Exposição de Montez Magno na Galatea

29/ago

A Galatea tem o prazer de anunciar Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra, próxima exposição a abrir em São Paulo. A individual do artista Montez Magno (Timbaúba, PE, 1934 – 2023, Recife, PE) inaugura a nova unidade da galeria na Rua Padre João Manuel, além de também ocupar a sede da Rua Oscar Freire.

A mostra reúne cerca de 80 obras que dão a ver as variadas investigações de Montez Magno no campo da pintura e das operações conceituais. O título faz referência tanto a séries de trabalhos que farão parte da exposição quanto a três universos que compuseram o imaginário do artista. Há as pinturas que partem da admiração de Montez pelo pintor italiano Giorgio Morandi e que representam seu interesse por citar e comentar outros artistas da tradição europeia; há o Nordeste, referência ao seu contexto de vida e à série Barracas do Nordeste (1972-1993), baseada nas geometrias vernaculares; e, por fim, Tantra, referência a um conjunto de trabalhos que exploram com originalidade o universo da filosofia tântrica e os ensinamentos de matrizes de pensamento não ocidental.

A exposição conta com texto crítico assinado por Clarissa Diniz, curadora, pesquisadora e importante divulgadora do trabalho de Montez nos últimos anos. O texto integrará a brochura da mostra, em que será reeditado pela primeira vez o ensaio publicado por Montez Magno em 1978 sob o título de A forma popular construtivista e cujo pensamento é materializado na série Barracas do Nordeste.

Até 21 de setembro.

Exposição individual de Rafael Baron

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para – dia 04 de setembro – a abertura da exposição “Meu lugar”, de Rafael Baron (1986, Nova Iguaçu). Pintor presente em várias coletivas, no exterior e no Brasil, como “Crônicas Cariocas” e “Funk”, no Museu de Arte do Rio (MAR), Rafael Baron faz agora uma grande individual que ocupará os dois andares expositivos da Anita Schwartz Galeria de Arte, com 21 trabalhos, recentes e inéditos, vários deles em grande formato. Com curadoria de Jean Carlos Azuos, curador assistente do MAR, a exposição apresenta a nova pesquisa do artista, que traz a paisagem para seu trabalho, tanto a rural como a íntima, com cenas de família. “Este lugar que o Baron nos aponta é dele e ao mesmo tempo um lugar de todos. Ele nos faz entender que está falando de pertencimento, dos vínculos, da dimensão forte deste chão, que é o lugar, mas também é a família”, observa o curador.

A exposição, a primeira do artista na Anita Schwartz, apresenta sua nova pesquisa, com a inserção da paisagem em seu trabalho. “Tem a paisagem íntima, do lar, e do entorno, em uma afirmação de pertencimento e de fruição da vida”, diz Rafael Baron. As pinturas, em óleo ou acrílica sobre tela – e muitas vezes os dois materiais – são de formatos variados: desde os grandes, com 3,5 metros de largura, aos médios, em torno de 1 metro, e ainda estão quatro guaches, com 40 cm x 30 centímetros. A pintura “Casa com piscina” (2024) traz aplicados nela dois pares de sandálias havaianas.

O artista vem de um período de exposições nos EUA nos últimos três anos – as individuais “Pose”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, e “Rafael Baron: Portraits”, na mesma galeria, em Los Angeles, ambas em 2022; e no ano anterior “Wishyouwerehere”, no espaço The Cabin, em Los Angeles; e as coletivas “Rollwith It”, na galeria Scott Miller Projects, em Birmingham, no Alabama, e “Fragmented Bodies III”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, também em 2021 – e, com trabalhos comissionados, nas coletivas “Crônicas Cariocas” e “Funk”, no Museu de Arte do Rio (MAR).

Em “Meu lugar”, Rafael Baron mergulha no universo de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, onde nasceu e trabalha, em que explora cenários nas paisagens rurais – “ora sozinhas, ora com personagens” – como nas pinturas “Primavera” (2023), “Casa de Campo” (2023), “Marapicu” (2024), “Tinguá” (2024), “Serra do Vulcão” (2024), “Casa de Vó” (2024), “Café, fumo e jornal” (2024) e “Pai e filho no parque” (2024).

“A função estruturante da família, o amor, o afeto, momentos de relaxamento no próprio lar” são cenários íntimos que Rafael Baron mostra na exposição. “É um convite para este lugar idílico”, afirma. “A vida não é só confronto, conflito”. As cenas de lar, de paz e alegria estão presentes nos trabalhos “Reunião de Família” (2024), “Dia das mães” (2024), “Fim de tarde” (2023), “Maurício” (2024), “Casa com piscina” (2024), “Primeiro ano” (2024), “Amor e afeto” (2024), “Lar” (2024), “André, Henrique e Leopoldo” (2024), “Mãe” (2024), “Recanto” (2024) e “Cosme e Lourdes” (2024). Jean Carlos Azuos destaca que “lar, afeto, amor, localidade são palavras muito fundamentais para Baron”.

