Niemeyer na Pinakotheke Rio

30/out

A Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro, Botafogo, RJ, apresenta a exposição “Oscar Niemeyer – Territórios da Criação”, que celebra os 110 anos de nascimento do genial arquiteto com um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário feitos por ele. Com curadoria de Marcus Lontra, a mostra reúne ainda obras de artistas como Portinari, Bruno Giorgi, Burle Marx, Tenreiro, Athos Bulcão, Ceschiatti, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, que foram amigos e trabalharam junto a Niemeyer em diversos de seus emblemáticos projetos.

 

“Oscar Niemeyer – Territórios da Criação” terá ainda uma sala especial com retratos do arquiteto assinados por reconhecidos fotógrafos como Antônio Guerreiro, Bob Wolfenson, Edu Simões, Evandro Teixeira, Juan Esteves, Luiz Garrido, Marcio Scavone, Nana Moraes, Nani Góis, Orlando Brito, Ricardo Fasanello, Rogerio Reis, Vilma Slomp, Walter Carvalho e Walter Firmo. As fotografias, em tamanho 50cm x 60cm, também constituirão uma caixa para colecionador, em tiragem limitada a trinta exemplares.

 

Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1907, e morreu na mesma cidade em 05 de dezembro de 2012. “Ao longo de sua vida, Niemeyer produziu intensamente e afirmou-se não apenas como arquiteto, como a primeira referência estética brasileira reconhecida em todo mundo, mas também como artista e intelectual respeitado, atuando em várias frentes do conhecimento humano”, afirma Marcus Lontra.

 

 

De 09 de novembro a 19 de dezembro.

 

“Voyage” na Galeria Bergamin & Gomide

27/out

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A exposição coletiva “Voyage”, sob curadoria de Alexandre da Cunha, será o novo cartaz da Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, a partir de 15 de novembro e até 20 de janeiro de 2018.

 

 

Curadoria de Alexandre da Cunha

 

Alexandre da Cunha é atualmente um dos mais importantes artistas brasileiros. Como curador da exposição “Voyage”, divide algumas de suas inquietações através das obras de 15 artistas selecionadas por ele. O título, inspirado na comédia francesa “Voyage Surprise”, de Pierre Prévert (1947), traduz a sua proposta: “Mais do que um tema, a exposição aborda a ideia de viajar em um sentido mais amplo e suas possíveis associações: sonhos, expectativas, idealização, fantasia, fuga, frustração, medo do desconhecido”.

 

No filme, um motorista de ônibus aposentado comanda uma viagem surpresa onde passageiros desconhecem o destino final. Na mostra, da Cunha convida artistas, que possuem proximidade formal com o seu próprio trabalho, a criarem uma situação onde as obras se relacionam de uma forma fluida. “Meu papel como curador neste projeto funciona como um mediador, que sintetiza questões que surgiram no curso da montagem da exposição”.

 

“Voyage” será composta por obras de diversos períodos de artistas brasileiros e internacionais apresentando também artistas jovens como Thiago Barbalho, Camila Sposati, Joel Croxson e Pablo Accinelli.

 

O público, por sua vez, completa a exposição: assim como os passageiros do filme, o espectador é convidado a embarcar na quebra das estruturas preestabelecidas na maioria das exposições coletivas: “O espectador geralmente é confrontado com uma grande quantidade de informações, uma ansiedade conceitual corre acima da possibilidade de ler os trabalhos de forma mais intuitiva; Nesta exposição as perguntas são mais importantes do que as respostas e as imagens são mais importantes que o texto que acompanha”, acrescenta Alexandre da Cunha.

 

Artistas: Samara Scott, Caragh Thuring, Julius Heinemann, Thiago Barbalho, Lygia Clark, Marisa Merz, Brian Griffiths, Camila Sposati, Laura Lima, Ed Flood, Joel Croxson, Jac Leirner, Pablo Accinelli, Rivane Neuenschwander, José Damasceno.

 

 

Até 20 de janeiro de 2018.

Scheffel no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, exibe na Pinacoteca do MARGS, Porto Alegre, RS, a exposição “Scheffel Por Ele Mesmo”, com curadoria de Ângelo Reinheimer. A exposição “Scheffel por Ele Mesmo”, reúne obras da Coleção Família Zelmanowicz, Fundação E. F. Scheffel e acervos privados e propõe revelar ao público um recorte sobre a obra de Scheffel, talvez o mais instigante de sua produção: a década de 1970, que permanece ainda pouco conhecida. A escolha das obras forma um conjunto estabelecido pelo próprio Scheffel – com texto de sua autoria – em uma exposição por ele sonhada e não realizada em vida. Apresenta ainda, uma mostra de retratos, promovendo uma visão panorâmica sobre sua produção artística, a partir da década de 1950 até os anos 2000.

 

Em diálogo com a exposição, o MARGS apresenta uma seleta de obras dos professores do artista, no Instituto de Belas Artes (atual Instituto de Artes da UFRGS), do período entre 1941 e 1946. Entre eles, nomes consagrados da pintura gaúcha, como: João Fahrion, Ângelo Guido, José Lutzenberger, Benito Castañeda, Maristany de Trias e Fernando Corona, possibilitando ao público um olhar sobre os mestres que influenciaram diretamente a obra de Ernesto Frederico Scheffel. O colecionador Rolf Zelmanowicz, também presidente da Sociedade de Amigos da Fundação Scheffel, Novo Hamburgo, RS, é o grande incentivador da exposição.

