Siron nas Telas

24/out

Com direção e roteiro de André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, o artista visual Siron Franco é o mote de “Siron Tempos Sobre Tela”. Como bem atesta sua trajetória nacional e internacional, Siron Franco tem imagem pública fixada e é nome consagrado na arte contemporânea brasileira. O filme estreou na programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em São Paulo, SP. A produção é da Pacto Filmes e na equipe os nomes de Danilo do Valle na montagem; Pablo Nóbrega na direção de fotografia; trilha sonora de Gregory Slivar e desenho de som de Rosana Stefanoni. Estão programadas mais duas projeções: às 15:50h do dia 28 de outubro no Espaço Itaú de Cinema Augusta e às 14:00h do dia 29 de outubro no Cine SESC.

 

 

Curadoria na ArtRio 2019

27/ago

A ArtRio 2019 apresenta Victor Gorgulho como curador do MIRA, programa que explora narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes, que usam a vídeo arte como plataforma. Os trabalhos selecionados serão exibidos em um grande telão na Marina da Glória. Jovem foca a curadoria do terceiro ano do programa em filmes realizados na segunda década dos anos 2000. Victor Gorgulho – que deu o nome de “Novos Horizontes” para essa curadoria – está trabalhando na seleção de filmes realizados do início da segunda década dos anos 2000 até o momento (2011-2019). Entre os trabalhos já selecionados estão o último filme de Luiz Roque (ZERO, 2019) e o penúltimo filme da dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, (RISE, 2018).

 

Sobre o curador

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição, a ArtRio reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da GlóriaDe 19 a 22 de setembro.

 

Preview – 18 de setembro.

 

 

Grupo de Bagé na FIC

09/ago

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, vai homenagear o “Grupo de Bagé”. Até a abertura da mostra, serão realizadas diversas atividades gratuitas sobre a história de um dos grupos artísticos mais relevantes do país, formado por quatro jovens que tinham a necessidade de expressar seus traços e pensamentos sobre o mundo e a própria vida.

 

Neste sábado será exibido o documentário “Grupo de Bagé”, de Zeca Brito, seguido de bate-papo com o diretor e o cineasta e historiador de arte Giordano Gio. O longa-metragem destaca a trajetória e o legado dos pintores e gravadores gaúchos Carlos Scliar (1920–2001), Danúbio Gonçalves (1925–2019), Glauco Rodrigues (1929–2004) e Glênio Bianchetti (1928–2014), nomes de frente de um movimento artístico surgido nos anos 1940 que alcançou projeção nacional com trabalhos abordando temáticas realistas e de denúncia social.

 

O documentário conta com depoimentos de teóricos como Néstor García Canclini e Nicolas Bourriaud e de artistas plásticos que incluem Anico Herskovits e Cildo Meireles, entre outros, que investigam a trajetória do grupo. “Buscamos recuperar e compreender os elementos que estabeleceram as condições para que os jovens artistas alcançassem uma identidade estética própria e, cada um a sua maneira, conduzissem os ideais e as características artísticas e políticas do grupo que criaram”, destaca o diretor Zeca Brito.

 

 

Conversas ArtRio

18/jul

Com o intuito de estender o diálogo dentro do universo das artes para fora de seus espaços usuais, o próximo “Conversas ArtRio” acontece no Desvio, bar e espaço cultural localizado na Praça Tiradentes, Centro do Rio, Rua Ramalho Ortigão, 12, dia 20 às 19hs.

 

Com o formato de exibição de obra + conversa, convidamos a artista Alice Miceli que acaba de terminar sua exposição individual na Galeria Aymoré, na Glória, para debater um de seus filmes. A obra se chama “88 de 14000” e tem como tema a pesquisa de fotos de arquivo feita por Alice durante sua estadia no Camboja. Após a exibição, a artista responderá perguntas do público.

 

 

 

 

Hoje, na Bergamin & Gomide

O filme “Mangue Bangue” do cineasta Neville D’Almeida será exibido pela 2ª vez no Brasil, desta vez na Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, hoje, quinta-feira, dia 18 de julho, às 19 horas, como parte do encerramento da exposição coletiva “A Burrice dos Homens” com curadoria de Fernanda Brenner.

