A paisagem tropical de Duda Moraes

03/jul

Nascida em 1985, a artista carioca Duda Moraes, mostra seu trabalho atual, que traz as cores da Mata Atlântica e a vibração do Rio de Janeiro, referência e marca em sua pintura, e o processo de amadurecimento vivido após sete anos radicada em Bordeaux, na França. A exposição “Entre force et fragilité, e a continuação do gesto”, que inaugura no dia 10 de julho, na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, propõe uma imersão pelo caminho percorrido pela artista, e começa por um grande painel na parede central do espaço térreo da galeria, composto por seis pinturas em cores fortes e vibrantes, cada uma medindo 1,95 metros de altura por 1,30 metros de largura, com a paisagem tropical, uma característica marcante de seu trabalho. Na parede lateral direita, três telas menores trazem o olhar carioca da artista sobre as delicadas flores primaveris da cidade francesa. Na parede oposta, está uma grande peça medindo 3,60 metros de altura por 2,60 metros de largura, uma composição de tecidos nobres de descarte de empresas francesas de estofamento, em que Duda Moraes mantém o olhar e o gesto da pintura usando tesoura e máquina de costura. “Não pinto flores. São elas que me dão vontade de pintar”, afirma a artista. “Tem as questões do feminino, a ambiguidade entre força e fragilidade, e exploro muito o gesto, as formas, o equilíbrio das cores”. Duda Moraes estará presente na abertura da exposição. O texto crítico que acompanha a mostra é de Élise Girardot, com tradução do texto em português de Madeleine Deschamps.

Graduada em desenho industrial pela PUC Rio em 2010, Duda Moraes trabalhou por cinco anos na criação de estampas para a indústria têxtil e grandes marcas de moda, no escritório de Ana Laet. Criada em ambiente artístico – sua mãe, a artista Gabriela Machado, a levava para onde ia, ateliê, exposições – Duda Moraes realizou o que realmente desejava fazer após ter frequentado um curso com Charles Watson. Fez exposições em Belo Horizonte e no Rio, cidade em que vivia intensamente, seja no contato com a natureza, ou nas rodas de capoeira e de samba, onde cantava. No final de 2016, entretanto, um acontecimento iria levá-la para outro universo, muito distinto: a paixão fulminante por um mestre de capoeira a fez se mudar para Bordeaux, onde casou e teve seu primeiro filho, nascido antes da pandemia.

“Entre force et fragilité, e a continuação do gesto” apresenta este percurso vivido por Duda Moraes, que atravessou a mudança de país e continente, com uma cultura muito diferente da sua, e de status social, com o casamento e a maternidade, e a pandemia no meio. “Quero mostrar no Rio esta minha passagem, a maturação deste tempo em que estou na França, sete anos, um número marcante, como um primeiro ciclo”, diz a artista.

 

Duas exibições prorrogadas

02/jul

As exposições “Toda Noite”, de Vicente de Mello” e “Dragão Floresta Abundante”, de Christus Nóbrega, foram prorrogadas até 15 de julho. Elas estão em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

“Toda a Noite” comemora os 33 anos de carreira de Vicente de Mello e reúne 13 séries marcantes de seu trabalho de experimentação fotográfica em distintas técnicas e criações. Uma noite que se repete indefinidamente é o mote da exposição que ocupa o primeiro andar do Centro Cultural Justiça Federal. Na mostra, a poética do artista se desenvolve na transvisão da fotografia: “as imagens com os mais diversos tons de claro-escuro provocam um deslocamento do real”, diz o fotógrafo, que venceu o prêmio APCA 2007 e foi um dos ganhadores do Prêmio CCBB Contemporâneo 2015, entre outros.

“Dragão Floresta Abundante” revela a aventura do primeiro artista brasileiro em residência na CAFA/Pequim, na China. As pesquisas e impressões de Christus Nóbrega resultaram em instalações que ocupam as salas do segundo andar do centro cultural e surpreendem, não apenas pelo tamanho, mas, principalmente, pela forma instigante e provocativa, e também pelo humor fino e inteligente com que o artista exibe as experiências vividas no período da residência. A mostra propõe uma rede de reflexões sobre diferentes tecnologias, desde as mais arcaicas – como a pipa – até as mais modernas como o GPS de celular. A começar pelas imagens: todas  – exceto os autorretratos – foram geradas por IA.

