Exposição de Hilal Sami Hilal

20/ago

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Lugar de Passagem”, com mais de trinta obras de Hilal Sami Hilal, celebrado artista capixaba de origem síria, que já soma 50 anos de trajetória. A mostra é centrada no site specific “Artigo 3º”, um painel na técnica que criou e é uma característica de sua produção: o cobre vazado, rendado, filigranado. A obra, de 14,5 metros de comprimento por 3,5 metros de altura, composta por nomes de pessoas, atravessará a nave central da Casa França-Brasil, como um delicado muxarabi (treliça típica da arquitetura árabe). Criadas também especialmente para a mostra, estarão monotipias em papel de algodão feito à mão e vários pigmentos, da série “Alepo”, nos quais o público verá, nitidamente, os objetos decalcados. Entre elas, uma porta de 2,10 metros de altura, uma instalação com 40 monotipias sobre objetos pessoais e utensílios cotidianos, como roupas, pratos, copos e talheres, e ainda um grupo de obras onde o papel registrou azulejos partidos, quebrados. Também de 2024 são as duas obras “Sem título”, da série “Atlânticos”, em cobre, corrosão e oxidação, com 130cm de altura.

Em torno do site specific “Artigo 3º”, os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto reuniram várias obras emblemáticas de Hilal Sami Hilal, como a instalação “Sherazade” (2007/2024), com 160 livros, com 80 mil páginas interligadas, ocupando aproximadamente uma área de cem metros quadrados no chão da entrada da exposição. “Lugar de passagem é também o lugar da arte, da vida”, diz Hilal Sami Hilal. Composto por nomes de pessoas, o título do trabalho é uma alusão ao terceiro artigo da Constituição brasileira, de 1988: “Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A ideia dos nomes veio originalmente a partir dos amigos do artista que o presenteavam com roupas de algodão, transformadas por ele em matéria-prima para fazer o papel artesanal. A esses nomes ele foi acrescentando outros. “É uma pele, transparente, e os nomes ficam como signos estéticos, os cidadãos brasileiros”, diz Hilal Sami Hilal. A obra é um desdobramento de um trabalho feito em 2003 para a exposição “Sal da Terra”, no Museu Vale, em Vila Velha, Espírito Santo, com curadoria de Paulo Reis (1960-2011).

O patrocínio da exposição é da Enel e do Governo do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei de Incentivo à Cultura. A organização é da MLC Produções Culturais.

Em cartaz até 20 de outubro.

Brasileiros em Nápolis

19/ago

A exposição “Vai, vai, saudade” apresenta a multitude da arte brasileira na Itália, com curadoria de Cristiano Raimondi. A mostra encontra-se no Madre – museo d’arte contemporanea Donnaregina, Via Luigi Settembrini, 79, 80139, em Nápolis. Apresentando a produção de artistas brasileiros, tem como destaques obras como In-mensa, de Cildo Meireles, a Via Sacra da Amazônia (Amazon Via Crucis), de Hélio Melo, o Livro da Arquitetura nº II, de Lygia Pape, além de diversas obras de Miriam Inez da Silva e de Sidney Amaral, uma sala dedicada a Heitor dos Prazeres e uma instalação de Lúcia Koch.

A salas que compõem a exposição são “notas de viagem” que se fundem para formar um itinerário expositivo livre, mas interligado de temas formais e conceituais, espirituais e terrenos, políticos e geográficos que, em conjunto, formam a base de uma narrativa que segue uma lógica novelesca. A série Via Sacra da Amazônia, de Hélio Melo, fez parte da exposição solo do artista realizada na galeria Almeida & Dale, São Paulo, SP, em 2023 com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti.

A palavra do curador

Na visão do curador Raimondi, o Brasil é “Um país que provou ser capaz de construir uma identidade baseada na valorização do multiculturalismo e na fusão de múltiplas linguagens, desafiando a abordagem eurocêntrica e monolítica da história da arte”.