 

Após a exibição do filme, convidamos todos para um bate-papo com o cineasta Neville D’Almeida, a curadora Fernanda Brenner e o artista Tiago Carneiro da Cunha.

 

“Mangue Bangue”, produzido em 1971, é considerado um clássico da contracultura. Foi filmado quando Neville D’Almeida, junto ao amigo e artista plástico Hélio Oiticica, visitou o “Mangue”, zona carioca de prostituição resultando no filme que retrata a vida alternativa da época.

 

Após a filmagem, exilado pela ditadura no Brasil, Neville D’Almeida reencontra o amigo Hélio Oiticica, e pela primeira vez exibem o filme no MoMA em Nova York.

 

Por mais de 30 anos a película foi dada como desaparecida, até ser encontrada no acervo da cinemateca do MoMA, restaurada, e no ano de 2003 entrou para a coleção de filmes do Museu.

 

Uma oportunidade singular para conhecer mais sobre a história do cinema brasileiro. Em seu ensaio sobre o filme, Hélio Oiticica escreveu que “A obra é sim meta-crítica do cinema como linguagem”.

 

 

 

Brasília extemporânea

04/out

A exposição “Brasília Extemporânea”, em cartaz na Casa Niemayer, Brasília, DF, assinada pela curadora Ana Avelar, propõe obras de artistas que se depararam com essa cidade atual, ou que dialogam com aspectos dela, sejam eles simbólicos, históricos, políticos ou sociais, buscando levar adiante um debate que se deteve, em grande parte e por muito tempo, entre apoiadores e críticos de sua fundação e projeto inicial. São trabalhos de naturezas diversas (instalações, filmes, vídeos, objetos, intervenções), que informam sobre uma realidade negligenciada, mas não menos constituinte, da “capital planejada”.ACasa Niemeyer, é a antiga residência de Oscar Niemeyer, cujo estilo colonial é por si só um fato peculiar dentro das experiências modernistas do arquiteto.

 

 

Artistas participantes

 

Adirley Queirós, Camila Soato, Cao Guimarães, Christus Nóbrega, Clara Ianni, Clarisse Tarran, Diego Castro, Ding Musa, Dora Smék, Gabriela Masson (Lovelove6), Gê Orthof, Helô Sanvoy, Gregório Soares, Isabela Couto, João Trevisan, Joana Pimenta, Karina Dias, Laercio Redondo, Lenora de Barros, Luciana Paiva, Luiz Alphonsus,  Márcio H Mota, Milton Machado, Nuno Ramos, Raquel Nava, Paul Setúbal, Peter de Brito, Vera Holtz e Xico Chaves.

 

 

Até 15 de fevereiro de 2019.

33ª Bienal de São Paulo

06/set

Intitulada “Afinidades afetivas”, mostra com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro busca modelo alternativo ao uso de temáticas, privilegiando o olhar dos artistas sobre seus próprios contextos criativos

 

De 07 de setembro a 09 de dezembro de 2018, a 33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades afetivas” vai privilegiar a experiência individual do espectador na apreciação das obras, em detrimento de um tema que favoreceria uma compreensão pré-estabelecida. O título escolhido pelo curador Gabriel Pérez-Barreiro – apontado pela Fundação Bienal de São Paulo para conceber a mostra – remete ao romance de Johann Wolfgang von Goethe “Afinidades eletivas”, de 1809, e à tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”, de 1949, de Mário Pedrosa.

 

O título não tem o intuito de dar direcionamento temático à exposição, mas caracteriza a forma de organizar a exposição a partir de vínculos, afinidades artísticas e culturais entre os artistas envolvidos. Como no texto de Pedrosa, há uma proposta de investigação das formas pelas quais a arte cria um ambiente de relação e comunicação, passando do artista para o objeto e para o observador. Presença, atenção e influência do meio são as premissas que norteiam a curadoria desta edição, numa reação a um mundo de verdades prontas, no qual a fragmentação da informação e a dificuldade de concentração levam à alienação e à passividade.

 

O curador crê no aspecto positivo de uma mudança radical do sistema operacional da Bienal. Para esta edição, ao lado dos doze projetos individuais eleitos por Pérez-Barreiro, os sete artistas-curadores escolhidos por ele já definiram suas propostas expositivas, com total liberdade na escolha dos artistas e seleção das obras – a única limitação imposta a eles foi que incluíssem em suas exposições trabalhos de sua própria autoria.