Cerâmicas na Galeria Mercedes Viegas

A artista Jacqueline Belotti inaugura no dia 06 de julho, exposição individual “E DE TODAS AS COISAS UM”, com cerâmicas e porcelanas na Galeria Mercedes Viegas, Horto, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Paula Terra-Neale. Integrando elementos díspares e construindo peças que contenham acontecimentos, informações e objetos de universos multifacetados, Jacqueline Belotti vai moldando, manualmente suas obras, sempre agregadas a um caráter experimental. Paula Terra-Neale, que faz a curadoria, selecionou 15 cerâmicas e porcelanas de produção recente. A argila, nas mãos da artista, se torna um meio para transmitir histórias, emoções e visões únicas, ecoando o poder da criação que celebra. Da argila bruta ao objeto final, a magia do processo artístico dá nova vida e significado à matéria, que pode assumir a forma de folhagens, rosas, orquídeas, entre outras flores – inventadas ou não – mãos, cabeças, pássaros, asas, peixes, conchas, vegetação marinha, misturados a cacos de cerâmica diversos.

Inspiração em Bordalo Pinheiro e Heráclito

Segundo a artista, a obra de Bordalo Pinheiro sempre foi uma fonte inesgotável de inspiração para o seu trabalho: “Sua capacidade de combinar técnicas tradicionais com uma abordagem inovadora e crítica ressoa profundamente com minha própria prática artística”. Mas é do conceito de “harmonia dos contrários”, do filósofo Heráclito, que vem a inspiração para dar forma às suas cerâmicas, que parecem afirmar que os opostos não são apenas necessários para a existência de tudo, mas também a harmonia e a unidade emergem da tensão entre eles. A artista incorpora ao seu processo de criação a visão de que a realidade é caracterizada pela mudança constante e pelo fluxo, tudo está em constante transformação e os opostos são interdependentes. A “harmonia dos contrários” sugere que a tensão e contraste entre os opostos cria um equilíbrio dinâmico. Assim como para Heráclito, essa tensão e contraste são fundamentais para a ordem e a estrutura das suas obras únicas, sempre se transformando mas mantendo a harmonia através do conflito contínuo entre todas as partes da obra. Cada peça de Jaqueline é uma expressão desse espírito.

A palavra da curadora

“Jacqueline Belotti nos apresenta sua mais recente série de trabalhos: são vasos biomórficos de cerâmica em argila e porcelana esmaltados, produzidos desde 2020. O senso de urgência, de iminência da tragédia e de potência de vida transpiram deles. São peças únicas e elaboradas com experimentalidade técnica e sofisticação intelectual. Apresentam um deslocamento delicado e conflituoso entre as pequenas partes; os pequenos dramas equilibrados na totalidade da peça única, o vaso. As formas de cada uma das partes individuais, que podem ser associadas às da flora e da fauna, incluindo as dos corpos feminilizados, são aqui amalgamadas num todo fluído, e contínuo como que na tradição barroca e do rococó, mas com um toque de surrealidade. O fogo da queima unindo pigmentos e pedra num ardor sensual e erótico. A artista cria seu próprio diálogo e exploração com a cerâmica, não apenas com o material em si, mas na possibilidade de trabalhar nele as questões da arte, as questões subjetivas, e empreender uma reflexão crítica sobre processos históricos, num mesmo mergulho”.

Sobre a artista

Jacqueline Belotti vive e trabalha no Rio de Janeiro. Atua por múltiplos meios e procedimentos em exposições individuais e coletivas. Participou de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil, Portugal e Inglaterra. Recebeu o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, 2014 e o Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais, 2013, da Fundação Nacional de Artes, Ministério da Cultura/BR. Pesquisadora e PhD em Artes Visuais. Lecionou na Universidade Federal do Espírito Santo.

