Prêmio CCBB Contemporâneo

23/set

A exposição “Ultramarino”, de Vicente de Mello, o terceiro dos dez projetos selecionados para a temporada de 2015-2016 do Prêmio CCBB Contemporâneo**, se despede da Sala A do CCBB Rio na segunda, 28 de setembro. Em “Ultramarino”, o artista recobre as quatro paredes do espaço com uma colagem de lambe-lambes da imagem ‘Átomo Jacaré’, de sua autoria, feita em silkscreen. A instalação de Vicente de Mello se propõe a ser o outro lado do mar.

 

O impacto monumental da sala se dá, à primeira vista, com a projeção de luz led branca, “varrendo” o ambiente como um farol, sobre as paredes e depois com a projeção de luz led vermelha, que irá alterar o azul para um magenta vibrante. As gamas de magenta transformam as imagens, de pequenos “plânctons”, em tramas sanguíneas. Como se o sangue azul, referente ao mito de ser nobre, se transfomasse em sangue vermelho.

 

 

Sobre o artista

 

Vicente de Mello, nasceu em São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formou-se em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá e especializou-se em História da Arte e Arquitetura no Brasil, pela PUC Rio. Além de inúmeras exposições individuais e coletivas, o artista tem livros publicados. O mais recente é Parallaxis [Cosac Naify], de 2014.  Em 2007, ganhou o APCA de melhor exposição de fotografia em São Paulo, na Pinacoteca do Estado, com a mostra “moiré.galáctica.bestiário / Vicente de Mello – Photographies 1995-2006”.

 

 

 Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016

 

A série de exposições inéditas, em dez individuais, contempladas pelo Prêmio começou com grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido da mostra de Fernando Limberger [RS-SP]. Depois de Vicente de Mello [SP-RJ], sucedem-se as de Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.

 

 

Até 28 de setembro

Daniel Senise em “Quase aqui”

21/set

Curadoria: Alberto Saraiva e Flavia Corpas

 

Nome de ponta da arte contemporânea nacional, Daniel Senise apresenta “Quase Aqui”, uma ocupação dos quatro andares da Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ.  A curadoria é de Alberto Saraiva e de Flavia Corpas e o patrocínio da Oi através da Lei de Incentivo do Estado do Rio de Janeiro. Ao longo de quase três décadas, Senise vem produzindo obras em diversos suportes, em um discurso que gira em torno da linguagem da pintura – como, por exemplo, a sala “O Sol me ensinou que a história não é tão importante” na edição de 2010 da Bienal Internacional de São Paulo e com a instalação “2892”, de 2011, exibida na Casa França-Brasil no Rio de Janeiro. “Senise é um pintor, e tudo parte da relação dele com a pintura, mesmo que isso ganhe outros suportes e linguagens”, diz Flávia Corpas. Esta é a primeira vez que Daniel Senise expõe no Oi Futuro, existente há dez anos, é um dos principais centros culturais do Rio de Janeiro.

 

 

Até 23 de outubro.

Dois na Galeria Mezanino

A Galeria Mezanino, Pinheiros, São Paulo, SP, inaugura as exposições individuais “Meu sertão” de Nilda Neves, com pinturas e “Lágrimas artificiais” de Emídio Contente com fotografias. A apresentação da pintora baiana é da curadora Eugênia Gorini Esmeraldo e a do fotógrafo paraense Emídio Contente traz a assinatura do expert da área, o curador Diógenes Moura.

 

