Neste sábado

26/out

A conversa com a curadora e artistas na exposição “O que há de música em você”, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, será neste sábado, 28 de outubro, às 19h, entre a curadora Fernanda Lopes e os artistas Andro Silva, Atelier Sanitário (Daniel Murgel e Leandro Barboza), Hugo Houayek, Natália Quinderé (Seis gentes dançam no museu) e Rafael Alonso, como parte da exposição “O que há de música em você”, que, devido ao sucesso, acaba de ser prorrogada até o dia 02 de dezembro. A conversa será gratuita e aberta ao público.

A mostra “O que há de música em você” apresenta edições únicas de icônicas obras de Hélio Oiticica, produzidas em 1986. Elas participaram da primeira exposição póstuma de Hélio Oiticica (1937-1980), organizada pelo Projeto HO, na época coordenado por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Wally Salomão, que se chamava “O q faço é música” e foi realizada na Galeria de Arte São Paulo. Desde então, essas obras permaneceram em uma coleção particular, e agora voltam a público, depois de 37 anos, sendo o ponto de partida para a exposição “O que há de música em você”.

A exposição apresenta um diálogo com fotografias, vídeos, objetos e performances de outros 20 artistas, entre modernos e contemporâneos, como Alair Gomes, Alexander Calder, Aluísio Carvão, Andro de Silva, Atelier Sanitário, Ayla Tavares, Celeida Tostes, Ernesto Neto, Felipe Abdala, Felippe Moraes, Flavio de Carvalho, Frederico Filippi, Gustavo Prado, Hélio Oiticica, Hugo Houayek, Leda Catunda, Manuel Messias, Marcelo Cidade, Rafael Alonso, Raquel Versieux, Sonia Andrade, Tunga e Vanderlei Lopes. Na fachada da galeria está a grande obra “Chuá!!!”, de Hugo Houayek, feita em lona azul, simulando uma queda d´água.

Nuances de realidades cotidianas

A Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, anuncia sua próxima exposição: “Hoje acordei linda”, um duo entre Ana Júlia Vilela e Roxinha. Com texto crítico de Paula Borghi, a mostra será inaugurada no dia 07 de novembro e poderá ser visitada até 24 de fevereiro de 2024.

O título faz referência a uma das obras de Roxinha e expõem a forma dual de se encarar a contemporaneidade: ora de forma otimista, ora pessimista. Como observado por Paula Borghi, baseando-se na anedota sobre “O Dia da Boa Notícia” do portal iG (contada recentemente no episódio 42 do podcast Rádio Novelo Apresenta), “sempre há de haver boas e más notícias. […] Por exemplo, num dia se acorda linda e no outro se indaga se todos os homens odeiam as mulheres”.

As pinturas de Ana Júlia e Roxinha, com uma variedade de tons pastéis, exploram as nuances de suas realidades cotidianas. De gerações diferentes, as artistas compartilham, muitas vezes, formas semelhantes de encarar o mundo. Ana Júlia nasceu logo após a popularização da internet doméstica, o que a torna intimamente familiarizada ao consumo e produção de texto e imagem conforme a linguagem de deboche das redes sociais. Em contrapartida, Roxinha vem de uma época e sociabilidade muito distintas, quando “os memes eram feitos analogicamente, tal como nas frases de caminhão”, como coloca Borghi.

A exposição “Hoje acordei linda” apresenta pinturas sobre tela e madeira com discursos paralelos, muitas vezes em tom irônico, que abordam temas diários e triviais, permeados por questões relacionadas ao gênero feminino e aos discursos feministas.

Sobre as artistas

Ana Júlia Vilela nasceu em 1996 em Belo Horizonte, MG. Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), desenvolve sua poética principalmente na pintura e desenho. Seu trabalho transita entre o gráfico e o pictórico entendendo a tela tanto como superfície quanto janela. Aproveitando da linguagem instantânea das redes sociais em uma iconografia própria, repleta de formas fluidas e narrativas não lineares que intercalam humor e cultura pop, desenvolve um universo próprio com um leque de possibilidades temáticas.

Maria José Lisboa da Cruz nasceu em 1956 em Lagoa de Pedra, Alagoas. Conhecida como Roxinha, começou a trabalhar no fim da adolescência no cultivo de macaxeira, feijão e milho. Quebrou brita em pedreira e foi gari por quase duas décadas. Aos 59 anos começou a desenhar, e, em pouco tempo, expandiu fisicamente sua produção, substituindo as pequenas folhas de papel pelas paredes e muros de sua casa. Em 2021, passou a pintar em pedaços de MDF e materiais que encontrava em terrenos baldios durante suas caminhadas com um de seus filhos e o marido. Em 2023, fez sua primeira exposição individual, “Roxinha, uma vida de novela”, no Museu do Pontal, Rio de Janeiro, RJ.

