A obra de Lucas Finonho no MAR

11/jul

Uma das grandes promessas do circuito carioca de arte, o artista plástico Lucas Finonho vem da Baixada Fluminense, de onde ele traz reflexões sobre as constantes fragmentações e reconstruções que enfrenta, sendo um jovem preto e gay de periferia. Nascido e criado em Duque de Caxias. Sua primeira exposição individual “Imagem e semelhança”, entra em cartaz no mais carioca dos museus: o Museu de Arte do Rio (MAR) e permanecerá em exibição até 03 de novembro.

Com curadoria de Mélanie Mozzer e Osmar Paulino, o projeto começou a ser gestado em julho de 2023. Composta por 12 obras inéditas, cada tela traz o olhar com mais sensibilidade para as relações cotidianas, onde a pintura não é apenas um meio de expressão visual, mas também um diálogo entre a suavidade dos traços e a aspereza das texturas de brita. A inserção da pedra brita em suas obras, com sua natureza fragmentada, oferece uma metáfora visual potente para as complexidades da experiência humana contemporânea.

“Ter minha primeira exposição solo no Museu de Arte do Rio é, antes de tudo, romper com todas as baixas expectativas que recebo pela minha cor e pelo lugar de onde eu venho. Poder apresentar meu trabalho nessa grande instituição que vem lançando e transformando a vida de diversos artistas, é pra mim o início de uma promissora trajetória de conquistas e grandes responsabilidades”, afirma o artista.

“Esta exposição é um testemunho do amadurecimento do artista através de um longo processo de pesquisa que foi bastante enriquecedor, visto que além de artista, Finonho é um pesquisador que já carrega um repertório profissional extenso. Se eu pudesse dar um conselho, indicaria que o público não perdesse a abertura da exposição para contemplar este momento definidor na carreira do artista que terá um longo caminho dentro da cena de Arte Contemporânea”, palavras de Mélanie Mozzer.

Em sua pesquisa, Lucas se conforta ao se entender semelhante às grandes e fortes rochas formadas por pequenos fragmentos, ao fabular sobre a divina fundição de seus destroços. Assim como a natureza, que mesmo ameaçada pela negligência e exploração exacerbada, o artista busca se reconstruir a todo custo. A utilização de pedras em suas obras, o faz olhar para os vales sedimentares, percebendo na natureza a possibilidade de ressignificar as erosões e depressões da vida.

“Me inspiro nas coisas que lutam por existir, nas histórias de superação, tecnologias periféricas de sobrevivência, nos testemunhos de intervenções divinas e nos ciclos que observo na natureza, com seu grande poder de defesa e regeneração frente às violências que sofre”, completa o artista.
“A exposição “Imagem e Semelhança” do Finonho é uma contribuição para a sociedade na medida que ela busca apresentar reflexões sobre os problemas subjetivos do ser a partir das diversas mazelas sociais, e sua capacidade de encontrar o bem-estar através da manifestação do divino que se dá ao mesmo tempo a partir das experiências endógenas e exógenas do próprio ser”, diz Osmar Paulino.

Em Salvador urgências do mundo contemporâneo

10/jul

Por meio de uma parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia por meio do IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) exibe uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição, bem-sucedida em 2023 em termos de público e crítica, estará em exibição na capital soteropolitana até 28 de julho.

Salvador sedia uma das maiores exposições realizadas fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, com dezoito participantes: Citra Sasmita, Davi Pontes e Wallace Ferreira, Edgar Calel, Emanoel Araujo, Inaicyra Falcão, Julien Creuzet, Leilah Weinraub, Luiz de Abreu, M’Barek Bouhchichi, MAHKU, Malinche, Marilyn Boror Bor, Maya Deren, Quilombo Cafundó, Rosana Paulino, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Xica Manicongo.

