Temas existenciais e sociais.

14/nov

“Raízes do Sentir: Conexões e Reflexos” no Espaço do Feminino, exposição de Micha na Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP, explora o coração como elo transformador e sensorial.

A Galeria Alma da Rua I apresenta “Raízes do Sentir – Ecos, Reflexos e Conexões”, sob curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap. Micha, a artista expositora, possui uma trajetória marcada pela investigação profunda das emoções humanas e do universo feminino reúne obras recentes em uma série de esculturas, pinturas, instalações e objetos, revelando a constante busca pela transformação do ser por meio da arte. Em sua sexta exposição individual, Micha explora o coração humano ampliado para além de sua função biológica, tratá-lo como um portal para uma percepção sensível e subjetiva. A abertura acontece em 16 de novembro.

A mostra se organiza como uma exploração das múltiplas camadas emocionais e quânticas que constituem o ser humano. O coração emerge como símbolo central, representando um espaço de conexão e transmutação. Para Micha, ele é um elemento de estudo que dialoga com questões da neurociência, anatomia e estudos quânticos, uma abordagem que a artista desenvolve com rigor e que reflete em cada obra apresentada. A essência do feminino permeia toda a exposição, revelando aspectos de afeto, intuição e vulnerabilidade, elementos intrínsecos ao processo criativo da artista.

Com a exibição de obras inéditas e outras que já circularam em bienais e instituições culturais, Micha convida o espectador a se aproximar de uma linguagem visual que vai além da tinta e do papel. Trabalhando com materiais variados como couro, metal, cerâmica portuguesa, gesso, madeira e prata, a artista experimenta texturas e superfícies que complementam o conteúdo simbólico de sua pesquisa. Em uma abordagem que une o sagrado feminino e elementos decoloniais, suas criações assumem uma identidade única e coesa, impulsionando reflexões sobre o interior do ser e suas conexões invisíveis.

Ao longo de sua carreira, Micha tem se destacado por uma prática que une a arte visual à pesquisa científica, colaborando com o Instituto Heart Match (EUA) e desenvolvendo projetos urbanos, culturais e sociais. Com participação em mostras no Brasil e no exterior, sua obra reflete uma identidade artística marcada pelo estudo contínuo e pela experimentação, integrando temas existenciais e sociais de maneira crítica e poética.

Até 18 de dezembro.

Camadas sobrepostas de energia.

A Gentil Carioca Rio de Janeiro, anuncia Ègbé ọ̀run Ẹgbẹ́ àiyé, exposição de Kelton Campos Fausto, com abertura no dia 23 de novembro, sábado, das 18h às 23h.

A palavra do curador

“Kelton Campos Fausto (1996, São Paulo, Brasil) compreende o seu trabalho de arte como um ponto de indução e criação a espaços espirituais, conjurando outras formas e percepções de vida por corporalidades que somente existem implicadas ao que também é incorpóreo. Em sua obra, a artista vai de encontro a disrupção entre o que é material e imaterial através das relações entre os campos terreno e espiritual segundo a cosmologia iorubá, propondo uma desorientação da razão para nos abrirmos à sensibilidade, ao mistério e ao indizível que nos envolve. Trabalhando principalmente a partir do contexto da grande metrópole paulista e tendo nascido e crescido na Brasilândia, na zona norte do município de São Paulo, a artista nunca perdeu de vista que, embaixo desta dura ficção de concreto que experienciamos todos os dias, existe a terra da qual viemos e para onde vamos. Desde 2017, vem desenvolvendo práticas com vídeo, pintura, cerâmica, direção de arte e performance nos campos das artes visuais e da moda, que convidam o público a repensar suas formas de vida como corpos elementais de terra, abordando a dimensão espiritual pelos Itans que relatam as origens dos seres e as suas relações de coexistência e interdependência. Sua exposição individual n’A Gentil Carioca apresenta o mais recente recorte da sua extensa pesquisa ao contexto do Rio de Janeiro, onde Kelton dá a ver as muitas camadas sobrepostas de energia entre o Aiye e o Orun para fazer brotar novas formas de vida, apesar de solos marcados por um passado colonial e por um presente de grande complexidade social e ecológica.”, explica o curador Matheus Morani, autor do texto de apresentação da mostra.

Aberta à visitação até o dia 01 de fevereiro de 2025.

No Centro Histórico de Salvador.