Duas referências culturais

24/out

A Simões de Assis convidar para a abertura da mais nova exposição em sua sede de Curitiba, PR. “Vai Saudade: Heitor dos Prazeres & Zéh Palito” reúne obras inéditas do pintor paulista, inspiradas por trabalhos históricos do artista carioca.

A mostra conta com texto crítico de Ademar Britto, que aproxima a produção de Zéh Palito e Heitor dos Prazeres por meio da celebração da cultura negra no Brasil. Seja pela lendária contribuição para o surgimento do samba, seja pela elegância e atuação no campo da moda, seja pelas pinturas nas quais retratava favelas, rituais religiosos, bailes de carnaval, rodas de choro e outras festas populares, Heitor dos Prazeres foi um grande protagonista e também promotor das vivências típicas dos subúrbios do Rio de Janeiro. Zéh Palito, por sua vez, nascido quase 100 anos depois de Heitor, começou sua carreira na pintura de rua, realizando murais e grafites no interior paulista. Seu interesse pelo viés público da pintura o levou a expandir sua pesquisa a outros países e, em seguida, para as telas. Na contramão das correntes do embranquecimento cultural do país, Zéh Palito retrata personagens com dignidade, plenitude e, sobretudo, elegância, de forma semelhante a de Heitor dos Prazeres, vestidos à risca para os bailes de Carnaval, rodeados pelos elementos típicos dos botecos ou ainda rodeados por referências da música, da cultura pop e da sociedade de consumo.

A abertura da exposição contará com uma roda de samba cantando os sucessos do conjunto “Heitor dos Prazeres e Sua Gente”, além de composições clássicas e icônicas de nomes como Cartola, Noel Rosa e Pixinguinha.

Até 16 de dezembro.

Proteção e liberdade

23/out

A artista plástica e arquiteta Cláudia Castro Barbosa inaugurou a individual “Janelas”, no Centro Cultural Candido Mendes, Ipanema. São 15 trabalhos que retratam metáforas entre o dentro e o fora.

A palavra da artista

“A paisagem se replica sob diferentes lembranças e humores, tendo como tema a contraposição das montanhas com o espaço urbano, do dia com a noite, do abstrato e do geométrico frente ao caos da natureza, além de um fascínio pela visão do primitivismo do mar e do céu, separados pela linha do horizonte. A intenção é proporcionar ao observador uma ilusão de proteção e, ao mesmo tempo, de liberdade”.

A mostra permanecerá em cartaz até 17 de novembro.

Exposição e livro

Chama-se “O fardo, a farda, a fresta”, a nova exposição individual de Rivane Neuenschwander na Fortes D’Aloia & Gabriel, Galpão, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, abrirá no próximo sábado, dia 28 de outubro.

Na mostra, em cartaz até 16 de desembro, Rivane Neuenschwander aborda a persistência contemporânea de estruturas herdadas dos anos da ditadura militar no Brasil (1964 – 1985) por meio da tradução de relatos e lembranças ambientadas no período em configurações visuais. Lançamento do livro “Reviravolta de Gaia” de Rivane Neuenschwander e Mariana Lacerda, Editora Cabogó e M-1edições.

Celebrando Guimarães Rosa

Acontecimento original no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, para celebrar o aniversário de 60 anos da obra de Guimarães Rosa, a professora Kathrin Rosenfield convidou os artistas visuais Maria Tomaselli, Marcos Sanches e Raul Cassou para criarem suas próprias visões dos pequenos milagres que o escritor tirou da existência e imortalizou em seus textos. O evento é uma homenagem aos “causos” narrados nos 21 contos do livro “Primeiras Estórias”. O evento também terá atrações musicais, com a presença especial dos músicos Stefania Johnson (flauta), Guilherme Sanches (pandeiro) e Mathias Pinto no violão 7 cordas. Além da exibição única das obras, vamos mergulhar nos textos e nas questões suscitadas pelo autor, a partir de uma roda de conversa com os três gravuristas e as críticas literárias Regina da Costa da Silveira e Kathrin Rosenfield. Com entrada franca, o evento acontecerá no dia 28 de outubro, às 16h. Faça sua inscrição pelo site.