 

 

 

A palavra do artista

 

O retrato: uma batalha à parte

 

O retrato é considerado uma especialidade no mundo das Artes Plásticas – pintura e escultura – e significa para o artista, em particular, um duplo desafio. Trabalho de arte único, é uma proposta pessoal, elaborada através de recursos próprios. O retrato é a proposta que se antepõe e, eventualmente, se contrapõe ao artista que, paulatinamente, se exercita mental e fisicamente a devorar o seu objeto, de ponta a ponta, ao ponto de romper com o espaço e o tempo, pondo em desordem o pensamento e o sentimento. Isso não significa caos ou confusão, mas um diálogo pelos caminhos ocasionais das imagens e das sensações, interligadas numa atmosfera de contato, resultado de um pacto comum.

 

A relação artista-retratado não é, portanto, uma divisão, uma oposição, um combate de rivais em exercício de mútua eliminação de personalidades antagônicas. O relacionamento artista-retratado, frente à frente, é um ato de antropofagia figurada, leal, pré-determinada pelas partes interessadas em criar, como resultado final, uma obra de arte de alto nível em conteúdo e forma.

 

Com este procedimento – a posse através de uma absorção intensa – o artista não engravida o retratado nem recorre ao Espírito Santo, algo vindo de fora ou de cima, na realização da obra de arte. A obra nasce do entendimento e relacionamento de artista e retratado que decidem remover as máscaras, uma a uma, num ritual de concessão das diferentes formas assumidas pelo indivíduo. Esta faina através das contínuas mutações pretende sintetizar o constante de um modo de ser, de um modo de se apresentar, de um modo de sentir. Aí que se encontra a revelação mais profunda de um caráter – em contínua formação – de uma individualidade única que é “relatada” com seriedade e simplicidade.

 

Montaigne, nos “Ensaios”, expressa alguns conceitos mais permanentes e atuais que podem definir essa seriedade e simplicidade, necessárias ao artista, no ato da concepção do retrato, sintetizando numa só virtude: a fidelidade. “Os outros formam o homem (os moralistas), eu o relato”, escreve no Livro III, capítulo 2.

 

Concluído o retrato, rompe-se o liame entre artista e retratado, em favor de uma obra de arte que pode ter atingido um estado de vida permanente, como se tocada pelo imprevisto sopro dos deuses, caprichosos, através da qualidade na composição, na técnica pictórica e na menção do mundo interior do indivíduo. Está superado o desafio da realização pessoal, como obra de arte.

Ernesto Frederico Scheffel

 

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Frederico Scheffel nasceu em 8 de outubro de 1927, em Campo Bom, RS. É descendente de imigrantes alemães de Berghausen – Westfalen, chegados em 1825 e estabelecidos na antiga colônia de São Leopoldo. Aos 12 anos de idade, Scheffel fez parte do Grupo de “coloninhos” que foram levados a Porto Alegre, numa ação do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, dentro das políticas de nacionalização do Estado Novo. Foi convidado a estudar no Instituto de Belas Artes e, simultaneamente, na Escola Técnica Parobé. Em 1950, segue para o Rio de Janeiro, com bolsa de estudos do Estado do Rio Grande do Sul. É acolhido pelo pintor Osvaldo Teixeira, diretor do Museu Nacional de Belas Artes, com quem trabalha como assistente. Scheffel participou dos Salões Nacionais de Belas Artes. Após receber as medalhas de bronze e prata, em 1958 conquista o Prêmio Viagem ao Estrangeiro com a obra “Jerônimo”. O quadro premiado está no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Partiu para a Europa, em 1959. Depois de viajar e conhecer diversos países estabeleceu-se em Florença, onde desenvolveu sólida carreira. Trabalhou com o professor Augusto Vemehren, diretor do Laboratório de Restauro da Galeria dos Ofícios, restaurando obras de Rubens, Velázquez, Ticiano, entre outros. Ao longo dos anos 1960, Scheffel realizou oito obras públicas, a maioria de cunho religioso, em Florença. Inicia a década de 1970 influenciado pelas manifestações e protestos contra as instituições e os valores vigentes, que eclodem na Europa, na segunda metade da década de 1960, inaugurando uma nova fase, mais ousada e autêntica. Como o próprio Scheffel define: “… finalmente posicionei-me no campo da arte pela valorização da individualidade, no esplendor de suas características próprias, cujas qualidades devem ser exaltadas como um direito estético que une a humanidade…”. Em 1974, retorna ao Brasil como convidado oficial do Município de Novo Hamburgo para uma exposição retrospectiva, dentro das comemorações do Sesquicentenário da Imigração e Colonização Alemã no Brasil, que resultou na criação do Museu de Arte e também sua mantenedora Fundação Ernesto Frederico Scheffel, tornando possível a exposição permanente de grande parte da sua obra. Scheffel também inicia uma verdadeira cruzada pela preservação do patrimônio histórico relativo à colonização alemã no Rio Grande do Sul. A escolha de um prédio de características neoclássicas, construído em 1890, para a instalação do Museu de Arte, sinaliza o trabalho a ser desenvolvido nas décadas seguintes, culminando com o tombamento do Centro Histórico de Hamburgo Velho e o acervo pictórico da Fundação Ernesto Frederico Scheffel, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em maio de 2015. Scheffel viveu os últimos anos da sua vida entre Itália e Brasil, e manteve sua rotina através da pintura e composição musical. Faleceu em Porto Alegre, em 16 de julho de 2015.