A 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo ao abordar obras que tratam de transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, ao ressaltar diversas questões e perspectivas de maneira  Para os curadores, é crucial que a exposição alcance mais cidades, transcendendo os limites do Pavilhão da Bienal. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, enfatiza a importância não apenas de levar as coreografias do impossível para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições. Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, fala sobre a importância de receber um evento como a Bienal de São Paulo: “É uma responsabilidade muito grande para nós, do Governo do Estado da Bahia, recebermos a maior coleção da Bienal fora do pavilhão oficial. Isso é fruto de muita articulação e do compromisso que nós temos de valorização e difusão das expressões artísticas e culturais em nosso estado”, afirma.

Evento itinerante em Brasília

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF) e a Fundação Bienal de São Paulo levam para o Museu Nacional da República uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição estará em exibição em Brasília até 25 de agosto, com entrada gratuita. A capital nacional irá sediar a oitava exposição realizada fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, contando com treze participações artísticas: Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Katherine Dunham, MAHKU, Manuel Chavajay, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Zumví Arquivo Afro Fotográfico.

Para os curadores, sempre foi crucial que a exposição alcançasse outras cidades além de São Paulo. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Para o Secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, receber a 35ª Bienal de São Paulo no Museu Nacional da República representa um marco e um legado na ascensão da cultura do DF: “A Bienal de São Paulo é a maior exposição de artes visuais do hemisfério sul. E para nós é uma grande conquista trazer uma itinerância deste evento tão importante para o Museu Nacional da República, para a nossa cidade, que se firma cada vez mais como referência de arte contemporânea no Brasil. Na nossa gestão, todas as formas de cultura são valorizadas, sejam as artes cênicas com a reforma do Teatro Nacional, sejam as artes visuais com a parceria com a Fundação Bienal de São Paulo. A nossa missão é tornar o DF um polo cultural e um importante vetor na difusão da nossa cultura nacional”.

Primeira exibição em museu

09/jul

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand  (MASP), Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta até 17 de novembro, a primeira exposição individual de pinturas da artista Lia D Castro rm um museu. Seus trabalhos mostram momentos de intimidade e afeto em um processo de investigação sobre preconceitos, masculinidade, racismo e estruturas de poder.

É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. O público pode encontrar na exposição Lia D Castro: em todo e nenhum lugar, que reúne 36 trabalhos, sendo a maioria pinturas de caráter figurativo. As obras selecionadas exploram cenários onde o afeto, o diálogo e a imaginação se tornam importantes ferramentas de transformação social. O título da exposição parte da constatação da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão – em nenhum lugar -, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade – em todo lugar. Com curadoria de Isabella Rjeille e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, a mostra apresenta trabalhos que abrangem toda a produção da artista.

Lia D Castro utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nessas ocasiões e resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas de modo colaborativo. Nesses momentos, ela conversa com esses homens e os convida a refletir: quando você se percebeu branco? E quando se descobriu cisgênero, heterossexual? “Perguntas sobre as quais a artista não busca uma resposta definitiva, mas sim provocar um posicionamento dentro do debate racial, sobre gênero e sexualidade”, afirma a curadora Isabella Rjeille. As conversas de Lia D Castro com esses homens são permeadas por referências a importantes intelectuais negros como Frantz Fanon, Toni Morrison, Conceição Evaristo e bell hooks. Frases retiradas dos livros desses autores, lidos pela artista na companhia de seus colaboradores, são inseridas nas telas e misturam-se aos gestos, cenas, cores e personagens. O trabalho de Lia D Castro torna-se um lugar de encontro, embate e fricção, no qual ações, imagens e imaginários são debatidos, revistos e transformados. Com frequência, a artista insere referências a outros trabalhos por ela realizados, incluindo-os em outro contexto e, consequentemente, atribuindo novos significados e leituras a essas imagens. “Partindo da visão de Frantz Fanon de que o racismo é uma repetição, eu proponho combatê-lo com a repetição de imagens. Como a imagem constrói cultura e memória, ao colocar uma obra dentro da outra, busco criar novas referências estéticas”, comenta a artista.