Sobre o museu

O Museo d’Arte Contemporanea Donnaregina, também conhecido como Museo Madre, ou Museu de Arte Contemporânea Donnaregina, é um museu de arte contemporânea em Nápolis, na Campânia, no sul da Itália. Está alojado no Palazzo Donnaregina, que lhe foi adaptado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira.

Em exibição até 30 de setembro.

Edições 10 e 11 da Casa Tato

06/ago

A Galeria Tato, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta o “Ciclo Expositivo 10 e 11”, mostra que reúne cerca de 30 obras de 28 artistas participantes de duas edições da Casa Tato, programa principal da galeria, que trabalha a inclusão de artistas promissores no sistema da arte. A abertura ocorre em sua sede, na Barra Funda, o circuito efervescente de arte na capital paulista. A curadoria é de Sylvia Werneck e Claudinei Roberto da Silva, com assistência de Maria Eduarda Mota. Em exibição até 28 de agosto.

Nessa exposição, os artistas participantes das edições 10 e 11 da Casa Tato se encontram no meio do caminho. O primeiro grupo conclui seu ciclo de acompanhamento, enquanto o segundo o inicia. São eles, respectivamente:

Adriana Nataloni, Anna Vasquez, Bianca Lionheart, Desirée Hirtenkauf, Edu Devens, Gela Borges, Glenn Collard, Isabel Marroni, Janice Ito, Jaqueline Pauletti, Marcelus Freschet, Marina Marini Mariotto Belotto, Neto Maia, Tomaz Favilla.

Catia Goffinet, Chalirub, Christian Sendelbach, Fause Haten, Genô Ribeiro, Izidorio Cavalcanti, Leandersson, Mariana Serafim, Mariane Chicarino, Melina Cohen Rubin, Otavio Veiga, Paulo Troya, Silvana Archillia e Simone Freitas.

Panmela Castro no MAR

Panmela Castro abre exposição individual no Museu de Arte do Rio. Pela primeira vez, a artista apresentará exposição totalmente participativa, que se inicia em processo e, através de performances e ações, será construída com o público. A exposição “Ideias radicais sobre o amor”, da carioca Panmela Castro, será inaugurada no dia 09 de agosto. Com mais de 20 anos de trajetória, a artista apresentará uma exposição tendo como fio condutor a ideia da psicologia que fala sobre a necessidade de pertencimento como impulso vital dos seres humanos. Com curadoria de Daniela Labra e assistência curatorial de Maybel Sulamita, serão apresentadas 17 obras, sendo 10 inéditas, entre performances, fotografias, pinturas, esculturas e vídeos, que exploram questões como afetividade, solidão, visibilidade, empoderamento, autocuidado e memórias.

“Essa individual de Panmela Castro permite ao público conhecer muitas facetas de sua linguagem interdisciplinar. Seu trabalho navega por diferentes mídias e suportes de um modo único, reunindo questões estéticas, afetivas e ativistas em uma obra que é fundamentalmente performática e processual. A exposição no MAR traz obras inéditas e versões de outras já existentes, formando um ambiente lúdico, instigante e transformador”, afirma a curadora Daniela Labra.

A exposição irá se construir através de performances, ações e participações do público, que acontecerão ao longo do período da mostra. “Todas as obras de alguma forma precisam do outro para existir ou se completar, é uma exposição que começa em construção”, ressalta Panmela Castro. A exposição será inaugurada com três telas em branco da série “Vigília no Museu”, que serão pintadas quando o museu estiver fechado ao público. Em forma de vigílias dentro do MAR durante a noite, a artista se encontrará com pessoas para retratá-las. Um conjunto com 50 fotografias com registros da série “Vigília” também fará parte da mostra.

A exposição conta, ainda, com obras inéditas nas quais o público é convidado a participar. Na obra “Chá das Cinco”, por exemplo, o público é convidado a tomar um chá e compartilhar conselhos com outros visitantes da exposição através de bilhetes deixados debaixo do pires. Já em “Vestido Siamês”, duas pessoas poderão vestir, ao mesmo tempo, um grande vestido rosa feito em filó. Além disso, o público será convidado a trazer batons para a obra “Coleção de Batons” e objetos para deixar em um casulo, que serão transformados em esculturas pela artista. Esses objetos, que podem trazer memórias boas ou ruins, serão ressignificados e eternizados pela arte.