Até 09 de Agosto.

Exposição Coletiva Diadorim

01/jul

A NONADA SP, Praça da Bandeira, Centro, São Paulo, SP, exibe até 21 de agosto a mostra  coletiva “DIADORIM”, sob curadoria de Guilherme Teixeira reunindo 17 artistas em torno de 19 obras que exploram temas como corpo, inadequação, pertencimento e gênero, utilizando diversas técnicas e suportes, incluindo pintura, escultura, fotografia, desenho, objetos, videoarte, performance e instalações, atualizando questões conceituais do clássico “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa, obra da qual a galeria retirou seu nome e conceito. A exibição permanecerá em cartaz até 31 de agosto.

Diadorim, um personagem que se veste como homem para acompanhar os cangaceiros e proteger-se, traz à tona discussões contemporâneas sobre construção de gênero e performance social. Esta narrativa literária oferece um ponto de partida para a reflexão sobre identidades de gênero e seus desdobramentos na sociedade atual.

Guilherme Teixeira, o curador, é reconhecido por seu trabalho que atravessa temas de identidade, sexualidade e pertencimento. A seleção de um grupo diversificado de artistas possibilitou a exibição de suas próprias perspectivas e experiências para o evento. Esta abordagem pluralista permite uma ampla gama de interpretações e provocações sobre as temáticas abordadas. Andre Barion, Andy Villela, Ana Matheus Abbade, Ana Raylander Martís dos Anjos, Amorí, Bruno Magliari, Rafaela Kennedy, Santarosa, Juno, Ode, Diambe, Daniel Mello, Domingos de Barros Octaviano, Linga Acácio, Flow Kontouriotis, Wisrah C. V. da Celestino e Nati Canto trazem uma diversidade de estilos e abordagens. A pluralidade de técnicas e temas reflete o compromisso da NONADA em proporcionar um espaço para a diversidade artística e cultural.

NONADA, cujo nome deriva de um neologismo criado por João Guimarães Rosa, tem como missão preencher lacunas na cena artística contemporânea, promovendo um espaço inclusivo e de experimentação. Seus fundadores, João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo, destacam que a NONADA é um espaço híbrido que acolhe, expõe e dialoga, oferecendo uma plataforma para trabalhos de alta qualidade que abordam temas políticos, identitários e de gênero, entre outros.

Por dentro da paisagem

A exposição coletiva de arte cubana com Alejandro Lloret, Alexis Iglesias e J. Pável Herrera está em cartaz no Instituto Cervantes de São Paulo.

O Instituto Cervantes de São Paulo, Avenida Paulista, inaugurou a exposição “Por dentro da paisagem”, com pinturas e desenhos que mostram manifestações da arte cubana contemporânea, rica em simbolismo e reflexão, tem revelado uma tendência na ressignificação da paisagem e dos objetos do cotidiano através de um olhar singular dos artistas insulares. Na mostra, Alejandro Lloret (1957) Alexis Iglesias (1968), e J. Pável Herrera (1979) se destacam neste movimento, cada um trazendo uma perspectiva única e profunda sobre os espaços da paisagem e suas possibilidades significativas.

Com suas abordagens distintas, os três artistas convergem em uma visão que transcende o mero aspecto visual das paisagens. Eles convidam o espectador a uma contemplação mais profunda, onde cada espaço vazio, cada recorte da paisagem e cada objeto abandonado revelam histórias ocultas e significados transcendentais. Através de suas obras, nos oferecem uma ressignificação do olhar, uma oportunidade de enxergar o mundo com uma percepção mais aguçada, sensível e atemporal, conectando o material ao imaterial e o cotidiano ao permanente.

Rocket na Alma da Rua I

A Galeria Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP,  inaugurou a exposição “Antigos Agoras” do artista Rocket. A mostra fica em cartaz até 31 de julho, oferecendo ao público uma perspectiva única sobre a evolução da arte urbana e as influências que moldaram o trabalho do grafiteiro.