Sobre Kathrin Rosenfield

É professora titular de Filosofia e Literatura na UFRGS, autora de vários livros sobre literatura, filosofia e arte. Aborda com perspectivas filosóficas, antropológicas e psicanalíticas autores de diversas literaturas. Seu ensaio “Desenveredando Rosa – a obra de J. G. Rosa” ganhou o Prêmio Mário de Andrade. Atualmente, Kathrin Rosenfield traduz obras ficcionais e ensaísticas do romancista austríaco Robert Musil. Trabalha em projetos vinculando a pesquisa acadêmica e dramaturgia com o público amplo.

Sobre Regina da Silveira

Possui graduação em Letras Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997) – UFRGS; Pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, junto ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura (2017) – UFRJ. Tem experiência na área de Letras, em Programa de Pós-graduação Mestrado e Doutorado em Letras, como professora na UNIRITTER de 1993 a 2017, literatura brasileira, literatura comparada, literaturas africanas de língua portuguesa, desenvolvendo pesquisas sobre Guimarães Rosa, animismo, realismo animista. Professora aposentada, participa como professora colaboradora do Grupo de Pesquisa e do Grupo de Trabalho Vertentes do Insólito Ficcional, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ. Participa do Conselho Consultivo Estudos Literários da Editora Dialogarts Publicações, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Duas exposições na Fundação Iberê Camargo

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, abrirá no dia 04 de novembro a exposição “Resistência”, exposição individual do artista do maranhense Thiago Martins de Melo, 41 anos. No mesmo dia, inaugura “Iberê Camargo: Vivo como as árvores, de pé”. Com curadoria de Martins de Melo e Gustavo Possamai, responsável pelo acervo da Fundação, a mostra destaca a forte relação do pintor gaúcho com o meio ambiente.

Em “Resistência”, com curadoria do islandês Gunnar B. Kvaran, a mostra confronta o espectador com quatorze obras de grandes dimensões e complexidade. Com cores fantasmáticas, seu trabalho articula uma densidade narrativa excepcional, feita de referências autobiográficas e mitológicas, sincretismo religioso e ambiência surreal. No centro dessa articulação, emergem, ora de forma sutil ora contundente, temas da política brasileira e da história do país. Tal iconografia crítica faz de Martins de Melo um dos pintores brasileiros contemporâneos a abordar aspectos do cotidiano social. “Eu venho de uma região marcada pela violência; não temos tempo para tratar de questões acadêmicas. Ser artista é um ato político, expor é o nosso poder de fala”, diz.

“Resistência” abre com “A queima do templo do conhecimento” (2021), uma escultura-vídeo-pintura em que o fogo assume o papel principal, fazendo referência ao incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2018 e que possuía a quinta maior coleção arqueológica do mundo. Em e-mail enviado a Gunnar, que acompanha a trajetória do artista há mais de uma década, Martins de Melo destaca que a obra foi motivada, sobretudo, pelo que está por trás dessa tragédia. “Isso ocorreu devido a uma queda no investimento em políticas públicas culturais e seus mecanismos. Os cortes na educação e na cultura se aprofundaram nas administrações de direita de Temer e Bolsonaro. O Museu Nacional, agora em recuperação, tem sido a vítima e o símbolo maior desse projeto de desmonte da cultura e da educação no Brasil”, escreveu o artista.

A mostra segue com três pinturas intensas e de grande formato, “Escadaria do decapitado” (2019), “Tupinambás, Léguas e Nagôs guiam a libertação de Pindorama das garras da quimera de Mammón” (2013) e “A Rébis mestiça coroa a escadaria dos mártires indigentes” (2013), onde saltam aos olhos o estado de conflito e violência contínuos. Thiago Martins de Melo associa a opressão dos povos indígenas a importantes figuras libertadoras. Também há, nessas pinturas, uma clara resistência exercida pelos oprimidos, que, muitas vezes, se aliam a entidades divinas e espirituais.

As pinturas da segunda parte da exposição são mais pacíficas, incorporando uma reflexão sobre a origem do mundo, da humanidade e da linguagem, “uma transição entre a besta e o humano”, como escreve o artista. Os sujeitos estão ancorados no mundo real e no metafísico. As narrativas meditativas mostram diálogos sutis entre realidade, religião e mitologia, deixando mais espaço para a interpretação do espectador. Há menos ação e mais silêncio.