Inspirada nos tradicionais jogos arcade (fliperama), a obra “Luta no Museu” será um jogo para o público, no qual os lutadores são os artistas Allan Weber, Anarkia Boladona, Elian Almeida, Priscila Rooxo, Vivian Caccuri e Rafa Bqueer. Os cenários retratados são o Museu de Arte do Rio, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A artista propõe o jogo como uma brincadeira de luta entre artistas, onde o vencedor expõe sua obra no museu. Completando as obras inéditas, estará o vídeo “Stories”, uma coleção de pequenos vídeos publicados no Instagram da artista (@panmelacastro), que convidam o público a fazer parte das diferentes situações de sua vida e de seu processo artístico.

Além dos trabalhos inéditos, obras icônicas da artista também farão parte da exposição, como “Biscoito da sorte” (2021), que traz os tradicionais biscoitos japoneses com mensagens feministas criadas pela artista; “Bíblia feminista” (2021), na qual o público poderá escrever ideias que guiem a emancipação e a luta por direitos das mulheres cis e trans, e “Consagrada” (2021), fotoperformance na qual a artista aparece com o peito rasgado com esta escarificação, fazendo uma crítica à forma como o mercado de arte elege seus personagens.

“Não surpreende que Panmela hoje seja respeitada internacionalmente, tanto pela inventividade de sua arte quanto pela postura em relação a assuntos como violência de gênero de diversos tipos. Esse tema há anos a estimula a criar ações artísticas, pinturas, objetos e também desenvolver um trabalho de cunho pedagógico e político através de sua organização que usa as artes para promover direitos, principalmente o enfrentamento à violência doméstica, a Rede NAMI”, diz a curadora Daniela Labra.

Completam a mostra, quatro performances que a artista fará ao longo do período da exposição. No dia 17 de agosto, será realizada “Culto contra os embustes” (2020), um ritual onde a autoestima e a energia vital são usadas para afastar indivíduos malévolos da vida de cada participante. No dia 28 de setembro, será a vez de “Honra ao mérito” (2023), realizada na I Bienal das Amazônias, que aborda a falta de reconhecimento das mulheres e propõe uma cerimônia onde medalhas são concedidas ao público feminino, como forma de valorizar seus talentos e ações dignas de destaque. “É uma reparação histórica”, afirma Panmela Castro. No dia 05 de outubro, será a vez da performance inédita “Revanche” (2019), na qual a artista confronta as imposições do feminino compulsório, convidando o público a apreciar o momento de um acerto de contas com o urso de 4 metros de altura que estará na mostra. Já no dia 12 de outubro, será realizada “Ruptura” (2015), na qual a artista se desfaz de uma espécie de “caricatura da feminilidade”, abrindo espaço para discussões mais amplas sobre gênero e alteridade. Todas as obras de performances serão registradas e terão seus vídeos exibidos na exposição.

Até 24 de novembro.

Sobre a artista

Panmela Castro vive e trabalha no Rio de Janeiro e em São Paulo. Artista visual cuja prática artística é movida por relações de afeto e alteridade. Com base na ideia de “Deriva Afetiva”, ela propõe o acaso como o sujeito de uma busca incessante por um sentido de pertencimento. A partir do pensamento da performance, a sua produção artística converge em trabalhos que permeiam a pintura, a escultura, a instalação, o vídeo e a fotografia. Panmela Castro é graduada em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007), possui mestrado em Processos Artísticos Contemporâneos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011) e é pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade e Cidadania Global na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2023). Seu trabalho faz parte de coleções internacionais, incluindo o Stedelijk Museum e o ICA Miami, assim como importantes coleções no Brasil, como o Instituto Inhotim, MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes e Museu de Arte do Rio. Ativista social e protagonista da quarta onda feminista, segundo Heloisa Buarque de Holanda no seu livro “Explosão Feminista”, Panmela Castro é fundadora da organização sem fins lucrativos Rede NAMI. Desenvolve um trabalho de base na promoção dos direitos das mulheres e de enfrentamento à violência doméstica, tendo atingido mais de 200.000 pessoas na última década. Por seus esforços na área de direitos humanos, ela recebeu inúmeros prêmios, incluindo ser nomeada Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial, o DVF Awards, e estar listada pela prestigiada revista americana Newsweek como uma das 150 mulheres corajosas que estão mudando o mundo.

