A Serpente de Ernesto Neto em Paris.

13/jan

Para sua décima exposição artística em janeiro, o Le Bon Marché Rive Gauche convidou o artista brasileiro Ernesto Neto para assumir o espaço. Trabalhando em torno da cor branca, em referência ao mês do Branco iniciado por Aristide e Marguerite Boucicaut, fundadores do Bon Marché Rive Gauche no século XIX.

A exposição “Le La Serpent” é composta por diversas obras monumentais, feitas em crochê e criadas a partir de seu ateliê no Rio de Janeiro. Sob os telhados centrais de vidro, atravessando a escada rolante, no segundo andar e nas janelas da rue de Sèvres, rue du Bac e rue de Babylone, o artista entrega a sua interpretação alegre e espiritual do mito fundador da humanidade, na cultura ocidental, através das figuras essenciais de Eva, Adão e da Serpente.

Encontre-se até 23 de fevereiro no Bon Marché Rive Gauche para conhecer a exposição única de Ernesto Neto, já que a temporada França-Brasil começa em abril.

Sobre o artista.

Nascido em 1964 no Rio de Janeiro, Ernesto Neto é um grande artista contemporâneo, reconhecido por suas instalações escultóricas em crochê. Suas obras, semelhantes aos organismos vivos, envolvem diversos sentidos e buscam reconectar o homem com a natureza. São feitos para serem atravessados, habitados e sentidos, às vezes até cheirados. O espectador é assim convidado a experimentar livremente o seu corpo, os seus sentidos e a sua mente. Há vários anos que Ernesto Neto utiliza exclusivamente materiais naturais como algodão, especiarias, madeira, argila e folhas de árvores.

Famoso em França desde a sua exposição “Léviathan Thot” no Panthéon em 2006, o artista expõe por todo o mundo, regressa a Paris e deslumbra os nossos sentidos no Bon Marché Rive Gauche. Conheça os bastidores da exposição durante uma conversa artística entre Ernesto Neto e o jornalista cultural Laurent Goumarre sobre a obra e a vida do artista.

Lygia Clark na Alemanha.

10/jan

A Neue Nationalgalerie exibirá a primeira retrospectiva da artista brasileira Lygia Clark (1920-1988) na Alemanha. Com cerca de 150 obras, a ampla mostra no salão superior apresentará suas obras das décadas de 1950 a 1980, que vão desde pinturas geométricas abstratas até esculturas participativas e performances. A abordagem interativa no trabalho de Lygia Clark será o aspecto central da exposição. Os visitantes poderão interagir com um grande número de réplicas criadas especialmente para a mostra.

Lygia Clark é considerada uma inovadora radical, pois redefiniu fundamentalmente a relação entre artista e espectador, obra de arte e espaço. Como figura de destaque do Neoconcretismo (movimento Neoconcreto), iniciado no Rio de Janeiro em 1959, ela entendia a arte como um fenômeno orgânico. Ela exigia uma experiência artística subjetiva, corporal e sensorial, que incluía a participação ativa do espectador. Esta abordagem participativa dentro do trabalho de Lygia Clark estará disponível para os visitantes experimentarem através da interação com cópias de esculturas e objetos sensoriais da exposição. Além disso, apresentações e workshops regulares irão ativar o trabalho desta notável artista do século XX.

Após as primeiras pinturas construtivistas compostas por vários painéis de madeira, Lygia Clark abandonou totalmente a pintura na década de 1960 e desenvolveu sua ideia da obra de arte como um corpo. Ela produziu esculturas geométricas que são construções móveis. Quando os espectadores as dobram, elas assumem configurações diferentes. Após a dissolução do grupo Neo-Concreto em 1961, Lygia Clark continuou a desenvolver sua ideia da obra de arte como um organismo vivo até seu último trabalho na década de 1980. No início da década de 1970, ela criou a série Corpo Coletivo, que significa ações performáticas de construção de comunidade para participantes de um grupo. No final de sua carreira, desenvolveu sua própria terapia corporal.