 

 

Citações de Scheffel sobre seus mestres

 

“… O Instituto de Belas Artes, que passei a frequentar, mantinha os cursos de Artes Plásticas e o Conservatório de Música com suas subdivisões. Meus professores eram João Fahrion (pintura figurativa), Benito Castañeda (pintura de paisagem), Fernando Corona (modelagem), José Lutzenberger (geometria), Ângelo Guido (história da arte), Luiz Maristany de Trias (anatomia) e Ernani Corrêa (arte decorativa)…”.

 

“… Benito Castañeda – pintura de paisagem, revelava-se, para mim, um homem de comportamento simples e estimulante… No Instituto de Belas Artes era um professor de fino trato, talvez o mais amado dentre todos…”.

 

“… Fernando Corona mostrava-se um tanto agitado, como quem sempre estava empenhado em resolver inúmeras questões. Alguns alunos notavam no professor Corona – assim como eu – sua devoção quase juvenil ao trabalho dos artistas clássicos pelo tempo de um mês e, no próximo, exaltava as virtudes dos artistas mais destemidos e inovadores da história da arte. Entendíamos, contudo, que essa duplicidade de posição do professor Corona não era criticável, por sua sinceridade e larga visão estética…”.

 

“… João Fahrion e Edgard Degas estão unidos, também, pelas soluções técnicas, pelo gosto dos cortes e essencialidade do toque, ao mesmo tempo elegantes e displicentes. As obras de ambos possuem as qualidades da fantasia e do realismo…”.

 

“… José Lutzenberger, artista acima de qualquer juízo crítico, cabe lembrar do seu perfeccionismo, pois todos os detalhes de um projeto eram estudados separadamente e, só depois, no conjunto. Os profissionais da arquitetura, quando não conseguem enquadrar um artista, definem-no “eclético”, devido à sua liberdade criativa. Muito cômodo! Já o arquiteto e escultor Fernando Corona resolve essa questão afirmando que “Lutzenberger é o arquiteto do estilo próprio”. De acordo estou eu, que fui aluno dos dois professores no Instituto de Belas Artes…”.

 

 

Até 10 de dezembro.

Antonio Manuel exibição prorrogada

Devido ao sucesso, a exposição do artista plástico Antonio Manuel foi prorrogada até o dia 21 de novembro de 2017, na Cassia Bomeny Galeria, em  Ipanema, RJ. A mostra comemora os 70 anos de idade e 50 de trajetória do artista, que foi o representante do Brasil na Bienal de Veneza de 2015 e cujas obras integram o acervo de importantes coleções, como MoMA, em Nova York, e Tate Modern, em Londres. Com curadoria de Franz Manata, são apresentadas 15 pinturas inéditas que seguem os traços geométricos, que o artista vem trabalhando há alguns anos. A novidade fica por conta da introdução de texturas em algumas obras, como papel corrugado e tecido, além de recortes em algumas telas, transformando a parede em mais um elemento da pintura. Em algumas obras, ele utiliza também, pela primeira vez, tinta esmalte junto com a tinta acrílica – que sempre usou em suas pinturas -, com a intenção de mesclar o fosco com o brilho.

Arte Cinética em Curitiba

25/out

A Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba, Paraná, promove até o dia 16 de dezembro a exposição coletiva “Arte Cinética Latino-Americana”.

 

Panorama sobre a arte cinética na América Latina

Felipe Scovino

 

O recorte para essa exposição possui mais uma particularidade além de estarem sendo apresentadas obras de arte cinéticas produzidas por artistas latino-americanos. Outro ponto de inflexão é o fato que o início da produção de arte cinética nas Américas coincide com o processo de modernização de grande parte desse continente. A mostra reúne a produção de três países (Argentina, Brasil e Venezuela) que entre os anos 1950 e 1970 passaram por profundos processos de industrialização, alargamento de políticas de importação, reformas amplas de infraestrutura em seus núcleos urbanos, diferentes práticas de uma arquitetura moderna e um desenvolvimento nunca antes visto na América Latina. Essa política de aporte financeiro e prosperidade – que pode ser exemplificada na construção de Brasília e no Plano de Metas (“50 anos em 5”) de Juscelino Kubitschek, ou na indústria petrolífera venezuelana ou ainda na rica vida cultural de Buenos Aires – possibilita um campo frutífero para as artes. Entre o fim dos anos 40 e o início dos anos 50 no Brasil assistimos a um amplo processo de institucionalização das artes com a fundação dos primeiros museus de arte moderna no Rio de Janeiro e em São Paulo (1948), além do MASP (1947) e da I Bienal de São Paulo (1951). Esta rede institucional permitiu a realização de importantes mostras de artistas internacionais no país, desde Calder a Picasso, passando pela importante mostra Pop na Bienal de 67, assim como possibilitou a emergência de uma nova geração de artistas brasileiros. E é aqui que se encontram os cinéticos. Desde 1950, Palatnik desenvolvia os seus Aparelhos cinecromáticos. O fascínio pelo movimento do jogo de luzes e o aspecto lúdico que o Cinecromático possui não podem mascarar uma importância que é singular nessa obra: não apenas marca o pioneirismo da arte cinética no mundo, mas essa invenção dialoga intensamente com a produção cinética na Europa e na América do Sul, particularmente na Argentina e na Venezuela, assim como amplia o conceito de pintura.