“Antigos Agoras”, sob curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap,  propõe uma reflexão sobre cenas e ideias que evocam memórias e experiências passadas, muitas vezes despercebidas no cotidiano. Este conceito dialoga com a história da arte urbana, que sempre buscou capturar e refletir as dinâmicas sociais e culturais das cidades. A técnica de Rocket, que utiliza humanoides como elemento central, propõe uma nova interpretação da figura humana e suas interações com o espaço e as cidades. Seu estilo se alinha à tradição da arte de rua, que historicamente tem sido uma forma potente de expressão e resistência cultural.

A exposição na Galeria Alma da Rua I oferece uma oportunidade valiosa para explorar a trajetória do grafite e sua influência na cultura contemporânea. A galeria, conhecida por seu apoio à arte urbana e seus criadores, reafirma seu compromisso com a promoção e valorização deste movimento cultural.

Sobre o artista

Rocket, nascido no bairro Jardim São Pedro, no extremo leste de São Paulo, iniciou sua prática no grafite em 2006. Suas primeiras influências vieram do movimento Hip-Hop, dos amigos e da rebeldia típica da adolescência. Integrante da crew de grafite OTM, Rocket desenvolveu um estilo distintivo que se concentra na criação de personagens humanoides, caracterizados por traços respingados, cores vibrantes e anatomias não convencionais.

Sobre Mares rios e CORES

28/jun

Exposição itinerante sobre arte ambiental inaugura em Fortaleza, CE, com curadoria de Angela de Oliveira e Francisco Ivo na ARTIVO Galeria em exibição até 23 de julho.

Nunca foi tão urgente e necessário falar sobre a preservação do meio ambiente e os impactos cada vez mais evidentes da devastação no planeta. “Mares rios e CORES”, mostra sobre arte ambiental que inaugura na ARTIVO Galeria, apresenta justamente, como principais objetivos, conscientizar acerca destas questões e promover sua conservação, reforçar a comunicação e a participação cidadã na defesa da natureza, incentivando o compromisso político e pessoal contra o aquecimento global e seus efeitos. A exposição abre para visitação no dia 28 de junho, sob curadoria de Angela de Oliveira e Francisco Ivo, e depois de Fortaleza segue para Olinda e Búzios, além de outras cidades pelo Brasil e exterior. Trata-se de um manifesto artístico coletivo em prol da preservação dos rios, mares e florestas em um circuito muito especial: “Através da arte, podemos nos questionar o impacto humano no meio que nos cerca, a forma com que obtemos recursos energéticos para a manutenção da vida material e, por fim, refletir para onde estamos caminhando. Pretendemos passar isso instigando olhares sobre nossas composições artísticas”, diz a curadora Angela de Oliveira, que também idealizou a mostra.

Os artistas irão expor obras produzidas a partir de materiais diversificados, cada qual com sua identidade, e todos focados na temática proposta; a natureza também servirá como pano de fundo para as exibições. Nessa pluralidade de abordagens e expressões, será estabelecido um diálogo com públicos diversos, em diferentes cidades do mundo. Representantes de vários estados brasileiros, entre os nomes selecionados estão: Albina Santos, Andréa Noronha, Colenese, Cybele Fortes Odoni, Francisco Ivo, Flávio Henrique Silveira, Gisele Faganello, Graça Prado, Heloisa Zorzi, Itala Macedo, Lisiane Trindade, Luiz Carlos Lima, Maria Libonati, Mariângela Rettore, Marlene Kirchesch. Marly Ramos, Mauro Kersul, Rosângela Sampaio, Rose Maiorana, Tania Castro, Tuka Carrilho e Tarso Sarraf.

A Art 100 Gallery, que assina a produção do evento e está localizada em Porto Alegre, RS, testemunhou o impacto da recente tragédia ambiental ocorrida no estado do Rio Grande do Sul, o que só reforçou seu compromisso com o projeto que tem como madrinha Rose Maiorana – executiva do Grupo Liberal, empresária e artista plástica de Belém do Pará -, uma fomentadora da arte no norte do país. Rose Maiorana é responsável, com o premiado fotógrafo Tarso Sarraf, pelo projeto “Amazônia Líquida”.