Sobre o Museu de Arte do Rio

O MAR é um museu da Prefeitura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais. “O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa um espaço de fortalecimento do acesso à cultura, ao ensino e à pluralidade intimamente relacionado com o território ao qual está inserido. Além de contribuir para a formação nas artes e na educação, tendo no Rio de Janeiro, com sua história e suas expressões, a matéria-prima para o nosso trabalho”, comenta Leonardo Barchini, diretor da OEI no Brasil. Em 2024, a OEI e o Instituto Arte Cidadania (IAC) celebraram a parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, a partir de quando o IAC passa a auxiliar na correalização da programação. O MAR tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor e a Globo como patrocinadores master e o Itaú Unibanco como patrocinador. São os parceiros de mídia do MAR: a Globo e o Canal Curta. A Machado Meyer Advogados e a Wilson Sons também apoiam o MAR. O MAR conta ainda com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, também via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Nara Roesler SP exibe Julio Le Parc

05/ago

Exposição Julio Le Parc: Couleurs, 50 obras recentes e inéditas do gênio da arte cinética estarão em exibição na Galeria Nara Roesler São Paulo, Jardins, SP, a partir do dia 08 de agosto.

Trata-se da exposição “Julio Le Parc: Couleurs” do grande mestre da arte cinética. Pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas – em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente – ocuparão dois andares da Nara Roesler São Paulo. Ativo aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”.

Entre as obras, está um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”, criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebem as mínimas partículas de cor presentes nas composições. Nesses trabalhos que têm tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, Julio Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo. No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.

Outra série pictórica presente na mostra na qual Julio Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174” (2024), “Gamme 14 couleurs Variation 8” (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7” (1972/2024) e “Théme 72-7” (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.

Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico colorido suspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duas estruturas luminosas – “Continuellumière” (1960/2023) e “Continuellumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricos. Uma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.

Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29x21cm cada um, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativo e experimental de Julio Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”. O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou para a Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.

Até 19 de outubro.

Joana Vasconcelos na Baró Mallorca

24/jul

A primeira exposição de Joana Vasconcelos na Baró Galeria, está em cartaz em Palma de Mallorca, Espanha, até 31 de agosto. A exposição oferece uma visão abrangente da vasta obra de Joana Vasconcelos, apresentando instalações, esculturas, pinturas e desenhos recentes realizados ao longo dos últimos 10 anos, procurando destacar os principais temas na carreira da consagrada artista internacional.

A diversidade de linguagens de J. Cunha

18/jul

A Pinacoteca Pina Estação, Largo General Osório, Santa Efigênia, São Paulo, SP, apresenta até 29 de agosto uma retrospectiva de J. Cunha (Salvador, 1948), a maior já realizada em sua carreira. Próximo de completar exatos 60 anos de carreira, J. Cunha recebe sua maior exposição individual sob a curadoria de Renato Menezes. Com cerca de 300 itens, entre pinturas, desenhos, cartazes, estampas, objetos e documentos, “J. Cunha: Corpo tropical” exibe a trajetória do artista, acompanhando seus percursos pela Bahia e sua projeção nacional e internacional. A mostra enfatiza o caráter experimental, a diversidade das linguagens e o compromisso político do artista e de sua obra.