“Não deixar o sertão morrer”. Esta foi a explicação imediata e objetiva que recebi de Nilda
Neves ao perguntar sobre a razão de suas pinturas. Não é para menos, uma vez que ela ilustra suas lembranças e histórias com precisão de detalhes. E foi para fazer a capa de seu primeiro livro – ou seja, ela também escreve – que começou a pintar. Sua marca é o mandacaru. As pintoras sem formação acadêmica são inúmeras no Brasil, afora a infinidades de amadoras que se dedicam à pintura desde sempre. Isso se considerarmos apenas as mulheres que, ao longo do tempo, em fuga da solidão da rotina doméstica, por vezes buscam na potencialidade dos pincéis uma forma de desabafo, alívio, reconhecimento das pessoas mais próximas e, talvez, uma certa alegria interior. Algumas, corajosas e desafiadoras, voam mais alto, conseguem ultrapassar o recinto caseiro e ousam se manifestar com maior intensidade e fantasia. Elas precisam do olhar do público para se sentirem participantes do mundo. O trabalho de Nilda Neves, traz à lembrança três Marias artistas: Maria Auxiliadora da Silva, Maria Florência e Maria de Lourdes Indelicato. A primeira, negra, egressa da Praça da República, foi descoberta pelos colecionadores. Florência já tinha idade e fazia pequenas pinturas, delicadas, em geral de flores. Lourdes era dona de casa, nordestina casada com um italiano, se inspirava nas lembranças de sua região com um certo folclore. Nilda e essas Marias, de quem poucos lembram, o que as leva a tomar esta decisão de pintar? Sobre Nilda, a primeira informação foi de uma ‘cabelereira’ que pintava e expunha suas obras no próprio salão. Renato De Cara mostrou as pinturas, os desenhos e fomos conhecer. Numa rua de poucas centenas de metros, uma insólita cabeceira de cama coberta de pinturas, colocada na calçada, antecipa que é ali. Sobe-se dois degraus e o salão minúsculo abriga uma infinidade de trabalhos que confunde o olhar. A mulher forte, risonha, bonita e decidida que se apresenta foge do estereótipo das que não sabem direito o que estão fazendo. Nilda sabe, e bem, a que vem. Não teve uma vida fácil, como muitos nordestinos que procuram o sul. Mas ela é diferente. Nilda nasceu no interior baiano, em 1961, em Botuporã. Desde menina, curiosa, teve interesse por história e cultura. Quando jovem ajudava o pai em todos os trabalhos, inclusive nas boiadas. Sabe montar e vaquejar. Estudou, casou, teve filhos, lecionou matemática. Em São Paulo desde 1999, trabalhou no comércio. Como as pessoas gostavam de suas histórias, decidiu escrever um livro. A pintura veio da necessidade de ilustrar a capa. Gostou e não parou mais. A leitura de seus dois livros, numa linguagem falada muito pessoal, mistura acontecimentos pessoais com lendas de sua região, com simplicidade em descrições que, muitas vezes, ilustra depois nas pinturas. Nos trabalhos Nilda utiliza o óleo com base em tinta acrílica. A temática é prolixa como ela: vasos de flores, temas do sertão, de suas lembranças e vivências. As cores, sem exagero como as do sertão, são sóbrias e algumas obras lembram grafismos. Cenas do campo, lendas do imaginário popular brasileiro, animais, paisagens, vaqueiros, cactos – palmas, mandacarus, xique-xiques – surgem floridos com ingenuidade; ela também insere flores delicadas nas árvores. Algumas obras mostram o interior de casas, paióis, o cotidiano rural com uma intenso rodeio e mesmo uma comovente cena de igreja. A presença familiar é forte, frequente e ela credita aos pais a formação sólida, que a fez gostar e ter esta consciência de pertencimento àquela região, apesar de viver longe dali. E vem à mente até mesmo algo de Frida Kahlo e suas auto referências corpóreas. Mas o corpo que Nilda foca é a natureza, em constante ameaça.

 

Duas pinturas me impactaram pela estranheza e uma fantasia muito própria, agressiva.
Imediatamente lembrei uma experiência pessoal de anos atrás que nunca esqueci: uma
gravação com a grande Tarsila do Amaral, feita por Paulo Portella Filho aos 18 anos, que ele me fez ouvir. Jovem e, como disse ele, ingênuo, ousou perguntar-lhe de onde viera a figura do Abaporu; a artista respondeu-lhe que eram as lembranças que ela tinha da infância, quando as criadas, na fazenda, faziam relatos dos monstros que vinham à noite assustar as crianças que não se comportavam… Perguntei a Nilda sobre as duas obras. Foi direta: “Esta é uma raiz da árvore queimada pelo homem que se revolta e se torna monstro. É a revolta da natureza, como eu chamo”. A outra é sua visão da floresta sendo engolida pelo fogo e retornando como um espectro disforme. Em ambas estão suas angústias pessoais. Nilda é clara: quer mostrar o perigo do desequilíbrio ecológico, da falta de cuidado do homem com seu habitat, com o mundo. Só posso desejar que ela persista, e permaneça. Como ela diz: “o trabalho é a base que me segura perante o mundo…”

Enfim, pintar é realmente a necessidade de mostrar a todos que o sertão é forte, bonito, sua gente é boa e isso não pode ser esquecido.

