Os percursos nada óbvios de Alair Gomes

03/ago

POR VITOR ANGELO

 
Uma pequena pérola brilha em preto e branco, de forma intensa, no centro da cidade de São

Paulo. Desde sábado, a exposição “Alair Gomes – Percursos”, que fica até o dia 4 de outubro

na Caixa Cultural, na praça da Sé, joga luz não só para questões contemporâneas como o

voyeurismo e o desejo, a releitura do homoerotismo da Grécia clássica como o próprio status

da fotografia.

 

Alair Gomes, que teve seu trabalho reconhecido depois de sua morte, em 1992, utiliza as

contradições em seu jogo dialético de descobrir a essência da fotografia, o denominador

comum de uma imagem e isto só é possível de termos entendimento pela excelente curadoria

e montagem da exposição feita por Eder Chiodetto.

 

Logo na entrada da exposição temos as fotos até então inéditas feitas por Alair na Praça da

República, em São Paulo. É a antítese do que estamos acostumados a conhecer do que seria as

fotos de Gomes. Não estamos na região das praias, nem dos corpos seminus, apreciados à

distância por uma teleobjetiva, como nos seu conhecidíssimo trabalho conhecido como a série

fotográfica Sonatines, Four Feet. Aqui, ele se aproxima de seus objetos como identificação,

não como algo que deseja. Ele encara as pessoas com sua câmera, que sabem que estão sendo

encaradas e muitas vezes olham direto na lente, como reflexo. Elas estão razoavelmente

vestidas, mas aí entra outro um componente que o fotografo aprendeu com Antiguidade

Clássica e seu trabalho de fotografar as estátuas greco-romanas, conseguir extrair erotismo do

que vê.

 

Ele entende que o erotismo é um componente presente no êxtase e ora trabalha no campo da

sexualidade ora da religiosidade as confrontando no que existe de seus opostos e em suas

semelhanças como se fosse a síntese de uma Santa Teresa D’Ávila e um Marquês de Sade. Um

dos pulos do gato da exposição é colocar as Sonatines, de caráter mais terreno e físico com

seus Beach Triptychs que dialoga, à sua maneira (espiritual em carne), com os trípticos

religiosos da arte renascentista.

 

Existe também a questão da narrativa, ou movimento, como algo que se dá no tempo, e aquilo

que é estático, está hibernado de calor carioca e se dá no espaço. O que era um problema para

a pintura, a questão do movimento narrativo, para Alair é solução, está ali o que ele considera

o específico da fotografia, que a diferencia de outras artes visuais e podemos perceber isto de

forma clara nas Sonatines que contam uma história entre uma foto e outra. Mas isto não

invalida os closes estáticos e explícitos de pênis e ânus que encontramos em Symphony of

Erotic Icons, ali ele apreende aquilo que se dá no tempo (o sexo), como algo no espaço (o

desejo voyeur).

 

Os jogos em contradição que Alair cria em sua intensa experiência fotográfica também diz

muito de nós, da nossa vontade inerente de desejar, da solidão do olhar que deseja, da

distância (muitas vezes abissal, muitas vezes não) imaginada entre o que te erotiza e o prazer e

mais do que tudo: que aquilo que alimenta nosso desejo está muito mais em nós ( a tal

erotização) do que no que é desejado.

Na Marcelo Guarnieri/Jardim Paulista

Residente em Londres e São Paulo, a artista brasileira Mariannita Luzzati apresenta, na Galeria

Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, individual de sua recente produção. Com

pinturas e desenhos figurativos, Mariannita Luzzati mostra paisagens naturais do Brasil, com

destaque a apuração das cores, a preocupação com as formas e com os volumes.

 

“As paisagens de Luzzati, embora tomando por base lugares específicos, são suficientemente

abstratas para remeter a inúmeras referências e memórias. Como espectadores, temos a

sensação de “já termos estado ali”, de conhecermos os lugares e, sendo assim, dada a sua falta

de especificidade, eles falam às nossas experiências individuais, nossas lembranças pessoais e,

portanto, nossa constituição psicológica.” Afirma Gabriel Pérez-Barreiro in: Mariannita Luzzati

e a Pintura de Paisagem em Geral.