Códice e obras inéditas

Como ponto alto está a obra Códice (2011-2014), um painel de três por sete metros que nunca foi exposto em São Paulo e apenas três vezes apresentado ao público de forma completa. Na mostra, são apresentadas também algumas obras inéditas dos anos 1970, além de um expressivo conjunto de tecidos estampados para o bloco afro Ilê Aiyê, produzidos entre os anos 1980 e 2000.

A exposição se divide em três partes, organizadas de maneira cronológica:

Parte 1: “Made in Brasil”, onde vemos o início da carreira do artista, dividido entre a pintura e a dança, preocupado em refletir sobre o Nordeste e em criticar o avanço do capitalismo e a perda das identidades locais.

Parte 2: “Passar por aqui”, são apresentados os 25 anos seguintes de sua carreira, dos anos 1980 a 2005, período marcado pelo aprofundamento de sua atividade gráfica.

Parte 3: “Neobarroco Afro-pop”, é apresentada a fase mais madura do artista, desde os anos 2000 até os dias atuais. Sua pintura ganha escala, sua atenção volta-se para os grafismos caboclos, ícones pop e símbolos do cangaço.

Sobre o artista

J. Cunha nasceu na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948. José Antônio Cunha ingressou no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia aos 18 anos de idade. Foi cenógrafo e figurinista do grupo folclórico Viva Bahia, colaborou com o Balé Brasileiro da Bahia, Balé do Teatro Castro Alves e, durante 25 anos, assinou a concepção visual e estética do bloco afro Ilê Aiyê, além de decorações dos Carnavais de rua de Salvador. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo, dançarino e figurinista, participou de bienais, integrou exposições coletivas e realizou mostras individuais nos Estados Unidos, na África e na Europa.

A extensão da identidade de Marisa Nunes

“Liberdade Só – A Sombra da Montanha é a Montanha”: A Reflexão de Marisa Nunes sobre a Liberdade e a História” é uma imersão artística com curadoria de Juliana Mônaco na Art Lab Gallery, Vila Madalena, São Paulo, SP, que mergulha na complexa relação entre Liberdade e História. A mostra explora a busca humana pela liberdade através de uma lente pessoal e coletiva, onde cada peça reflete a profundidade das experiências da artista. Inspirada pelo poema “A bandeja de prata” de Natan Alterman. A artista investiga a metáfora “não se entrega um estado numa bandeja de prata”, utilizando-a como fundamento para suas criações e afirmando que “a sombra da montanha é a montanha” em uma representação da totalidade de sua exposição, onde cada trabalho é uma extensão de sua própria identidade. O vernissage será no dia 20 de julho e permanecerá em exibição até 05 de agosto.

A artista utiliza técnicas mistas em pintura, com sobreposições de tintas e colagens de folhas de ouro, além de esculturas em aço. Sua obra é uma manifestação da evolução pessoal e coletiva, tecendo memórias de infância, adolescência e a construção de sua personalidade adulta. As influências culturais e religiosas são evidentes em suas peças, refletindo a complexidade da busca humana pela liberdade. A exposição inclui uma instalação premiada em primeiro lugar no Bunkyo 2023, sob a orientação de Yutaka Toyota, além de 35 pinturas em técnica mista, 11 esculturas em ferro carbonado e dois painéis inéditos de 3×3 metros. As obras de Marisa Nunes são marcadas pelo uso simbólico do vermelho e do preto, representando a fumaça, o sangue e o caos das guerras que permeiam a História da Humanidade. O aço carbonado é utilizado para simbolizar a dor, enquanto as paletas leves e os cenários de paz contrastam, sugerindo a dualidade entre conflito e serenidade.

Juliana Mônaco, curadora da exposição, destaca que a arte de Marisa Nunes é uma expressão multifacetada da liberdade. Sua imersão na cultura oriental e o estudo disciplinado de temas complexos enriquecem a narrativa visual de suas obras. Cada peça é uma extensão de sua própria essência, revelando uma harmonização entre formas, cores e sentimentos que refletem a dualidade da vida.