 

Em 1948, Mary Vieira realiza seus Polivolumes, torres vazadas, feitas em alumínio anodizado, formadas por semicírculos móveis em que o espectador, agora transformado em participante, escolhe a posição destes. Essas estruturas são móveis apenas no sentido horizontal. Se nos Aparelhos cinecromáticos e nos Objetos Cinéticos de Palatnik, o movimento e a participação se dão de forma autônoma em relação ao espectador – o que não acontecerá nas suas pinturas de matriz construtiva, a série W apresentada nessa mostra, já que a mobilidade do espectador frente a elas causa uma nova proposta para a ideia de movimento, dinâmica, e confronta a suposta rigidez que uma pintura teria -, os Polivolumes anteciparam de certa forma questões encontradas nos Bichos (1959-1964) de Lygia Clark. Nesses dois últimos exemplos, a obra é o molde para a nossa vontade.

 

O que temos nessa mostra, referindo ao campo de produção da arte brasileira, é a reunião de 4 artistas que tiveram participação fundamental no processo de pensar a simbologia do moderno. Abraham Palatnik, Antonio Maluf, Sérvulo Esmeraldo e Ubi Bava, cada um a seu modo, constituíram uma aproximação entre arte e ciência e pavimentaram a arte cinética no país.

 

No caso Relevo progressivo (série realizada a partir dos anos 1960) de Palatnik, o sequenciamento dos cortes na superfície do material – cartão – cria camadas ou ondas que variam dependendo da profundidade e localização do corte. O uso do papel-cartão leva à execução de ritmos e sinuosidades de grande impacto visual. Relevos também se desmembrou a partir dos anos 1990 na série W. Saiu o cartão ou o metal e entrou a tinta acrílica. O artista pinta telas abstratas que servem como ‘base’ para as futuras pinturas cinéticas. Num segundo estágio, o corte a laser fatia a pintura em réguas finíssimas. Depois, movimentando as varetas do ‘quadro fatiado’ no sentido vertical, ‘desenhando’ o futuro trabalho, o artista constrói um ritmo progressivo da forma, conjugando expansão e dinâmica visual. É importante destacar que o caráter cinético dessas obras se dá pela forma em como o espectador se coloca defronte a obra, isto é, a cada mudança de perspectiva dele, a pintura cria novas percepções e imagens.

 

Antonio Maluf foi o autor do cartaz da I Bienal de São Paulo. Artigo raríssimo em exposições, esse cartaz é um dos marcos do design brasileiro e das experimentações artísticas daquele momento. Os elementos estruturais do desenho, feito em três versões, reiteram e enfatizam o formato retangular do suporte. À medida que são reduzidos, os retângulos se adensam em direção ao centro do papel, projetando uma perspectiva tanto espacial quanto temporal. Todo esse conjunto de elementos é integrado ao formato do cartaz e o movimento das linhas paralelas, em duas cores, resultantes do seu perímetro, permite uma vibrante miragem óptica. Figura e fundo não conseguem diferenciar-se, são alternâncias constantes.

 

Maluf ainda dará início, na década de 1950, à produção das séries Progressões crescentes e decrescentes e Equação dos desenvolvimentos em progressões crescentes e decrescentes, realizadas em guache sobre papel, num primeiro momento, e depois com tinta acrílica sobre madeira. Nesse conjunto percebemos que a linha é transformada, por ilusão óptica, em vibração, o material em energia. Quando o espectador se movimenta diante destas obras, o fundo fragmenta a linha de cores, de modo que ele se apresenta como uma série de pequenos pontos flutuando no espaço. Eis a matemática se metamorfoseando em estruturas vibratórias a serviço de uma nova experiência de mundo para o sujeito. Em Equação dos desenvolvimentos (década de 1980), o artista elimina a dimensão física do quadro, privilegiando as construções gráficas. O exercício cinético, provocado pela repetição em série de estruturas monocromáticas, explora processos perceptivos de criação e recriação da forma (tem-se a sensação de multiplicação de quadrados num regime de tempo e espaço interminável).

 

Na série Homenagem ao espectador, realizada ao longo dos anos 1970, Ubi Bava adotou uma forma de experimentação utilizando superfícies construídas com espelhos ou unidades visuais modulares que captam o ambiente e a imagem do espectador. Os limites do círculo e a sua capacidade de reflexão são as unidades motoras do artista. Ademais, não há a preocupação apenas, como se isso fosse pouco, em experimentar novas capacidades cinéticas e propor a participação do espectador como um sujeito ativo e constituinte da obra, mas também a percepção em construir e organizar um estado pictórico. Esta analogia se faz presente na escolha e na ordem com que compõe os espelhos multicoloridos sobre o acrílico. Há o pensamento de um pintor articulando formas e cores naquela superfície.