 

Eugênia Gorini Esmeraldo/agosto 2015

 

 

Sobre a artista

 

Nilda Neves, Botuporã, BA, 1961  – Nasceu em 1961 em Botuporã, no sertão da Bahia. Em Brumado, BA, estudou contabilidade e teve seu segundo filho. Com a família morou em várias cidades do estado e, ao divorciar, voltou para sua cidade natal, onde foi professora particular e de escola pública, ensinando matemática. Chegou a ter restaurante, fazendo muito sucesso. Perdendo parte da família nos anos 1990, resolveu vir para São Paulo em 1999 e, em 2010, escreveu o romance O Lavrador do Sertão em três dias. Logo depois lançou O Belo Sertão, com os seres lendários do Brasil, na Bienal do Livro do mesmo ano. Para produzir a capa do livro resolveu ela mesma pintar e, desde então, não parou mais de produzir, contando suas lembranças e histórias do sertão. Hoje, em seu pequeno ateliê, possui um acervo com mais de 2.000 pinturas, além de músicas e esculturas.

 

 

Uma programação química

 

 
Lágrimas Artificiais é um experimento. Emídio Contente vasculhou um bulário médico-
oftalmológico para chegar diante dos olhos dos outros, que são os seus mesmos olhos e
refletir sobre a existência humana, o corpo líquido, a chama das imagens que derretem
segundos – um após o outro e nos faz perceber a linha tênue que se instala entre o modo ver e o modo enxergar. O artista se importa com a nossa existência. Busca uma saída. Imprime olhossob o efeito de drogas: dilatadores de pupilas, a janela aberta, remédios para gripe, cocaína, o ônibus do outro lado da rua, maconha, a última notícia no telejornal, o lindo sonho delirante, o encontro fortuito no meio da madrugada, Ritalina para concentrar os resquícios do amanhã, o sexo desnudo porque se você falar em amor eu vou embora, a pífia solidão como material de consumo. Imprime lembranças de sua terra natal, Belém, porque guarda na memória a imagem do seu avô em estado de luta diária para vencer o tempo: os olhos de cera (ex-votos) sobre a mesinha ao lado da cama. Uma promessa atrás da outra para que Nossa Senhora de Nazaré não se derreta entre as velas do Círio, quando o que mais todos os santos desejam atualmente é descansar de todos nós. A fotografia empalidece.

 

 
O tempo de Emídio Contente é um tempo em camadas. Sua “arte contemporânea” é barroca: azul sobre o corpo infectado ou em estado puro, impresso sobre folhas de atlas de anatomia. Algo se decompõe/outro algo se renova: o homem derretido, o símbolo das almas. Uma impressão descansa sobre a outra para fazer surgir o terceiro olhar. Cianotipia sobre a droga descrita na página impressa. O artista frequenta o Hospital das Clínicas. Vive nos arredores. Vasculha as esquinas da cidade e os sebos em busca de livros científicos de todos os tempos.Aprisiona um pequeno animal dentro de um vidro/a transparência do vidro (seria uma falsa liberdade?) que rola na beira da praia até ser engolido pelo azul de noturno mar. Antes, pensou assim: onde verdadeiramente estaria a simbologia de uma pomba com seus olhos de cristal bruto, o sentimento petrificado? Mais adiante, ali, pairando sobre o portão de entrada? Ou taxidérmica, em sua solidão impregnada, em seu estado cristão de pureza e simplicidade e mais adiante semeando a paz, a oxoplasmose, a criptococose, a psitacose, a cegueira?

 

Emídio Contente ainda tem esperança. Mesmo que suas lágrimas sejam artificiais.

 

Diógenes Moura/Escritor e Curador de Fotografia

 

 

Sobre o artista

 

 
Emídio Contente, Belém, PA – 1988 – Fotógrafo e artista visual paraense, graduado em comunicação social. Seu trabalho possui uma poética singular, utilizando-se de uma fotografia adulterada, com técnicas fotográficas pouco convencionais, para abordar um universo delicado, denso e algumas vezes melancólico. Na série Cobogó, por exemplo, se utiliza de furos de tijolos como recurso para a construção de uma câmera, criando um plano dividido em seis imagens distintas que remetem ao olhar decupado do cubismo e da película cinematográfica.

