Uma viagem no tempo e no espaço.

22/out

“Era uma vez: visões do céu e da terra” é uma exposição coletiva que se organiza como uma viagem no tempo e no espaço para refletir sobre o fim do mundo e a imaginação de outros mundos. A mostra que acontece na Grande Galeria do edifício Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP, articula perspectivas de 33 artistas de variadas gerações e origens no Brasil e no mundo, cujas produções permitem vislumbrar o confronto entre diferentes lógicas de habitar o planeta e, sobretudo, inventá-lo.

A exposição investiga o pensamento cosmológico das pessoas artistas, desde o período de 1969 – ano que marca os eventos históricos da chegada do homem à Lua e da divulgação do primeiro relatório da ONU sobre “Problemas do meio ambiente urbano” – até os dias de hoje, em que a relação predatória da humanidade com o planeta colocou as questões ambientais como tema central no debate ao redor do globo.

Do Céu para a Terra

A exposição se divide em três momentos. Ao entrar na Grande Galeria visitantes percorrem uma série de obras que olham para o espaço sideral, em uma tentativa de conhecer e imaginar para além da Terra. Podem ser vistas obras como Yauti in Heavens (Saturno, Lua aterrissagem e Lua Chegada) (1988-9), de Regina Vater, My three inches comet (1973), de Iole de Freitas, entre outras, até chegarem no trabalho de Steve McQueen, Era uma vez (2002), que dá título à exposição. Em 1977, a NASA envia uma série de fotos para o espaço, com o objetivo de mandar registros da vida no planeta para extraterrestres. McQueen apresenta 116 dessas imagens, explicitando uma narrativa nostálgica construída por cientistas norte-americanos, que reuniram uma finita seleção de imagens que simulam a vida na Terra, sem considerar questões como a miséria, guerras e conflitos religiosos. No espaço central da galeria, artistas olham do céu para um planeta em disputa, ao mesmo tempo em que pensam sobre formas de se conectarem com a Terra. Em Bovinocultura XXI (1969), de Humberto Espínola, o artista traz um chifre de gado agigantado para tratar das ambivalências do agronegócio, que destrói o meio-ambiente para gerar riqueza de maneira inconsequente. Ainda na mesma sala, a relação das pessoas artistas com o planeta é definida por meio de conexões ancestrais e espirituais. Jota Mombaça, no filme “O nascimento de Urana Remix” (2020), vive a experiência de se enterrar na terra, se tornando parte do todo.

A especulação imaginativa

Com a ascensão do Antropoceno (termo utilizado para designar o impacto global das atividades humanas no planeta) as pessoas artistas nos convidam a conceber novos mundos, a partir de movimentos de resistência e de imaginação radical. Nesta parte da exposição, artistas como Yhuri Cruz se ancoram na especulação imaginativa e nos levam a novos universos, como o de “Revenguê” (2023). A artista colombiana Astrid González apresenta uma sociedade livre em “Drexciya” (2023), obra que integra vídeos, imagens, esculturas e desenhos para criar uma comunidade subaquática descendente de mulheres grávidas que foram jogadas ao mar em travessias de navios que transportavam pessoas escravizadas entre 1525 e 1866.

Artistas participantes

Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Arthur Luiz Piza, Astrid González, Bu’ú Kennedy, Carla Santana, Carlos Zilio, Carolina Caycedo, Castiel Vitorino Brasileiro, Celeida Tostes, Cipriano, Edival Ramosa, Erika Verzutti, Feral Atlas, Humberto Espíndola, Iole de Freitas, Jaider Esbell, Janaina Wagner, Jota Mombaça, Juraci Dórea, Luciana Magno, Luiz Alphonsus, Mariana Rocha, Mayana Redin, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Mira Schendel, Patricia Domínguez, Regina Vater, Steve McQueen, Sueli Maxakali, Tabita Rezaire, Uýra Sodoma, Xadalu Tupã Jekupé e Yhuri Cruz.

Organizada por Ana Maria Maia, Lorraine Mendes e Pollyana Quintella, a exposição “Era uma vez: visões do céu e da terra” conta com catálogo que reúne uma coletânea de 19 textos selecionados, alguns escritos por integrantes da mostra, como Yhuri Cruz e Jota Mombaça. O catálogo abrange ensaio, poesia, manifesto, relato oral transcrito, entre outros, articulando um mosaico de vozes, práticas e epistemologias e pode ser encontrado nas lojas físicas da Pinacoteca ou online. A mostra tem o patrocínio de Itaú Unibanco e Rede, na cota Platinum.