 

Após a fase de exercício na pintura abstrata e do uso intenso das cores, a artista Mariannita

Luzzati apresenta série inédita de telas e pequenos desenhos. Quatro anos fotografando e

pesquisando as paisagens naturais do Brasil, fizeram com que a artista, nascida e criada em

São Paulo, se reaproximasse dos cenários que compõem a imaginação e a memória do país,

como os balneários litorâneos e as montanhas de lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e

Espírito Santo. Naquilo que Luzzati intitula de “alerta do olhar”, a visão externa e distanciada

das coisas, – dividir seu tempo entre Londres e SP desde 1994 – fez com que o seu trabalho de

pesquisa na pintura se aproximasse, cada vez mais, do exercício do figurativo, do interesse

pelas formas e pelos volumes, em consonância com a apuração das cores.

 

Intitulando-se como pintora, a artista pertencente à geração dos anos 90, Mariannita Luzzati

busca a aproximação com a dimensão das formas das geologias brasileiras – especialmente a

volumetria das montanhas de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo –

na tentativa de retirá-las do estado de deturpação, seja pelo olhar ou pelo Tempo, para

restaurar estas paisagens na pintura e no desenho.

 

Em um processo que integra fotografia, pintura e desenho, com suas técnicas e linguagens

próprias, o trabalho começou a quatro anos fotografando estes espaços; das lentes das

câmeras, as paisagens ganham contornos figurativos, e reaparecem, num outro sentido, em

telas horizontais, verticais e quadradas de dimensões que fogem dos padrões de tamanhos

habituais. Neste momento, o interesse é a captação da dimensão espacial, o apuro do uso de

cores, transitando numa cartela primária e sóbria com brancos, cinzas, esverdeados e pretos.

Não convencionais para uma paisagem e espírito brasileiros, a justificativa na escolha destes

tons, encontra-se na percepção da artista da intensidade da luz no Brasil, em oposição, por

exemplo, à luz de Londres, que revela, no primeiro caso, uma sutileza de tonalidade das cores.

Destaca-se, então, a necessidade pela pintura, que cria universos que adquirem personalidade

e transformam a natureza num espaço monumental.

 

Como exercício da geografia e do espacial nas artes, a etapa seguinte é transformar o olhar das

paisagens, depois da pintura feita, em desenhos de pequenos tamanhos. “Para mim, o

desenho é uma depuração da pintura”, afirma a artista, que, após um hiato de muitos anos

sem desenhar, volta a aproximar o traço do desenho feito com lápis duro como se fosse a

ponta seca da gravura em metal, sem perder o brilho da maior preocupação do seu trabalho: o

rigor e a beleza das formas.

 

 

De 15 de agosto a 15 de setembro.

Fotografias para Imaginar

31/jul

As 16 fotografias de Gilberto Perin, mais os textos de 16 escritores e as obras de 16 artistas convidados pelo fotógrafo para interferirem no seu trabalho integram a exposição de seu projeto autoral “Fotografias para Imaginar” irá até 21 de agosto na Sala Aldo Locatelli na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O  projeto foi financiado pelo Fumproarte.

 
“Fotografias para Imaginar” apresenta fotografias que revelam espaços sem a presença humana, propondo que o limite documental da fotografia seja ultrapassado, rompendo a fronteira do visível, reconstruindo a realidade com outro olhar – além daquele esboçado e recortado pelo fotógrafo.

 
Participação de alguns escritores como: Aldyr Garcia Schlee, Ana Mariano, Carlos Gerbase, Carlos Urbim, Cíntia Moscovich, Ignácio de Loyola Brandão, Luís Artur Nunes, Luiz Ruffato, Martha Medeiros, Paulo Scott, Pedro Gonzaga, Pena Cabreira, Ricardo Silvestrin  e Tailor Diniz.

 
Os artistas participantes dentre outros são: André Venzon, Bebeto Alves, Britto Velho, Carlos Ferreira, Chico Baldini, Denis Siminovich, Eduardo Haesbaert, Felipe Barbosa, Mário Röhnelt, Régis Duarte, Sandro Ka e Zorávia Bettiol.

 

 

Até 21 de agosto.