A retrospectiva na Neue Nationalgalerie reúne cerca de 150 empréstimos de coleções privadas e museus internacionais, incluindo o Museu de Arte Moderna de São Paulo e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Nova York.

Catálogo da Exposição

A exposição será acompanhada por um catálogo de edição bilíngue em alemão e inglês na E. A. Seemann Verlag. É a primeira publicação em língua alemã sobre Lygia Clark e oferece uma visão abrangente de seu trabalho. A exposição tem curadoria de Irina Hiebert Grun e Maike Steinkamp, ​​Neue Nationalgalerie. Financiado pela Kulturstiftung des Bundes (Fundação Cultural Federal Alemã) e pela Beauftragte der Bundesregierung für Kultur und Medien (Comissário do Governo Federal para Cultura e Mídia). Organizado em cooperação com o Kunsthaus Zürich, onde a mostra estará em exibição do Outono de 2025 à Primavera de 2026.

Trata-se de uma exposição especial da Nationalgalerie – Staatliche Museen de Berlin.

A natureza que me habita.

09/jan

Após temporada em Lisboa, Ana Durães apresenta produção atual na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP. Passada quase uma década desde sua última individual na capital paulistana, a artista visual Ana Durães retorna com trabalhos recentes, todos inéditos, com a exposição  “A natureza que me habita”. A partir do dia 18 de janeiro, ela ocupará a Galeria Contempo, em São Paulo, com cerca de 20 obras em técnica mista, tinta acrílica e óleo sobre tela e linho, com médios e grandes formatos. O texto crítico leva assinatura da cientista social, historiadora e curadora de arte Vanda Klabin.

Morando entre Rio e Lisboa, Ana Durães costuma trabalhar imersa na natureza, inspirada nas paletas de cores ao seu redor, no ateliê que mantém na serra de Petrópolis: “A natureza que me habita vem bem antes da pandemia. Penso que a natureza sempre me habitou. E o costume de estar dentro dela se fortificou na necessidade da reclusão. Na necessidade da solidão”, afirma.

“Não sigo tendências artísticas. Sou uma artista pós-moderna no mundo contemporâneo, onde sigo meus impulsos sensoriais. Pinto o que vejo e sinto. Mas, da forma como vejo, não necessariamente uma natureza real. Uma simples folha pode ser floresta. Uma poça de chuva pode virar rio. Nada do que vejo me é alheio, misturo as flores, as cores, o meu jardim, com imagens imaginárias. Quase abstratas. Acaba por tornar-se um jardim das delicadezas, próprio da liberdade com que registro meu mundo. Essas flores que apresento agora, inéditas, trabalhadas nos últimos três anos, na verdade moram em mim há 62 anos. Elas são alegorias da minha natureza, onde transmuto dor em amor até tornar-se alegria”, conclui.

Ana Durães: a natureza que me habita (por Vanda Klabin).

A natureza com suas paisagens reais, alegóricas ou míticas, tem um papel decisivo para a história da pintura. É uma matéria sempre suscetível à interpretação e à reflexão, que estimula o processo criativo e converge para as inúmeras possibilidades plásticas do mundo. A interlocução com a natureza, que orquestra imensas áreas de cor, está presente na pintura de Ana Durães. A artista encontra sua gramática poética no ritmo da vida real, e suas telas consolidam um tratamento cromático que irradia um diálogo visual pela ação de seu imaginário, um éden mágico que anseia por consonâncias. A paisagem, a presença de árvores e as naturezas-mortas fazem parte do campo narrativo que se instala em suas pinturas. Seus reflexos, suas luminosidades, suas colorações, suas inquietudes rítmicas, suas ambiguidades veladas, tudo se transforma em acontecimento plástico. Observamos a liberdade das pinceladas, a supressão de um ponto central, os efeitos de luz que dissolvem a superfície da tela. Espécies de narrativas breves, como poemas instantâneos, que reforçam a sensação de uma eterna redescoberta e de uma atmosfera cromática misteriosa — um verdadeiro paraíso de possibilidades estéticas. Os vasos de flores e a vegetação tecem um diálogo visual, alternando-se em suas múltiplas direções, ora se insinuando, ora ocupando todo espaço, gerando uma disponibilidade plástica como se fosse uma fricção cromática da natureza. Sensível à poesia contida na vida silenciosa dos acessórios agenciados na sua cotidianidade, Ana Durães procura, nas formas encontradas nas suas naturezas-mortas e paisagens, o tratamento do espaço plástico no que diz respeito aos volumes e à incidência da luz sobre as formas e os resultados das variações e da modulação pela cor. Uma fermentação germina entre as suas cores constitutivas e manifesta a vitalidade da artista e a sua exuberância encantatória do mundo.