Texto curatorial de Andrea Cardoni

“Assim como o sangue corre em nossas veias, os rios são as veias da Terra. Assim como os rios seguem para o mar, nosso sangue segue em direção a todos os cantos e células de nosso corpo. A natureza é generosa e soberana, estamos acabando com a fluência de suas águas. Na natureza, a vida flui para nos abrigar, como podemos experimentar e cuidar desse harmonioso abrigo? Muito mais que um pedido, é uma súplica: olhem os Mares, dêem passagem aos Rios, se encantem com todas as suas Cores. Nada disso é nosso, a relação é outra, nós somos parte da natureza, ao mesmo tempo que ela é parte de nós. No apelo da Terra, sentindo seus rios sangrarem, seus mares bradarem, nasceu o projeto Mares, Rios e Cores. Ouvindo o chamado de sua alma para despertar o coração dos homens, Angela de Oliveira concebeu esse projeto que fundamenta um movimento para que, através das cores da arte, na fluência caudalosa de rios emocionais, os artistas pudessem desaguar em mares de esperança, cuidado e fé. Rose Maiorana vem como madrinha desse movimento para expandir ainda mais o seu alcance. Estão sendo tocados por esse chamado vários artistas de diversos países, que criarão suas obras para alcançar seu coração, despertar sua mente e mover seus corpos junto conosco no sentido de cuidarmos na nossa natureza. No contato sensível com as obras, queremos chamar a natureza humana que nos difere dos outros animais no ato de sentir. Promovendo uma conexão maravilhosa da sua natureza com a natureza que fazemos todos parte”.

MASP apresenta Catherine Opie

27/jun

Artista norte-americana faz primeira mostra individual no Brasil e exibe seus retratos nos icônicos cavaletes de cristal em diálogo com obras do acervo do museu desde 05 de julho até 27 de outubro.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato”, com obras de um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea. Catherine Opie (Sandusky, Ohio, EUA, 1961) foi uma das precursoras na discussão sobre questões de gênero entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Sua produção dialoga com a tradição do retrato – um dos mais tradicionais gêneros da pintura ocidental – de modo a dar legitimidade a novos corpos, subjetividades e experiências que emergem na sociedade contemporânea. Em suas fotografias, Catherine Opie retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, a mostra reúne 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas. Os retratos de Catherine Opie figuram ao lado de 21 importantes pinturas da coleção do MASP, entre elas, de Pierre-Auguste Renoir, Hans Holbein, Anthony van Dyck e Van Gogh. As obras são apresentadas em diálogo com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações aos quais o trabalho de Catherine Opie se propõe, além de desdobrar a predileção pela arte figurativa, marca da coleção do museu.

A artista explora o gênero clássico do retrato assumindo algumas de suas características, – fundo neutro, os gestos com as mãos, as expressões e os enquadramentos – e adiciona novos elementos, como a diversidade de gênero, as práticas sexuais, os corpos distintos e os relacionamentos familiares homossexuais. “É fundamental que todos os seres humanos sejam legitimados, isso é necessário para a inclusão de todas as pessoas, para a humanidade. Ao utilizar a estética tradicional do retrato, conforme a minha visão sobre a retratística, busco manter o espectador envolvido na obra durante a observação. Além disso, é uma forma de redefinir o corpo queer dentro de uma formalidade conhecida, e não tratar apenas de uma fotografia documental”, comenta Catherine Opie.