Depois de ganhar CEP baiano e abrir uma galeria de arte, o artista paulista Vik Muniz faz mais um investimento no Centro Histórico de Salvador, BA. Ele e Malu Barreto adquiriram um casarão, na Rua do Paço, no Santo Antônio Além do Carmo – mesmo bairro onde está localizada sua casa, – que funcionará como um espaço para agitos culturais já neste próximo verão. Na programação, estão previstas ações como almoço com música, rodas de samba, exposições, e outros eventos, sempre com o viés cultural. O espaço vai ganhar o nome de Casa Arara, o mesmo do camarote que Malu Barreto comandou até o último carnaval, na Avenida Marquês de Sapacuí, no Rio.

Gonçalo Ivo em Fortaleza.

Nome de referência na arte contemporânea, Gonçalo Ivo realiza exposição com obras inéditas na Galeria Multiarte, Fortaleza, CE. Conhecido pelo uso refinado de cores e formas geométricas em suas obras, sendo um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira inaugura a mostra “Zeigeist”. A exposição segue em cartaz até 17 de janeiro de 2025.

Com curadoria de Luiz Chysostomo de Oliveira Filho, presidente do Museu de Arte do Rio, a mostra conta com 56 pinturas feitas sobre tela, madeira, papel e pedra, e será acompanhada do livro “Gonçalo Ivo – Zeitgeist”. A exposição é a terceira de Gonçalo Ivo na qual busca retratar “o espírito do tempo” e reúne produções feitas nos últimos sete anos. A exposição é intitulada “Zeitgeist”, termo que significa “espírito de uma época”, e contará ainda com a exibição do filme “Gonçalo Ivo – Uma Biografia de Cor”, dirigido por Katia Maciel, feito especialmente para a mostra.

As pinturas, que fazem parte da produção mais recente do artista, integram as séries Le jeu des perles de verre (Jogos de contas de vidro), Cosmogonias e L’inventaire des pierres solitaires (O inventário das pedras solitárias).

As mais de 50 pinturas, foram guiadas pelo sentimento – e também, pela geografia, feitas em diversas partes do mundo, dos Estados Unidos ao ateliê em Teresópolis, além de Madri e Paris, as duas principais cidades onde Gonçalo Ivo faz morada. “Elas têm uma variedade não só geográfica, como etária. São obras de um artista que é um artista nômade”, conclui.

Luiz Zerbini no Paraná.

O MON, Curitiba, PR, realiza a terceira edição de “Afinidades”, iniciativa que aproxima o seu acervo do público quando será inaugurada no dia 22 de novembro, data do aniversário de 22 anos do Museu Oscar Niemeyer, a exposição “Afinidades III – Cochicho”. Com curadoria de Marc Pottier, o artista contemporâneo Luiz Zerbini selecionou obras de cinco importantes nomes da arte paranaense para serem apresentadas ao lado das suas, na Sala 7.

Para a secretária de estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, “Afinidades III – Cochicho” reforça o compromisso do Museu Oscar Niemeyer com a valorização do acervo paranaense e com a promoção de diálogos entre diferentes gerações de artistas. “Este é um projeto que aproxima o público do rico patrimônio cultural do Paraná, além de criar novas conexões a partir do olhar de Luiz Zerbini sobre a natureza e as paisagens brasileira e paranaense”, afirma.

“É muito mais que uma mostra. É a terceira edição de uma importante realização do Museu Oscar Niemeyer que intenciona valorizar e dar visibilidade ao seu acervo”, explica a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.

Desta vez, Luiz Zerbini selecionou obras de cinco importantes nomes da arte paranaense que estão presentes no acervo do MON: Guido Viaro, Miguel Bakun, Bruno Lechowski, Guilherme William Michaud e Theodoro de Bona. “Em comum, ou por afinidade, assim como as suas obras apresentadas aqui, todos os trabalhos escolhidos têm como tema a natureza”, explica a diretora. “O resultado é surpreendente”.

Curadoria

De sua autoria, Luiz Zerbini apresenta na exposição 44 pinturas, 11 aquarelas e 12 monotipias. “Com estas obras, ele nos leva para sua intimidade”, explica o curador, Marc Pottier. Segundo ele, após visitar as coleções do MON, o artista decidiu apresentar pela primeira vez o que chama de “diários de viagem”: obras suas em que a natureza é sempre o tema principal.

“No acervo do MON, Zerbini encontrou artistas paisagistas cujas visões o sensibilizaram”, explica o curador. Pottier afirma que Zerbini sempre esteve atento a esse tipo de trabalho, observando com atenção, por exemplo, as paisagens mineiras de Guignard, os diálogos cromáticos do artista paulista Rodrigo Andrade, as marinhas de Pancetti, as obras do paisagista francês Corot e do artista americano Winslow Homer, conhecido pelas suas paisagens marítimas, entre outros.