 

Exibiu suas obras em coletivas e salões de arte como IV Prêmio Diário de Fotografia (2013); Salão Arte Pará (2012); XIX Salão Unama de Pequenos Formatos (2014); Muestra Internacional de la Fotografia Estenopeica (México / 2012); Muestra Internacional de la Fotografia Estenopeica (Equador / 2013); Ruídos e Silêncios: Corpos Flutuantes (2013); 100menos10 (2012) e Indicial: Fotografia Contemporânea Paraense (2010) Em 2012 recebeu o Grande Prêmio da Mostra Primeiros Passos (MABEU), em 2013 foi premiado no IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e também em 2013 foi o vencedor da categoria fotografia do Movimento Hotspot. Possui obras nos acervos do Museu de Artes Brasil Estados Unidos/MABEU, Associação Fotoativa e Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas.

 

 

De 22 de setembro a 10 de novembro.

Equilíbrio e atração

17/set

José Carlos Machado é um “hábil designer do impossível”. Desde a década de 80 tem se dedicado à pesquisa na escultura sobre as formas geométricas e suas relações com a lei da gravidade. Conhecido pelo uso do ímã, matéria-prima que confere às suas criações a liberdade do movimento, José Carlos Machado apresenta sua recente e inédita produção na unidade dos Jardins, São Paulo, SP, da Galeria Marcelo Guarnieri.

 

São doze obras, com dimensões variadas, que se configuram como um “ensaio em suspensão”, relacionando as formas com o espaço. Os materiais, que vão desde a madeira, o ferro, o ímã e a fita de aço desafiam às leis da percepção sensorial, como nas obras inspiradas em móbiles, ou que necessitam da força do ar para o movimento ou a flutuação.

 

Intitulando-se como um “equilibrista”, o artista – ao contrário da sua formação em Arquitetura – não projeta a obra no desenho, tudo nasce, ou melhor, é “descoberto”, por meio da experiência dos materiais e as suas sugestões de formas, e possibilidades de relações com o ato do movimento. Neste exercício de “tentativa e erro”, e percepção da potência do mover-se na matéria bruta, interessa a naturalidade das cores dos materiais, em detrimento da aplicação de outra que não pertence – originalmente – aquela matéria-prima.

 

Os trabalhos de José Carlos Machado não desafiam somente às leis naturais da percepção, num diálogo com a física, mas abrem uma senda no espaço. Como se fosse uma folha de papel em branco, o artista desenha, traça, coloca em fuga, como numa dança, as linhas geométricas de suas esculturas. Os movimentos que daí derivam contam com o acaso: o encontro de “atração” da força da natureza (a matéria-prima e o ar), e as formas sugeridas pelo artista.

 

 

Sobre o artista

 

José Carlos Machado (Zé Bico) não inventa: descobre. Descobriu que o tempo altera a química das coisas, que o uso de ímãs cria zonas de tensão, que agrupar as peças em duplos/pares propicia contrastes conceituais. E assim, vai dobrando, cortando e enroscando suas peças (sem soldas) em busca de um equilíbrio cada vez mais precário onde o mínimo é o máximo – um achado que confere à sua obra uma insustentável leveza. Amilcar de Castro deu as melhores lições de esculturas ancoradas no chão; José Carlos é um aprendiz aviador, prestes a ocupar o ar enquanto espaço.” – Lisette Lagnado In: Poéticas Atraentes (1989).

 

 

De 19 de setembro a 17 de outubro.

Paralelos Urbanos: 10 fotógrafos

A exposição “30 / 34º S – Paralelos Urbanos” tem início no Centro Cultural CEEE Erico
Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Trata-se de um projeto com dez fotógrafos de três cidades, Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre que promoverá quatro exposições até maio de 2017, que buscam descobrir que cidades são essas que, entre os paralelos 30 e 34, pulsam no sul da América do Sul.

 

O olhar de Alfredo Srur, Andrés Cribari, Carlos Contrera, Fábio Rebelo, Fabrício Barreto,Francisco Landro, Gabriel García Martínez, Gilberto Perin, Lena Szankay e Lorena Marchetti traduz a cidade onde vivem ou como sentem a ação dela sobre o seu cotidiano. Suas fotografias exigem um olhar atento, pois provocam reflexões ou um convite à poesia urbana de Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre.