Sobre a artista

Ana Durães nasceu em 1962 em Diamantina, MG, e mora no Rio de Janeiro. Iniciou seus estudos na Escola Guignard de Belo Horizonte, em 1981. Concluiu o curso de formação na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1987. Participou de centenas de exposições coletivas e individuais: no Palácio das Artes de Belo Horizonte (MG); no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro; no Museu Histórico Nacional; no Museu de Arte Moderna de Salvador (BA); no MASP – Museu de arte de São Paulo; na Escola de Artes Visuais (RJ); no Museu da República do Rio de Janeiro; no Instituto Centro Cultural Brasileiro-Americano em Washington DC e no Kunstlerhaus, na Áustria, além de cidades como Berlim, Madri, Paris, Lisboa e Buenos Aires. Em 2012, comemorou 30 anos de carreira na exposição individual Mundo das Coisas, no Espaço Furnas Cultural no Rio de Janeiro. Em 2013 realizou a exposição individual Novos Pretos Novos, na Galeria Sergio Gonçalves, no Rio de Janeiro. Em 2018, realizou exposição individual na Artfact Gallery em Nova York. Em 2020, apresentou a exposição Altered Nature, em diálogo com o fotógrafo Daniel Mattar, na Brisa Galeria, em Lisboa. Em 2022, expôs em Madri, na Casa de América, com produção da Galeria Contempo; em 2023, participou da exposição “Paisagens Construídas”, na [A] Space, em Lisboa, com o artista Luiz Dolino, e, no mesmo ano, da individual “Diálogos da Paisagem”, com curadoria de Mônica Xexéu, na Casa de Cultura de Petrópolis. Suas obras são encontradas em diversos acervos no Brasil e no exterior.

Exibição das reflexões de Ismael Monticelli.

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “O Teatro do Terror”, exibição individual de Ismael Monticelli (vencedor da quinta edição do Prêmio FOCO da ArtRio), que propõe uma reflexão sobre os ataques antidemocráticos ocorridos em 08 de janeiro de 2023. Em diálogo com o Futurismo – movimento artístico do início do século XX associado ao fascismo -, Ismael Monticelli realiza uma instalação que transforma o edifício projetado por Grandjean de Montigny em um palco de combate, violência e teatralidade, evidenciando o caráter midiático e espetacular da tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito.

Após receber mais de 40 mil visitantes no Museu Nacional de Brasília, a instalação chega ao Rio de Janeiro em um momento simbólico de dois anos dos atos que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, reexaminando suas complexidades, ressonâncias e desdobramentos. O público é convidado a refletir sobre como a violência se entrelaça com a celebração, ecoando na estética dos movimentos extremistas e suas representações culturais. Com texto assinado por Clarissa Diniz.