Pinturas e metodologia artística

A produção de Lia D Castro é organizada em séries, sendo a maior delas “Axs Nossxs Filhxs”, presente nesta exposição. Desenvolvida na sala de estar e ateliê de Lia D Castro, um lugar de encontro e trocas, comerciais, intelectuais e afetivas, a série apresenta um processo criativo marcado por escolhas coletivas, da paleta de cores à assinatura das obras. A repetição é uma característica central: por meio desse recurso é possível reconhecer gestos, personagens e situações, assim como outras obras da artista que aparecem representadas nas telas, acumulando significados. A utilização do “x” no título da série se refere à diversidade de formações familiares e vínculos afetivos para além do parentesco consanguíneo ou da família heterossexual monogâmica. O uso do “x” também é utilizado para abarcar diferentes gêneros. Lia D Castro também se retrata em pinturas dessa série. Enquanto os homens estão nus, ela encontra-se vestida. Seu corpo é coberto por esparadrapos colados sobre a tela formando um longo vestido branco, na contramão da tradição histórica da pintura ocidental, em que a grande maioria dos nus são femininos. A artista subverte também pintando esses personagens em momentos de pausa, descanso, lazer, leitura e contemplação. “O caráter político da obra de Lia D Castro questiona o imaginário social que vincula violência e subalternidade a corpos não hegemônicos na arte ocidental”, afirma a co-curadora Glaucea Helena de Britto.

“Lia D Castro: em todo e nenhum lugar” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

Sobre a artista

Artista e intelectual, Lia D Castro nasceu em 1978, em Martinópolis, São Paulo, atualmente, vive e trabalha na capital paulista. A artista realizou exposições individuais no Instituto Çarê (2022), em São Paulo, e na Galeria Martins&Montero (2023), em São Paulo e na Bélgica. Dentre as exposições coletivas, destacam-se a 10ª Mostra 3M de arte – Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade, no Parque Ibirapuera, em São Paulo (2020); A verdade está no corpo, no Paço das Artes, São Paulo (2023); Middle Gate III, no De Werft, na Bélgica (2023); Hors de l’énorme ennui, no Palais de Tokyo, na França (2023); e Dos Brasis: arte e pensamento negro, no Sesc Belenzinho, em São Paulo (2023). Sua obra integra o acervo da Galeria Martins&Montero (São Paulo e Bélgica) e S.M.A.K., Stedelijk Museum voor Actuele Kunst (Bélgica).

Catálogo

Foi publicado um catálogo bilíngue, inglês e português, composto por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Lia D Castro. A publicação, organizada por Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Glaucea Helena de Britto, inclui textos de Ana Raylander Mártis dos Anjos, Denise Ferreira da Silva, Glaucea Helena de Britto, Isabella Rjeille e Tie Jojima. Com design do PS2 – Flávia Nalon e Fábio Prata, a publicação tem edição em capa dura.

Pontos de convergências

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para a abertura, no dia 10 de julho, da exposição “Visita ao acervo #4 – Diálogos”, com curadoria de Cecília Fortes, que selecionou obras dos artistas Abraham Palatnik, Bruna Snaiderman, Cristina Salgado, Eduardo Frota, Lenora de Barros, Liana Nigri, Livia Flores, Nuno Ramos, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Ronaldo do Rego Macedo, criando aproximações por temas, técnicas e materiais usados, formas, ou ainda “uma narrativa surreal imaginária”.

Esta é a quarta edição do programa que apresenta as obras do acervo de Anita Schwartz Galeria de Arte a partir de um recorte curatorial e permanecerá em cartaz até 24 de agosto. Cecília Fortes explica que nesta exposição “a proposta foi identificar pontos de convergência entre trabalhos, criando diálogos diversificados. Conexões que ocorrem de forma orgânica, estabelecendo conversas diretas em alguns casos e relações inusitadas, em outros”.

A curadora exemplifica: “Contornos do corpo feminino e suas camadas físicas e metafóricas, observados em planos positivo e negativo no ato escultórico”, conectam as obras “Presas em frestas, da série Vazante”, de Liana Nigri, em bronze e granito em liga, e “Mulher em dobras 1 (Vênus)”, de Cristina Salgado, produzida em 2022, com tapete e parafusos.