 

 

Esta é a primeira etapa do projeto. Em 2016, os artistas realizarão mostras em Buenos Aires

(previsão de lançamento em maio) e Montevidéu (setembro de 2016). Durante as estadas em

cada município, o grupo produzirá novas imagens que serão apresentadas no encerramento,

em exposição prevista para maio de 2017 em Porto Alegre.

 

 

De 17 de setembro a 24 de outubro.

Leda Catunda em Fortaleza

15/set

Leda Catunda realiza curso e exposição individual com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A mostra “Leda Catunda Seleção de obras de 1985 a 2015”, entra em exibição no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE. A mostra consiste na exposição de várias obras de grandes formatos realizadas nos últimos dez anos, algumas inclusive que se estendem para o piso numa mistura de pintura-objeto com instalação.

 

 

O curso de “Pintura Contemporânea” será realizado entre os dias 16, 17, 18 e 19 e tem como objetivo introduzir e discutir conceitos da história da arte moderna e contemporânea através de exercícios de pintura. Serão propostos diversos procedimentos de pintura, procurando-se com isso colocar em discussão as diferentes atitudes presentes na arte contemporânea com relação a essa técnica. O workshop está dividido em 4 dias para a realização de exercícios que serão propostos aos alunos, um exercício por aula e no último dia serão discutidos os trabalhos individuais de cada participante. Na introdução de cada exercício serão apresentados os conceitos relacionados com cada tema proposto e serão rapidamente analisadas as obras de artistas que inauguraram procedimentos, introduzindo assim, novas questões no universo da pintura. Abordando manifestações desde o início da modernidade no século XIX até artistas que vem trabalhando e reformulando ações na pintura, sob ponto de vista semelhante nos dias de hoje. Inscrições: pelo e-mail cultura@bnb.gov.br ou na recepção do CCBNB. Vagas: 20 vagas.

 

 

A exposição estende-se até 24 de outubro.

Iberê no MAM-Rio

14/set

A mostra “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” abriu as homenagens ao centenário do artista no CCBB/SP em maio de 2014 e, no final do ano, foi reconhecida como melhor exposição retrospectiva pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em sua 59ª edição. A sua reedição no MAM Rio é um marco de encerramento desse ano comemorativo, justamente na cidade onde Iberê morou, de 1942 a 1982, consolidou sua formação artística e consagrou-se como um dos mais importantes artistas modernos brasileiros. As 134 obras que compõem a exposição foram especialmente selecionadas pelo curador, professor e crítico de arte, Luiz Camillo Osorio e incluem pinturas, desenhos, gravuras e matrizes.
Na versão carioca da exposição, o público poderá apreciar desde obras da década de 50 – período em que Iberê retornou da Europa para o Rio após ter estudado com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André Lhote – até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 90, que incluem as séries: “Ciclistas”, “As Idiotas” e “Tudo Te é Fácil e Inútil”.

 

“O núcleo da exposição é o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer. E como não poderia deixar de ser, haverá uma pequena mostra complementar do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”, afirma o curador.
Em 1994 foi realizada no CCBB do Rio de Janeiro uma grande exposição retrospectiva de Iberê Camargo. Para o catálogo desta exposição, o curador Ronaldo Brito escreveu um ensaio a que deu o título de “Um Trágico Moderno”. Ao longo da exposição, já doente, o artista veio a falecer. Foi ali que vi pela primeira vez o conjunto de grandes pinturas figurativas de sua última fase, iniciada em 1990. Beirando os oitenta anos Iberê daria naquelas últimas telas um salto trágico, radicalizando a experiência do corpo e da finitude. Tudo ali ganhava uma gravidade exacerbada. As fisionomias são abrutalhadas como na fase negra do Goya, os corpos ganham uma carnalidade aderida à superfície encrespada da tela, a atmosfera, atravessada por uma luminosidade fria, é pós-apocalíptica. Deparar-me com estas telas foi desconcertante. Continua sendo. Quanta força e quanto desencanto.
Esta exposição retrospectiva aqui no MAM, encerrando as comemorações do centenário do artista, tem como premissa uma relação direta entre a presença viva da matéria pictórica e a potência trágica da sua pintura. Não há uma narrativa cronológica, mas um esforço de perceber o modo como ao longo de sua trajetória, ao menos desde o momento em que conquista sua maioridade pictórica com os carretéis, há uma mesma tensão entre pintar um motivo e o próprio motivo da pintura. Uma viva tensão entre algo percebido e a densidade do gesto e das camadas de tinta. Demos ênfase, ao fazer as escolhas curatoriais, à fase madura do artista, mostrando-a como coroamento de sua trajetória, em que a recuperação da figura foi menos um retorno a algo que havia sido abandonado e mais uma explicitação da corporeidade – do homem e da pintura – e sua inscrição como visualidade encarnada.