A instalação de Ismael Monticelli ocupa os 30 metros de extensão da nave central da Casa França-Brasil e apresenta uma cena de conflito com figuras humanas em escala real, pintadas em tinta acrílica sobre caixas de papelão abertas e recortadas. Para criar essas figuras, o artista se apropriou do imaginário das obras do italiano Fortunato Depero, produzidas na década de 1920. Nesse período, Depero estava alinhado ao programa estético e ideológico do futurismo, criando imagens que exploravam o tema da guerra e do combate. Em uma obra em particular, intitulada Guerra=Festa (1925), Depero retratou em tapeçaria uma cena da Primeira Guerra Mundial. No entanto, ao contrário das expectativas de truculência e sanguinolência, a imagem esconde a violência sob um véu alegre e lúdico, sugerido pela profusão de cores e formas na composição.

É na fronteira entre a violência e o jogo que se situa Guerra = Festa, onde Fortunato Depero retratou o conflito como um grande espetáculo, uma celebração, num motim de formas e cores, alinhando-se completamente ao programa futurista de “glorificar a guerra” como uma força capaz de “curar, purificar a sociedade”. As obras de Fortunato Depero desse período parecem ressoar com os eventos de 08 de janeiro, que transformaram a violência e a destruição em um jogo festivo, um “turismo da violência”. Nos grupos de WhatsApp organizados para planejar a ação, os organizadores utilizavam uma mensagem em código para sinalizar a ocupação da Esplanada dos Ministérios, referindo-se ao evento como um ”dia de festa”. A senha escolhida foi: “Festa da Selma” (em alusão ao grito militar “Selva”).

Ismael Monticelli Monticelli escolheu o papelão como material principal para sua instalação, não apenas por suas propriedades físicas, mas também por sua história simbólica. Durante as Guerras Mundiais, o papelão desempenhou um papel crucial em diversas aplicações militares, como na fabricação de capacetes, contêineres de armazenamento e até embarcações. Devido à necessidade de redirecionar metais para o esforço de guerra, muitos itens cotidianos, que antes eram feitos de lata, chumbo e ferro fundido, passaram a ser produzidos em papelão.

Outra questão crucial da escolha do material é sua precariedade: “A instalação, que tem frontalidade evidente, utiliza a nave da Casa França-Brasil como um palco teatral desprovido de sua caixa cênica, expondo a fragilidade que sustenta o conflito retratado na parte frontal. Ao observar a obra por trás, revela-se uma paisagem de silhuetas de papelão, com as bordas borradas pela tinta e sustentadas por blocos de concreto. É uma espécie de cenografia que se desnuda, revelando suas próprias entranhas e ressaltando a vulnerabilidade inerente à materialidade e à narrativa que compõe”, ressalta o artista.

Um dos principais procedimentos artísticos de Ismael Monticelli é repensar imagens, histórias e narrativas estabelecidas, reorganizando-as ao confrontá-las com questões atuais. Em “O Teatro do Terror”, o artista revisita os eventos de 08 de janeiro à luz de uma das vanguardas do início do século XX – o futurismo. “Uma das primeiras perguntas que me fiz foi: como abordar esse acontecimento com uma estética e um programa ideológico que se alinhem a ele? O Futurismo me pareceu uma forma de pensar as invasões em Brasília, especialmente porque tanto essa vanguarda quanto o 08 de janeiro parecem compartilhar uma ânsia pela destruição de tudo”, comenta o artista.

O Futurismo e o Fascismo

Inaugurado há mais de 100 anos, o Manifesto Futurista (1909), escrito por Filippo Tommaso Marinetti e publicado no jornal francês Le Figaro, estabeleceu as bases de um programa que seria desenvolvido e refinado pelos artistas italianos ao longo dos anos. O manifesto exaltava a velocidade, a violência e a destruição como fontes de energia e renovação. Os futuristas celebravam a guerra, a masculinidade, o militarismo, o patriotismo como forças purificadoras, capazes de abrir caminho para uma nova ordem. A relação complexa do Futurismo com a guerra é destacada por sua postura paradoxal durante o conflito. Enquanto muitos movimentos vanguardistas, como o Dadaísmo, condenaram a guerra e as instituições responsáveis, os Futuristas, apoiaram-na entusiasticamente. Eles defendiam a destruição de museus, bibliotecas, universidades e qualquer resquício de sentimentalismo, que consideravam sinais de fraqueza. Para os futuristas, recomeçar do zero era essencial, incluindo a rejeição do feminismo e da igualdade social, vistos como valores ultrapassados e covardes.