 

 

Proposições curatoriais concebidas pelos artistas-curadores

 

A partir de seu interesse em questões como repetição, narrativa e tradução, Alejandro Cesarco (Montevidéu, Uruguai, 1975) realiza uma curadoria de obras de artistas que compartilham de suas inquietações conceituais e estéticas. Intitulada  “Aos nossos pais, “a mostra propõe questionamentos acerca de como o passado (a história) ao mesmo tempo possibilita e frustra potencialidades e de como ele pode ser reescrito pelo trabalho do artista, gerador de diferenças a partir de repetições”, explica. Além de Cesarco, participam da mostra artistas de três diferentes gerações, entre os quais Sturtevant (EUA, 1924 – França, 2014), Louise Lawler (EUA, 1947) e Cameron Rowland (EUA, 1988). “Dedicar esta exposição a uma relação primária (biológica ou adotiva, literal ou metafórica) é construir uma genealogia e uma tentativa de aproximação da fonte central de nossas interpretações, métodos, inibições, possibilidades e expectativas”.

 

Antonio Ballester Moreno (Madri, Espanha, 1977) aborda sua curadoria na 33ª Bienal como forma de contextualizar um universo baseado na relação íntima entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. Para tanto, ele relaciona a produção de filósofos, cientistas e artistas: “somos todos criadores de nosso próprio mundo, mas entendo que tamanha variedade de linguagens nos separou da noção do que nos é comum, então esta proposta salienta o estudo de nossas origens, sejam elas relacionadas a aspectos naturais, sociais ou subjetivos – os três eixos que organizam a exposição”, afirma. Intitulada sentido/comum, a mostra abarca desde brinquedos educativos das vanguardas históricas e obras da Escuela de Vallecas à presença de artistas contemporâneos. Dentre os participantes, encontram-se o filósofo e pedagogo Friedrich Fröbel (Alemanha, 1782-1852); Andrea Büttner (Alemanha, 1972); Mark Dion (EUA, 1961); e Rafael Sánchez-Mateos Paniagua (Espanha, 1979), que contribuiu também com a publicação educativa “Convite à atenção”.

 

Para sua exposição intitulada “O pássaro lento”, Claudia Fontes (Buenos Aires, Argentina, 1964) parte de uma metanarrativa: um livro fictício homônimo cujo conteúdo é desconhecido, salvo por alguns fragmentos e por seus vestígios materiais. Fontes e os artistas convidados apresentam trabalhos que ativam as aproximações entre artes visuais, literatura e tradução através de experiências que propõem uma temporalidade expandida. “A experiência de velocidade e lentidão são experiências políticas enraizadas no corpo. Ambas influenciam nossos entendimentos de espaço, distância e possibilidade.”, afirma Fontes. Em um processo curatorial horizontal e colaborativo, todos os participantes, à exceção de Roderick Hietbrink (Holanda, 1975), desenvolvem obras comissionadas para a ocasião: Ben Rivers (UK, 1972), Daniel Bozhkov (Bulgária, 1959), Elba Bairon (Bolívia, 1947), Katrín Sigurdardóttir (Islândia/EUA, 1967), Pablo Martín Ruiz (Argentina, 1964), Paola Sferco (Argentina, 1974), Sebastián Castagna (Argentina, 1965) e Žilvinas Landzbergas (Lituânia, 1979).

 

Para sua exposição,”Stargazer II [Mira-estrela II]”, Mamma Andersson (Luleå, Suécia, 1962) reúne um grupo de artistas que têm inspirado e nutrido sua produção como pintora. A seleção inclui uma ampla gama de referências, como ícones russos do século 15, os “outsiders” Henry Darger (EUA, 1892-1973) e Dick Bengtsson (Suécia, 1936-1989); e artistas contemporâneos como a cineasta Gunvor Nelson (Suécia, 1931) e o piloto de caça e artista sonoro Åke Hodell (Suécia, 1919-2000), entre outros. Em comum, todos os participantes compartilham o interesse pela figuração expressiva e pelo corpo humano. “Estou interessada em artistas que trabalham com a melancolia e a introspecção como um modo de vida e uma forma de sobrevivência”, afirma Andersson. A exposição inclui também uma quantidade significativa de pinturas de Andersson, estabelecendo um diálogo vibrante entre sua obra e suas inspirações artísticas.