 

 

 

Até 01 de novembro.

“Opinião 65 – 50 anos depois”, no MAM Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo,  inaugura, no próximo dia 19 de setembro de 2015, a exposição “Opinião 65 – 50 anos depois”, com 57 obras de artistas brasileiros que participaram da emblemática exposição em 1965, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici (1928-2015), no MAM Rio. Dessas obras, três participaram da exposição original: as pinturas “Miss Brasil” (1965), de Rubens Gerchman, e “O artista chorando assina…” (1964), de Wesley Duke Lee, e um “Parangolé” de Hélio Oiticica, que apresentou seus Parangolés pela primeira vez ao público na exposição de 1965.

 
Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra terá ainda uma série de cartazes de filmes que estavam em exibição no período da exposição em agosto/setembro de 1965, documentos de época, críticas de jornal, uma série de fotografias dos artistas e da exposição em 1965, um vídeo de 1967, intitulado “Arte Pública”, e um novo feito para a exposição. A ideia é reconstituir a atmosfera do período e mostrar o quanto a exposição foi um momento importante de resistir ao golpe militar, juntando artistas de uma mesma geração que atualizavam o vocabulário plástico da arte brasileira pondo-a em contato com a energia da visualidade popular. A mostra é uma parceria com a Pinakotheke Cultural, que irá inaugurar na mesma data, em seu espaço em Botafogo, uma exposição com cerca de 70 obras, em que todos os trinta artistas participantes da montagem original estarão representados. Destas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra no MAM.

 
Os artistas que terão obras na exposição do MAM são: Adriano de Aquino,  Angelo de Aquino, Antonio Berni, Antonio Dias, Carlos Vergara, Flávio Império, Gastão Manoel Henrique, Hélio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, José Roberto Aguilar, Pedro Geraldo Escosteguy, Roberto Magalhães, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Vilma Pasqualini e Wesley Duke Lee.

 

 

A palavra do curador

 

“A exposição Opinião 65 está no inconsciente coletivo da história cultural recente. Tentando recontar este capítulo de nossa história para as gerações mais novas, ao mesmo tempo em que homenageamos os curadores e artistas que fizeram parte daquele momento, o MAM Rio – palco dos acontecimentos – e a Pinakotheke Cultural resolveram juntar seus esforços nesta empreitada. Aqui no MAM, daremos foco aos artistas brasileiros que participaram da exposição, além de mostrar material de arquivo referente à mostra – críticas, iconografia, filmes e entrevistas”, afirma o curador Luiz Camillo Osorio.

 

 

De  19 de setembro a 28 de fevereiro de 2016.

Opinião 65: 50 anos depois

11/set

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 17 de setembro a

exposição “Opinião 65: 50 anos depois”, com curadoria de Max Perlingeiro. É a comemoração

de meio século da histórica exposição realizada no MAM-Rio. Todos os trinta artistas

participantes da montagem original estarão representados, e das setenta obras que estarão

expostas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra do MAM.  Os artistas

são os brasileiros Antonio Dias, Ivan Serpa, Hélio Oiticica, Rubens Gerchaman, Ângelo de

Aquino, Adriano de Aquino, Pedro Geraldo Escosteguy, Gastão Manoel Henrique, Ivan Freitas,

Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Vilma Pasqualini, Waldemar Cordeiro, Flávio Império, José

Roberto Aguilar, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee, e os estrangeiros Antonio Berni, Juan

Genovés, Roy Adzak, John Christoforou, Yannis Gaïtis,  José Vañarsky, Peter Foldès, José

Paredes Jardiel, Manuel Calvo, Alain Jacquet, Michel Macréau, Gerard Tisserant e Gianni

Bertini.