 

Álbum de família

27/jul


O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição

“Álbum de família”, com cerca de quarenta trabalhos emblemáticos de mais de vinte artistas

brasileiros e estrangeiros, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Bill Viola, Candice Breitz,

Charif Benhelima, Fábio Morais, Gillian Wearing, Jonathas de Andrade, Michel Journiac,

Ricardo Basbaum, Rosângela Rennó, Santu Mofokeng, Tracey Rose, Victor Burgin e Zanele

Muholi, que ocuparão todas as salas expositivas da instituição. “Álbum de família” terá

pinturas, objetos, fotografias, desenhos, videoinstalações, instalações sonoras e filmes. A

mostra será acompanhada de um seminário transdisciplinar, nos dias 25, 26 e 27 de agosto.

 

“A exposição vem em um momento em que o conceito de família é revisto, em que se

elaboram novas leis relativas a relações homoafetivas e à adoção, em que aumentam as

denúncias de violência sexual doméstica, em que surgem mais asilos particulares e,

consequentemente, mais idosos são privados do convívio familiar, e em que, paralelamente,

grupos conservadores procuram manter intacto a imagem e o modelo tradicional de família”,

observa a curadora Daniella Géo. Ela conta que ao longo da história da arte “o retrato sempre

ocupou lugar privilegiado na produção artística, e o retrato de família, para além de sua

qualidade plástica, serviu, com freqüência, à afirmação do status social, da linhagem, da

coesão familiar, da hierarquia patriarcal, entre outros valores que, ao mesmo tempo, refletiam

e reforçavam o ideário da família-pilar da sociedade”.

 

A mostra reflete sobre a família e suas questões, como um tema permanente da produção

artística. “Em sua abordagem contemporânea, as obras vêm abarcar perspectivas mais amplas

e íntimas, nas quais a família é pensada e representada em relação a questões de ordens

diversas, sejam elas sociais, políticas, econômicas, psicológicas, afetivas, religiosas, morais

etc”, observa a curadora. Desde diferentes configurações ao ideário matrimonial, passando

pelo abuso de poder e violência doméstica, até a família como construção política, a exposição

aborda ainda laços familiares, amor e noção de coesão à ausência, perda e solidão; espaço

íntimo e dimensão pública; mito e estereótipos, e de como a sociedade afeta e é afetada pelas

famílias.

 

Estão na exposição obras de nove artistas brasileiros – Adriana Varejão, Anna Bella Geiger,

Dias & Riedweg, Fabio Morais, Jonathas de Andrade, Leonora Weissmann, Julian Germain,

Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo Horizonte, Ricardo

Basbaum, Rosana Palazian e Rosângela Rennó, e trabalhos dos artistas Bill Viola, Daniel W.

Coburn, Candice Breitz, Charif Benhelima, Gillian Wearing, Michel Journiac, Richard Billingham,

Santu Mofokeng, Sue Williamson, Tracey Rose,  Victor Burgin, Zanele Muholi.

 

 

SOBRE AS OBRAS

 

De Adriana Varejão estarão três pinturas: a pouco conhecida “Em Segredo” (2003), que evoca

amor, gestação, aborto, tabu, perda;e “Filho Bastardo (estudo)”, de 1991, que trata da

construção colonialista da “família brasileira” ou da nação por atos de violência sexual. Anna

Bella Geiger participa com o díptico “Brasil Nativo – Brasil Alienígena” (1977), que coloca em

questão a noção de origem e identidade nacional, e evoca noções de domesticidade e o lugar

da mulher na família; e com o livro de artista “Encontros” (1974), uma espécie de diário sobre

encontros marcantes em sua vida, reais e imaginários, em que aparece com membros de sua

família direta ou com artistas de referência. O emocionante vídeo de Bill Viola, “The Passing”

(1991, 56’), um dos marcos da narrativa visual do século 20, trata da existência, do ciclo de

vida e morte, e inclui imagens do filho recém-nascido, e da mãe, em suas últimas horas de

vida. A videoinstalação “Mother” (2005, 13’30), de Candice Breitz, em seis canais, é composta

de imagens apropriadas de filmes hollywoodianos, e põe em questão estereótipos. De Charif

Benhelima estarão quatro fotografias e seis pequenos textos da série “Welcome to Belgium”

(1990-1999), e o livro de artista “Semites: The Album” (2003-2005), que evocam sua posição

social de órfão de mãe belga e pai de origem marroquina sefardita, em uma sociedade em que

a discriminação é institucionalizada. Em “Semites, ele combina fotografias de álbuns de família

(sua e de outros), fotografias de arquivo e de documentos de identidade, de pessoas de

origem semita – tanto judeus quanto árabes – fazendo alusão não somente a sua própria

origem, como a noções de identidade cultural, e de memória ou esquecimento. Daniel W.