 

A curadoria de Sofia Borges (Ribeirão Preto, Brasil, 1984), “A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um”, parte de interpretações filosóficas sobre a tragédia grega para mergulhar em uma colagem de referências mitológicas e investigar os limites da representação e da impossibilidade da linguagem enquanto instrumento de mediação do real. “Eu passei anos procurando, através da imagem, desvendar o estado de representação das coisas, até que entendi se tratar de uma questão sem solução, visto que ela é na verdade o problema do significado. A linguagem é em si trágica, porque ambígua, e não se pode usar uma matéria para falar de outra”, explica. Seu projeto expositivo se constrói a partir de um modelo curatorial misto em que a seleção de peças específicas é acompanhada por trabalhos comissionados. Uma das particularidades da proposta – que inclui obras de Jennifer Tee (Holanda, 1973), Leda Catunda (Brasil, 1961), Sarah Lucas (UK, 1962) e Tal Isaac Hadad (França, 1976), entre outros – é sua ativação por um programa de experimentações ao longo da duração da Bienal.

 

Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, Brasil, 1946), que sempre considerou a história da arte como material de trabalho, projeta na curadoria “Os aparecimentos” obras de diversos artistas confrontadas com trabalhos de sua autoria. “Visto que a produção de um artista trata de inúmeras questões que variam ao longo do tempo, escolhi obras que desviam do que mais se conhece de cada um deles e se destacam por seu valor e especificidade. O resultado da relação entre as peças escolhidas passou a ser o principal interesse desta seleção”, explica. Caldas propõe uma reflexão sobre a poética, a natureza das formas e das ideias e suas implicações na atividade artística desde o final do século 19. “Procurei, através da tensão entre obras muito diversas, as surpresas esclarecedoras que resultam destes confrontos”, comenta. A partir de uma visão desafiadora do artista sobre sua própria obra e dos enfrentamentos muitas vezes inusitados – como entre trabalhos de Victor Hugo (França, 1802-1885), Jorge Oteiza (Espanha, 1908-2003) e Vicente do Rego Monteiro (Brasil, 1899-1970) – abrem-se novas possibilidades de leitura para a arte.

 

Para seu projeto expositivo intitulado “sempre, nunca”, composto exclusivamente por obras comissionadas,Wura-Natasha Ogunji (St. Louis, EUA, 1970) convidou as artistas Lhola Amira (África do Sul, 1984), Mame-Diarra Niang (França, 1982), Nicole Vlado (EUA, 1980), ruby onyinyechi amanze (Nigéria, 1982) e Youmna Chlala (Líbano, 1974) para criar, assim como ela, novos trabalhos em um processo curatorial colaborativo e horizontal. A produção dessas seis artistas “concilia aspectos íntimos (como corpo, memória e gesto) a épicos (arquitetura, história, nação)”, explica Ogunji. “Em diálogo aberto e contínuo, nossos projetos individuais abarcam práticas e linguagens distintas, que convergem em ideias e questões cruciais para a experimentação, a liberdade e o processo criativo”. O trabalho dessas artistas é afetado por suas histórias individuais e pelas complexas relações que mantêm com suas terras, nações e territórios. “Suas obras quebram as narrativas hegemônicas e abraçam interrupções como aberturas necessárias”, complementa a artista-curadora.

 

 

Os projetos individuais selecionados por Gabriel Pérez-Barreiro

 

Entre os doze projetos individuais escolhidos pelo curador, três deles são de artistas homenageados: Aníbal López (Cidade da Guatemala, Guatemala, 1964-2014), Feliciano Centurión (San Ignacio, Paraguai, 1962 – Buenos Aires, Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Goiânia, Brasil, 1950 – Londres, Reino Unido, 1998). “Eu queria artistas que fossem históricos, mas ao mesmo tempo não consagrados, ou seja, que esses núcleos não fossem apenas a reiteração de nomes que já conhecemos. Os artistas homenageados são pouco conhecidos na América Latina, mas são expoentes de sua geração, então trazê-los à Bienal é uma forma de resgatá-los do desaparecimento da história da arte e mostrá-los para as novas gerações”, diz Pérez-Barreiro. Para o curador, a realização dessas exposições também significa uma contribuição expressiva da Fundação Bienal na pesquisa, catalogação e recuperação desses acervos.