 

E737, de Sérvulo Esmeraldo, é um exemplar dos mais importantes da sua icônica série Excitáveis. Produzida a partir de 1964, essa série é formada por caixas-objeto, feitas em acrílico, com elementos movimentados por eletricidade estática gerada pelo espectador quando a superfície da obra é tocada. Esmeraldo resolvia simultaneamente os desafios de fazer uma arte de participação do espectador e de estabelecer uma linguagem cinética sensível. Excitáveis retorna à problemática do acaso: a repetição exata de movimento, por mais complexa que seja, torna-se monótona na ideia do artista. Deve ser exercido algum controle. Isso é geralmente obtido pela descoberta de alguma relação entre os elementos nas caixas que se mantêm constantes no decurso de toda e qualquer variação de movimento. Excitável, aqui, diz respeito à ação de colocar em movimento. Como afirma Matthieu Poirier, “cabe ao espectador a função de carregar negativamente a obra, esfregando vigorosamente a mão na superfície da caixa, fazendo que a tal superfície atraia e tire da inércia as diversas linhas cuja carga é positiva.”[1] Essa ação do espectador desorganiza a ordem pré-estabelecida; o que era razão transforma-se em caos. De forma efêmera, criando um tempo próprio de nova aparição e organização para a obra, o gesto do espectador articula uma poderosa ligação entre arte e ciência, e ainda entre o que existe e não necessariamente é visto a olho nu, como novamente afirma Poirier: “Disfarçada pela impressão unicamente telecinética de produzir o deslocamento de objetos a distância, a obra nos torna conscientes da capacidade motriz das forças elétricas invisíveis que nos circundam e nos constituem” [2].

 

As vanguardas geométricas se estabelecem na Venezuela e na Argentina, respectivamente, com as operações de Alejandro Otero, Carlos Cruz-Diez, Gego e Jesús Rafael Soto e do Grupo Madí. Como afirma o manifesto do grupo argentino feito em 1946:

 

Madí confirma o desejo do homem de inventar objetos ao lado da humanidade lutando por uma sociedade sem classes que libera a energia e domina o espaço e o tempo em todos os sentidos, e a matéria em suas últimas consequências.[3]

 

O terreno para a abstração, particularmente o cinetismo, na Venezuela se deu no começo dos anos 1960. Cruz-Diez segue caminhos que poderíamos chamar de “um espaço extra-pictórico”, muito próximos aos de Soto. Suas obras iniciais lançam a cor ao espaço por meio da luz reflexiva: o fundo da pintura se transformava numa espécie de tela branca, destinada a receber os reflexos de luz. De certa forma, se apoia nessa presença corpórea da obra (e aqui as estruturas vibratórias de Soto entram na discussão) para aprisionar a luz projetada em direção ao espaço, assim como, mais tarde, utilizará meios transparentes para alcançar o maior grau possível de imaterialidade, como são os casos das duas obras apresentadas na mostra. Em Color Aditivo Panam 7 (2010) e Physichromie Panam 226 (2015) observamos que as figuras construídas sobre o plano promovem um contínuo jogo de alternância entre figura e fundo de modo a confundir as suas respectivas fronteiras. Sem dúvida, esse conjunto de retângulos almeja conquistar o espaço. Notem, portanto, as relações frutíferas entre essa qualidade de arte cinética e as práticas de uma arquitetura moderna na América Latina. Vejam os casos do arquiteto venezuelano Carlos Raúl Villanueva, muito próximo a Soto e Cruz-Diez, e também Niemeyer. Ambos tornaram curvas as retas, possibilitando uma outra linguagem e visualidade para o elemento concreto. Sobre a obra de Soto aqui apresentada, é importante dizer que além de colocar em suspenso a tradicional oposição entre figura e fundo, em que não se sabe qual é qual, resultando em uma disposição não mais hierarquizada, o encontro das linhas que atravessam essa obra desperta a geometria lírica desse artista. Eis o fenômeno da vibração – mais que ótica – que este cruzamento provoca. É uma tensão por estarem tais linhas no mesmo plano indicando um “nó espacial, que mesmo Mondrian deixa em suspenso ao eliminá-las em sua última fase” [4]. Há algo de musical, mágico e lúdico nessa obra. O plano se torna ativo ou é constantemente reativo pelo espectador. Daí artistas como Soto e Palatnik se declararem como pintores, apesar da pintura de ambos lidar com elementos tridimensionais. As hastes de Soto alteram discretamente a estabilidade do horizonte, e a escultura com motor de Kosice caminha pelo mesmo interesse. É a própria obra posta em questão, ameaçando os seus limites, experimentando as suas várias possibilidades, de forma intensa. Estava em questão o envolvimento total do espectador e a potencialização de toda a sensorialidade. A repetição e a progressão, causadas pelo acionamento do motor, estão entre os modos possíveis de suscitar uma ultrapassagem em direção ao ilimitado. O mundo é movimento, ou melhor, cinético, estando muito além do estritamente visual. E a obra quer acompanhar este modo de ser e se converte em obra-motor, obra-movimento. Ela entra em dissolução, se refaz no contato com o espectador, diminuindo sua distância com ele e exigindo sua participação. Eis a sua riqueza e contribuição: a obra é o espaço sensorial, ativo e mobilizador da vontade e da consciência do sujeito.