“As obras selecionadas para esta exposição formam um todo. Elas nos contam histórias do Brasil, assim como pensamentos e reflexões de Thiago Martins de Melo. Por meio de sua narrativa pintada, ele conduz o espectador através da história complexa e multifacetada do país, referindo-se a eventos que considera marcados por uma profunda injustiça. Ele descreve visualmente as relações problemáticas entre os brasileiros, seus colonizadores históricos e um capitalismo desenfreado. Os temas dessas pinturas giram em torno de questões fundamentais, como os direitos dos nativos, a luta pela terra e a violência que ela pode causar. Trata-se, mais ou menos, de uma história de luta de classes diante de um “Estado corrupto e devorador”, primeiro sob o domínio dos tribunais europeus e depois sob o capitalismo selvagem emoldurado por uma democracia brasileira. Ele também descreve as relações extremamente complexas entre os diferentes grupos étnicos e sociais: os indígenas colonizados, os escravizados africanos, os colonizadores brancos, especialmente os europeus, e a grande mistura de raças com todas as suas diferenças culturais, religiosas e espirituais. Em suas obras há um grande senso de moralidade. Muitas vezes, o artista parte de seu próprio estado, o Maranhão, e de sua cidade, São Luís, que ele conhece muito bem, em termos tanto culturais quanto políticos, antes de estender sua temática a todo o Brasil e à América do Sul. Os comentários e as questões que o artista levanta podem ser adotados em todos os continentes, pois tratam basicamente de direitos humanos e respeito ao próximo. Esses são assuntos universais”, escreve Gunnar B. Kvaran, no texto para o catálogo.

A psicologia para pintar os problemas políticos e sociais

Thiago Martins de Melo é filho de mãe psicóloga e pai artista plástico. Mesmo convivendo em meio as tintas desde criança, foi aos 16 que a pintura se tornou uma paixão. Fez curso de pintura e, anos depois, foi admitido no curso de artes visuais da Universidade Federal do Maranhão, mas não chegou até o final. O universo acadêmico tendeu para o lado materno. Thiago é mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Pará. Chegou a cursar o doutorado, mas abandonou para se dedicar exclusivamente à arte.

“Apesar de ter participado em vários projetos institucionais desde os 16 anos, considero que a maturidade da minha produção começou a se estabelecer em 2008. A psicologia teve um papel preponderante na forma como via o signo pictórico e na articulação de narrativas visuais. (…) Eu tinha o título de mestre em análise do comportamento e, apesar de ser uma área empírica-analítica, meu interesse pelas humanidades foi crescendo. Então, abordei clandestinamente a psicologia social e, mais secretamente, Jung, que desempenhou um papel muito importante no modo como eu encarava o signo pictórico. A compreensão da importância da construção simbólica me fez refletir sobre meus próprios interesses espirituais. Tive experiências de espiritismo na família desde a infância, tanto o espiritismo kardecista quanto a religiosidade afro-brasileira. Essa visão de mundo espiritual afro-brasileira me apresentou ao sincretismo, o que sempre me intrigou. Então me interessei por tarô e outros oráculos. A união com minha primeira esposa Viviane foi providencial nesse sentido. Entre 2008 e 2011, minha produção esteve imersa em questões pessoais que passaram pela paternidade, casamento, papéis de gênero, espiritualidade, etc. Até que meus interesses foram cada vez mais direcionados da micropolítica para uma compreensão do mundo que passa pela luta social”, conta.

Sobre o curador

Gunnar B. Kvaran nasceu em Reykjavík, Islândia, em 1955. Possui doutorado em História da Arte pela Université de Provence, Aix-en-Provence, França, obtido em 1986. Foi diretor do Museu de Arte de Reykjavík, de 1989 a 1997, do Museu de Arte de Bergen, na Noruega, de 1997 a 2001, e do Museu Astrup Fearnley, em Oslo, também na Noruega, de 2001 a 2020. Foi curador de inúmeras exposições de arte contemporânea internacional, incluindo a 2ª Bienal de Moscou, Rússia, em 2007 (junto com Daniel Birnbaum e Hans Ulrich Obrist). Também esteve envolvido na Bienal de Lyon, França, em 2013, e na Bienal de Belgrado, Sérvia, em 2018 (junto com Danielle Kvaran). Atualmente, trabalha como curador independente e reside em Oslo.

Até 28 de janeiro de 2024.

Iberê Camargo: Vivo como as árvores, de pé

Thiago Martins de Melo foi convidado para fazer uma imersão na obra de Iberê Camargo e realizar a curadoria de uma exposição em parceria com Gustavo Possamai, responsável pelo acervo do pintor gaúcho. Iberê se preocupava com as questões político-socioambientais. Ele produziu obras e escreveu sobre o tema: “O homem é o único animal que destrói sua casa, sem pensar na continuidade da prole. Em nome do consumismo desvairado, o inconsciente coletivo da humanidade encaminha o mundo para o apocalipse.” Defensor fervoroso da preservação da natureza e do desenvolvimento de uma “consciência ecológica”, Iberê Camargo dizia viver como as árvores, de pé. Embora não se definisse como um ativista, era crítico ao descuido com o meio ambiente, a exploração e apropriação de recursos naturais, além da relação entre o progresso tecnológico e as consequências ambientais de tais avanços quando geridos de forma irresponsável: “Me sinto na obrigação de dizer um basta a este extermínio da natureza. Não por mim, mas pelas novas gerações que virão.”