Até 26 de outubro.

A arte da escultura cerâmica

A Gomide&Co, Jardins, São Paulo, SP, apresenta até 01 de novembro, a primeira mostra individual de Megumi Yuasa (São Paulo, 1938) na galeria. A exposição tem projeto concebido pela parceria entre o artista Alexandre da Cunha, a arquiteta Jaqueline Lessa (entre terras) e a pesquisadora Rachel Hoshino, que também assina o texto crítico. Sem expor individualmente desde 1998, o artista realiza na Gomide&Co uma exibição que combina obras realizadas desde o fim da década de 1970 até algumas inéditas realizadas em 2024.

Megumi Yuasa constrói ao longo de sua produção artística uma linguagem própria, dando forma a esculturas que combinam elementos variados, como argila, metais, limalhas e óxidos. Um mestre em seu meio, o artista enfatiza a comunhão dos ceramistas com a terra, defendendo que tudo o que está ao redor de uma obra faz parte dela e vai acompanhá-la ao infinito. É justamente essa relação dialógica, sempre imbuída pelo discurso filosófico e político do artista, que estrutura boa parte de seus trabalhos.

Suas paisagens imaginadas, entre árvores, nuvens, sementes e os chamados espássaros, irão agora compor o espaço expositivo da galeria, ganhando formas familiares e ao mesmo tempo improváveis, constituídas a partir de uma expografia singular que apresenta suas obras sem hierarquias. Tendo realizado suas primeiras exposições ainda no fim da década de 1960, o artista chega para a ocasião somando mais de meio século de trajetória como um nome fundamental da escultura no Brasil. Diante de seu repertório visual, é possível também perceber a amplitude de sua poética, que atravessa linguagens e constitui seu discurso interdisciplinar.

Reabertura da galeria do BNDES

28/ago

A exibição de “Pretagonismos no acervo do Museu Nacional de Belas Artes” reúne 105 obras de 59 artistas, 46 negros e 13 brancos, que retratam pessoas negras, para apresentar o protagonismo do artista negro neste acervo, que é um dos principais depositários do patrimônio artístico do país. O trabalho mais antigo data de 1780-1800 e o mais recente, de 2023. O corpo curatorial da mostra – Amauri Dias, Ana Teles da Silva, Cláudia Rocha e Reginaldo Tobias de Oliveira, todos da equipe permanente do MNBA, quer frisar as trajetórias de luta, resiliência, transgressão e heroísmo desses negros em uma sociedade que ainda hoje é varada pelo racismo. Pretagonismos abre ao público, no dia 29 de agosto, na galeria do Espaço Cultural BNDES, Centro, Rio de Janeiro, RJ, selando o recente acordo de cooperação técnica entre o banco e o museu, que está em reforma física e conceitual desde o segundo semestre de 2019. Marca também a reabertura do espaço expositivo do BNDES, que estava fechado desde 2020. Em exibição até 14 de fevereiro de 2025.

Até chegar à concepção desta exposição, os curadores aprofundaram a pesquisa que começou em 2018, com a mostra Das galés às galerias: representações e protagonismos do negro no acervo do MNBA, em que múltiplas interpretações do negro e do legado afro-brasileiro vão se constituindo na construção desta nação. “- Agora, queremos avançar no protagonismo de artistas negros, muitas vezes invisibilizados pelas instituições. Com Pretagonismos, aprofundamos a pesquisa sobre os  protagonismos negros neste museu de origem acentuadamente eurocentrada, revela a curadoria. As investigações resultaram em exposições virtuais (início das obras do museu, seguidas pela pandemia), que impulsionaram a realização desta exposição, para ampliar o olhar sobre os artistas negros que integram a coleção do museu”. Na primeira mostra, a ênfase foi nas representações de negros. Agora, é o protagonismo negro no campo das artes visuais e na vida, sem esgotar a totalidade de artistas negros no acervo do MNBA. A curadoria organizou o percurso da exposição em núcleos não cronológicos: Mestres negros pioneiros; Nas brechas das representações: imagens e trajetórias de negros no acervo do Museu Nacional de Belas Artes; Entre a cátedra e o cativeiro: professores negros; Estevão Silva: transgressões e prenúncios da modernidade no MNBA e Decolonialidade em perspectiva: um olhar sobre os artistas negros