A biografia de Marisa Nunes é um testemunho de perseverança e dedicação. A artista dedicou-se por aproximadamente três anos à criação dos painéis de grande formato que integram esta exposição. A artista apresenta um trabalho que vai além da simples representação, oferecendo ao público uma experiência imersiva e reflexiva sobre a jornada em busca de liberdade e autocompreensão.

Arquitetura para abelhas

12/jul

O artista e ambientalista João Machado apresenta esculturas feitas com a interferência de abelhas nativas. Uma fusão de arte e biologia em obras interespécies.  Com curadoria de Arasy Benítez, mostra acontece no Jardim Botânico Plantarum, Nova Odessa, na zona metropolitana de Campinas, São Paulo, SP, de 13 de julho a 11 de agosto.

Obras manifestam a interdependência das espécies e a importância da biodiversidade no planeta. Um trabalho colaborativo entre humanos e abelhas como forma de mostrar a interdependência entre os seres vivos e a importância da biodiversidade. Essa é a base da pesquisa artística de João Machado, que também é ativista em defesa das abelhas nativas do Brasil. Na mostra “Geoprópolis – Arquiteturas para Abelhas”, o artista apresenta esculturas em cerâmica criadas a partir de desenhos com própolis e finalizadas com a colaboração de abelhas originárias do país. Além de esculturas, a exposição traz desenhos, peças gráficas e uma performance mostrando a comunicação sonora que existe entre plantas e abelhas.

A exposição é mais um desdobramento do projeto desenvolvido por João Machado desde 2015, que aborda temas como colonialismo, desmatamento, território e o crescimento acelerado das cidades, que oprime plantas, animais e humanos. Geoprópolis nasceu de sua pesquisa envolvendo abelhas autóctones brasileiras. Em seu processo artístico, ele tem como companheiros de trabalho os cerca de 50 enxames de abelhas nativas cultivados por ele na Serra da Mantiqueira, em Bocaina de Minas (MG). Também conhecidas como “indígenas”, essas espécies se distinguem por não terem ferrão e serem indispensáveis para a polinização da flora brasileira.

Na mostra, as obras de João Machado serão expostas ao ar livre, em diálogo com a natureza. Uma delas é uma escultura viva, habitada por abelhas da espécie Melipona mondury. O processo de construção dessas esculturas é tão complexo quanto sustentável. Tudo começa com desenhos feitos a partir do própolis que o artista colhe de seus enxames. “Em contato com o papel, o própolis cria formas orgânicas que parecem com o oco das árvores onde as abelhas naturalmente enxameiam. Depois, replico esses desenhos em esculturas de cerâmica, que mais tarde as abelhas vão habitar. Ao longo de algumas semanas, são elas que completam o trabalho, com cerume ou geoprópolis, termo que dá nome ao projeto”, explica ele.

Outro ponto alto da exposição é a incorporação de ruídos extraídos de plantas e abelhas nativas, mostrando a comunicação sonora que existe entre elas. Trata-se da performance “Arquitetura bioacústica para abelha Mandaçaia”, com colaboração de Daniel Magnani. Como programação paralela está previsto o workshop “Arquiteturas para abelhas nativas”, a cargo de João Machado com participação especial do fundador do Instituto Plantarum, Harri Lorenzi. João Machado vai falar sobre abelhas nativas e ensinar sua técnica de construção de casas para abelhas em argila. Harri Lorenzi, engenheiro agrônomo e botânico, terá como tema as plantas nativas, sobre as quais tem dezenas de livros e artigos publicados.

Sobre as abelhas nativas

Uruçu, Mandaçaia, Jataí, Manduri, Bugia, Borá, Tubuna, Irapuã, Iraí… O Brasil possui mais de 300 espécies de abelhas nativas sociais e aproximadamente 1.500 espécies de abelhas nativas solitárias, também conhecidas como abelhas indígenas. Elas estavam aqui antes da chegada da abelha europeia (Apis mellifera), trazida pelos colonizadores. As abelhas nativas são cultivadas e amplamente conhecidas pelos povos originários, fazendo parte da cultura deles há milênios. Essenciais para a nossa sobrevivência, elas são responsáveis pela polinização das plantas. Ameaçadas pelo desmatamento, pela redução de seus habitats naturais e pela concorrência da agressiva abelha europeia, que é exótica ao nosso território, as abelhas nativas correm perigo de extinção.