Obras e referências

A fotógrafa tem como uma de suas principais referências o pintor Hans Holbein (1497-1534), inspirando-se nos elementos formais que compõem os retratos do pintor alemão, como o uso da cor chapada ao fundo, especialmente o azul. Suas produções também se assemelham por se tratar de conjuntos de retratos que carregam um sentido de comunidade. Em Holbein, tal recorrência reafirma a ascendência ou a aliança familiar. Já em Catherine Opie, as conexões se sustentam por amizade, identificação e proteção, como em uma galeria de retratos de uma espécie de nobreza queer. Na exposição, a fotografia JD da série Girlfriends (Color) (2008) da artista, é apresentada ao lado da pintura O poeta Henry Howard, conde de Surrey (Circa 1542), de Holbein, o que dá destaque às suas semelhanças e particularidades. “Trata-se da apropriação da tradição e de marcadores associados às elites para dar a mesma condição de visibilidade a gêneros que muitas vezes não fizeram parte do universo de possibilidades da representação”, reflete Guilherme Giufrida.

Being and Having (Ser e ter) (1991) foi a primeira série de retratos de Catherine Opie apresentada em uma exposição individual. A série é composta por 13 fotografias que retratam performances de figuras masculinizadas por seus atributos, como bigodes ou bonés, denominadas drag kings. Ao invés do nome oficial da pessoa retratada, Catherine Opie optou pelo nome fictício, de identificação coletiva e afetivo dentro do grupo de amigas do qual faz parte. O título é uma paródia das teorias de Jacques Lacan (1901-1981) sobre o lugar do falo na construção da sexualidade. Essa série inaugurou no trabalho de Catherine Opie um conjunto de retratos em estúdio que se estende até hoje, sendo que alguns deles possuem referências internas, como a cor de fundo vermelha, as roupas, a pose e o banco que se repetem propositalmente em Pig Pen (1993) e Elliot Page (2022). A fotografia do ator, produtor e diretor canadense Elliot Page, conhecido por produções de sucesso como o filme “Juno”, ilustra a capa de sua biografia Pageboy, que conta a história do seu processo de transição de gênero.

Sobre a artista

Catherine Opie nasceu em Sandusky, em Ohio, USA, em 1961. Atualmente, vive e trabalha em Los Angeles, onde foi também professora no departamento de Artes da Universidade da Califórnia (UCLA). Desde o fim dos anos 1980, realizou diversas exposições individuais em instituições de reconhecimento internacional, como o Guggenheim Museum (Nova York), Los Angeles County Museum of Art (Los Angeles), Regen Projects (Los Angeles), Thomas Dane Gallery (Londres), Institute of Contemporary Art (Boston e Canadá). Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como Guggenheim Museum, Institute of Contemporary Art, J. Paul Getty Museum, Museum of Contemporary Art, Museum of Fine Arts, National Portrait Gallery, Tate e Whitney Museum.

Catálogo

Serão publicados dois catálogos, em inglês e português, compostos por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Catherine Opie. A publicação é organizada por Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida, e inclui textos de Ashton Cooper, David Joselit, Guilherme Giufrida, Jack Halberstam e Vi Grunvald. Com design do Estúdio Permitido, a publicação tem edição em capa dura.

A exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+ que também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

Exposição no Instituto Ling

26/jun

 

A inauguração da exposição “Livro Verde” exibição individual de Michel Zózimo no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, será no dia 02 de julho, terça-feira, às 19h, com bate-papo entre o artista, a curadora e o público. A mostra permanecerá em cartaz até 11 de outubro.

Livro Verde – Michel Zózimo

O que separa a cobra do tronco? O focinho da trufa? O cheiro da chuva? O pelo do gato? O canto do pássaro? A pedra do frio? O gosto da uva? A raiz da terra? O bico da fruta? A maçã do pavão? A língua da formiga? A semente do abacate? A jaca do céu? O mel da abelha? O rato dos restos? A orelha da rã? A gralha do galho? O verme do vivo? O rio do silêncio? O caju da lágrima nordestina?

A exposição “Livro verde”, de Michel Zózimo, reúne um conjunto de 15 desenhos e uma grande colagem feita a partir de recortes de toda sorte de animais, retirados de antigas enciclopédias naturalistas. Estes trabalhos encontram-se expostos no ambiente, e os desenhos, reproduzidos em um livro de artista de mesmo nome, também disponível na exposição. Há tempos intrigado pelas imagens que os livros de ciências naturais criam para as coisas, Zózimo vem desenvolvendo um conjunto de trabalhos que se relacionam intimamente com o universo das enciclopédias. A verve classificadora que animou intelectuais desde a antiguidade, tanto na tradição ocidental quanto na oriental, buscava circunscrever as fronteiras dos fenômenos e dos seres, isolando o máximo possível suas singularidades. Em direção oposta, a literatura, a arte, as narrativas míticas descortinam a porção arbitrária das divisões e a permeabilidade dos contrários.