Artistas negros: Agnaldo dos Santos, Ana das Carrancas (Ana Leopoldina Santos Silva), Antonio Bandeira, Armando Viana, Artur Timóteo da Costa, Brasiliense (Manuel Dias de Oliveira), Chico Tabibuia, Cincinho (Inocêncio Alves dos Santos), Emanuel Araújo, Estevão Silva, Fernando Diniz, Firmino Monteiro, Francisco Manuel Chaves Pinheiro, Grupo Cultural Benin, Guilherme Santos da Silva, Heitor dos Prazeres, Hélio Oliveira, Joaquim José da Natividade, José de Dome (José Antônio dos Santos), Leôncio Vieira, Lídia Vieira, Louco Filho (Celestino Gama da Silva), Manuel da Cunha, Manuel Messias, Marcos Roberto, Maria Auxiliadora Silva, Maria Lidia Magliani, Mestre Cândido, Mestre Valentim, Mestre Vitalino, Michel CENA7, Michel Onguer, Minelvino, Nhô Caboclo, Nice Nascimento, Otávio de Araújo, Panmela Castro, Pinto Bandeira, PV Dias, Rafael Frederico, Raimundo da Costa e Silva, Rubem Valentim, Tomás Santa Rosa, Valdomiro de Deus e Zé Igino (José Igino da Cruz)

Artistas brancos: Pedro Américo, Jorge Campos, Hostílio Dantas, João Batista Ferri, Margarida Lopes de Almeida, Rodolfo Bernardelli, Emil Bauch,  Johann Moritz Rugendas e Victor Adam, Desmons e Paul de Saint-Martin, Emma Mouroux, Rodolfo Amoedo, José Correia de Lima e Modesto Brocos.

O neologismo “pretagonismo” foi apropriado de Rodrigo França e Jonathan Raymundo.

De 29 de agosto de 2024 a 14 de fevereiro de 2025

Exposição inédita de Alex Flemming

27/ago

A exposição inédita “Alex Flemming 70 Anos”, a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR, será inaugurada no dia 29 de agosto, na Sala 3. Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra reúne mais de 80 obras, algumas de grandes dimensões. Alex Flemming é um artista brasileiro reconhecido internacionalmente e que vive há décadas entre a Alemanha e o Brasil.

“Alex Flemming é, sem dúvida, um dos maiores artistas brasileiros de sua geração e ao longo de sua carreira teve conexões e presenças importantes no Paraná. Para nós, é uma honra apresentarmos uma mostra que celebra seus 70 anos aqui no Museu Oscar Niemeyer”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de Estado da Cultura do Paraná.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, informa que ‘”a mostra comemorativa de Alex Flemming leva nosso público a entrar em contato direto com o melhor da produção contemporânea”. Ela comenta que Alex Flemming, artista sempre irreverente e observador, traz em suas obras um retrato atual que vai além da simples representação do que vê. ‘”Ele traduz sua visão aguçada e atenta ao falar sobre um mundo caótico e cheio de vertentes. Aborda diversas questões sociais com a sutileza que só a arte permite”, diz Juliana Vosnika.

Na exposição estão trabalhos realizados de 1982 a 2023. As obras, impregnadas de símbolos e mensagens, convidam o espectador a extrapolar o senso comum. São camadas que ganham significado próprio a partir do olhar singular de cada visitante. Por meio de técnicas inovadoras e abordagens conceituais, como as presentes no universo de Alex Flemming, tem-se a expansão dos limites do retrato e do retratado, desafiando o espectador a reconsiderar suas percepções sobre o artista, sobre si mesmo e sobre os outros. A exposição reúne em suas obras técnicas variadas, como fotografia sobre vidro, óleo sobre tela, esmalte sobre madeira, acrílica sobre tecido e pintura sobre porcelana.

O tema “Retrato” foi intencionalmente selecionado para esta mostra comemorativa porque a representação humana é o eixo fundamental e seminal da pesquisa plástica de Alex Flemming. Segundo a curadoria, a mostra apresenta a recorrência do retrato em sua vasta produção. “Historicamente, ao longo dos séculos, o gênero do retrato evoluiu de uma representação fiel da aparência física para uma exploração profunda da identidade e da subjetividade do retratado”, explica Tereza de Arruda. “O retrato contemporâneo, como pode ser visto nesta mostra, explora frequentemente a identidade de maneiras complexas, abordando questões de gênero, raça, sexualidade, classe social e cultural”. Ainda segundo a curadora, ‘”deixou de ser uma simples representação da aparência externa para se tornar uma investigação profunda das complexidades da identidade humana – um espelho da sociedade -, refletindo suas tensões, transformações e diversidades”.