“A materialidade da tinta a óleo, que ganha corpo e se transforma em elemento marcante de composição”, estão nas pinturas “O céu como cicatriz, Tapetes”, de Nuno Ramos, em óleo e pigmento sobre papel, e “Sem título”, de Ronaldo do Rego Macedo, em óleo sobre tela.

“Esferas laminadas que preenchem o espaço expositivo com seus volumes repletos de ausências e ilusões óticas colocam em relação as criações de Bruna Snaiderman – “Sem título”, da série “Presença através da ausência”, em metacrilato e vinil, – e Eduardo Frota – “Esfera (com anel)”, em compensado industrial.

“Ondas sonoras derivadas da escultura “Sem título”, de Paulo Vivacqua – composta por alto-falantes, vidro, espelho e mesa de madeira, – se propagam pelo ar e reverberam na obra “W-H/112”, de Abraham Palatnik, em acrílica sobre madeira.

“Seguindo uma narrativa surreal imaginária, a relação das mãos que tocam pinturas de círculos brancos e pretos sobre pedra, no plano bidimensional na obra “Direita para esquerda, esquerda para direita”, de Rodrigo Braga, em impressão fine art sobre papel de algodão, mergulham nas formas e acessam a matéria expondo a sua tridimensionalidade em “Mão dupla 1”, de Lenora de Barros, da série “Performance escultura para mãos”, impressão em jato de tinta.

“O uso da geometria como elemento de abstração estabelece a relação entre as obras de Livia Flores – “Xu (06)” e “Xu (08) Plot”, em colagem sobre tela, – com os “Cadernos de confinamento 1 e 2”, de Renato Bezerra de Mello, desenho em tinta nanquim sobre folha de papel Canson.

Celebrando quatro décadas

08/jul

A galeria Simões de Assis completou 40 anos! Uma história iniciada em Curitiba, em 03 de julho de 1984, por Waldir Simões de Assis Filho. Desde a sua abertura, artistas como Volpi, Tomie Ohtake, Barsotti, Ianelli, Juarez Machado, Rubens Gerchman, Manabu Mabe, Jorge Guinle, Cícero Dias, entre outros, estiveram presentes em mostras na galeria.

Ao longo dos anos o time de artistas foi expandindo com importantes nomes como: Abraham Palatnik, Antônio Dias, Gonçalo Ivo, Ascânio MMM, José Bechara, Elizabeth Jobim, Angelo Venosa entre outros.

A Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente, para a produção latino-americana, trazendo expoentes da arte cinética e concreta internacional como Cruz-Diez, Sotto e Antonio Asis.

A Simões de Assis, administrada pelas duas gerações da família desde 2011, propõe uma revisão constante da produção artística do passado a partir de reflexões da arte contemporânea, e promove o diálogo transgeracional entre os artistas.

A galeria se especializou na preservação e difusão do espólio de importantes artistas como Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Ione Saldanha, Miguel Bakun e Niobe Xandó, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.

Dois eventos

05/jul

A Gentil Carioca convida para dois eventos imperdíveis neste sábado, dia 06 de julho, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Às 10h, Jarbas Lopes inaugura a exposição “poeta-poeta” no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Às 16h, Marcela Cantuária lança o catálogo da exposição “Transmutação: alquimia e resistência” no Paço Imperial, seguido de um bate-papo com a artista e a curadora Andressa Rocha.

A exposição “poeta-poeta”, de Jarbas Lopes, nasce a partir das leituras neoconcretas do artista sobre a série de poemas “Poetamenos” de Augusto de Campos. A mostra apresenta correlações experimentais entre livros, desenhos e instalações, integrando o processo que acompanhou a criação e publicação do “POETMINUS”, a primeira edição dos poemas em inglês, realizada pelo projeto Gráfica Editora Kadê, de Jarbas Lopes e Katerina Dimitrova.”POETAMENOS”, um conjunto de seis poemas coloridos, foi concebido em 1953 com estudos feitos à mão e depois datilografados com carbonos coloridos. Este trabalho é um marco da poesia brasileira e precursor da revolução poética da Poesia Concreta, criada por Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos a partir de 1956.