Nesta mostra, Thiago Martins de Melo e Gustavo Possamai apresentam um recorte de 146 trabalhos, revelando um aspecto fascinante da personalidade e da obra de Iberê Camargo a partir do acervo da Fundação, além de três guaches da série “Ecológica (Agrotóxicos)” gentilmente cedidos por colecionadores. A série, criada por Iberê Camargo em 1986, foi produzida com a colaboração da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Iberê Camargo os viu realizando no Parque da Redenção a intervenção cênica chamada “A dúzia suja”, em referência aos doze agrotóxicos mais prejudiciais ao ser humano e à fauna silvestre. Reproduzindo falas do importante ambientalista José Lutzenberger, o grupo alertava o público quanto ao uso indevido de agrotóxicos nas lavouras gaúchas. Depois disso, a Terreira da Tribo, como é chamado o espaço do grupo, transformou-se em ateliê durante um final de semana, para que Iberê Camargo realizasse os desenhos com os atuadores caracterizados e posando. Entre as personagens estavam o indígena, o FMI, o Tio Sam, o DDT e o militar, entre outros. À época, declarou: “Simpatizo com este projeto. Veja só, já mataram o nosso Guaíba”, referindo-se à poluição do rio que delineia grande parte da cidade. Disse também: “O gato, que é onívoro como homem, sabe exatamente qual a erva que deve comer. Já o homem se envenena. Foi por isso que eu achei que deveria tomar como mestres da minha vida os animais.”.  “Vivo como as árvores, de pé” inclui, ainda, uma série de falas do artista que mantém vivo o seu pensamento. “Com frequência, suas metáforas invocavam imagens da natureza e são um convite para olharmos mais de perto para o mundo finito que habitamos e para as conexões que mantemos com ele. Afinal, como dizia Iberê Camargo, “vivemos num universo que é o resto de uma grande fogueira e as estrelas são suas últimas brasas”, diz o texto dos curadores.

A Fundação Iberê tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo GPS, Grupo IESA, CMPC, Savarauto Perto, Ventos do Sul, DLL Group, Lojas Pompéia e DLL Financial Solutions Partner; apoio da Renner, Dell Technologies, Pontal Shopping, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, e realização do Ministério da Cultura/Governo Federal.

Até 18 de janeiro de 2024.

Di Cavalcanti no Farol Santander

O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugurou a exposição inédita “Di Cavalcanti – 125 anos”. A mostra apresenta um conjunto de obras raras e extraordinárias pertencentes a coleções particulares de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza. Com curadoria de Denise Mattar, a exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” permanecerá em exibição até 07 de janeiro de 2024.

O grande destaque fica por conta da excepcional obra Carnaval (1929/30), que foi adquirida na década de 1930 por um colecionador em Paris, lá permanecendo até o ano passado, quando retornou ao Brasil. Trata-se de um trabalho impactante, relativamente desconhecido pelo público e que será exibido pela primeira vez em uma grande exposição.

A criação de Carnaval (1929/30) tem características que o situam na produção realizada entre os anos 1929 e 1931, quando a influência muralista toma corpo na obra de Di Cavalcanti. O artista tinha como proposta criar um muralismo diverso do mexicano, que é marcadamente político, preferindo se debruçar sobre o aspecto humanista. Os sambas, morros, favelas e danças que ele pintou são verdadeiros, quentes, amorosos e carnais – feitos de dentro.

“Partindo de um olhar marcante e afetivo, Emiliano Di Cavalcanti retratou o Brasil utilizando cores vibrantes e formas sinuosas. Sua obra é um registro do cotidiano do povo brasileiro em seus momentos de alegria e tristeza, lazer e trabalho, amores e dores”, comenta Maitê Leite, vice-presidente institucional do Santander Brasil.

A mostra ocupa toda a galeria do 22º andar do Farol Santander São Paulo. São ao todo quarenta e cinco trabalhos, incluindo um álbum com dezesseis gravuras, que traçam um percurso do artista de 1920 a 1970 por meio de seu tema favorito: o povo brasileiro, com suas festas, sambas e carnavais. O conjunto proporciona uma oportunidade única de ver algumas de suas obras-primas e de acompanhar sua trajetória pictórica, pesquisas estéticas, opções construtivas e afinidades eletivas.