Sobre o artista

Alex Flemming nasceu em 1954, em São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo e Berlim. Estudou Cinema na FAAP e Arquitetura na USP, e é autodidata em artes visuais. Realizou vários curtas-metragens em Super-8, com participação em festivais. A partir do final da década de 1970, passa a se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Realiza sua obra sempre em séries, e a primeira delas denuncia a violência da tortura nos porões da ditadura militar brasileira (série ‘”Natureza Morta”, 1978). Sua arte é basicamente política e vem, no decorrer dos anos, abordando temas como a guerra (série ‘”Body Builders”, 2000), o 11 de Setembro (série ‘”Flying Carpets”, 2003) ou o terrorismo (série “Apocalipse”, 2015). Outro tema sempre presente é o corpo humano, “o ser humano como centro do universo”, como o próprio artista diz, é o foco da mostra “Alex Flemming 70 Anos”.

Sobre a curadoria

Tereza de Arruda é mestre em História da Arte pela Universidade Livre de Berlim e acompanha, desde 1991, a produção de Alex Flemming, expondo suas obras em inúmeras mostras no Brasil e no exterior. Entre elas, a exposição individual “Flying Carpets”, realizada em 2005, no Chicago Cultural Center; “Alex Flemming: Sistema Uniplanetário”, em 2008, na St. Johannes Kirche, em Berlim e no MAM – Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro”, “Alex Flemming: Galileu Galilei”, em 2011, no Museu Nacional de Belas Artes em Santiago no Chile, além da mostra coletiva “Brasilidade Pós-Modernismo”, realizada de 2021-2022, no circuito CCBB no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

A riqueza cultural de Eduardo Ver

Devido às dificuldades logísticas causadas pelas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, a abertura da exposição “Sacro Ofício” de Eduardo Ver foi primeiramente adiada. E agora, vale conhecer a riqueza cultural e simbólica do Brasil através das 16 xilogravuras únicas de Eduardo Ver, que destacam as influências e tradições indígenas, negras e caboclas no Espaço Força e Luz, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

Sobre o artista

Eduardo Ver nasceu em 1979, em São Paulo-SP. Vive e trabalha em São Paulo-SP. Desde muito jovem, Eduardo Ver já praticava o desenho como uma ferramenta lúdica para se conectar com outras histórias. O interesse pela Xilogravura, seu principal foco de pesquisa, deu-se a partir da sua experiência na Universidade Cruzeiro do Sul, no começo dos anos 2000. Foi também durante esse período que o artista bateu a porta do Atelier Piratininga, onde permaneceu por mais de sete anos, até 2012. Sob orientação do artista gravador Ernesto Bonato, Eduardo Ver aperfeiçoou-se na técnica e produção da gravura, encontrando de fato a prática que o guiaria na sua trajetória como artista. A técnica utilizada por Eduardo Ver aplica diversas camadas de impressão sobre o papel, ou seja, para cada xilogravura, ele produz várias matrizes, que são sobrepostas até atingir um certo grau de tridimensionalidade. Segundo o artista o objetivo é atribuir ritmo às obras, fazendo com que todos os elementos convivam em harmonia, num verdadeiro estado de confraternização. A “magia” dessa complexidade processual proporciona ao espectador um tipo de transe visual, proposto pelo artista para estabelecer uma relação direta com os rituais de Umbanda, religião de matriz africana e brasileira, que abriga o mesmo sincretismo identificado no trabalho de Eduardo Ver. Essa mistura de referências nos trabalhos do artista geralmente está associada a elementos da natureza, como plantas e animais, figuras de Orixás e de santos católicos, além de objetos alegóricos. Símbolos da Geometria Sagrada também são identificados, juntamente com outros que fazem alusão tanto aos povos originários do Brasil, quanto ao Sufismo, religião mística do Islamismo, como os arabescos, por exemplo. A todo esse inventário cultural diversificado, o artista atribui uma paleta elegante de cores, inspirada pelos exercícios de observação das plantas que encontra na natureza e nas floriculturas próximas da sua residência, na zona leste da cidade de São Paulo. Nos seus quase vinte anos de produção artística, Eduardo Ver desenvolveu uma cadência conceitual bastante original e um rigor técnico e formal apurado, muito dos quais adquiridos a partir da sua experiência com projetos gráficos. De seu estúdio, chamado por ele de “Gráfica talhando em silêncio”, saem por exemplo ilustrações para publicações, como livros de cordéis, cartazes e lambes, que podem ser encontrados nos espaços urbanos de São Paulo.