A exposição é uma realização da Portas Vilaseca Galeria e dá início às comemorações dos 15 anos da galeria carioca em 2025.

Sobre o artista

Nasceu em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1987. Vive e trabalha em Cachoeirinha, RS e Rio de Janeiro, RJ. A pesquisa de Ismael Monticelli tem como ponto de partida a observação sensível de seu entorno, com desdobramentos em ações dirigidas em criar uma organização racional. Ele apresenta instalações, objetos, fotografias, mostrando elementos domésticos de um ponto de vista alternativo e revelando o não visto. 2017 – Doutorando em Arte e Cultura Contemporânea/Processos Artísticos Contemporâneos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2012/2014 – Mestrado em Artes Visuais, Linha de Pesquisa: Processos de criação e poéticas do cotidiano, Universidade Federal de Pelotas – UFPel, Pelotas, RS, Brasil. 2006/2010 – Bacharelado em Artes Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS, 2005/2010 Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS.

Mostra inaugural com Maxwell Alexandre.

08/jan

O Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho, conhecido como Castelinho do Flamengo, foi revitalizado e recuperado por meio do Programa Cultura do Amanhã, da Secretaria Municipal de Cultura (SMC). A primeira etapa das intervenções de restauro e revitalização foram entregues com a inauguração da Galeria Angelo Venosa, no térreo. De estilo eclético, o Castelinho possui três pavimentos e localiza-se na Praia do Flamengo, 158. Foi projetado pelo arquiteto italiano Gino Copede e executado pelo arquiteto brasileiro Francisco dos Santos, entre 1916 e 1918. Após a abertura da galeria, o imóvel, que é tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, seguirá em reforma. A previsão é de que o restauro integral, com a recuperação estrutural do casarão, seja entregue em agosto de 2025.

A mostra inaugural da nova galeria, foi “Clube: pinturas de berço”, do artista plástico Maxwell Alexandre, um dos mais conceituados nomes da arte contemporânea.

O nome do Centro Cultural é uma homenagem ao dramaturgo, ator e diretor de TV, Oduvaldo Vianna Filho, carinhosamente chamado de Vianinha.

Sobre o artista.

Talento carioca, cria da Rocinha, Maxwell Alexandre é o primeiro artista a ocupar a Galeria Angelo Venosa, que se estabelece como o Pavilhão Maxwell Alexandre 4. Ele apresenta 16 pinturas inéditas de um novo período de trabalho, todas em pequenos formatos, feitas em casa, com pastel seco e oleoso sobre linho. A série chama-se “Clube: pinturas de berço” e permanecerá em cartaz até 16 de março. A série “Clube: pinturas de berço” retrata os banhistas do Clube de Regatas do Flamengo, e foi apresentada pela primeira vez no Pavilhão Maxwell Alexandre 3, na Gávea, no Museu Histórico da Cidade.

Homenagem a um dos destaques da Geração 80

A galeria do Castelinho do Flamengo recebe o nome de um dos mais destacados artistas plásticos do país. Angelo Venosa (1954-2022), é natural de São Paulo e, aos 20 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Em terras cariocas construiu sua trajetória, cursando a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) e frequentando os cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Destacou-se na cena artística a partir dos anos 1980 e tornou-se um dos representantes mais proeminentes da chamada Geração 80, que defendia o retorno da pintura mais subjetiva e a liberdade de expressão em todos os segmentos culturais.

Três artistas no Centro Cultural Correios.

Trabalhos baseados na vida cigana.

Em “Optchá: a estrada é o destino” Katia Politzer apresenta trabalhos inéditos tendo a cultura cigana como referência na formação da gente brasileira, mas de pouco reconhecimento até aqui. Ancestralidade, identidade, migração, diáspora, sincretismo e respeito à diferença: eis o arco de humanidade envolvido.