Até abril de 2025.

Visita mediada na Z42 Arte.

No próximo dia 26 de outubro, às 17h, a artista Fernanda Leme, o curador Alexandre Sá e a crítica de arte Marisa Flórido farão uma visita mediada na exposição “Monstros”, que pode ser vista até o dia 31 de outubro, na Z42 Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, que traz um panorama dos onze anos de trajetória da artista, são apresentadas cerca de 80 pinturas, a maioria delas inéditas, que discutem a pintura e a fotografia na contemporaneidade. Partindo de sua própria vida, a artista debate, através de suas obras, questões que são comuns a todos, como a sociedade líquida em que vivemos, a fugacidade das imagens, o luto, as perdas e a saudade. “A exposição é uma crônica da nossa época, um trabalho de memória e de imagem”, conta a artista.

Filha da jornalista Lúcia Leme (1938-2021), a artista cresceu em uma família de mulheres fortes e empoderadas e seu trabalho reflete isso. O nome da exposição, “Monstros”, foi retirado da pintura homônima de 2013, que integra a exposição. Nela, uma pessoa aparece capturada por dois homens encapuzados e cercada por anjos e diabos. “O título da exposição, consideravelmente irônico, nos pergunta em que medida a monstruosidade angustiada de captura do presente nos sufoca e enjaula em uma fantasia de liberdade, nos questionando inclusive, sobre a monstruosidade do próprio legado da pintura na História da Arte”, ressalta o curador.

Almeida & Dale abre mostra coletiva.

Abrirá no sábado, dia 26 de outubro, a exposição “Paisagens Temporais: Perspectivas em Evolução” na galeria Almeida & Dale, Jardins, São Paulo, SP. A mostra propõe um olhar atento às paisagens em constante transformação, involução e desaparecimento na produção de artistas brasileiros de diferentes gerações. Atenta às suas produções, a curadora María Inés Rodríguez investiga as ecologias materiais e simbólicas propostas para imaginar futuros alternativos.

Para compor esta mostra, uma seleção de obras transcende seu papel de testemunha da deterioração causada pelos séculos de extrativismo e joga luz ao colapso ambiental e a urgente necessidade de uma transição energética. “Muito além de indicar uma problemática, as obras erguem-se como plataformas, a partir das quais são propostas formas alternativas de imaginar e habitar o mundo”, aponta María Inés Rodríguez.

Obras de Djanira, Eleonore Koch, Farnese de Andrade, Filipe Berndt, Ione Saldanha, Leonilson, Julia Thompson, Joseca Mokahesi Yanomami, Marlene Almeida, Tomie Ohtake e Vivian Caccuri.

“Partindo da prática de Marlene Almeida, profundamente comprometida com o uso de recursos sustentáveis, materiais locais e técnicas que respeitam o ambiente, construímos um espaço físico e mental que convida à reflexão”, conta a curadora.

Sobre a curadoria

María Inés Rodríguez tem uma prática curatorial e institucional centrada no estabelecimento do museu como uma plataforma de conhecimento através de exposições, programas culturais e educativos. Atualmente, é diretora da Fundação Walter Leblanc em Bruxelas, Maria Inés Rodríguez é também a fundadora do Tropical Papers, um fórum cultural inclusivo criado em 2005, dedicado a promover a reflexão crítica sobre Arte, Arquitetura, Design e Investigação científica, com enfoque nos profissionais da cultura dos trópicos. Suas funções anteriores incluem a de diretora do CAPC Musée d’art Contemporain em Bordeaux, França; curadora chefe do MUAC (Museo Universitário Arte Contemporâneo) na Cidade do México; curadora chefe do Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC) na Espanha; curadora do MASP; e curadora convidada do Jeu de Paume, em Paris.

A arte sofisticada de Rodrigo de Haro.

18/out

O Instituto Collaço Paulo preparou mais uma das suas surpreendentes exposições. Trata-se da mostra “Máscara Humana”, com obras do artista plástico, pintor e muralista Rodrigo de Haro (1939-2021), na sede do Instituto, Bairro Coqueiros, Florianópolis, SC. Um artista sofisticado cuja curadoria traz a assinatura de Francine Goudel.