 

Luis Tomasello e Julio Le Parc são dois artistas argentinos de primeira ordem mas que fazem parte da geração seguinte ao do Madí. As obras desse último se caracterizam pelo uso da luz como componente central e como ela pode gerar, conectadas a motores, formas no espaço. Entretanto, nas duas obras do artista que estão na exposição notamos a associação entre luz e cor. A série Modulation destaca o largo potencial de variações cromáticas que a pintura pode oferecer. Tratam-se de obras baseadas em elementos geométricos, que utilizam as reações fisiológicas de percepção ótica. Os movimentos do espectador modificam as imagens que a pintura pode oferecer. Ela deixa de ser algo estritamente estático para nesse campo da interação (claro, guardadas as especificidades de uma interação entre espectador e obra bidimensional) promover a multiplicação das imagens. Já Atmospheres chromoplastiques nº 446 e nº 972 e Objet Plastique nº 897, todas de Tomasello, fazem uso de estruturas em relevo onde a ocupação do espaço tridimensional é o desejo maior. O volume que é dado pelas estruturas em madeira se transforma em fluxo e logo se faz tridimensional. A projeção de sombras sobre as madeiras promove uma espécie de expansão dessas formas. É através de uma economia de elementos que o artista promove uma larga experimentação envolvendo planos ilusórios, expansão das formas no espaço e a relação intrínseca entre luz, cor e forma. Em Atmosphere chromoplastique no508, se instala o conceito da ambiguidade e da desorientação ópticas através de ritmos aleatórios e padrões geométricos. A obra associa uma severa destreza técnica, conservando o rigor construtivo, com a delicada gestualidade de traços que deixam de se articular ao perímetro do quadrado para se dirigirem ao centro do quadro e desaguarem no ilusionismo óptico.

 

Essa é uma exposição de fôlego e muito importante para que tomemos conhecimento sobre a produção cinética nesses 3 países e os laços e as diferenças que podem ser analisados quando essas obras ocupam o mesmo espaço. Assinalo que os artistas dessa mostra não foram considerados de vanguarda apenas em seus respectivos países mas no mundo. A produção cinética latino-americana é uma das mais respeitadas no âmbito crítico e institucional, afirmando a qualidade e a pertinência desses artistas.

 

[1] POIRIER, Matthieu. Os Excitables de Esmeraldo ou cinetismo em viveiro. In: AMARAL, Aracy (org). Sérvulo Esmeraldo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2011, p. 119-121.

[2] Idem, p. 121.

[3] Cf. QUINN, Arden; KOSICE, Gyula. Manifesto Madí. In: AMARAL, Aracy A. (org). Projeto construtivo brasileiro na arte: 1950-1962. Rio de Janeiro: MAM; São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1977, p. 62-64.

[4] VENANCIO FILHO, Paulo. Soto: a construção da imaterialidade. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2005.

Painel de Portinari no MAM-Rio

O MAM Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, exibe atualmente a pintura de Candido Portinari, “Bodas de Caná”, legada em testamento pela viúva de Francisco Clementino de San Tiago Dantas.

 

San Tiago Dantas era amigo do artista, que encomendou a obra para a sala de jantar de sua residência na zona sul do Rio de Janeiro. A pintura a têmpera sobre madeira, com os traços inconfundíveis de Portinari, mede 170,7cm x 408,7cm. Sua transferência para o MAM, cercada de cuidados e realizada por restauradores contratados pelo Museu, foi possível graças ao patrocínio do Bank of America Merrill Lynch.

 

San Tiago Dantas foi uma personalidade preeminente, um intelectual respeitado, que atuou como jurista, escritor, jornalista, Ministro das Relações Exteriores (1961-1962) e da Fazenda (1963-1964), além de ter sido participante ativo da diretoria do MAM Rio no início da instituição. Foi vice-presidente do MAM em 1951-1952 e também ocupou interinamente a presidência do Museu, após a licença do cargo de Raymundo Ottoni de Castro Maya. Voltou a ser vice-presidente de 1953 a 1956. Sua viúva, Edméa de San Tiago Dantas, em testamento, transferiu ao MAM Rio o painel de Portinari

 

Candido Portinari (Brodósqui SP, 1903 – Rio de Janeiro RJ, Brasil, 1962) foi um dos pintores brasileiros mais conhecidos do século 20, e entre suas obras destaca-se o painel “Guerra e Paz” pintado para ser presenteado à sede da ONU em Nova York em 1956, mesmo ano em que iniciou a realização do painel “Bodas de Caná”.

 

“Bodas de Caná” retrata o primeiro milagre da vida pública de Jesus, quando ao acabar o vinho em uma festa de casamento, transformou, a pedido de sua mãe Maria, a água em vinho. Os personagens a sua volta expressam espanto e louvor.

 

 

Remoção do painel

 

O painel se encontrava encaixado em um nicho feito especialmente para ele na parede da sala de jantar. O processo de remoção da obra exigiu o trabalho de equipe especializada em restauração, que realizou a limpeza superficial com fixação de áreas em desprendimento, e ainda a prospecção dos parafusos e cunhas sob o estuque que o fixava, e a adequada proteção da obra para ser transportada em segurança por especialistas até o Museu.

 

 

Portinari no MAM

 

O importante painel “Bodas de Caná” se somará a outras dez obras de Candido Portinari pertencentes às Coleções MAM: a própria e a de Gilberto Chateaubriand/MAM Rio de Janeiro.

 

 

Sobre o Bank of America Merrill Lynch

 

O Bank of America é uma das principais instituições financeiras do mundo. Suas ações de responsabilidade corporativa têm foco em educação financeira, empreendedorismo de impacto, projetos de desenvolvimento econômico e arte e cultura. Esses temas apresentam grande potencial de transformação e de geração de benefícios para os cidadãos e para toda a sociedade. Dentre outras iniciativas, pode-se destacar o Projeto de Conservação de Arte (Art Conservation Project), em que o banco provê recursos financeiros a museus sem fins lucrativos ao redor do mundo, destinados à conservação de obras de arte de importância histórica ou cultural. Desde 2010, fornece subsídios para museus em 29 países, financiando 100 projetos de conservação.