“A minha ancestralidade é composta por migrações, diásporas e contribuições à identidade brasileira de dois povos que sofreram muitas perseguições: de um lado os judeus e de outro, os ciganos. Tanto judeus quanto ciganos sofreram na Inquisição e quase foram dizimados no Holocausto”, diz Katia Politzer.

A busca por liberdade, a conexão com a natureza, uma intuição aguçada e a celebração da vida são as características da alma cigana que mais interessaram à artista. A mostra individual será inaugurada dia 22 de janeiro.

Sobre a artista

Nascida no Rio de Janeiro, Katia Politzer desenvolve seu trabalho de arte em projetos. Dependendo da base conceitual, podem ser desenho, pintura, escultura ou instalação, em formatos que vão do pequeno ao grande, e com diferentes relações com a História da Arte. Os materiais variam da cerâmica, vidro, ao tecido, passando pelo cimento, silicone e matérias orgânicas como pão e o mofo. Vive e trabalha no Rio.

No Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Até 08 de março.

Igbá Odù: Os braços fortes da Memória

A exibição individual da artista Reitchel Komch propõe questionamentos acerca da diáspora africana no Brasil e da matriz negra. Em “Igbá Odù: Os braços fortes da Memória”, Reitchel Komch instiga o espectador como utopias de superação de um processo social historicamente nocivo à matriz negra de nossa formação. Segundo a artista, “trata-se de uma visão da arte, em cujas pinturas, esculturas, tótens, portais, simbolizam uma progressão espiritual do mundo físico. Utilizando, cabaças, fios têxteis (a juta, o algodão, o linho), hastes de ferro, eu me questino: onde estão as nossas vozes?”.

Sobre a artista

Reitchel Komch, carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Artista visual de tendência neoexpressionista, atua em suportes diversos – com foco em revisões/reinvenções de mitologias ancestrais (o Iroko, por exemplo) e em dispositivos para visibilidade de etnia historicamente marginalizada, com superação do trauma (os africanos escravizados e forçados à imigração para o Brasil).

No Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Até 08 de março.

A Obra é o Jogo

A exposição individual de Dorys Daher é uma imersão singular que une o universo da sinuca, a arquitetura e as artes visuais. Esta é a proposta da artista em sua exposição “A Obra é o Jogo”, com curadoria de Aline Reis. Dorys Daher é arquiteta. Suas obras dialogam com memórias afetivas e experiências contemporâneas, rompendo fronteiras entre o familiar e o experimental.

“A disposição dos meus trabalhos no espaço combina referências do design arquitetônico com movimentos coreografados em torno de uma mesa de sinuca, criando um diálogo entre o jogo, o ateliê e o escritório de arquitetura”, explica a artista.

No Centro Cultural Correios RJ.

Até 08 de março.

 

As identidades do país.

13/dez

A nova exposição do Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, reúne obras de importantes artistas brasileiros, colocando-as em diálogo com as imagens fabulares da afro-diáspora e das expressões visuais dos povos originários.

Ao cruzar fronteiras culturais e narrativas ancestrais, a mostra “Atlânticofloresta” no MAR, anuncia a riqueza do país assim como a necessidade de resistência das identidades que moldam o Brasil. A histórica relação com o oceano Atlântico e a floresta Amazônica, as causas vinculadas às questões da terra como resistência e protesto e a celebração da cultura dos povos afro-brasileiros e indígenas são os temas das narrativas que chegam ao mais carioca dos museus.

Com curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan, Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos, a mostra é uma ampliação e um desdobramento da exposição “Atlântico Vermelho” que foi inaugurada em 16 de abril de 2024, em Genebra, na Suíça. Foi a primeira vez que uma exposição ocorreu durante o Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU, considerado o evento mais importante das Nações Unidas sobre a questão étnico-racial.