Até 03 de Agosto.

Às 16h, no Paço Imperial, Marcela Cantuária lança o catálogo da exposição “Transmutação: alquimia e resistência”, seguido de bate-papo gratuito e aberto ao público com a artista e uma das curadoras da mostra, Andressa Rocha. O catálogo, que conta com 72 páginas e textos de Aldones Nino, Andressa Rocha e Clara Anastácia, além de registros fotográficos realizados por Vicente de Mello, estará disponível tanto em formato físico quanto em e-book. A mostra, composta por obras recentes e inéditas, estará aberta até domingo, dia 07 de Julho.

Na Sala de vidro do MAM São Paulo

04/jul

Os avanços tecnológicos da corrida espacial entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, que culminou com a chegada do homem à Lua em 1969, estão no imaginário de Emmanuel Nassar. Mas o título de sua instalação Lataria Espacial, além dos aspectos científico e político, traz também um termo informal, que se refere a estruturas metálicas de veículos motorizados. Para o artista, lataria está associada ao termo “lata velha”, geralmente usado para designar o estado precário de grandes máquinas deterioradas. O trabalho aproxima opostos: a lataria envelhecida e com sinais de desgaste, o que há de primitivo e popular nas funilarias do subúrbio às missões espaciais e altamente tecnológicas que colaboraram para o desenvolvimento das comunicações via satélite. Há, nessa justaposição, algo do sonho e da fantasia de voar. Mas se o voo está ligado à imagem da liberdade que tanto aviões quanto pássaros evocam, uma das asas de Lataria Espacial está decepada, como se estivesse incrustada na parede. Dentro da Sala de Vidro do MAM São Paulo, a obra parece tratar mais da impossibilidade de levantar voos do que da completa realização do desejo de liberdade. O artista projetou e construiu seu próprio jato particular, que se assemelha aos aviões de brinquedo, mas é inspirado no modelo Phenom 300, da Embraer, que está entre os jatos executivos mais vendidos no mundo. Mas, em vez de fazer um elogio à alta performance e ao poder que uma aeronave de pequeno porte carrega, o artista aponta de modo irônico para as contradições sociais do país e para o contraste entre o imaginário da elite e do povo, justamente mostrando que essa separação já não é tão clara. Emmanuel Nassar valoriza as cores das chapas metálicas publicitárias e o que há de popular na periferia de centros urbanos, em especial de Belém do Pará. Embora, no presente trabalho, ele não se aproprie das placas descartadas, recorrendo ao zinco galvanizado, o conjunto de pinturas que formam o avião ecoa o improviso das soluções inventivas. Entre as marcas da poética de Emmanuel Nassar está o reconhecimento das gambiarras, as engenhocas provisórias, realizadas com poucos recursos, que resolvem problemas práticos do cotidiano. Lataria Espacial permite que os diversos públicos do MAM se divirtam ao serem recebidos com o prestígio e status de um tapete vermelho, brinquem, tirem selfies com a bagagem, como se estivessem prestes a embarcar num sonho que, embora não decole de modo literal, realiza-se na experiência única e generosa que a obra proporciona.