Coburn mostra nove fotografias de 2014 encenadas por membros de sua família, como forma

de representar os altos e baixos da convivência afetiva. Na videoinstalação “Os Raimundos, os

Severinos e os Franciscos” (1998, 4’, e fotografia colorida), Dias & Riedweg abordam o universo

dos porteiros que trabalham em edifícios da cidade de São Paulo, e tratam da noção de família

em sua relação com a identidade cultural, regional, e a imigração. Fábio Morais, em seu livro

de artista “Foto… Bio… Grafia…” (2002), traz uma imagem fotográfica de uma criança, junto a

um homem que talvez seja seu pai, escavada livro adentro, sendo esvaziada de sua história e

evocando a noção de ausência e perda. Em seu vídeo “Trauma” (2000, 30’), Gillian Wearing –

vencedora do Turner Prize de 1997, e detentora da Ordem do Império Britânico (OBE) – traz

depoimentos sobre abuso acontecido dentro do núcleo familiar, gravado em uma microssala,

que faz alusão a um confessionário. A fotoinstalação “amor e felicidade no casamento” (2007),

de Jonathas de Andrade, põe em questão a noção conservadora de casamento e sua

representação de amor e felicidade. As pinturas “Eu, Theo e a Gruta” (2012) e “Gruta para

mamãe” /”Série Florestas Encantadas” (2010) de Leonora Weissmann mostram sua mãe junto

a uma gruta e um autorretrato com seu filho, então bebê, também junto a uma gruta, em

alusão à nossa gênese, à existência, ao que nos é primitivo. Michel Journiac, referência da arte

corporal e performática francesa, discute as relações afetivas e suas disfunções na série de

fotoperformances “L’inceste (O Incesto”)/”Mère-amante Fils-garçon-amant Fils-voyeur” (Mãe-

amante Filho-menino-amante Filho-voyeur), de 1975, de 1972. O coletivo No olho da rua 1995

> 2015 (Julian Germain, Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo

Horizonte) apresenta, em forma de jornal, parte do projeto que desenvolve há vinte anos, com

pessoas em situação de rua, resultando em uma outra noção de família e suas relações

afetivas. Na instalação sonora inédita, feita especialmente para a mostra, Ricardo Basbaum

coordena uma oficina em que o grupo de participantes discute o familiar e o estrangeiro. Em

sua segunda apresentação pública, e a primeira fora da Inglaterra, o filme “RAY” (2015), feito

originalmente em 16mm e transposto para digital HD, Richard Billingham – artista finalista do

Turner Prize de 2001 – usa atores para revisitar a vida cotidiana de seu pai alcoólatra e sua

mãe violenta. Rosana Palazyan apresenta a série de desenhos “… uma história que você nunca

mais esqueceu?” (2000/2002), compostos a partir de relatos de menores internos em

instituição penal no Rio de Janeiro, que abordam suas famílias e situações de violência

doméstica e urbana.   Rosângela Rennó apresenta uma seleção de trabalhos da série “Corpo da

Alma. O Estado do Mundo” (2003), compostos de fotografias apropriadas da imprensa, com

intervenções suas, que mostram pessoas que perderam entes queridos em atos de violência

urbana, além de retratos das próprias vítimas. Santu Mofokeng faz a projeção da série de

fotografias “The Black Photo Album – Look at me”, apropriadas de álbuns de famílias negras

prósperas na África do Sul, no final do XIX e início do XX. Sue Williamson registra no

videorretrato “Better lives” (2003, 3’05), feito inicialmente em 35mm e transferido depois para

DVD, imagens posadas de imigrantes que buscaram uma vida melhor na África do Sul e

deixaram suas famílias para trás.Tracey Rose realiza o vídeo “Just What Is It That Makes

Today’s Children So Different, So Appealing?” (2005/2007), em que crianças encenam, como

em uma brincadeira, situações familiares que lhes são comuns, mas que tratam de violência

doméstica, abuso, assistência social, entre outros temas. Victor Burgin, em seu livro de artista

de 1977, trata de como o modelo capitalista afetou e transformou a família através das novas

relações de trabalho. Zanele Muholi documenta casais de mulheres negras na África do Sul, na

série “Being”, de 2007.