 

Para chegar ao resultado que idealizou, o de reproduzir “ao máximo possível” a montagem

original, o curador Max Perlingeiro fez uma longa e detalhada pesquisa durante um ano – que

lhe tomou “24 horas por dia”. Recorreu aos amigos Antonio Dias, Roberto Magalhães e Carlos

Vergara, e a uma edição de outubro de 1965 da revista “Manchete”, que trazia fotos da mostra

no MAM, para mapear as obras. As famílias dos artistas participantes aderiram de imediato ao

projeto, e um fator decisivo foi localizar a lendária colecionadora e crítica de arte Ceres Franco,

residente em Paris desde 1951, que organizou em 1965 a exposição idealizada pelo marchand

Jean Boghici (1928- 2015). Ambos serão homenageados na mostra. Residente em Carcassonne,

e com uma coleção de 1.500 obras em um espaço público em Montelieu, França, Ceres Franco

escreveu à mão um depoimento emocionado, que estará no livro que acompanhará na

exposição, tanto em fac-símile como transcrito.

 

Dentre as obras da montagem original estarão “Parangolé Bandeira – P2 Bandeira 1” (1964),

de Hélio Oiticica, que apresentou seus “Parangolés” pela primeira vez no MAM junto com a

Escola de Samba da Mangueira, todos seguidos  por uma multidão aos pilotis do Museu após

terem sido expulsos do salão. Outras obras que estiveram na exposição “Opinião 65” e serão

vistas na Pinakotheke são a aquarela “Estados Desunidos do Brasil” (1965), de Roberto

Magalhães; a pintura “Diálogo” (1965), de José Roberto Aguillar; a colagem de papel e metal

sobre chapa de ferro “Campanha do ouro para o Bem do Brasil” (1964), de Wesley Duke Lee; a

impressão sobre papel “Dejeneur sur l’herbe”(1965), de Alain Jacquet; a obra “Vencedor”

(1964), de Antonio Dias, um cabide de pé com construção em madeira pintada, tecido

acolchoado e capacete militar; “Sin título (Ramona levantando pesas)”, de Antonio Berni; a

pintura “Crianças e pássaros”, de Yannis Gaitis; “Negative Objects” (1963), de Roy Adzak;

“Diálogo” (1965), de Jose Roberto Aguilar; “Fuga” (1965), de Juan Genovés; o guache sobre

papel “Sem título” (1965), de Gerard Tisserand; “Personnages” (1964), de Jack Vanarsky; “La

barbecue de Justine” (1962), de Gianni Bertini; a pintura “Sorcellerie” (1964), de John

Crhristophorou; “Na cidade do extermínio (Segundo poema de Bialik)”, de José Jardiel; “La

vierge et as mère” (1964), de Michel Macréau; “Dejeneur sur l’herbe” (1965), de Alain Jacquet;

“UDN (Respeitosamente) – o extinto era muito distinto…” (1965), de Flavio Império, e “Estória

(O fim da idade do chumbo)”, 1965, de Pedro Geraldo Escosteguy.

 

“Opinião 65: 50 anos depois” não obedecerá a uma ordem cronológica. “Como na montagem

original, será tudo junto e misturado”, avisa Max Perlingeiro. “Era uma mostra ultrassaturada,

com um fator muito forte: estavam todos contra o regime militar”, observa. As obras

pertencem a coleções públicas e privadas, como a de João Sattamini, Gilberto

Chateaubriand/MAM Rio, Jean Boghici, entre outras

 

 

Marco na História da Arte

 

“Opinião 65” foi um marco na história da arte. A polêmica exposição idealizada por Jean

Boghici e organizada por Ceres Franco mudou por completo o cenário das artes plásticas no

Brasil. A ideia era reunir no Rio os artistas internacionais que trabalhavam no Novo Realismo

europeu e os brasileiros que assumiram a Nova Figuração (e um pouco da Pop Art americana)

em oposição à exaurida Abstração. Para o artista Roberto Magalhães, “Opinião 65 foi o início

de tudo o que existe hoje na arte brasileira. Foi uma mudança radical”.

 

Os artistas eram todos muito jovens na época, como ressaltou Wilson Coutinho em 1995, na

exposição comemorativa que realizou junto com Cristina Aragão no CCBB Rio: “Para avaliar o

clima da exposição é preciso conferir a certidão de nascimento de alguns participantes. Aguilar

tinha 24 anos, Angelo de Aquino 20, Gerchman 23, Vergara 24, Roberto Magalhães 25 e

Antonio Dias apenas 21. Para se ter uma ideia deste ‘boom’ de jovens basta comparar com a

Semana de Arte Moderna de 22, quando Oswald de Andrade ao participar tinha 32 anos,

Mario de Andrade 29 e Tarsila do Amaral 36”.