“Com ‘Afinidades III – Cochicho”, ele traz para o MON esse olhar delicado e intimista em relação à natureza, criando, assim, um momento para se parar e meditar, antes que seja tarde demais”, diz o curador.

Até 18 de maio de 2025.

.

O Surrealismo de Walter Lewy.

O centenário do surrealismo nas artes visuais é celebrado mudialmente. A Galeria Frente, Cerqueira César, São Paulo, SP, sob curadoria do crítico de arte Jacob Klintowicz exibe exposição retrospectiva de Walter Lewy e promove uma visita guiada no dia 21 de novembro. O movimento artístico e literário surgido na Europa teve grande impacto cultural, pois valorizava a intuição e a criação, e acreditava que o subconsciente era fonte inesgotável de criatividade e liberdade. O poeta francês Guillaume Apollinaire criou a expressão “surrealismo” em 1917, mas o manifesto surrealista foi lançado oficialmente em Paris, em 1924, pelos franceses André Breton, Yvan Goll e Marcel Alland.

O movimento surrealista chegou ao Brasil por volta de 1930, durante o movimento modernista, e podemos reconhecer sua influência nas obras de Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Ismael Nery. Mas foi somente em Walter Lewy que ele encontrou plena realização. A trajetória do artista alemão nascido em Bad Oldesloe foi marcada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. De origem judaica e com formação erudita na Escola de Artes e Ofícios de Dortmund, entre 1923 e 1927, ele se viu obrigado a fugir dos delírios nazistas em sua terra natal.

Walter Lewy marcou presença ativamente do cenário cultural, tendo participado das primeiras Bienais de São Paulo: 1° Bienal em 1951, 2° Bienal em 1953, 3° Bienal em 1955, 6° Bienal em 1961, 8° Bienal: Sala Especial Surrealismo e Arte Fantástica em 1965, 13° Bienal em 1975, e na mostra Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, em 1985. Também integrou várias edições do Salão Paulista de Arte Moderna, além de inúmeros Panorama de Arte Atual Brasileira, realizados pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Seu currículo extenso de exposições conferiu ao artista amplo reconhecimento de seu trabalho e prestígio entre importantes atores e agentes culturais do sistema das artes visuais no Brasil.

Encontros ao redor do mundo.

A primeira Invocação da 36ª Bienal acontece em Marrakech, Marrocos, entre os dias 14 e 15 de novembro – uma série de programas públicos que se passa em quatro cidades ao redor do mundo antes da abertura da edição, espelhando, reconfigurando e expandindo o conceito de Humanidade como prática a partir de um contexto local específico.

Intitulada “Souffles: Sobre escuta profunda e recepção ativa”, a Invocação organizada em parceria com LE 18 e Fondation Dar Bellarj traz como temas a circularidade e a precariedade da respiração, a música Gnawa como modo de ser, as culturas sufis e a escuta como prática de coexistência, assim como a criação de lugares e espaços. O título faz referência a um poema de Birago Diop, mas também a uma revista pioneira editada entre 1966 e 1971 que trabalhava a emancipação política por meio da poesia e linguagem experimental.

A Invocação conta com a participação de Maalem Abdellah El Gourd, Fatima-Zarah Lakrissa, Ghassan El Hakim, Kenza Sefrioui, Laila Hida, Leila Bencharnia, Maha Elmadi, Mourad Belouadi, Simnikiwe Buhlungu e Taoufiq Izzediou.

O título da 36ª Bienal de São Paulo, “Nem todo viandante anda estradas”, é formado por versos da escritora Conceição Evaristo.

Visita guiada para ver Cildo Meireles.

12/nov

A Galatea São Paulo, convida para uma visita guiada às exposições do artista Cildo Meireles intituladas Uma e algumas cadeiras/Camuflagens, na galeria Luisa Strina, e Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977, no espaço da Galatea na rua Padre João Manuel. O curador Diego Matos assina o texto crítico de ambas as exposições e conduz a visita que ocorre nesta quarta-feira, 13 de novembro, às 19h.

Após um hiato de cinco anos sem uma exposição robusta de Cildo Meireles no país, as mostras oferecem, juntas, uma visão ampla e complementar do seu trabalho.

A Galatea traz uma seleção de desenhos produzidos desde 1964, quando o artista tinha apenas 17 anos, até 1977, colocando em destaque o Cildo Meireles desenhista, faceta menos explorada em comparação a outras vertentes da sua produção. Por outro lado, é essa a sua prática mais constante e longeva, sendo o desenho muitas vezes a gênese do seu trabalho no campo tridimensional.

Salve Carmen!