Cerca de 160 obras entre pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, manufaturas têxteis e vídeos estarão na mostra, mais de 90% dessas obras fazem parte da Coleção MAR. O acervo do Museu de Arte do Rio conta com mais de 30 itens museológicos e cresce a cada ano com as doações recebidas. Entre os artistas que participam de “Atlânticofloresta” estão Rosana Paulino, Jaime Lauriano, Jaider Esbell, Lidia Lisboa, Denilson Baniwa, Ayrson Heráclito, Nádia Taquary, Xadalu Jekupé Tupã, Dalton Paula, Menegildo Isaka Huin Kuin, André Vargas, Maré de Mattos, Grupo Karajá, Yhuri Cruz, Gustavo Caboco, Ventura Profana, entre outros.

Até 25 de fevereiro de 2025.

Palestras com experts.

Café tem abordagem imersiva e multissensorial pela primeira vez na história, em exposição que ocupa o Polo Cultural ItalianoRio, na Casa D’Italia.

Bebida mais consumida no mundo depois da água, o café ganhou mostra inédita, totalmente dedicada a ele. “Café Através dos Sentidos” já foi visitada por mais de 2.000 pessoas, conduzidas em uma experiência sensorial e imersiva. Despertando os cinco sentidos (olfato, audição, visão, tato e paladar), o evento pretende ampliar o alcance de público. No dia 17 de dezembro, Rodolfo Teichner discorrerá sobre o tema “Torrefação de Café”, no dia 27 de janeiro, Jose Sette fala sobre “Café pelo Mundo”. E em fevereiro, no dia 20, João Candido Portinari aborda “Portinari e o Café”, esmiuçando a arte que celebra o trabalho e a cultura brasileira e italiana. Seu pai, Candido Portinari, tem um painel reproduzido em uma das paredes do espaço.

“O que se sente não se esquece”, enfatiza a curadora e idealizadora do projeto, Josefina Durini, que também é responsável pela concepção da mostra. Produzida pela Artepadilla através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, “Café Através dos Sentidos”, contempla temas abrangentes com a finalidade de proporcionar uma experimentação completa em vários níveis.

Diversos escritores brasileiros renomados incorporaram o café em suas obras, entre eles Machado de Assis, Jorge Amado e Graciliano Ramos. Na poesia, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira também beberam dessa fonte. Jean-Paul Sartre escreveu suas obras literárias nas cafeterias de Paris, sobretudo o Café de Flore, em Saint Germain de Près.

Há muito tempo que o café é fonte de inspiração para músicos e cantores. A “Cantata do café”, de Johann Sebastian Bach (1685-1750), conta, de maneira cômica, a história de um pai que briga com a filha para que ela pare de tomar tanto café. Composta em 1734 para ser apresentada na cafeteria Kaffeehaus Zimmermann, em Leipzig, na Alemanha, a música reflete a polêmica da época em torno do café, que havia sido introduzido há algumas décadas no país e dividia opiniões”.

A trajetória de um mestre do Sul.

12/dez

 

A exposição retrospectiva “Nelson Boeira Faedrich: Trajetória” encontra-se em cartaz na Casa da Memória Unimed Federação/RS, Porto Alegre.

A mostra “Nelson Boeira Faedrich: Trajetória” dá sequência às realizações na promoção da história da arte no Rio Grande do Sul, com retrospectivas de artistas de relevância, iniciadas com Pedro Weingärtner e José Lutzenberger. A curadoria é assinada por José Francisco Alves e Marco Aurélio Biermann Pinto.

Sobre o artista

Nelson Boeira Faedrich foi um artista autodidata que atuou em áreas que se completaram: pintura, desenho, ilustração, projeto gráfico, desenho de publicidade, cenografia e até o mobiliário. Consagrou-se como ilustrador de capas e livros na antiga Livraria do Globo e por encomendas; cartazista no Rio de Janeiro na década de 1940; foi diagramador e ilustrador em três grandes jornais gaúchos, entre eles o Correio do Povo, entre 1954 e 1974. Também trabalhou como desenhista de publicidade para inúmeros clientes, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, entre as décadas de 1930 e 1950. Foi cenógrafo e figurinista em peças teatrais, em especial na décadas de 1950 e 1960.