 

Aníbal López, também conhecido por A-1 53167, o número de sua cédula de identidade, foi um dos precursores da performance em seu país. Sua obra, que inclui vídeo, performance, live act e intervenções urbanas, entre outras formas de expressão, tem forte caráter político e se volta para questões de disputas entre fronteiras nacionais, culturas indígenas, abusos militares e até do mercado de arte. Registros em vídeo e fotografias de ações efêmeras, realizadas como forma de protesto à objetificação e fetichização da arte, compõem a mostra.

 

O universo queer é abordado com delicadeza por Feliciano Centurión, que deixou seu país natal, o Paraguai, para radicar-se na Argentina, onde se tornou expoente da chamada geração “Rojas” (primeiros artistas a expor na galeria do Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, da Universidad de Buenos Aires) até ser vitimado por complicações decorrentes da AIDS, aos 34 anos. Centurión trabalhava primordialmente com tecidos e bordados, incorporando peças como lenços e crochês comprados em feirinhas portenhas. Descendente de uma família de bordadeiras, ele se apropria de práticas artesanais como linguagem artística para expressar elementos de sua história pessoal a partir de uma tradição familiar comum na cultura paraguaia.

 

Ainda pouco conhecida no Brasil, a goiana Lucia Nogueira é uma figura essencial para compreender a arte britânica do período e desenvolveu uma carreira internacionalmente reconhecida. Suas esculturas e instalações, foco da individual incluída na 33ª Bienal, subvertem o utilitarismo de objetos com um humor sutil, tanto pela associação inusitada entre elementos quanto pelo jogo semântico constantemente presente em seus títulos, criando uma atmosfera de estranheza e poesia.

 

Projetos individuais de outros nove artistas, dos quais oito foram especialmente comissionados, completam a seleção de Pérez-Barreiro. Do grupo, o único a exibir um trabalho histórico é Siron Franco (Goiás Velho, Brasil, 1950), com a série de pinturas Césio/Rua 57. Nela, Franco eterniza a impressão de horror e isolamento causada pelo acidente radioativo acontecido em 1987 no Bairro Popular, em Goiânia, com o elemento Césio 137. Nascido e criado naquele bairro, o artista retornou à sua cidade natal logo após o acidente, na contramão da população local, deixando definitivamente o eixo Rio-São Paulo. Seus registros da catástrofe ambiental marcaram uma guinada em sua carreira, antes de temática irônica, para o uso de alegorias com elementos simbólicos.

 

Os oito artistas com projetos comissionados têm em comum o desenvolvimento de trabalhos que não se encaixam numa estrutura temática. “São pesquisas complexas que funcionam individualmente e não precisam de um contexto adicional para que o espectador se relacione com os trabalhos”, explica Pérez-Barreiro.

 

O portenho Alejandro Corujeira (Buenos Aires, Argentina, 1961) possui uma concepção formal leve e fluida, que parece querer captar o movimento da natureza. Ele terá esculturas e pinturas apresentadas na mostra. Denise Milan (São Paulo, Brasil, 1954) cria esculturas e instalações com grandes pedras e cristais. Na 33ª Bienal, a artista exibirá novos trabalhos nesses formatos.

 

O cotidiano serve de inspiração às obras de Maria Laet (Rio de Janeiro, Brasil, 1982), que exibirá um novo vídeo na 33a Bienal, e de Vânia Mignone (Campinas, Brasil, 1967), que trará pinturas inéditas. Nelson Felix (Rio de Janeiro, Brasil, 1954), que em seu “trabalho formal parece materializar uma consciência planetária”, nas palavras de Pérez-Barreiro, mostrará uma nova instalação escultórica.

 

As pesquisas de Bruno Moreschi (Maringá, Brasil, 1982) e Luiza Crosman (Rio de Janeiro, Brasil, 1987) se relacionam com a corrente da crítica institucional e fogem de suportes artísticos tradicionais. “Com esses artistas teremos, dentro da exposição, um olhar crítico sobre como a arte funciona, é exibida e justificada”, afirma Pérez-Barreiro. Partindo de uma abordagem pessoal e poética, Tamar Guimarães (Viçosa, Brasil, 1967), que une uma abordagem crítica sobre as instituições a preocupações poéticas e narrativas, apresentará um novo vídeo.