No dia 15 será inaugurada a exposição urbana SALVE, CARMEN!, um mural que “vestirá” os tapumes de contenção do casarão, trazendo fotos de pessoas que se voluntariaram a serem fotografadas pela fotógrafa Renata Xavier caracterizadas com roupas e balangandãs contemporâneos semelhantes aos que a Pequena Notável imortalizou! Nesse dia haverá um happening, com DJ, pra revelação do mural, a partir das 16h.

Os Vizinhos no Arco do Teles, a Queerioca e o Centro Carioca de Fotografia inauguram a exposição urbana “Salve, Carmen!”, que veste o sobrado onde morou Carmen Miranda e sua irmã, Aurora, hoje em risco de desabamento. Os Vizinhos no Arco do Teles uniram forças para homenagear Carmen Miranda – um dos maiores símbolos da cultura brasileira e da cultura queer internacional – e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para a valorização do patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

“É triste ver o estado da casa onde morou Carmen Miranda, um símbolo do Brasil e um ícone imenso para a nossa comunidade LGBT. Uma casa que precisa urgentemente ser restaurada e, quem sabe, aberta para visitação. Por isso quisemos chamar a atenção para o local onde um dia morou a imensa Brazilian Bombshell”, explica Laura Castro, atriz, produtora, ativista pelos direitos LGBTQIAPN+ e gestora da Queerioca, ao lado da também atriz Cristina Flores.

Os ensaios fotográficos foram realizados pela fotógrafa Renata Xavier, diretora do Centro Carioca de Fotografia. Com apoio do diretor de arte Rui Cortez, os voluntários se vestiram com roupas e balangandãs contemporâneos semelhantes aos da artista que conquistou Hollywood (e o mundo) com seu estilo único e inconfundível, a partir dos anos 1930. Centro de referência de arte e cultura LGBTQIAPN+ no Centro do Rio de Janeiro, a Queerioca conta com uma curadoria residente multidisciplinar, que organiza as atrações fixas e flexíveis, gratuitas e pagas, junto com Laura Castro e Cristina Flores, as atrizes e ativistas fundadoras e gestoras do local. Nas searas das artes visuais, literatura e cinema estão o artista plástico Daniel Toledo, curador do espaço e da Feira Alvoroço, a Livraria Pulsa, focada em destacar a autoria de obras LGBTQIAPN+, os produtores e diretores de cinema Gabriel Bortolini e Breno Lira Gomes, que tocam o Cine Queerioca, promovendo mostras e exibindo semanalmente um vasto e relevante acervo de produções queer nacionais e internacionais.

Retrospectiva de Brígida Baltar.

11/nov

Poder capturar o impalpável, perseguir o intangível, subverter o óbvio, essas eram formas da artista carioca Brígida Baltar (1959-2022) ocupar espaços inesperados, reunindo em sua obra elementos do corpo, da natureza, das paisagens e da própria moradia. A exposição “Brígida Baltar: pontuações”, no MAR, Centro, Rio de Janeiro, RJ, permanecerá em cartaz até 05 de março de 2025, reúne cerca de 200 obras, perto de 50 são inéditas, produzidas por quase três décadas de atuação. Esta é a maior exposição institucional dedicada à artista e é realizada em parceria com o Instituto Brígida Baltar e a Galeria Nara Roesler. A mostra conta com curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan e equipe MAR além do curador convidado Jocelino Pessoa. Seis obras de Brígida Baltar que fazem parte do acervo do Museu de Arte do Rio estão na mostra que apresenta fotografias, vídeos, instalações, esculturas e memórias textuais da artista.

“É a primeira exposição póstuma a reunir esse conjunto tão significativo de obras. A exposição tem esse nome: pontuações, porque ela parte dos escritos da Brígida. Ela tinha uma consciência muito grande de que era preciso organizar as obras, ela gostava muito de conversar sobre isso, então, num dos momentos ela passou a anotar tudo, ela foi dizendo como ela queria as escalas de impressão, quais obras deveriam ser refeitas e quais não. Muitas frases e reflexões da artista sobre as obras acompanham toda a exposição. Brígida foi uma artista de muito destaque no Brasil, uma artista como personagem de suas próprias fabulações, ela foi muito importante para a fotoperformance, videoperformance, ela influenciou muita gente em muitos lugares do país”, afirma o curador Marcelo Campos.

Dividida em duas salas, a exposição apresenta as séries produzidas por Brígida Baltar: no primeiro espaço são exibidas as suas relações com a casa e a família, já na segunda sala são apresentadas as fabulações da artista. Toda a exposição foi concebida, produzida e montada com profissionais que tiveram vínculos com Brígida Baltar.