German Lorca mestre da fotografia

26/ago

A exposição “German Lorca, Mestre da Fotografia” resgata a trajetória artística do fotógrafo, reconhecida nacional e internacionalmente. Exibindo desde os seus primeiros trabalhos como fotógrafo amador, em 1947, a mostra conta com cerca de 160 fotografias, além de câmeras e outros itens pessoais. Até 27 de outubro no MON, Museu Oscar Niemayer, Curitiba, PR.

Com curadoria de Adriana Rede e José Henrique Lorca, filho do fotógrafo, a exposição é organizada em oito núcleos que evidenciam o olhar afetivo do fotógrafo para o mundo. Ao longo de sua carreira, German Lorca experimentou diversas modalidades de fotografia, desde o analógico ao digital, sempre mantendo sua linguagem única nas cenas que registrou.

“German Lorca é simplesmente um dos maiores nomes da fotografia brasileira”, afirma a secretária de estado da Cultura do Paraná, Luciana Casagrande Pereira. “Nossa expectativa para esta exposição de Lorca no MON é de que ela será um marco para o Museu por conta da grandeza de sua trajetória, que merece ser vista, revista e conhecida pelo grande público aqui no Paraná”. Segundo a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika, a mostra nos faz viajar no tempo e no espaço. “São imagens geniais que têm poesia, que tocam e inspiram, que permitem um diálogo silencioso com cada visitante”. Ela comenta que, “com essa exposição, o MON confirma sua vocação de, entre outras vertentes artísticas, colecionar e expor fotografias, levando-as até o imenso e interessado público espectador”.

Dividida em núcleos, a exposição compreende a retrospectiva de sua obra, incluindo desde seus primeiros trabalhos como fotógrafo amador, em 1947. São cerca de 160 fotografias, além de câmeras e outros itens pessoais. A mostra percorre a trajetória de Lorca como artista e profissional na fotografia, por mais de 70 anos, com excepcional dedicação, conquistando diversas premiações e reconhecimento, no Brasil e no exterior.  “Sua obra compõe um grande recorte da história da fotografia brasileira, acompanhando um novo movimento, uma nova forma de expressão fotográfica e o alvorecer de uma estética moderna na nossa fotografia brasileira”, informam os curadores.

Os oito núcleos que compõem a exposição são: “Lorca na coleção do MoMA”, “Primeiros tempos: Foto Cine Clube Bandeirante”, “Um olhar livre”, “E fez-se a cor”, “New York e seus personagens”, “A geometria das sombras”, “Sobreposição do tempo” e “O Mago dos Anúncios”.

Sobre o artista

German Lorca nasceu em São Paulo, SP (1922-2021) foi um dos poucos a vivenciar de modo pleno a fotografia, em suas mais diversas modalidades: de amador a profissional, do analógico ao digital, das câmeras aos smartphones. Com uma visão peculiar sobre os mais variados temas, estabeleceu sua linguagem de maneira única. Sua obra faz parte dos mais importantes acervos do mundo, como o do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), entre muitos outros. Sete de suas fotografias fazem parte da coleção permanente do Museu Oscar Niemeyer. No final dos anos 1940, Lorca afiliou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante, em São Paulo, hoje objeto de estudo internacional por seu vanguardismo. “Quando a fotografia moderna toma impulso e vem revolucionar a cena brasileira, ele se destaca com seus cortes e enquadramentos, tanto na captura da foto quanto no ato da revelação”, esclarecem os curadores.  German Lorca passou por uma fase chamada “concreta”, em que explorou planos inusitados e ângulos diferenciados. Na fotografia publicitária, foi pioneiro. Incessantemente atrás de novidades, com audácia nas buscas cromáticas, nos ângulos ousados e nos temas irreverentes e provocativos, conquistou o mercado publicitário, que se iniciava no Brasil. Com trajetória reconhecida, nacional e mundialmente, nunca parou. Seguiu com seu olhar atento, formando gerações de fotógrafos que se inspiraram, não só em sua técnica, mas em seu jeito afetivo de olhar o mundo. “Sempre atemporal, seguiu fotografando até os últimos dias de sua vida extraordinária”, explica a curadoria.

Um artista fudamental

23/ago

Mostra no Masp, São Paulo, SP, celebra obras do período mais consagrado de Leonilson. As obras   produzidas nos últimos cinco anos de vida de Leonilson (1957-1993) – período em que ficou conhecido como Leonilson Tardio e que apresenta o momento mais rico e complexo do artista – serão apresentadas no Museu de Arte de São Paulo (Masp). A exposição apresenta mais de 300 pinturas, desenhos, bordados, instalações e documentos de Leonilson, que refletem suas perspectivas políticas, públicas e íntimas. A curadoria da mostra é de Adriano Pedrosa, com assistência curatorial de Teo Teotonio.