 

33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades afetivas” de 07 de setembro a 09 de dezembro.

Terças, quartas, sextas, domingos e dom e feriados: 9h – 19h (entrada até 18h).

Quintas, sábados: 9h – 22h (entrada até 21h)

Pinakotheke SP exibe Shiró

10/jul

Nos seus 90 anos, Flavio-Shiróo pintor ganha exposição panorâmica, acompanhada de livro com assinatura do crítico de arte Paulo Herkenhoff. No ano em que se comemora os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil, comemoram-se também os 90 anos de Flavio-Shiró. Para celebrar a data, a Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, realiza uma exposição que traça a trajetória do pintor – dos anos 1940 aos dias atuais. A mostra reúne uma seleção de pinturas, desenhos, fotografias e objetos, na sua grande maioria, inéditos, com curadoria de Max Perlingeiro e do artista. Na ocasião, será lançado o livro com texto de Paulo Herkenhoff e exibidos filmes em curta-metragem dirigidos por Adam Tanaka, neto do artista.

 

A exposição promove um mergulho no universo de Shiró, pintor oriundo de três universos distintos – nasceu no Japão, cresceu no Brasil e há mais de seis décadas divide seu ateliê entre Paris e Rio de Janeiro. “Trata-se de um artista polivalente e internacional, mas talvez coubesse melhor designá-lo como transcultural, pois a obra propõe a convivência do intercâmbio Ocidente/Oriente, Norte/Sul ou Sapporo/Tomé-Açu/Paris”, escreve Herkenhoff.

 

Com 26 pinturas, 12 obras sobre papel, além de fotografias, objetos pessoais e cinco curtas dirigidos por seu neto Adam Tanaka e Margaux Fitoussi e produção executiva de Josué Tanaka, filho do artista, a mostra traça um panorama da obra do pintor, do figurativismo presente até o princípio de sua vida em Paris (1953), a transição para o abstracionismo informal até a retomada da figuração, sempre tendo o gesto como expressão basilar.

 

As telas como Voo Noturno, Matéria III e Camargue, da década de 1950, presentes na exposição, estiveram também no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1959, quando Shiró, ainda assinava Flavio S. Tanaka. “Um quadro de Shiró explodia como a convulsão da matéria do mundo na liberação daquilo que pareciam forças do caos; a massa pictórica incorpora-se em enervação, e a pintura é uma carnalidade vibrátil”, destaca o crítico.

 

Já na década de 1960, a obra de Shiró refere-se à pertinência positiva da pintura no campo cultural, como destaca Herkenhoff. “A obra de Flavio-Shiró, neste período, não discute apenas a guerra do Vietnã, mas toda guerra”.  Em meados dos anos 1970, o pintor sintetiza sua múltipla herança cultural e condensa seu imaginário em questões que explorará em profundidade nas décadas seguintes. “Pintar incluirá ativar a memória produtiva da fantasmática e deixá-la emergir perturbadora ao plano do visível”. Na década de 1990, a sua pintura reacende m nova chave cromática e se desprega da relação entre pincelada e desenho. “Paradoxalmente, este estágio barroco de sua pintura não tem a presença de monstros e fantasmagorias, como pode ter acontecido nas décadas anteriores”, afirma o crítico.

 

Por sua vez, no século XXI, o tema que anima os meus trabalhos continua evoluindo ao mesmo imaginário através de uma visão transfiguradora e poética, observa Shiró. “A isto, podemos chamar de arte como projeto de vida. Prossegue em sua trajetória e se depura como pintor sintético e denso. Seu imaginário pulsa pleno com o vigor da matéria e se move por vontade de experimentar ideias e por curiosidade técnica. Algumas questões plásticas têm envolvido a mente inquieta de Shiró: objetos; invenções; experiências com a xilogravura e a nova inflexão em sua pintura, com formas audaciosas”, completa Herkenhoff.

 

 

De 09 de julho a 11 de agosto.