 

 

Até 26 de novembro de 2017.

Barrio em NY

A Galeria Milan, São Paulo, SP, informa que o artista plástico Artur Barrio participa no Met Breuer, 945 Madison Ave, Nova York, da exposição coletiva “Delirious – Art at the limit of reason”. A mostra analisa a produção delirante de artistas norte-americanos, latino-americanos e europeus que abraçaram a irracionalidade, entre os anos 1950 e 1980.

 

Até 14 de janeiro de 2018

 

 

 

 

Histórias da sexualidade no MASP

20/out

O sexo é parte integral de nossa vida e, sem ele, sequer existiríamos. Por isso, a sexualidade tem desde sempre ocupado lugar central no imaginário coletivo e na produção artística. A exposição Histórias da sexualidade traz um recorte abrangente e diverso dessas produções. O objetivo é estimular um debate – urgente na atualidade -, cruzando temporalidades, geografias e meios. Episódios recentes ocorridos no Brasil e no mundo trouxeram à tona questões relativas à sexualidade e aos limites entre direitos individuais e liberdade de expressão, por meio de embates públicos, protestos e violentas manifestações nas mídias sociais. O MASP, um museu diverso, inclusivo e plural, tem por missão estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Esse é o sentido do programa de exposições, seminários, cursos, oficinas e publicações em torno de muitas histórias — histórias da infância, da sexualidade, da loucura, das mulheres, histórias afro-atlânticas, feministas, entre tantas outras.

 

Concebida em 2015, esta exposição é fruto de longo e intenso trabalho, e foi antecedida por dois seminários internacionais realizados em setembro de 2016 e em maio de 2017. A exposição se insere em uma programação anual do MASP totalmente dedicada às histórias da sexualidade, que em 2017 inclui mostras individuais de Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Miguel Rio Branco, Henri de Toulouse-Lautrec, Tracey Moffatt, Pedro Correia de Araújo, Guerrilla Girls e Tunga. São mais de 300 obras reunidas em nove núcleos temáticos e não cronológicos – “Corpos nus”, “Totemismos”, “Religiosidades”, “Performatividades de gênero”, “Jogos sexuais”, “Mercados sexuais”, “Linguagens” e “Voyeurismos”, na galeria do primeiro andar, e Políticas do corpo e “Ativismos”, na galeria do primeiro subsolo. A mostra inclui também a sala de vídeo no terceiro subsolo, como parte do núcleo “Voyeurismos”. Algumas obras de artistas centrais de nosso acervo – como Edgard Degas, Maria Auxiliadora da Silva, Pablo Picasso, Paul Gauguin, Suzanne Valadon e Victor Meirelles – são agora expostas em novos contextos, encontrando outras possibilidades de compreensão e leitura. Ao lado delas, uma seleção de trabalhos de diferentes formatos, períodos e territórios compõem histórias verdadeiramente múltiplas, que desafiam hierarquias e fronteiras entre tipologias e categorias de objetos da história da arte mais convencional – da arte pré-colombiana à arte moderna, da chamada arte popular à arte contemporânea, da arte sacra à arte conceitual, incluindo arte africana, asiática, europeia e das Américas, em pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, fotocópias, vídeos, documentos, publicações, entre outros.

 

Nessas histórias, não há verdades absolutas ou definitivas. As fronteiras do que é moralmente aceitável deslocam-se de tempos em tempos. Esculturas clássicas que são ícones da história da arte não poucas vezes tiveram o sexo encoberto. Também os costumes variam entre as culturas e civilizações. Em diversas nações europeias e comunidades indígenas, é natural a nudez exposta em lugares públicos; a poligamia é aceita em alguns países islâmicos; a prostituição é prática legal em alguns estados e condenada em outros; há países onde o aborto é livre mas há outros onde é proibido. Até mesmo o conceito de criança mudou ao longo do tempo, assim como as regras de especificação etária.

 

O único dado absoluto, do qual não podemos abrir mão, é o respeito ao outro, à diferença e à liberdade artística. Portanto, é preciso reafirmar a necessidade e o espaço para o diálogo e que se criem condições para que todos nós – cada um com suas crenças, práticas, orientações políticas e sexualidades – possa conviver de forma harmoniosa.

 

A exposição “Histórias da sexualidade” tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, Lilia Schwarcz, curadora-adjunta de histórias do MASP, Pablo León de la Barra, curador-adjunto de arte latino-americana do MASP e Camila Bechelany, curadora assistente do MASP. A classificação etária de “Histórias da Sexualidade” é de 18 anos. Desta forma, de acordo com a regulamentação vigente, é restritiva para menores de idade, mesmo com autorização ou acompanhamento de responsável.

 

 

Até 14 de fevereiro de 2018.

Duas vezes Thomas Baccaro

Em dobradinha inédita na cidade, o público poderá conferir neste mês de outubro, os trabalhos do premiado fotógrafo Thomas Baccaro em duas ocasiões. A primeira é a exposição “Viver, Conviver & Reviver”, com 112 fotografias de 53 pessoas com mais de 55 anos, que já percorreu São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A mostra estará em cartaz no Centro Cultural dos Correios, de 20 de outubro a 15 de novembro. A segunda será na CASACOR Rio, de 24 de outubro a 30 de novembro, no ambiente assinado pela arquiteta Paola Ribeiro, com seis fotografias fine art, registradas na Itália e Grécia.