“Leonilson é um artista fundamental na história da arte contemporânea brasileira, uma figura incontornável do final dos anos 1980 e início de 1990 e entre os artistas que trabalham com a temática queer em suas obras no panorama internacional”, disse Adriano Pedrosa, em entrevista à Agência Brasil. “Seu trabalho tem caráter extremamente particular, diarístico, refletindo sobre os temas de seu cotidiano, sejam mais pessoais, mais políticos, numa dimensão queer, ainda que sempre cheios de poesia, lirismo e beleza. Os últimos anos de sua produção, sobretudo a partir de 1989, são quando o artista produz as obras mais extraordinárias”.

São esses trabalhos produzidos em seus últimos anos (1989-1993) que serão apresentados de forma cronológica em cinco salas do primeiro andar do museu, cada uma dedicada a um desses anos. “O ano de 1989 é um ponto de inflexão na trajetória do artista, e os cinco últimos anos de sua produção, de 1989 a 1993, são o período mais maduro, rico e complexo, quando ele produz obras verdadeiramente extraordinárias – tanto em desenho, pintura e, sobretudo, o bordado, culminando com seu último trabalho, a monumental Instalação sobre duas figuras (1993), apresentada na Capela do Morumbi, em São Paulo, poucas semanas antes de sua morte, e que nós remontaremos na exposição”, contou o curador.

Nesses últimos cinco anos de vida, Leonilson desenvolveu um trabalho mais poético, com economia de cores e traços, trabalhando essencialmente com desenhos, objetos e bordados. Foi como uma espécie de diário que ele começou a retratar temas como o amor, os amantes, a sexualidade, as minorias e a aids. “Em 1991, descobre ser portador do vírus da aids, morrendo pouco menos de dois anos depois, em maio de 1993. Embora Leonilson tenha tido sucesso e reconhecimento em vida no Brasil, foi só após a morte que seu trabalho começou a adquirir reconhecimento internacional mais significativo”, explicou Adriano Pedrosa.

O próprio artista falou sobre sua obra produzida nesse período em entrevista a Pedrosa no ano de 1991. “De uns tempos pra cá, meus trabalhos ficaram mais maduros, ao mesmo tempo em que penso mais sobre minha sexualidade, a forma de me relacionar com as pessoas, de encarar o mundo, de viver o dia a dia. Eu acho que o trabalho não deixa de ser pessoal, não deixa de ser um diário, mesmo esses trabalhos da minoria. Eu percebo a segregação que existe. E eu, é óbvio, faço parte de uma dessas minorias”.

Além do primeiro andar, o primeiro subsolo do museu vai apresentar suas ilustrações feitas para a coluna de comportamento Talk of the town – o ti-ti-ti da cidade, de Barbara Gancia no jornal Folha de S.Paulo, além dos vídeos documentais Com o oceano inteiro para nadar (1997), dirigido por Karen Harley, e A paixão de JL (2014), dirigido por Carlos Nader.

A exposição Leonilson: agora e as oportunidades integra a programação anual do Masp dedicada às histórias da diversidade LGBTQIA+ e fica em cartaz até 17 de novembro. “Leonilson é uma figura incontornável no panorama internacional de artistas, trabalhando com temas queer nos anos 1990 e, de fato, um pioneiro no cenário brasileiro. Hoje vemos muitos artistas trabalhando abertamente com essas questões, mas ele foi o primeiro a tratar temas, narrativas e figuras relacionados à homoafetividade, sexualidade, e à própria aids”.

Kang Seung Lee

Além da exposição com obras de Leonilson, o Masp inaugura a mostra dedicada ao trabalho do artista sul-coreano Kang Seung Lee. A curadoria é de Amanda Carneiro. “Ele tem trabalhado com uma série de artistas que morreram por causa da epidemia da aids, sobretudo nos anos 90. Ele nasceu na Coreia do Sul e mora atualmente em Los Angeles, nos Estados Unidos, que é uma cidade que sofreu bastante o impacto da epidemia de aids”, contou a curadora. O trabalho de Kang Seung Lee será apresentado na sala de vídeo, com o filme Lazarus, que homenageia vidas e memórias perdidas durante a epidemia do HIV/aids. Esse filme será apresentado simultaneamente na Bienal de Veneza. No filme, Kang Seung Lee reinterpreta a obra Lásaro, de Leonilson, uma instalação feita com duas camisas costuradas juntas, considerada o último trabalho do artista brasileiro e que estará em exposição na mostra. Lee também se inspira no balé original Unknown Territory, do coreógrafo singapurense Goh Choo San (1948-1987).