 

O título “Opinião 65” fazia uma alusão direta ao espetáculo “Opinião”, com Zé Keti, João do

Vale e Nara Leão – depois substituída pela estreante Maria Bethânia – , dirigido por Augusto

Boal, e encenado no Teatro Opinião, em Copacabana.

 

Em 1966, o crítico de arte Mário Pedrosa escreveu no extinto jornal “Correio da Manhã”: “Em

1965, o calor comunicativo social da mostra, sobretudo da jovem equipe brasileira, era muito

mais efetivo. Havia ali uma resultante viva de graves acontecimentos que nos tocaram a todos,

artistas e não-artistas da coletividade consumidora cultural brasileira. Personagens sociais

foram, por exemplo, elevadas à categoria de representações coletivas míticas como o General,

a Miss etc., sem falar nas puras manifestações coletivas da comunidade urbana, como o

samba, o carnaval. Antes de o ser pelo conteúdo plástico das obras (muitas delas de alto valor)

ou pelo seu estilo ou proposições técnicas, eram elas por mais diferentes que fossem

individualmente, esteticamente, identificadas pela marca muito significativa de emergirem

todos os seus autores de um meio social comum, por igual convulsionado, por igual motivado.

Daí vermos a arte altamente interiorizada de símbolos (corações, falos, sexos) e que se

distribuem, rigorosamente, num esquema formal simétrico que lembra o da arte bizantina; de

cores, (vermelhos, pretos etc.) que obedecem antes de tudo a representações litúrgicas de um

Antônio Dias, ao lado da arte essencialmente dinâmica de um Roberto Magalhães, cuja

irresistível força expressiva do desenho é assim vencida ou dominada pela extraordinária

clareza predicativa do seu esquema formal”, escreveu.

 

 

Catálogo

 

A exposição será acompanhada de uma bem-cuidada publicação, com 160 páginas, bilíngue

(português/inglês), formato 22cm X 27cm, texto de Frederico Morais e excertos de Ferreira

Gullar, Ceres Franco e Mario Pedrosa.

 

 

De 17 de setembro a 31 de outubro.

Duas individuais na LUME

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, inaugura, simultaneamente, as mostras “Verso Transitivo”, de Claudio Alvarez, e “Transe”, de Fábio Cardoso, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Exibindo 8 esculturas, Claudio Alvarez explora os efeitos visuais característicos de sua obra, seja através do movimento físico ou da ilusão de ótica. Por sua vez, Fábio Cardoso mostra 16 aquarelas que fazem referência a corpos humanos em situações de intimidade, inseridos num momento de existência do impensado e do impulsivo.

 

Sob influência do cinetismo, movimento artístico iniciado em Paris na década de 1950, Claudio Alvarez utiliza metal para construir suas esculturas, abordando sempre o movimento e a percepção, temas de sua constante pesquisa. Em “Verso Transitivo”, as obras são elaboradas com ilusões de ótica, jogos de espelho e iluminação, objetos móveis e formas dinâmicas, resultando em mecanismos nos quais aquilo que vemos entra em contradição com aquilo que sabemos. Desta maneira, o artista ativa no espectador reações de análise e fascínio, raciocínio e ilusão – modos essenciais na relação do homem com o universo.

 

Em sua primeira exposição na Galeria Lume, Fábio Cardoso apresenta “Transe”, série em que sujeito, objeto e suporte se entrelaçam. A partir das margens, o artista cria imagens que levam o espectador a uma espécie de frenesi ao tentar decifrar as formas, revelando, ao olhar mais atento, silhuetas que se assemelham a corpos humanos em cenas sexuais. “Arte e paixão como necessidades e impulsos do homem.”, comenta Paulo Kassab Jr.

 

Com uma programação cada vez mais intensa e diversificada, a Lume pretende contribuir para uma melhor formação cultural do brasileiro, ao disseminar conhecimento e cultura ao maior número de pessoas possível. Com esta ação, o espaço da galeria resta preenchido com duas importantes exposições, unindo estilos, técnicas e conceitos variados. Coordenação: Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

 

De 15 de setembro a 10 de outubro.