e PALAVRA será definida pelos respectivos curadores nos próximos meses.

A geometria de Weissmann

09/dez

 

Geometria, cor e cidade se entrelaçam na obra de Franz Weissmann. O escultor, pintor e desenhista Franz Weissmann (1911-2005) ganha uma exposição de três andares no Itaú Cultural, Avenida Paulista, São Paulo, SP. Com curadoria de Felipe Scovino, “Franz Weissmann: o Vazio como Forma” traz um olhar panorâmico sobre a produção do artista, apresentando várias fases de sua criação, e abrange, além de esculturas, 50 desenhos inéditos. Como diz o texto curatorial, a mostra “… é um passeio por tamanhos, formas e cores”.

 

“Franz Weissmann: o Vazio como Forma” também expõe no Parque Prefeito Mário Covas, em São Paulo, a obra “Cubo Azul”. O artista sempre se interessou por ter suas criações no espaço público, de modo a expandir a possibilidade de contato das pessoas com a arte e modificar sua relação com a cidade. Saindo do Itaú Cultural, o parque fica a cerca de duas estações de metrô, na Avenida Paulista, 1853.

 

Nascido na Áustria, Franz Weissmann, veio ao Brasil em 1921. De 1939 a 1941, fez cursos de arquitetura, escultura, pintura e desenho na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Já de 1942 a 1944, estudou desenho, escultura, modelagem e fundição com o escultor August Zamoyski (1893-1970). Tornou-se professor na Escola Guignard em 1947.

 

Sua obra, inicialmente figurativa, na década de 1950 toma uma direção construtivista – marcada pelas formas geométricas e pelo uso de materiais como chapas de ferro, fios de aço e alumínio em verga ou folha. Em 1955, compõe o Grupo Frente e, em 1959, torna-se cofundador do Grupo Neoconcreto nos anos 1960, aproxima-se do informalismo – sendo exemplo disso a série Amassados, chapas de zinco ou de alumínio trabalhadas a martelo, porrete e instrumentos de corte. Depois, retorna ao construtivo,

 

Até 09 de fevereiro de 2020.

Artistas GLC

03/dez

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir do dia 02 de dezembro, a exposição “Artistas GLC”, que reúne cerca de 50 obras, recentes e inéditas, dos 29 artistas representados pela galeria: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Serqueira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchôa, Eduardo Kac, Élle de Bernardini, Fernando Lindote, Gê Orthof, Gisele Camargo, Güler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, JeaneteMusatti, João Louro, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Em exibição trabalhos em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Muitas obras nesta mostra são inéditas, como é o caso da pintura “Sundae Ilusões”, de Daniel Lannes, que, de acordo com o artista, mostra que “…o amor colado às costas da musa garante ou não a ilusão da promessa afetiva”.

 

Outras obras de igual ineditismo são “Todos os nossos desejos”, de Daniel Escobar, série de colagens onde confetes recortados de cartazes publicitários proporcionam uma paisagem pictórica de ilusórios fogos de artificio, e uma nova obra da série “Pseudônimo”, de Bruno Miguel, pintura onde o artista questiona os dogmas da linguagem a partir da substituição dos elementos tradicionais e históricos da pintura por processos, materiais e ferramentas de um mundo pós-industrializado, globalizado e conectado.

 

Recesso entre 21 de dezembro de 2018 e 05 de janeiro de 2020.

Até 01 de fevereiro de 2020.

 

Ernesto Neto no MALBA, Buenos Aires

25/nov

A amostra de “Soplo”, em exibição no MALBA, Buenos Aires, Argentina, de 29 de novembro de 2019 até 16 de fevereiro de 2020, reúne sessenta peças de Ernesto Neto (Rio de Janeiro, 1964) produzidas do final dos anos 1980 até o presente. Trabalhos em papel, fotografias e grandes instalações imersivas, que dialogam com o espaço expositivo e com o corpo do visitante, ativando todos os sentidos.

 

“Desde o início de sua carreira, Ernesto Neto explora e expande radicalmente os princípios da escultura. Gravidade e equilíbrio, solidez e opacidade, textura, cor e luz, simbolismo e abstração são a base de sua prática artística, um exercício contínuo no corpo coletivo e individual, no equilíbrio e na construção da comunidade ”, observa o curador Jochen Volz.

 

Na exposição, a carreira do artista é apresentada sob dois aspectos: por um lado, as obras que invocam os sentidos do observador e desafiam seu corpo a participar e até mergulhar na escultura; por outro, as obras que solicitam a ativação do espectador e apontam para uma noção de corpo coletivo, estimulando, de maneira lúdica, o contato e a convivência.

 

A dimensão ritual que a prática do artista vem adquirindo nos últimos anos demonstra como suas esculturas criaram e exploraram dimensões sociais cada vez mais complexas. Em um momento marcado pelo colapso entre seres humanos e natureza, Ernesto Neto propõe que a arte seja uma ponte para a reconexão humana com esferas mais sutis. “O artista é uma espécie de xamã. Ele lida com o subjetivo, o inexplicável, o que acontece entre o céu e a terra, com o invisível. A partir daí, ele consegue transportar coisas”, conclui Neto.

 

A exposição Ernesto Neto.

 

“Soplo” é uma realização da Pinacoteca de São Paulo com curadoria de Valeria Piccoli e Jochen Vol.