Terminando pelo início, a exposição apresenta Fantoches da meia-noite, álbum realizado por Di Cavalcanti em 1921. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje. Seu lançamento foi um dos pontos de partida da Semana de Arte Moderna de 22, na qual Di Cavalcanti teve um protagonismo às vezes subavaliado pelos estudiosos.

“Di Cavalcanti – 125 anos” vem assim apresentar o artista na sua integridade, um intelectual apaixonado, boêmio, sensual e romântico – autor de algumas das mais belas obras da nossa arte. Obras que têm o cheiro, o sabor e a cor do Brasil”, relata Denise Mattar, curadora da mostra.

Di Cavalcanti – 125 anos no Metrô SP

O Farol Santander São Paulo, em parceria com o Metrô SP, apresenta nas vitrines da estação Trianon-Masp (linha 2 – verde) reproduções das obras Seresta (1925) e Carnaval (1929/30). Assim, os paulistanos e turistas que circulam diariamente por um dos pontos mais tradicionais da cidade, na Avenida Paulista, poderão conferir durante o mesmo período expositivo réplicas de dois dos principais trabalhos exibidos na mostra do Farol Santander São Paulo.

A exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” conta com o patrocínio do Santander Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Destaques das obras

“Seresta”, de 1925 foi criada logo após seu retorno ao Brasil, já exibia elementos característicos da vida carioca que dominariam sua obra posterior. Este trabalho antecipou as escolhas estéticas que ele aplicaria nos painéis decorativos do Teatro João Caetano (SP) em 1929.

A obra “Devaneio”, de 1927, busca pela expressão autêntica da cultura brasileira, Di Cavalcanti escolheu como seu tema as bordas da cidade, as pessoas comuns, os “suburbanos” retratados nas favelas, nos botecos, nas docas e nos bordéis. O título “Devaneio” ganha reforço na postura pensativa e um tanto melancólica da figura principal, uma mulher negra, perdida em sonhos, retratada ao lado de um barraco – um cenário que remete à época em que os morros se tornaram o “berço do samba”.

Seguindo para a obra “Nascimento de Vênus”, de 1940, Di Cavalcanti continuou a produzir no Brasil, mulheres olímpicas, quase clássicas, com toques picassianos, às quais adicionaram uma sensualidade tropical, mestiça e calor. Nessa obra, o artista compõe três mulheres com diversos tipos físicos que unem um olhar cúmplice diante da nudez e da beleza pura da protagonista.

Na criação, “Abigail”, de 1940, o lirismo e uma sensualidade vigorosa tomam conta das telas de Di Cavalcanti. É um período romântico, de retratos imaginados, no qual as mulheres têm olhos doces e os ambientes são cuidadosamente ornamentados. “Abigail” é um registro excepcional dessa fase.

“A espera”, de 1960, o artista é convidado a criar painéis e murais para a nova arquitetura de linhas simples e arrojadas que começava a se implantar no Brasil, encarnando o sonho da modernidade. A obra ilustra bem essa fase na qual os espaços vazios vão desaparecendo até que toda a tela é ocupada por elementos ornamentais, balcões, portas, janelas e vestidos que se mesclam a elementos florais e até animais.

A obra “Colombina, pierrô e arlequim”, de 1960, traz o universo carnavalesco que esteve presente ao longo da produção de Di Cavalcanti, tanto em seu aspecto sensual e debochado, quanto na lembrança das comemorações mais ingênuas dos carnavais antigos. Na obra, o artista empodera “Colombina”, retratada como uma bela mulher, coroada e presenteada com flores.

“Mulata na cadeira”, de 1970 (Coleção Santander Brasil), destaca o reconhecimento do artista. Na década de 1950, ele foi rotulado como o “pintor das mulatas”, o que, na verdade, simplifica muito seu talento. Di Cavalcanti retratou uma variedade de mulheres, independentemente de sua origem étnica, status social ou características físicas, em um contexto lírico e sensual. No entanto, suas obras sempre exalavam um toque de melancolia no ar. A representação das figuras femininas ao longo de sua vida artística acompanha sua evolução como pintor, suas explorações estéticas e suas decisões construtivas. Mesmo enfrentando problemas de saúde nos últimos anos de sua vida, Di Cavalcanti perseverou na criação de obras notáveis, como “Mulata na cadeira”. Esta pintura é um exemplo vívido de sua estética vibrante e colorida, permeada por elementos surrealistas.