“O vídeo se baseia numa das obras de Leonilson que estará em exposição, inclusive”, disse a curadora. “Ele toma esse trabalho, Lázaro (de Leonilson), para utilizar como motivo de um filme, que é inspirado por sua vez num coreógrafo pioneiro chamado Goh Choo San. Esse coreógrafo é de Cingapura e também morreu em decorrência da aids. Ele conseguia mesclar o balé clássico com movimentos contemporâneos com uma qualidade introspectiva – e introspecção é também um tema da obra do Leonilson”, explicou a curadora. O filme apresenta um dueto de movimentos mínimos e intencionais. Ao replicar a obra de Leonilson em Sambe, tecido de cânhamo tradicionalmente usado na Coreia para mortalhas funerárias, os bailarinos interagem coreografando uma homenagem às vidas e memórias perdidas durante a epidemia do HIV/aids, inclusive às de ambos os artistas nos quais ele se inspirou e que faleceram de doenças decorrentes do vírus. “O filme tem também outros elementos que anunciam relações de significado. Por exemplo, no filme você vê a língua de sinais estadunidense, que é uma provocação que coloca a pessoa observadora com a relação da tradução, com a ideia de percepção e entendimento, porque a gente não sabe ler essa língua. Mesmo nos Estados Unidos, boa parte das pessoas não sabe essa língua, então ela comunica com um público bastante específico. E essa é uma provocação interessante. Isso adiciona nova camada de sentido”, destacou.

A Sala de vídeo: Kang Seung Lee fica em cartaz até 24 de outubro.

Fonte: agência BRASIL

  

Exposição de Ashley Joy

A artista americana Ashley Joy inaugura sua primeira exposição individual no Brasil, na galeria Pop-up, Itanhangá, Rio de Janeiro, RJ. “Chapters”, sob a curadoria de Shannon Botelho e visitação até 21 de setembro. A mostra é composta por 23 pinturas nas quais destaca-se os tons quentes, fluidez e intensidade, que refletem a abordagem abstrata da artista. Ashley Joy explora temporalidade, memória e subjetividade, utilizando a abstração para expressar suas ideias em um mundo em constante transformação, criando estruturas visuais assertivas através de uma criteriosa seleção de cores e formas. Seja em grandes ou pequenos formatos, os trabalhos alcançam uma resolução plástica devido a uma criteriosa seleção de cores e formas que, uma vez estabelecidas, compõem uma estrutura visual funcional e assertiva. “Em todos os trabalhos da artista, os elementos não aparecem gratuitamente, ao contrário, funcionam como artifícios de estabilização da própria pintura e conexão com o cotidiano do ateliê e da cidade”, afirma Shannon Botelho.

Desde que se mudou para o Rio de Janeiro em 2011, suas abstrações adquiriram novos elementos figurativos, influenciada pela presença constante das montanhas na paisagem da cidade. “Nelas a paisagem simula presença, sem imprimir, de fato, o seu registro. Como miragens, as pinturas figuram imagens somente em nossas suposições e expectativas, pois, se olharmos atentamente veremos que diante de nós estão as mesmas formas e cores habituais de sua abstração”.

As referências artísticas de Ashley incluem Tamara de Lempicka, cuja estética art déco e o uso de cores monocromáticas exerceram um impacto profundo em seu desenvolvimento durante a adolescência. Além disso, seu trabalho é profundamente influenciado por sua vida familiar. Desde cedo, ela compartilha com seus filhos o prazer da prática no ateliê, um hábito que herdou de sua própria mãe. “Acredito no potencial de uma criação matriarcal, onde a força e a presença feminina são fundamentais”, diz a artista. Foi logo após o nascimento de sua primeira filha que sua pintura autoral realmente emergiu, resultando em uma explosão criativa que a levou a produzir mais de cem quadros em grandes formatos. Mais recentemente, o universo da arte urbana tornou-se um elemento significativo na pesquisa de Ashley. Estêncil, desenhos, colagem, baixos-relevos, e a técnica de aquarela em acrílica são utilizados para criar camadas vibrantes, delicadas e fluídas.  “Como capítulos, essas camadas de imagens presentes nas ruas das cidades e que contam histórias, compõem temporalidades e estruturam uma narrativa da própria vida”, reforça o curador.