O desenho abismal de Michel Zózimo engendra um espaço antes do tempo, onde um animal habita o outro, um olho de cavalo sai de uma folha, um sorriso surge no escuro da mata.  Feitos em lápis aquarela e nanquim sobre papel algodão, construídos mediante um processo de densidades de pontilhados, nuances cromáticas, padronagens diversas de acordo com a pele das coisas, esses trabalhos parecem vindos do avesso de um livro raro, onde o desenho não se separa da mão que o fez, e o olho que vê é o corpo inteiro.

Gabriela Motta – Curadora

Sobre a curadora

Gabriela Kremer Motta nasceu em Pelotas (1975). É pesquisadora, crítica, curadora em artes visuais e professora adjunta no Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – DAV-UFRGS. Desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado junto ao PPGAV – UFPEL, na qual propunha a criação de vinhetas radiofônicas sobre arte contemporânea aproximando as noções de performance e curadoria. Como curadora, realizou projetos em diversas instituições, tais como Instituto Ling, Fundação Iberê Camargo, MACRS, MAC Niterói, Itaú Cultural e SESC Santa Catarina, entre outras. Também teve artigos publicados em livros, catálogos e anais. Atualmente, desenvolve o projeto de pesquisa Documentação como preservação – a arte contemporânea no museu.

Sobre o artista

Michel Zózimo nasceu em Santa Maria (1977) e vive e trabalha em Porto Alegre. É doutor em Artes Visuais pelo IA da UFRGS e professor do Colégio de Aplicação da UFRGS. Ele tem dois livros publicados através de Prêmios de Incentivo à Produção Crítica da FUNARTE e, em 2011, recebeu o Prêmio Residência Artística do PECCSP no Hangar, em Barcelona. Entre suas principais mostras estão o Programa de Exposições do Centro Cultural de São Paulo (2010); Rumos Artes Visuais (Itaú Cultural, SP, 2011); Temporada de Projetos Paço das Artes (SP, 2012); 9ª Bienal do Mercosul (Memorial do Rio Grande do Sul, 2013); Festival Vídeo Brasil (SESC São Paulo, 2014); Soft Cover Revolution (Fundación Arte Vivo Otero Herrera, Madri, 2015); RS XXI (Santander Cultural, Porto Alegre, 2017); e 36º Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 2019). Em 2021, realizou a individual O nome vem depois, com curadoria de Lilia Schwarcz, na Sé Galeria, e, em 2023, participou do Artist-in-residence Programm des Salzburger Kunstvereins, produzindo a publicação de artista BERG.

A arte de Renato Gosling no Museu FAMA

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.

Sobre o artista

Renato Gosling, nasceu em 1976, é natural de São Paulo, SP. Em sua obra apropria-se de um trabalho paralelo e sinérgico ao mundo contemporâneo através de micro-narrativas e gatilhos para os espectadores terem suas sensações e exprimentações. No mundo atual onde o 140 caracteres predomina, Renato Gosling  descarrega toda sua inquietude e ansiedade em objetos e fotos que transmitem o cotidiano popular Brasileiro, recorrendo a infância e a memória afetiva.

Sobre o curador

Jhon Voese nasceu em Guarapuava, interior do Paraná e trabalhou por mais de oito anos no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba – PR. Formado em História com Mestrado em Artes pela Unespar, onde escreveu sobre o Faxinal das Artes (2002). Atualmente cursa o doutorado em História na UFPR. Sua pesquisa atual trata da relação Arte e Ecologia e tem como objeto a mostra Arte Amazonas (1992) anunciada pelo MAM-RJ como contrapartida artística para a Eco-92.

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.