 

 

SOBRE A CURADORA

 

Daniella Géo é curadora independente e crítica residente entre Antuérpia, Bélgica, e Rio de

Janeiro. Doutora e mestre em Estudos cinematográficos e audiovisuais pela Sorbonne

Nouvelle-Paris III. Atualmente, é co-curadora da 4e Biennale de Lubumbashi, RDCongo (2015).

Foi co-curadora da 5e Biennale internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège.

Curadorias recentes incluem as retrospectivas Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-

2012, MAC-USP (até 27 de setembro de 2015),  MON, Curitiba (2013-2014), MAM-Rio (2012);

Charif Benhelima: Polaroid 1998-2012, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba (de 05 de dezembro

de 2015 a 20 de março de 2016), MAC de Niterói (2013). É professora da Escola de Artes

Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e conferencista convidada do Hoger Instituut voor

Schone Kunsten, Gent, Bélgica. É curadora associada do Artist Pension Trust, NY.

 

 

SEMINÁRIO

 

O seminário, que terá a presença de, propõe gerar um debate sobre as diversas questões

evocadas pelas obras em exposição, sem se limitar às perspectivas do campo das artes visuais.

“Busca, ao contrário, proporcionar um diálogo entre diferentes campos de saber e, assim,

promover um debate amplo sobre problemáticas atuais relativas à família e relacionar

profundamente arte e vida”, explica Daniella Géo.

 

 

De 01 de agosto a 19 de setembro.

SIM Galeria na SP-Arte/Foto 2015

17/jul

Todas as atenções se voltarão para a fotografia durante a 9ª edição da SP-Arte/Foto, Shopping JK Iguatemi, 3º piso, Vila Olímpia, São Paulo. A feira de fotografia é considerada a mais importante da América Latina e terá a participação de 30 galerias de arte do Brasil, que trabalham a partir do suporte fotográfico. Em sua quarta participação na SP-Arte/Foto, a SIM Galeria vai apresentar obras de cinco artistas: Isidro Blasco, Marcelo Moscheta, Julia Kater, Romy Pocztaruk e Rodrigo Torres.

 

A instalação fotográfica “New York I”, do artista espanhol Isidro Blasco será um dos destaques da SIM na feira. Feita em impressão colorida, madeira e passe par tout, a obra é uma ‘fotoforma’ (objetos tridimensionais) criada a partir do encadeamento de imagens planas. O trabalho retrata Nova York, cidade onde o artista reside desde 1996, e também a maneira particular de Isidro Blasco enxergar a realidade a sua volta.

 

Os recortes e colagem de fotografias sobre papel algodão assinados pela Julia Kater também foram selecionados para esta ocasião. De poética envolvente, as obras da artista fazem referência à relação entre projeção de luz e desenho, pois fica a dúvida se a paisagem que ela sutilmente sugere se encontra abaixo da superfície, se foi projetada sobre o papel ou, ainda, se é imaginária.

 

Romy Pocztaruk, importante nome da fotografia brasileira contemporânea,  também terá suas obras expostas na SP-Arte/Foto. A SIM selecionou os trabalhos da artista que retratam a exploração fotográfica da rodovia Transamazônica e da cidade abandonada de Fordlândia. Essas obras da Romy foram apresentadas na última Bienal de São Paulo.

 

3 D – O público da SP-Arte/ Foto vai poder conferir a série ‘Geographic Misionformation System’ (recortes em impressão colorida, papel algodão e lápis) do Rodrigo Torres. O objetivo do artista ao criar a série foi construir um grande mapa 3D, por meio de colagem de fotografias utilizando imagens provenientes de satélite, assim como fotografias do solo feitas pelo próprio artista a curta distância. Entretanto, as imagens foram combinadas  para formar um novo relevo, ou seja, não indicam uma localização, mas criam um novo lugar.