Por fim, a obra “Fantoches da meia-noite”, de 1921. Di Cavalcanti era muito amigo de Paulo Barreto, o João do Rio, cronista famoso, tradutor de Oscar Wilde e autor de “A alma encantadora das ruas”. O escritor apresentou o submundo carioca ao artista, o que o levou a produzir a série “Fantoches da meia-noite”. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de um texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje.

Di Cavalcanti no Farol Santander

19/out

O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugurou a exposição inédita “Di Cavalcanti – 125 anos”. A mostra apresenta um conjunto de obras raras e extraordinárias pertencentes a coleções particulares de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza. Com curadoria de Denise Mattar, a exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” permanecerá em exibição até 07 de janeiro de 2024.

O grande destaque fica por conta da excepcional obra Carnaval (1929/30), que foi adquirida na década de 1930 por um colecionador em Paris, lá permanecendo até o ano passado, quando retornou ao Brasil. Trata-se de um trabalho impactante, relativamente desconhecido pelo público e que será exibido pela primeira vez em uma grande exposição.

A criação de Carnaval (1929/30) tem características que o situam na produção realizada entre os anos 1929 e 1931, quando a influência muralista toma corpo na obra de Di Cavalcanti. O artista tinha como proposta criar um muralismo diverso do mexicano, que é marcadamente político, preferindo se debruçar sobre o aspecto humanista. Os sambas, morros, favelas e danças que ele pintou são verdadeiros, quentes, amorosos e carnais – feitos de dentro.

“Partindo de um olhar marcante e afetivo, Emiliano Di Cavalcanti retratou o Brasil utilizando cores vibrantes e formas sinuosas. Sua obra é um registro do cotidiano do povo brasileiro em seus momentos de alegria e tristeza, lazer e trabalho, amores e dores”, comenta Maitê Leite, vice-presidente institucional do Santander Brasil.

A mostra ocupa toda a galeria do 22º andar do Farol Santander São Paulo. São ao todo quarenta e cinco trabalhos, incluindo um álbum com dezesseis gravuras, que traçam um percurso do artista de 1920 a 1970 por meio de seu tema favorito: o povo brasileiro, com suas festas, sambas e carnavais. O conjunto proporciona uma oportunidade única de ver algumas de suas obras-primas e de acompanhar sua trajetória pictórica, pesquisas estéticas, opções construtivas e afinidades eletivas.

Terminando pelo início, a exposição apresenta Fantoches da meia-noite, álbum realizado por Di Cavalcanti em 1921. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje. Seu lançamento foi um dos pontos de partida da Semana de Arte Moderna de 22, na qual Di Cavalcanti teve um protagonismo às vezes subavaliado pelos estudiosos.

“Di Cavalcanti – 125 anos” vem assim apresentar o artista na sua integridade, um intelectual apaixonado, boêmio, sensual e romântico – autor de algumas das mais belas obras da nossa arte. Obras que têm o cheiro, o sabor e a cor do Brasil”, relata Denise Mattar, curadora da mostra.

Di Cavalcanti – 125 anos no Metrô SP

O Farol Santander São Paulo, em parceria com o Metrô SP, apresenta nas vitrines da estação Trianon-Masp (linha 2 – verde) reproduções das obras Seresta (1925) e Carnaval (1929/30). Assim, os paulistanos e turistas que circulam diariamente por um dos pontos mais tradicionais da cidade, na Avenida Paulista, poderão conferir durante o mesmo período expositivo réplicas de dois dos principais trabalhos exibidos na mostra do Farol Santander São Paulo.

A exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” conta com o patrocínio do Santander Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Destaques das obras

“Seresta”, de 1925 foi criada logo após seu retorno ao Brasil, já exibia elementos característicos da vida carioca que dominariam sua obra posterior. Este trabalho antecipou as escolhas estéticas que ele aplicaria nos painéis decorativos do Teatro João Caetano (SP) em 1929.

A obra “Devaneio”, de 1927, busca pela expressão autêntica da cultura brasileira, Di Cavalcanti escolheu como seu tema as bordas da cidade, as pessoas comuns, os “suburbanos” retratados nas favelas, nos botecos, nas docas e nos bordéis. O título “Devaneio” ganha reforço na postura pensativa e um tanto melancólica da figura principal, uma mulher negra, perdida em sonhos, retratada ao lado de um barraco – um cenário que remete à época em que os morros se tornaram o “berço do samba”.