“Chapters” nos convida a refletir sobre o tempo, as memórias e a vida. “A pintura de Ashley, neste sentido, imita o ritmo intenso da vida cotidiana, semelhante a capítulos com as suas sequenciais surpresas, sem perder, contudo, a beleza das cores, das misturas e as esperanças”, conclui Shannon Botelho.

Sobre a artista

Ashley Joy nasceu em 1983, Austin, Texas – EUA. Vive e trabalha entre Brasil e EUA. Artista visual com formação em Belas Artes pela Universidade do Texas – EUA. A relação de Ashley com a pintura é profunda e familiar, acompanhando as diversas fases de sua vida. Após o nascimento da sua primeira filha, sua produção artística cresceu em escala e volume. Influenciada pela Street Art, Ashley Joy experimenta variados processos para construir camadas que revelam diferentes temporalidades em uma única obra. Utilizando técnicas como estêncil, desenho, colagem e alto-relevo, ela desenvolve um estilo único, criando camadas fluidas e delicadas em acrílico.

Diálogo entre artes

Art Lab Foto & Circuito Contemporâneo explora a fotografia e a arte do handmade em exposição coletiva. Curadoria de Juliana Mônaco une fotografia, joias e objetos de arte em diálogo com a história da arte e as transformações culturais.

A Art Lab Gallery, Vila Madalena, São Paulo, SP,  apresenta a exposição coletiva “Foto & Circuito Contemporâneo”, com a participação de 55 artistas, em uma homenagem ao Dia Mundial da Fotografia. A mostra reúne uma diversidade de expressões artísticas, destacando a fotografia como protagonista. A exposição celebra o poder da fotografia em capturar e refletir as transformações culturais, tecnológicas e sociais da contemporaneidade. Juliana Mônaco, em sua curadoria, selecionou uma variedade de obras que transita entre o tradicional e o inovador, desde registros documentais até experimentações abstratas, evidenciando a evolução da prática fotográfica ao longo do tempo, estabelecendo um paralelo com a história da arte e suas respostas às mudanças da sociedade.

O espaço dedicado à fotografia na mostra se torna um ambiente de diálogo intergeracional, onde novos talentos encontram-se com mestres consagrados, criando um circuito de troca e aprendizado contínuo. Essa pluralidade de olhares e técnicas oferece uma perspectiva abrangente do cenário fotográfico atual, refletindo as diversas maneiras como a fotografia continua a moldar e ser moldada pelo contexto cultural. Além da fotografia, a exposição também abre espaço para outras linguagens artísticas. Joias e obras de arte de suportes diversos como pintura, aquarela, criteriosamente selecionados, complementam a mostra. Esta integração reforça a proposta de Juliana Mônaco de expandir a compreensão da arte contemporânea, conectando diferentes práticas artísticas e oferecendo ao público uma experiência multifacetada.

“Foto & Circuito Contemporâneo” convida o espectador a explorar as interseções entre fotografia, design e arte, revelando as múltiplas possibilidades que emergem da interação entre essas disciplinas. A exposição reafirma o compromisso da Art Lab Gallery com a promoção de um circuito criativo dinâmico e inclusivo, que valoriza tanto o novo quanto o estabelecido, em um contínuo diálogo com a história da arte.

Foto & Circuito Contemporâneo

Curadoria: Juliana Mônaco

Artistas: Adriana Kling, Adriana Piraíno Sansiviero, Amanda Rigobeli, Arsenio Gallinaro Filho, Barrieu, Bernarda Ergueta, Bruno Góes, Carlos Sulian, Carol Lavoisier, Crys Rios, Dani Braido, DMs Tring Art, Emanuel Nunes, Evandro Oliveira, Felipe Manhães, Flavio Ardito, Gabi Castejon, GERMANO, Graça Tirelli, Gray Portela, GUS, Heitor Ponchio, Jorge Herrera, Juliana Rimenkis, Junior Aydar, Leo Fonteviva, Lena Emediato, Lidiane Macedo, Luciano Alarkon, Luh Abrão, Luiza Whitaker, Margareth Stewart, Maria Bertolini, Maria Eduarda Comas, Marina Nasser, Mari Kirk, Maurizio Catalucci, Pakatatu, Paola Lazzareschi, Patricia Falàbella, Rapha Mais, Rebeca Bedani, Ricardo Massolini, Ricárddo P. Pínto, Roger Mujica, Suzy Fukushima, Tomaz Favilla

Designers: Boreale, Liló, Marcelo Lopes, Sadhana Joias, Stella Abreu, Vivian Victor.

Abertura: 24 de agosto, sábado, das 16h às 18h

De 27 de agosto a 7 de setembro.