Sobre o projeto

Essa é a quarta exposição de João Machado em torno da pesquisa Geoprópolis, que atravessa questões como território, anticolonialismo, responsabilidade e cuidado com o meio ambiente. Em maio de 2023, o artista apresentou o trabalho no espaço independente Villa Mandaçaia Projetos, em Pinheiros, São Paulo. Em seguida, no Bananal Arte e Cultura Contemporânea, na Barra Funda; e, no início de 2024, na Oficina Cultural Alfredo Volpi, em Itaquera. Depois da mostra no Jardim Botânico do Instituto Plantarum, em Nova Odessa, a pesquisa segue para outros espaços.

Sobre o artista

João Machado é artista visual, cineasta e ambientalista, nascido no Rio de Janeiro, em 1977. É bacharel em Cinema pela Art Center College em Los Angeles, Califórnia (EUA). Cofundador da Mandaçaia Projetos (SP), espaço de arte independente, em parceria com a curadora Arasy Benitez. Tem uma carreira de 20 anos como diretor de cinema de filmes autorais, documentários e obras de videoarte. Como artista visual, participou de várias exposições em galerias e espaços culturais em diversos países. Em 2014, foi selecionado pelo edital da Caixa Cultural com a exposição individual “Atlas”, apresentada na Caixa Cultural de Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro. De 2015 em diante, sua pesquisa artística une-se ao ativismo pela preservação das abelhas sem ferrão nativas do Brasil. Nessa investigação, desenvolve trabalhos em vídeos e esculturas produzidos a partir de elementos extraídos da sua criação de abelhas, como a cera, o própolis e o mel. João Machado vem conduzindo também um mapeamento de abelhas que resistem em ambientes urbanos e fazem morada em lugares inóspitos para elas.

Sobre Arasy Benítez

Nascida em Assunção, Paraguai, é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2018), dedicando sua pesquisa monográfica ao estudo do setor cultural no desenvolvimento econômico do Brasil. Durante a pós-graduação em Arte: Crítica e Curadoria, na PUC-SP (2022), elaborou uma revisão crítica do conceito de Estética Relacional, abordando o mesmo a partir do trabalho e pensamento de Hélio Oiticica. Cofundadora, gestora e curadora das iniciativas da Villa Mandaçaia (MG) e Mandaçaia Projetos (SP), espaços de arte independentes, se dedica também a curadorias independentes.

Em Salvador urgências do mundo contemporâneo

10/jul

Por meio de uma parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia por meio do IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) exibe uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição, bem-sucedida em 2023 em termos de público e crítica, estará em exibição na capital soteropolitana até 28 de julho.

Salvador sedia uma das maiores exposições realizadas fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, com dezoito participantes: Citra Sasmita, Davi Pontes e Wallace Ferreira, Edgar Calel, Emanoel Araujo, Inaicyra Falcão, Julien Creuzet, Leilah Weinraub, Luiz de Abreu, M’Barek Bouhchichi, MAHKU, Malinche, Marilyn Boror Bor, Maya Deren, Quilombo Cafundó, Rosana Paulino, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Xica Manicongo.

A 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo ao abordar obras que tratam de transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, ao ressaltar diversas questões e perspectivas de maneira  Para os curadores, é crucial que a exposição alcance mais cidades, transcendendo os limites do Pavilhão da Bienal. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, enfatiza a importância não apenas de levar as coreografias do impossível para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições. Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, fala sobre a importância de receber um evento como a Bienal de São Paulo: “É uma responsabilidade muito grande para nós, do Governo do Estado da Bahia, recebermos a maior coleção da Bienal fora do pavilhão oficial. Isso é fruto de muita articulação e do compromisso que nós temos de valorização e difusão das expressões artísticas e culturais em nosso estado”, afirma.