Cauê Alves (Curador-chefe do MAM São Paulo)

Sobre o artista

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, em Capanema. Formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1975. Teve mostras retrospectivas, dentre as quais Lataria Espacial, Museu de Arte do Rio, (2022); EN: 81-18, Estação Pinacoteca, São Paulo, (2018); A Poesia da Gambiarra, com curadoria de Denise Mattar, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Brasília, DF (2003); e Museu de Arte Moderna de São Paulo, (1998). Também realizou individuais em diferentes instituições, como: Galeria Millan, São Paulo, SP (2016, 2013, 2010, 2008, 2005, 2003); Museu Castro Maya, Rio de Janeiro, (2013); Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, (2012): Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, (2009); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, (2003). Entre as mostras coletivas de que participou, se destacam I Bienal das Amazônias, Belém, Brasil; Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, DF e Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Belém, PA, em 2023; Desvairar 22, Sesc Pinheiros, São Paulo, (2022); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, (2021); Língua Solta, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, (2021); Potência e Adversidade, Pavilhão Branco e Pavilhão Preto, Campo Grande, Lisboa, Portugal (2017); Aquilo que Nos Une, Caixa Cultural Rio de Janeiro, (2016); 140 Caracteres, Museu de Arte Moderna de São Paulo, (2014); O Abrigo e o Terreno, Museu de Arte do Rio, (2013); Ensaios de Geopoética, 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2011); VI Bienal Internacional de Estandartes, Tijuana, México (2010); Fotografia Brasileira Contemporânea, Neuer Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha (2006); Brasil + 500 – Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paulo, (2000); 6ª Bienal de Cuenca, Equador (1998); 20ª e 24ª Bienal de São Paulo, SP (1998 e 1989); representação brasileira na Bienal de Veneza, Itália (1993); U-ABC, Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; e a 3ª Bienal de Havana, Cuba (1989). Suas obras integram coleções como a Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York e Caracas, Venezuela; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, e University Essex Museum, Inglaterra.

Até 25 de Agosto.

Carlos Dias na Choque Cultural

03/jul

O multiartista Carlos Dias apresenta o happening “Desenho Cego” na Choque Cultural, sábado, dia 06 de julho, das 11 às 17hs, Alameda Sarutaiá, 206, Jardim Paulista, São Paulo, SP. Em 2024, comemorando duas décadas de parceria, Carlos Dias foi convidado para uma participação especial na exposição 2024 – Coletiva Choque 20 Anos! Além de pinturas inéditas, Carlos Dias apresentará um evento performático que tem desenvolvido nos últimos anos: o Desenho Cego – onde música e pintura se encontram em simbiose criativa.

DESENHO CEGO: ao som ambiente produzido também ao vivo pelo músico Kaue Garcia @lugardepala, Dias e Midi @midiyumi farão desenhos e pinturas com os olhos vendados.

Carlinhos Dias foi dos primeiros artistas a se apresentar na Choque em 2005, na emblemática exposição “Catalixo” – que mapeava as novas linguagens urbanas que estavam transformando a paisagem paulistana (e também o cenário artístico da cidade). Na época, Carlos Dias era um ativo participante do núcleo de artistas dedicados às imagens impressas (cartazes, flyers, sticker art e graphic design-art). Carlos Dias também experimentava outras linguagens (música, animação e se apresentava em shows com suas bandas). A partir de então, o artista passou a se dedicar com mais intensidade à pintura, mídia com a qual se projetou definitivamente nos círculos de colecionadores nacionais e internacionais.

Sua participação no ambiente artístico sempre foi múltipla e não-convencional – seja nos ambientes alternativos ou regulares, em museus, galerias, no rádio, na TV ou no showbizz. Carlos Dias participou de importantes exposições nacionais e internacionais promovidas pela Choque: coletivas na Inglaterra, França e Estados Unidos, como Ruas de São Paulo em Londres em 2007, Choque em Basel 2008, São Paulo Streets em Los Angeles em 2008, Dentro e Fora no MASP em 2009 e a exposição individual um Passo Ao Seu Alcance no Paço das Artes em 2012.

Fauna e flora por Fabi Cunha

Exibição individual de Fabi Cunha apresenta recorte com obras inéditas, sob curadoria de Jozias Benedicto na Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A partir do dia 17 de julho, no centro das atenções e do espaço expositivo da Galeria de Arte Ibeu, estará a instalação “ALTAR”, que intitula a individual da artista carioca Fabi Cunha e tem trabalhos selecionados pelo curador Jozias Benedicto. Até 09 de agosto.