 

O contato de Thomas com museus, galerias, exposições e artistas começou cedo. Ele herdou da família suas referências artísticas: é filho dos italianos Giuseppe Baccaro, galerista, negociante e leiloeiro de arte, e Fiorella Giovagnoli, restauratrice;  e foi enteado do diretor de cinema Hector Babenco e do fotógrafo Mario Cravo Neto. Aos 42 anos, já realizou mais de 22 exibições individuais de um total de 48 exposições das quais participou. Entre os prêmios, destaque para AI-AP Latin American Fotografía 3 (EUA, 2014); Mostra Istituzionale Forte Sangallo di Nettuno Contemporary Art (Itália, 2012); Prêmio Colunistas Norte e Nordeste (Brasil 2000 a 2008); e Museu de Arte Contemporânea de Americana (Brasil, 1998).

 

“Esta é a primeira vez que vou expor no Rio de Janeiro. Era um desejo antigo, pois meu pai teve muitas parcerias na cidade, sempre me falava muito do mercado carioca. Inclusive, estou a procura de uma representação na capital”, revela Thomas, que busca em suas viagens nacionais e internacionais a matéria-prima para suas fotografias. “Este ano fui a Itália e Marrocos, acabo de voltar de uma temporada em Galápagos e logo embarco para um trabalho em Minas Gerais”.

 

A exposição “Viver, Conviver & Reviver” – idealizada pelo programa Itaú Viver Mais, que promove o envelhecimento ativo, além de estimular a arte e a cultura – reúne mais de uma centena de fotografias de Thomas Baccaro. As imagens são acompanhadas pelos textos “A Arte De Ficar Mais Velho”, de Drauzio Varella, e “A Arte de ser Artista”, de Paulo Klein, produzidos com exclusividade para a mostra.

 

“Fazer cada um dos fotografados se sentirem especiais e belos, foi o objetivo deste ensaio. Quis que cada um pudesse viver mais esta experiência, entre tantas já vividas”, conta Thomas, que tem como uma das características de seu trabalho a facilidade de captar espontaneidade.

 

CASACOR: série fotografias clicadas na costa italiana e grega, no ambiente da renomada Paola Ribeiro

De 24 de outubro a 30 de novembro, no Porto Maravilha, acontece a 27ª edição da CASACOR Rio, mais relevante mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo do Brasil. Com exclusividade para a arquiteta  Paola Ribeiro, Thomas irá expor imagens registradas na Grécia e Itália (Sicília e Ligúria), com o tema “água”, já que o ambiente será um spa. Serão seis fotografias em três tamanhos: 1,40m x 1,40m, 60cm x 90cm e  1,10m x 1,65m.

 

“Esta é a sexta vez que participo da CASACOR, entre edições no Rio e São Paulo, junto com a Paola. Como o ambiente é um spa, selecionamos entre tantas outras, imagens de água e mar, transmitindo a ideia da paz e da calma através de tons verdes e azuis”, explica Thomas.

 

Ernesto Neto na Fortes D’Aloia & Gabriel

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “O Sagrado é Amor”, a nova exposição de Ernesto Neto na galeria. O artista exibe trabalhos inéditos – entre esculturas vestíveis, fotos e uma instalação – que convidam o público a desacelerar o ritmo caótico da vida urbana para desfrutar de momentos de introspecção, acalmando a mente e ativando os sentidos.

 

Para Ernesto Neto, a manifestação do sagrado acontece em estados meditativos, através de profunda relação com a natureza. A exposição está repleta de elementos que evocam raízes e galhos, “…condutores entre a terra e o céu”, que permitem aos visitantes se conectarem. Sua ênfase em criar vínculos também manifesta-se na própria materialidade dos trabalhos, seja no tecido que se entrelaça para formar a trama do crochê – prática que se tornou central na obra do artista nos últimos anos – seja na escolha das cores, que variam entre tons de vermelho, laranja e verde, em mais uma associação com a terra e a copa das árvores.

 

No térreo da galeria, o artista apresenta uma série de obras que podem ser vestidas pelo público. “Recebo o Seu Amor, Enquanto Você Recebe o Meu”, é uma forma ameboide instalada na parede que se estende em dois braços, cada qual com uma espécie de tiara nas extremidades, repleta de cristais. As pessoas podem então colocar as tiaras na cabeça, conectando-se com a obra, com a outra pessoa e, em sentido mais amplo, com o próprio sagrado. Em outro trabalho, um manto de crochê desce do teto sustentando uma pesada esfera de água-marinha em seu interior. Para ativar a obra, três pessoas devem tirá-la dos cabides e vesti-la ao mesmo tempo – agindo assim apenas para manter o equilíbrio que impede a pedra de cair. Completam a montagem da exposição, série de fotografias feitas na Mata Atlântica, além de uma instalação no segundo andar, oferecendo uma experiência ainda mais imersiva.

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde ainda vive e trabalha. Ele tem sido tema de diversas exposições institucionais nos últimos anos, dentre as quais destacam-se: Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Em seu extenso currículo, também destacam-se suas recentes participações nas Bienais de Veneza (2017), de Lyon (2017) e de Sharjah (2013). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como: Centre Georges Pompidou (Paris), Daros Latinamerica (Zurique), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres), TBA21 (Viena), entre outras.

 

 

Até 02 de dezembro.