Conforme informa um dos curadores, José Francisco Alves, entre as reproduções dos trabalhos de ilustração e diagramação na imprensa diária está uma página do Caderno de Sábado do Correio do Povo, de 11 de setembro de 1971, diagramada pelo artista e com a reprodução de sua pintura “Pássaro de Fogo”, em exibição no mesmo dia na Galeria do Touring.

Sobre a sua pintura, será exposto o maior conjunto de obras do artista desde 1981 (quando realizou uma retrospectiva no Museu de Arte do Rio Grande do Sul), sendo esta linguagem o enfoque principal na Casa da Memória. Estarão na mostra exemplares de sua intensa produção pictórica nas décadas de 1970 e 1980, após aposentar-se da imprensa e dedicar-se com afinco à arte, mais especificamente à pintura, com temáticas figurativas variadas. Na ilustração de livros, os trabalhos mais famosos foram “Lendas do Sul” de Simões Lopes Neto, “O Tempo e o Vento” de Erico Verissimo e os “Contos de Andersen, além de inúmeros livros infantis. Com cerca de 100 originais, a exposição apresenta também desenhos artísticos, projetos gráficos, cartazes, peças de publicidade, jornais e outros suportes.

Até 14 de março de 2025.

Fonte: Correio do Povo.

Na Fundação Francisco Brennand.

“Pancetti retratou amorosamente a nossa gente, a nossa luz e o nosso mar.”

Denise Mattar.

O Instituto Ricardo Brennand, Recife, PE, encerra sua agenda de exposições de 2024 com “Pancetti: o mar quando quebra na praia…”. A mostra ocupará um dos espaços nobres do centro de arte da Várzea, a Sala da Rainha, que integra à pinacoteca, com mais de 40 obras que revelam a importante trajetória artística do pintor brasileiro José Pancetti com sua obra representativa do Modernismo Brasileiro.

O artista nascido em Campinas, São Paulo (1902-1958) sempre demonstrou em sua obra grande interesse pelo nordeste brasileiro, a exibição conta Marinhas, Retratos, Naturezas – Mortas, Paisagens, que remetem diretamente ao mar, tanto por sua obra, quanto pela profissão de marinheiro que José Pancetti exerceu. A exposição já ocupou, com sucesso de público e crítica, a Casa Fiat, em Belo Horizonte e o Farol Sandander, em São Paulo

Pancetti é visto pelos estudiosos como um pintor singular em seu estilo, de formação quase autodidata, embora tenha circulado em meio de grandes influências artísticas.

“Pancetti: O mar quando quebra na praia….” tem a curadoria de Denise Mattar. “Essa seleção permite ao espectador apreciar as diversas facetas de Pancetti através de um conjunto de obras que nunca estiveram reunidas, até essa exposição. O Instituto Ricardo Brennand oferece, portanto, oportunidade aos pernambucanos de conhecerem melhor o artista e sua obra, sua arte”, afirma Denise Mattar que reuniu obras pertencentes à instituições parceiras, como o Acervo Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP, Coleção Nilma Pancetti, Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Instituto Casa Roberto Marinho, Acervo Banco Itaú, entre outros.

Sobre a curadoria

Denise Mattar. Como curadora independente realizou mostras retrospectivas de Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Frans Krajcberg, entre outras. As mostras temáticas: Traço, Humor e Cia, O Olhar Modernista de JK, O Preço da Sedução, O’ Brasil, Homo Ludens, Nippon, Brasília – Síntese das Artes, Tékhne e Memórias Reveladas, (Prêmio ABCA), Pierre Cardin, Mário de Andrade, Projeto Sombras, No Balanço da Rede, Duplo Olhar.

Até 16 de março de 2025.