 

Um dos trabalhos mais recentes do artista plástico Marcelo Moscheta, a série A.A.A. (Arquivo Araucária Angustifolia), que aproxima a estética científica a uma abordagem sensível da flora paranaense, também será levada para a feira. A série resulta do tratamento minucioso da fotografia como forma de análise de um objeto que se torna quase irreconhecível, sobrepujado pelo volume das fotos dispostas como absurdas fichas de catalogação ou gavetas de ficheiro.

 

 

Sobre a SIM Galeria

 

Fundada em 2011 em Curitiba, a SIM Galeria nasceu para atuar como um espaço difusor de arte contemporânea, exibindo artistas brasileiros e internacionais com investigações nos mais variados suportes:  pintura, fotografia, escultura e vídeo. Ao longo dos últimos três anos, a SIM foi palco de uma série de mostras individuais e coletivas organizadas por curadores convidados, como Agnaldo Farias, Jacopo Crivelli, Denise Gadelha, Marcelo Campos, Fernando Cocchiarale e Felipe Scovino. A galeria também é responsável pela assinatura de catálogos e outras publicações. A SIM ainda trabalha em conjunto com instituições brasileiras e estrangeiras com o intuito de promover exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais.

 

 

De 20 a 23 de agosto.

Bate papo na TATO

A Galeria TATO, Vila Madalena, São Paulo, SP, convida para um bate papo no dia 18/07/15, sábado, às 16:00h, com os artistas Aloysio Pavan, Diego Castro, Luiz 83, Monica Tinoco e Victor Lema Riqué e a curadora Juliana Monachesi sobre a exposição “A abstração como imagem – Parte 1″.

 

 

A mostra reúne trabalhos recentes de 8 artistas que incorporam de alguma forma o pensamento sobre “abstração” em suas obras: Aloysio Pavan, Diego Castro, Evandro Soares, Fernando Velázquez, Luiz 83, Monica Tinoco, Paulo Pasta e Victor Lema Riqué.

 
Aloysio Pavan trabalha predominantemente com desenho, muitas vezes usando a superfície do papel como se fosse uma tela. Quatro desenhos que realizou neste ano, cada um flertando com um tipo diferente de abstração.Monica Tinoco é fotógrafa de formação, mas utiliza-se de diferentes suportes e linguagens em sua pesquisa. Após trabalhar em pinturas que citavam os abstracionistas brasileiros, a artista desenvolve uma série de abstrações têxteis. Paulo Pasta pode ser considerado um mestre para diversos dos artistas presentes na exposição; o pintor participa como convidado especial, apresentando pinturas sobre papel e tela.

Iole de Freitas no MAM/Rio

Neste sábado, dia 18 de julho, às 15h, o MAM Rio, Parque do Flamengo, inaugura a exposição “Iole de Freitas – O peso de cada um”. Com curadoria de Ligia Canongia, a mostra vai ocupar o Espaço Monumental do Museu com uma instalação inédita, feita especialmente para o local, composta por três esculturas de grandes dimensões, duas suspensas e uma no chão, em aço inox espelhado e fosco, que pesam no total quase quatro toneladas.

 
Um dos grandes nomes da arte contemporânea, Iole de Freitas comemora 70 anos em 2015, e a exposição no MAM traz ainda trabalhos em vidro com impressão fotográfica sobre película, da série “Escrito na água”, de 1996/1999, pertencentes a seu acervo pessoal e à Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio.

 
Com uma trajetória de mais de quarenta anos de atividade, celebrada em exposições em espaços prestigiosos no Brasil e no exterior, Iole de Freitas está trabalhando agora com chapas de aço, e não mais com as estruturas em policarbonato e tubos de aço inox, que marcaram sua produção desde 2000, quando expôs no Centro Municipal de Arte Helio Oiticica, no Rio.

 
Iole de Freitas construiu para o Espaço Monumental do Museu duas esculturas aéreas, suspensas no ar, com chapas de aço inox de 6m x 1,5m, curvadas, com fortes torções, tensionadas por linhas de aço – que a artista chama de “flechas” – pesando cada em torno de 700 a 800 quilos. A terceira escultura estará no chão, em meio às outras duas, pesando em torno de duas toneladas, com aproximadamente 7,80m de comprimento, cinco de metros de largura e três metros de altura. Envio abaixo o convite virtual.