Seguindo para a obra “Nascimento de Vênus”, de 1940, Di Cavalcanti continuou a produzir no Brasil, mulheres olímpicas, quase clássicas, com toques picassianos, às quais adicionaram uma sensualidade tropical, mestiça e calor. Nessa obra, o artista compõe três mulheres com diversos tipos físicos que unem um olhar cúmplice diante da nudez e da beleza pura da protagonista.

Na criação, “Abigail”, de 1940, o lirismo e uma sensualidade vigorosa tomam conta das telas de Di Cavalcanti. É um período romântico, de retratos imaginados, no qual as mulheres têm olhos doces e os ambientes são cuidadosamente ornamentados. “Abigail” é um registro excepcional dessa fase.

“A espera”, de 1960, o artista é convidado a criar painéis e murais para a nova arquitetura de linhas simples e arrojadas que começava a se implantar no Brasil, encarnando o sonho da modernidade. A obra ilustra bem essa fase na qual os espaços vazios vão desaparecendo até que toda a tela é ocupada por elementos ornamentais, balcões, portas, janelas e vestidos que se mesclam a elementos florais e até animais.

A obra “Colombina, pierrô e arlequim”, de 1960, traz o universo carnavalesco que esteve presente ao longo da produção de Di Cavalcanti, tanto em seu aspecto sensual e debochado, quanto na lembrança das comemorações mais ingênuas dos carnavais antigos. Na obra, o artista empodera “Colombina”, retratada como uma bela mulher, coroada e presenteada com flores.

“Mulata na cadeira”, de 1970 (Coleção Santander Brasil), destaca o reconhecimento do artista. Na década de 1950, ele foi rotulado como o “pintor das mulatas”, o que, na verdade, simplifica muito seu talento. Di Cavalcanti retratou uma variedade de mulheres, independentemente de sua origem étnica, status social ou características físicas, em um contexto lírico e sensual. No entanto, suas obras sempre exalavam um toque de melancolia no ar. A representação das figuras femininas ao longo de sua vida artística acompanha sua evolução como pintor, suas explorações estéticas e suas decisões construtivas. Mesmo enfrentando problemas de saúde nos últimos anos de sua vida, Di Cavalcanti perseverou na criação de obras notáveis, como “Mulata na cadeira”. Esta pintura é um exemplo vívido de sua estética vibrante e colorida, permeada por elementos surrealistas.

Por fim, a obra “Fantoches da meia-noite”, de 1921. Di Cavalcanti era muito amigo de Paulo Barreto, o João do Rio, cronista famoso, tradutor de Oscar Wilde e autor de “A alma encantadora das ruas”. O escritor apresentou o submundo carioca ao artista, o que o levou a produzir a série “Fantoches da meia-noite”. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de um texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje.

Daniel Senise em São Paulo

18/out

Desde 2019, Daniel Senise, um dos nomes substanciais da arte contemporânea brasileira, não se apresentava em um museu paulista, no caso o Instituto Tomie Ohtake, quando expôs “Todos os Santos”, uma série marcada pela utilização da fotografia como um dos elementos centrais das obras. Desta vez, o artista traz “Biógrafo: Daniel Senise”, com curadoria de Marta Bogéa e Helouise Costa, ao mezzanino do MAC USP, uma exposição de caráter semi-retrospectivo, visto que o início de Senise nas artes plásticas data de meados dos anos 1980 e, o atual evento, abrange as últimas três décadas, de 1992 a 2022.

Nas cerca de 40 obras, a maioria em grande formato, é perceptível o pleno domínio do artista maduro que construiu, ao longo de quatro décadas, uma poética calcada em uma sacada/insight muito original e na qual firmemente acreditou. As suas são telas complexas, laboriosas, que exigem fatura de precisão cirúrgica, mas o resultado é um exercício categórico de grande beleza monocromática. Daniel Senise poderia até ter tomado emprestado o título do filme italiano de 2013 de Paolo Sorrentino, “La Grande Bellezza” (com o charme do ator Tony Servillo no papel do impagável Jep Gambardella). Mas o engenheiro que Senise tem na alma, alicerçado pelo diploma que nunca pegou na UFRJ da disciplina empírica que jamais viria a seguir, deixou suas marcas. No fazer do artista elas são as marcas do tempo encontradas nos pisos e assoalhos de locais degradados, abandonados, em que ele, utilizando um processo similar ao decalque, imprime em tecido absorvendo assim os resíduos do lugar ou sua “memória”, conforme ele costuma dizer. Os romanos chamavam em latim essa reminiscência de “genius loci”, que dizia a respeito ao espírito protetor de um determinado local.

Fonte: Forbes.