Para a criação desta obra, a artista utilizou um altar antigo que foi herdado de sua avó: na composição concebida por ela, foi ornado com pinturas e recebeu plantas naturais em seu interior. A individual ocupará a galeria até o dia 08 de agosto, onde apresenta cerca de 25 telas das séries “Santos” e “Impressões da Mata Atlântica”, algumas de 2024 e outras de 20 anos atrás – quase todas mostradas ao público pela primeira vez. O corpo do trabalho de Fabi Cunha é baseado em sua pesquisa sobre a fauna e flora do lugar onde vive, em plena reserva biológica, que serve de material criatório e é onde a artista mantém o seu ateliê.

“Enquanto examino as obras que a artista Fabi Cunha traz para “ALTAR”, sua exposição individual na Galeria Ibeu, fico imaginando o espaço – casa, ateliê da artista – onde as obras foram concebidas e executadas com esmero: incrustado na Mata Atlântica, montanhas ao fundo, o cheiro da chuva sobre a relva, sobre as folhas secas, “os verdes depois das chuvas”, passarinhos cantando solitários ou em bandos, animais de médio porte que encaram em desafio os invasores, nós, os ditos civilizados. Penso em poetas como Adélia Prado que, na simplicidade cotidiana de Divinópolis, Minas Gerais, encontra rotas para o sagrado, para a transcendência, e leio como Fabiana descreve seu processo criativo: “sua inspiração é a natureza, onde a artista se conecta com o divino e encontra paz interior”. Mais do que uma fé em ritos formais de religiões institucionalizadas, a artista navega em pensamento e sensibilidade e encontra a sua conexão com o divino através da natureza e da arte. São pinturas em sua maioria de grandes tamanhos, e mostram flores, árvores, folhagens, borboletas, passarinhos e também santos, criaturas que fazem a intermediação entre o humano e o sagrado. São figuras em meio a abstrações muito coloridas, “massas de cor e raios de luz, que apontam para um progressivo desprendimento da forma”, inspiradas na luxuriante paisagem que a circunda. Como o irmão do poeta no estágio de ser árvore, o olho da artista “aprendeu melhor o azul”.

Assim como a natureza invade as pinturas de Fabiana, sua obra deixa o bidimensional e invade o espaço com objetos/instalações feitos a partir de madeiras e resíduos coletados na Mata Atlântica. Um deles, o Altar, sintetiza a pesquisa da artista e dá nome à mostra, uma obra em progresso, uma instalação viva, ao centro do espaço expositivo, que desafia os visitantes a não serem apenas espectadores e sim participantes: a permanência da vida das plantas no Altar depende dos visitantes que façam um pequeno gesto, regando-as com os borrifadores que a artista deixa à sua disposição. Sim, todos podemos fazer pequenos gestos e com estes pequenos gestos contribuirmos muito para a vida, para a sobrevivência da humanidade e do planeta”.

Trecho extraído do texto curatorial de Jozias Benedicto, que também é escritor e artista visual.

Sobre a artista

Fabi Cunha é uma artista intuitiva e autodidata que busca a sua inspiração na Natureza, onde se conecta com a sua base de pesquisa e encontra o mote para os seus trabalhos. Entre as individuais em 2018, merecem destaque: “Impressões da Mata Atlântica”, no Washington Park Hotel; “LukLux Design”, Nautilus Hotel, em Miami e Valencia College, em Orlando. No mesmo ano, a artista foi convidada para pintar um mural permanente no Washington Park Hotel, em South Beach, Miami. Já em 2019 participou da ExpoNY, em Nova Iorque, e no Brasil, no evento Gamboa de Portos Abertos, e da coletiva Sua Majestade Arte, na Casa da Princesa Isabel, em Petrópolis; neste mesmo ano, em novembro, ainda realizou individual na Galeria Metara, no Rio de Janeiro. Em 2022, apresentou “Reconexão”, com pinturas, esculturas e obras instalativas, somando cerca de 50 trabalhos, no Centro Cultural Correios RJ.