 

 

Texto de Ligia Canongia

 

Nesta exposição, Iole de Freitas substitui as placas de policarbonato anteriores por

lâminas de aço inox, cuja resistência é maior e a maleabilidadedifícil, exigindo torções

mais intensas.Apesar dessas propriedades, contudo, as esculturas são suspensas no

ar, evoluem como uma coreografia aérea imponderável, contrapondo a seu peso

original a ideia de leveza e movimento.

 

A linha tênue entre o gesto expressivo e a precisão formal, que sempre acompanhou o

trabalho, permanece agora, mas com a recuperação discretados reflexos e

espelhamentos que a artista utilizava nas peças dos anos 1970.

 

De sua formação em dança, Iole guardou o valor dos deslocamentos e da elasticidade

dos corpos no espaço, assim como o caráter ao mesmo tempo preciso e volúvel das

formas. As placas resistentes do aço surgem, portanto, como um desafio para o

trabalho, com novos arranjos formais, maior dispêndio de forças em seu equilíbrio,

tensões mais arrojadas entre a escultura e o lugar, além de um embate enfático entre

o poético e o estrutural.

 

Entre o espelhamentoturvo de um lado da lâmina e a opacidade absoluta da outra

face, inscreve-se simultaneamente um corpo rígido e fluido, que ora absorve o

exterior, ora se afirma como obstáculoradical ao olhar. A obra, afinal, delimita um

campo ambíguo, que, em última instância, flutua entre o gosto clássico e o espírito

pré-romântico, no debate constante entre o exame racional das formas e sua

exuberância lírica.

 

Ligia Canongia

Fernando Limberger no CCBB/Rio

Fernando Limberger faz sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Este é o segundo projeto do Prêmio CCBB Contemporâneo apresentando “Desmoronamento, Azul”, criação do artista plástico Fernando Limberger, um dos dez projetos selecionados para a temporada de 2015-2016. na Sala A do CCBB Rio de Janeiro. “Desmoronamento, azul” é uma instalação pensada especificamente para esta sala do CCBB carioca, que tem 141 m2, com seis metros de pé direito.

 

O artista gaúcho, radicado em São Paulo, cria uma nova paisagem no espaço expositivo. São 20 toneladas de areia tingida de azul, formando uma elevação topográfica irregular, sobre a qual Limberger finca troncos de árvores queimados organicamente, de tamanhos variados, distribuídos sobre a areia. Este material é atóxico, resultado de areia e pigmento naturais.

 

O tom de azul escolhido é o celeste que alude à cor do céu e traz para o espaço a impressão de aridez, invasão e transitoriedade. Os troncos, pretos da queima pelo fogo, remetem à transformação, à vida, à morte e ao renascimento. O azul irregular e horizontal [areia] se soma graficamente ao preto vertical assimétrico [troncos].

 

A partir de mitos de alguns povos indígenas da queda do céu, o desmoronamento da Terra e o fim do mundo, Limberger situa sua instalação:

 

– De forma livre, o projeto “Desmoronamento, Azul” faz alusão a esses mitos e traz reflexões sobre o ambiente natural do mundo contemporâneo. Questões relacionadas ao desmatamento, à erosão, à alteração e à destruição da paisagem natural, causas da mudança climática vivida globalmente na atualidade estão sugeridas no trabalho, diz o artista.

 

 

Sobre o artista

 

Fernando Limberger nasceu em Santa Cruz do Sul, RS, 1962, é  artista plástico e paisagista. Vive e trabalha em São Paulo. Limberger participou da Bienal do Mercosul de 1997 e 2013, do Panorama da Arte Brasileira de 1985, 1987 e 1990, no MAM SP, de  “Espelhos e Sombras”, no MAM SP [1994] e CCBB RJ [1995], e “Ecológica”, no MAM SP [2010]. Em 2008 realizou o trabalho “Verde e Amarelo” no jardim central do Centro Cultural São Paulo. Ele tem trabalhos públicos permanentes no Parque Marinha do Brasil [Porto Alegre], Praças Central e Bica D’água [Catingueira, Paraíba] e Fazenda Serrinha [Bragança Paulista, SP]. Junto com outros artistas criou o grupo Arte Construtora, que realizou trabalhos específicos para espaços significativos nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo entre 1992 e 1996. Entre os anos de 2002 e 2006, participou do JAMAC|Jardim Miriam Arte Clube, no qual desenvolveu o projeto “Um Jardim para o Jardim Miriam”, na região sul da capital paulista. Fernando Limberger é formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Frequentou cursos livres ligados às artes, à jardinagem e ao paisagismo.