 

Tunga no MAR

26/jun

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob gestão do Instituto Odeon, abre ao público “Tunga – o rigor da distração”. Tendo como eixo central a produção em desenhos do artista, a mostra reúne cerca de 200 obras, muitas delas inéditas, criadas entre 1975 e 2015. O projeto foi realizado pelos curadores Luisa Duarte e Evandro Salles, diretor cultural do MAR, em parceria com o Instituto Tunga, guardião do conjunto da obra do artista. Esculturas, filmes, fotografias e textos (pensados pelo artista como obras) completam a mostra, que acontece 12 anos depois da última individual do artista no Rio de Janeiro e é a primeira após o seu falecimento, em 2016, na cidade em que escolheu viver.

 

Organizada cronologicamente, a mostra revela que Tunga não era especialista em apenas uma linguagem. “Em Tunga, o desenho era tomado como o seu espaço de elaboração. É a partir deles que, muitas vezes, nascem e se desenvolvem as poéticas fundamentais de sua obra, que depois se expandem para outras mídias, como fotografias, performances, vídeos e textos ficcionais”, conta Evandro Salles.

 

O público poderá acompanhar esse processo ao longo de um percurso que inclui desde trabalhos dos anos 1970, quando já se anunciava o forte vínculo de Tunga com a psicanálise, passando por núcleos que apresentam momentos marcantes da obra, como as séries “Xifópagas Capilares” (1984) e “Semeando Sereias” (1987) e, mais recentemente, as aquarelas “Quase Auroras” (2009). Estarão ainda em exibição uma série de estudos – desenhos que se relacionam com obras escultóricas por vir.

 

Outro aspecto que fica evidente são as parcerias feitas pelo artista ao longo da vida. No vídeo “Resgate” (2001) estão presentes o compositor e poeta Arnaldo Antunes e a coreógrafa Lia Rodrigues. O filme em 16 mm “Heaven Hell’s/Hell’s Heaven” (1999) traz a respiração de Marisa Monte e Arnaldo Antunes como trilha sonora. Já o filme “Nervo de Prata” (1986), por sua vez, é uma parceria com Arthur Omar.

 

A exposição traz também uma cronologia da obra do artista e diversos fragmentos de seu pensamento através de entrevistas em vídeo e trechos de falas inscritos nas paredes. A ideia é promover um encontro do público com a potência do pensamento de Tunga. “São várias as entrevistas nas quais o artista descreve a si mesmo como um clínico geral e teórico. Ou seja, alguém que tinha um programa poético que podia ser desdobrado em inúmeras linguagens – escultura, desenho, performance, filme, texto, etc. Tunga pensava muito bem e de forma muito clara, tanto sobre seu próprio trabalho como sobre a arte em geral. Acho que esse pensamento tem um poder de atração imenso”, comenta Luisa Duarte.

 

Segundo a curadora, o título da exposição, retirado de um escrito do próprio artista, reflete o interesse de Tunga pela aliança entre inconsciente e programa poético: “O rigor da distração condensa uma ideia importante para o artista, qual seja, a de valorizar o que acontece enquanto estamos distraídos ou mesmo dormindo, sonhando – quando o inconsciente emerge – e conectar isso a um rigor, um fazer que possui um programa poético extremamente sofisticado tanto em termos formais quanto em temos conceituais”, finaliza Luisa Duarte.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido em Pernambuco e radicado no Rio de Janeiro, Tunga tornou-se um dos nomes mais importantes de sua geração. Integrou a X Documenta de Kassel, 1997, com curadoria de Catherine David. Tunga também foi o primeiro artista contemporâneo a ter uma obra exposta na pirâmide do Museu do Louvre, Paris, em 2005.

 

 

Abertura: 30 de junho, às 16h.
Performance de música experimental com O Grivo:

sábado, 30, às 17h30 e às 18h.

Domingo, 1º, às 16h30.

 

 

De 30 de junho até o final de novembro.

Paulo Bruscky em Paris

09/jan

Paulo Bruscky durante a montagem de sua exposição no Centre Pompidou, Paris. A mostra, integra o programa “L’oeil écoute”, apresenta um recorte panorâmico da produção do artista desde o final dos anos 60, incluindo poemas/processo, filmes de artista, poesia sonora/áudio arte, classificados, arte correio, poesia visual, projetos conceituais, etc. Há ainda uma seção em homenagem/diálogo com o multiartista pernambucano Vicente do Rego Monteiro.

 

Parte dos trabalhos expostos será incorporada ao acervo da instituição francesa após o término da exposição, em cartaz até abril de 2018.