“Máscara Humana” é o título da exposição que dá visibilidade a um expressivo núcleo da Coleção Collaço Paulo. São 80 pinturas e desenhos e 25 objetos que pertenceram ao artista, um erudito, célebre, autor de uma produção extensa em artes visuais, além de inúmeros livros que o consagraram como poeta.

A mostra propõe uma incursão na produção de Rodrigo de Haro criada entre meados da década de 1960 e o começo dos 1980. A máscara humana conduz as ideias de Rodrigo de Haro e resulta como uma metáfora para o palco dos humanos, uma produção que, entende a curadora, aponta “um tecido social mítico e fantasioso”, com figuras andrógenas, femininas, ambíguas, desenhos e pinturas em que transparecem sexualidade, liberdade, instinto, espiritualidade.

A exposição permanecerá em cartaz até abril de 2025.

Fonte: Marcos Espíndola.

Destaque na Ricardo Camargo Galeria.

A Ricardo Camargo Galeria apresenta a exposição “Alcides: arte naif, art brut, arte espontânea, arte contemporânea, todas inclusive”, do artista baiano Alcides Pereira dos Santos (1932-2007). A mostra reúne 16 obras inéditas da coleção do marchand Roberto Rugiero (1942-2020), adquiridas no início dos anos 2000. As obras abordam temas centrais da produção de Alcides, como a natureza e a espiritualidade, e transitam entre a arte naif e a art brut, posicionando-o como um nome singular na arte contemporânea brasileira.

Nascido em Rui Barbosa, na Bahia, migrou para Mato Grosso, onde se estabeleceu em Rondonópolis. Sua carreira artística ganhou força na década de 1970, quando ingressou no Atelier Livre de Cuiabá, coordenado por Aline Figueiredo e Humberto Espíndola. Sob a orientação de Dalva de Barros, o artista desenvolveu um estilo próprio, utilizando materiais inusitados como fragmentos de vidro e tapetes, aproximando-se da estética da art brut.

Roberto Rugiero, importante defensor da obra de Alcides Pereira dos Santos, destacou a originalidade do artista, observando que sua pintura ultrapassa os limites da arte popular tradicional, com uma abordagem minimalista e contemporânea. Roberto Rugiero ressaltava que sua arte oferece uma visão profunda da cultura e da espiritualidade brasileiras, em diálogo com correntes diversas, como a art brut e a arte espontânea. Em 2007, Alcides Pereira dos Santos participou de sua única exposição individual na Galeria Estação, em São Paulo. Compareceu em cadeira de rodas à abertura, falecendo três dias depois. Sua trajetória, marcada por uma vida simples e distante do mercado convencional, conquistou críticos renomados como Frederico Morais e Aracy Amaral. A parceria entre Ricardo Camargo e Roberto Rugiero, iniciada nos anos 1970, foi fundamental para a promoção de artistas espontâneos no Brasil. Após o falecimento de Roberto Rugiero, sua filha Fedra deu continuidade à seleção das obras de Alcides Pereira dos Santos que compõem esta exposição, consolidando o legado do artista e reafirmando sua relevância no cenário da arte contemporânea nacional.

Duração da exibição: de 22 de outubro a 14 de novembro.

Exposição coletiva no Museu Histórico.

O Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Parque da Cidade, Gávea, apresenta a exposição coletiva “O mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres” com curadoria de Fabricio Faccio. A exposição explora a relação entre Arte e Natureza, propondo uma reflexão sobre as conexões entre o humano e o não-humano, e como as práticas artísticas podem ser usadas para repensar o futuro do planeta. Participam da mostra 36 artistas contemporâneos: Aiyon Chung, Alexandre Pinheiro, Aline Mac Cord, Ana Holck, Ana Miguel, Athos Bulcão, Bernardo Liu, Carlos Zilio, Carolina Kasting, Cela Luz, Diogo Bessa, Duda Moraes, FOGO, Galvão, Jade Marra, Jeane Terra, Jorge Cupim, Lourdes Barreto, Luis Moquenco, Luiz Eduardo Rayol, Luiza Donner, Marcelo Jou, Maria Gabriela Rodrigues, Matheus Mestiço, Matheus Ribs, Mirela Cabral, Nuno Ramos, Paulo Agi, Pedro Varela, Rena Machado, Ruan D’Ornellas, Thales Pomb, Vera Schueler, Vinícius Carvas, Willy Chung e Zilah Garcia. Na abertura, a artista Carolina Kasting fará a performance “Amar-u: corpo-expandido ciborgue”.