 

 

 

Sobre o Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016

 

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.

 

O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013.

 

A série de exposições inéditas, em dez individuais, começou com grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], e segue com as mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.

 

Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

 

 

De 21 de julho a 17 de agosto.

Vergara no Instituto Ling

11/jul

Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição “Carlos Vergara – Sudários”, em cartaz na Galeria

Instituto Ling, Porto Alegre, RS, traz obras representativas do percurso de experimentação do

artista que, desde os anos 80, investiga o campo expandido da pintura, utilizando novas

técnicas, materiais e pensamentos que resultam em obras caracterizadas pela inovação. A

exposição é composta de quatro telas – monotipias sobre lonas, realizadas entre 1999 e 2005

–, nas quais Vergara emprega pigmentos naturais e minérios para transferir texturas para a

tela, explorando, assim, o contato direto com o meio natural.

 

 

Uma grande instalação inédita, intitulada “Sudários”, apresenta 250 monotipias realizadas em

lenços de bolso, resultados de viagens para diversas regiões do mundo, como São Miguel das

Missões, Capadócia, Pompéia e Cazaquistão. Completam a exposição dezenas de fotografias

em pequeno formato com os registros das ações que originam os “Sudários”, sublinhando

assim a importância do processo para a obra como um todo. A exposição tem patrocínio da

Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Carlos Vergara possui uma obra extensa e consistente, que vem produzindo desde os anos

sessenta e que lhe conferiu posição de destaque na arte contemporânea brasileira. Nascido na

cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Vergara iniciou sua trajetória nos anos

60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em

1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um

marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante

da realidade social e política da época. A partir dessa exposição formou-se a Nova Figuração

Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias,

Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político.

 

 

Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço

próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os

anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas

técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela

inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser

expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 200 exposições individuais e coletivas

de seu trabalho, dentre elas a Bienal de Medelin 1970, Bienal de Veneza de 1980, Bienal de

São Paulo edições de 1963, 1967, 1985, 1989 e 2010, Bienal do Mercosul edições 1997 e 2011.

 

 

 

Até 23 de agosto.

Conversa com a artista

08/jul

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a “Conversa com a Artista Patrícia Francisco”, dia 15 de julho, quarta-feira, às 19h. A conversa terá como ponto de partida o processo de criação de “Slide”, sua atual exposição na galeria. Com curadoria de Elaine Tedesco, a mostra apresenta um conjunto de trabalhos que privilegia o uso do vídeo e da fotografia para desenvolver versões do real.

 

 

Sobre a artista

 

Mestrado em Artes – ECA/USP, 2008. Orientação Artística com Carlos Fajardo, São Paulo (2005-2007). Graduada em Artes – IA/ UFRGS. Representada pela Galeria Mamute em Porto Alegre-BR. Artista residente “Programa Internacional de Residências Artísticas”, Fundación ‘ACE, Buenos Aires-AR (2014)  Programa”Obras em Construção”, Casa das Caldeiras, São Paulo-BR (2011). Obras em Coleções: Museu de Arte Contemporânea–MAC (Porto Alegre-BR) Fundação Vera Chaves Barcellos – FVB (Porto Alegre–BR); Videothèque Joaquim Pedro de Andrade – Maison du Brésil – Cité Internationale Universitaire (Paris–FR). Principais Exposições Slide (individual), Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS. (junho/2015) De Longe, de Perto, curadoria Angélica de Moraes, Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS; Sul-Sur 2014, Espacio de Arte Contemporáneo – EAC, Montevideo, Uruguay ; X Muestra Monográfica de Media Art – Festival Internacional de La Imagen, Manizales, Colombia., 4o Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea (Artista Finalista), Casa de Cultura, Paraty/ RJ;10o Salão de Arte Contemporânea, Marília/ SP; (Prêmio Prata Banco Bradesco); A Inventariante, VIDEOAKT 03 –Bienal Internacional de Vídeo Arte, Barcelona/ES; Entre, curadoria Ana Zavadil, MAC RS, Porto Alegre/RS.

 

 

Quando: 15 de julho – 19h – Rua Caldas Júnior, 377, 3º and.