A exposição tem o seu título extraído do poema “Tabacaria” de Fernando Pessoa. Através de uma seleção cuidadosa de obras entre desenhos, esculturas, pinturas, instalação, performance e objetos, a exposição instiga o público a repensar suas relações com o ambiente, ressaltando a arte como uma ferramenta poderosa para imaginar novas possibilidades e caminhos para um futuro mais sustentável e harmonioso.

Até 05 de janeiro de 2025.

Formas e cores de Mucki Botkay.

A Galatea tem o prazer de anunciar a exposição Mucki Botkay: janelas imaginárias, com abertura no dia 17 de outubro, quinta-feira, das 18h às 21h, em Salvador.

A artista carioca Mucki Botkay apresenta pela primeira vez as suas pinturas com miçangas em uma grande exposição individual. Inspirada pela exuberância das paisagens naturais do litoral do Rio de Janeiro e da Bahia, Mucki cria peças que aguçam não só a visão, mas também o tato, pelo movimento e textura alcançados através dos bordados com as contas de vidro. Em uma espécie de zoom in, a artista vai ao detalhe da paisagem, depurando-a até de repente tornar o real abstrato. Essa decomposição da natureza em formas e cores é um convite à contemplação e à imaginação de um universo vivo e abundante. Por isso as obras de Mucki são como janelas imaginárias, título da sua individual apresentada pela Galatea.

A exposição conta com texto crítico assinado pelo curador Leonel Kaz, que tem acompanhado a produção da artista nos últimos anos. Ele diz: “Há anos, visitei no Centre Pompidou, em Paris, uma exposição de Ghada Amer, artista egípcia renomada que foi uma das pioneiras da arte contemporânea com bordados, fibras tingidas, incrustações têxteis. Era uma pintura e não era. Era uma escultura na parede e não era. Era, apenas, o que deveria ser: um bordado que superava o artesanato contido em si mesmo e ganhava foros de grande arte. O mesmo ocorre no caso de Mucki. Há décadas, ela se debruça sobre panos. Nos panos, criou cores. Sobre as cores, refez caminhos, trajetórias, pontos e pespontos. Agora, com miçangas, cria uma forma nova, singular. Afinal, a função do artista não é a de criar algo fora do banal para acrescentar ao mundo o que ainda não foi visto? É o que ela consegue fazer com as telas bordadas, em que os fios invisíveis sustentam miçangas que fazem brotar uma paleta de cores diante de nossos olhos. A obra de Mucki reverbera o que a mata tem a dizer.”

Até 16 de janeiro de 2025.

Rob Wynne pela primeira vez no Brasil.

16/out

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP,  apresenta até 09 de novembro “Always Sometimes” (sempre às vezes), a primeira exposição do artista visual Rob Wynne no Brasil. Conhecido mundialmente por sua pesquisa que combina a complexidade da semântica com a maleabilidade do vidro, o artista norte-americano traz para o Brasil um conjunto de 14 obras inéditas, que demonstram, sobretudo, a essência poética de sua obra, construída ao longo de mais de 50 anos de carreira. A mostra conta com a colaboração do consultor de arte e fundador da Kreëmart, Raphael Castoriano

Principal componente de “Always Sometimes”, o vidro tem sido utilizado por Rob Wynne como um fio condutor para explorar as facetas da linguagem e da abstração. Ao longo dos anos trabalhando com esse material, o artista foi adentrando caminhos mais livres e espontâneos, possibilitando cada vez mais quebrar as regras e tradições que envolvem produção em vidro. Para o artista, esses processos são os grandes protagonistas, já que organicamente ditam a direção das formas, sejam elas abstratas ou não. Como em alguns trabalhos da exposição, as obras “Phantom” (2024), “DayDream” (2023) e “Outlook”(2023) demonstram como as gotas de vidro derramado tomam forma, para então serem combinadas no espaço em sedutoras e cintilantes explosões cósmicas.

Cosme Martins apresenta pequenos formatos.

15/out

A exposição “Traços e Cores” chega ao Capitu Café, local onde viveu Machado de Assis no Bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. O artista plástico Cosme Martins apresenta 25 obras de sua mais recente produção em pequenos formatos que inaugura no dia 19 de outubro, no Espaço Alienista. As novas composições de traços e cores são apresentadas ao público como um desafio  do artista, acostumado a trabalhar em grandes formatos, inovar e trazer para a exposição em suportes bem menores do que os de costume, sob a curadoria de Renata Costa.

A longa trajetória do artista pelas artes visuais denota a necessidade de constante recriação da própria obra. A passagem pelas várias fases da carreira alimenta a necessidade de investigação do novo, tendo iniciado pelas imagens figurativas, pela representação da azulejaria maranhense, bem como da fase marcante das “Favelas”. O artista constantemente busca novas técnicas e materiais que esteticamente contribuem para a construção de obras que aguçam a curiosidade do espectador em relação ao processo de criação. A linguagem artística tem início na pintura e o desenvolvimento do processo criativo percorre o caminho da escultura no plano vertical das superfícies de paredes e agora é apresentada em pequenos formatos.

A inquietude produtiva e a liberdade criativa levam ao desenvolvimento do abstracionismo do artista, trazendo à tona a ideia de Marcel Duchamp de que “…o espectador faz o quadro”, deixando claro que o apreciador da obra vê com os próprios olhos e não pelas intenções de seu autor, dando assim à obra uma diversidade de interpretações.

A exposição permanecerá em cartaz até o dia 30 de outubro.

Flavio-Shiró na Pinakotheke Cultural.

14/out

A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abrirá para o público no dia 21 de outubro a exposição “Flavio-Shiró, 96 anos, presente”, que celebra a trajetória do grande artista nipo-brasileiro Flavio-Shiró nascido no Japão em 1928, e que veio aos quatro anos de idade com a família para o Pará. Em celebração ao grande artista nipo-brasileiro, nascido em Sapporo, na ilha de Hokkaido, no Japão, e que se divide entre Paris e Rio de Janeiro, a mostra, com curadoria de Max Perlingeiro, traz um raro conjunto de suas pinturas seminais, desde a década de 1940, revelando suas experimentações que optavam pelo expressionismo, e o pioneirismo, no início dos anos 1960, na pintura abstrata “…dedicada ao informe, ou seja, ao rastro gestual dificilmente reconhecível ou categorizável”, como observa Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake.  Em outras salas da exposição, estão aproximadamente 50 obras inéditas do artista, produzidas em 2022 e 2023, em aquarela ou nanquim sobre papel. Uma sala será dedicada ao Shiró fotógrafo, com fotografias feitas ao longo de sua vida, fato inédito em suas mostras. O público verá ainda cadernos com aquarelas, criadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia. Flavio-Shiró estará no Rio, para acompanhar a montagem da exposição que permanecerá em cartaz até o dia 30 de novembro.

A exposição apresenta um total de aproximadamente 70 obras, desde as pinturas seminais do artista, ainda nos anos 1940, passando pelos anos 1950 e 1960, em que Flavio-Shiró se torna um mestre, fazendo “…emergir evocações e reminiscências de ambiências e seres”, como destaca Paulo Miyada, no texto crítico que acompanha a exposição. “Ele buscou maneiras de enfatizar as possibilidades evocativas do gesto que manipula, intempestivo, a viscosidade da tinta a óleo”, afirma. “Quanto à linguagem, essa busca refeita a cada vez tornou-se uma das molas propulsoras de sua produção ao longo de mais de seis décadas”, assinalou Paulo Miyada.

Flavio-Shiró trabalha continuamente, e no Salão central da Pinakotheke Cultural estarão 45 obras em papel, em aquarela ou nanquim, feitas em 2023 e 2024.  Seu imenso universo intelectual, adquirido por anos de interesse pela literatura, cinema e música, era ativado pela percepção de algo a sua volta, às vezes banal, uma cena de TV, e se transformava em impulso de trabalho. Destacam-se também as quatro aquarelas que fez em caixas de bombons, entre elas “Rear Window – Alfred Hitchcock”, e os 14 desenhos em nanquim, de 2023, nos quais o artista parece refletir sobre seu tempo e sua existência mais íntima.

Na última sala da exposição, será projetado o filme “Origens, Sonhos, Pesadelos, O ateliê e Pintando” (2018), com roteiro e direção de Margaux Fitoussi e Adam Tanaka, neto do artista. A exposição será acompanhada de um catálogo, com textos de Paulo Miyada e Max Perlingeiro, com 80 páginas e formato de 20 x 25 cm. O público verá fotografias feitas pelo artista e ainda cadernos com aquarelas realizadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia de Covid-19.