Artista francesa no Brasil

01/nov

Exposição retrospectiva da carreira da artista francesa ORLAN ocorre no SESC, Paulista, São Paulo, SP. O projeto traça um panorama dos quase sessenta anos de atuação da artista e apresenta um conjunto de obras ilustrativas de sua trajetória, privilegiando obras fotográficas, vídeos e esculturas. Mireille Suzanne Francette Porte, conhecida como Orlan (Saint-Étienne, 30 de maio de 1947), é uma artista francesa. Ela usa o corpo como suporte para suas artes.

Com curadoria de Alain Quemin e Ana Paula C. Simioni a exposição pretende dar a conhecer ao público de São Paulo o considerável e tão variado trabalho artístico de ORLAN, revisitando suas principais criações e mostrando como essas derivam, em grande parte, de obras seminais que ela fez ainda muito jovem, até as mais atuais. Trata-se ainda de mostrar como a criação, tanto de si mesma quanto de suas obras, e o processo de empoderamento, estão intimamente ligados.

ORLAN tem estado continuamente presente no cenário internacional da arte contemporânea, produzindo um conjunto de obras considerável. Quer seja por sua contribuição para a arte feminista, arte corporal, arte relacionada às tecnologias vivas ou para arte relacionada às novas tecnologias, deve-se notar que ORLAN é, sem dúvida, uma das artistas francesas mais reconhecidas internacionalmente. Há três anos, ORLAN é representada por uma nova galeria internacional, a Ceysson & Bénétière Gallery, que, em muito pouco tempo, já dedicou duas exposições em Paris, além de uma em Nova York, trazendo à tona todo o significado histórico de seu trabalho. Em 2021, ORLAN obteve a mais alta distinção atribuída pelo Estado francês, a Legião de Honra (Legion d´Honneur), pelo conjunto de sua obra, e, nesse mesmo ano, publicou a sua autobiografia pela Editora Gallimard.

Até 28 de janeiro de 2024.

Neste sábado

26/out

A conversa com a curadora e artistas na exposição “O que há de música em você”, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, será neste sábado, 28 de outubro, às 19h, entre a curadora Fernanda Lopes e os artistas Andro Silva, Atelier Sanitário (Daniel Murgel e Leandro Barboza), Hugo Houayek, Natália Quinderé (Seis gentes dançam no museu) e Rafael Alonso, como parte da exposição “O que há de música em você”, que, devido ao sucesso, acaba de ser prorrogada até o dia 02 de dezembro. A conversa será gratuita e aberta ao público.

A mostra “O que há de música em você” apresenta edições únicas de icônicas obras de Hélio Oiticica, produzidas em 1986. Elas participaram da primeira exposição póstuma de Hélio Oiticica (1937-1980), organizada pelo Projeto HO, na época coordenado por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Wally Salomão, que se chamava “O q faço é música” e foi realizada na Galeria de Arte São Paulo. Desde então, essas obras permaneceram em uma coleção particular, e agora voltam a público, depois de 37 anos, sendo o ponto de partida para a exposição “O que há de música em você”.

A exposição apresenta um diálogo com fotografias, vídeos, objetos e performances de outros 20 artistas, entre modernos e contemporâneos, como Alair Gomes, Alexander Calder, Aluísio Carvão, Andro de Silva, Atelier Sanitário, Ayla Tavares, Celeida Tostes, Ernesto Neto, Felipe Abdala, Felippe Moraes, Flavio de Carvalho, Frederico Filippi, Gustavo Prado, Hélio Oiticica, Hugo Houayek, Leda Catunda, Manuel Messias, Marcelo Cidade, Rafael Alonso, Raquel Versieux, Sonia Andrade, Tunga e Vanderlei Lopes. Na fachada da galeria está a grande obra “Chuá!!!”, de Hugo Houayek, feita em lona azul, simulando uma queda d´água.

Imagens fotográficas

18/out

Ed Beltrão lança o calendário “Bahia, ensaio sutil” com doze fotografias autorais selecionadas pelo curador Eder Chiodetto onde, com sensibilidade e técnica apuradas, procura transmitir tanto a consistência cultural da região como nuances de sua rica história. O evento está agendado para o dia 19 de outubro, quinta-feira, na Livraria da Travessa do Shopping Iguatemi, São Paulo, SP, às 19h.

A busca da sutileza, da delicadeza e suavidade no que se refere à Bahia, exige de um fotógrafo um extremo foco e dedicação já que o tema é facilmente associado à alegria, emoção e cenas de impacto. Restringir-se a apenas poucas imagens de uma quantidade imensa de registros com o intuito de oferecer uma experiência visual excepcional fez com que o curador/editor atuasse com extrema atenção para realçar a narrativa por trás de cada uma das imagens. Pelo viés do fotógrafo, “(…) tive que esculpir um corpo amplo de trabalho para deixá-lo bem delgado e ainda assim animador, alegre e arrojado sem ser óbvio e lugar-comum”, diz Ed Beltrão. Exige um olhar para situações incomuns e que denotam centésimos de segundos em cada imagem.

Nas palavras de Eder Chiodetto, “Bahia, ensaio sutil integra parte da constelação de imagens do acervo de Ed Beltrão da qual esse calendário expõe algumas luminescências. O gesto fotográfico de Ed foi, em boa parte, aprimorado na Bahia, território de afetos que cativou no fotógrafo a cadência necessária para se deixar levar pelo tempo sem tempo da contemplação. Logo, essas imagens ilustrarem os meses de um calendário, que rege o tempo linear dos homens, parece algo paradoxal. Mas não seriam os calendários impressos de parede uma percepção mais detida do tempo em relação a urgência dos aparatos digitais de hoje? Contemplar cada uma dessas doze imagens, mês a mês, pode ter o poder de nos lembrar, na soma dos dias, que a vida é para ser intensamente vivida. Se possível, na Bahia.”

Os calendários, feitos por artistas, sempre foram parte integrante da cultura mundial; uma forma de apresentar a arte fora de museus e galerias. “Bahia, ensaio sutil” tem como inspiração o feito por Pierre Verger que possui um exemplar no museu homônimo sediado na capital baiana. Confluente com as temáticas desenvolvidas por Ed Beltrão que, em seus registros imagéticos exibe pequenos recortes da vida local, se possível, próximo à água, essa seleção contém desde a Via Láctea até as cenas aquáticas no Farol de Itapuã. “Tentei clicar a alegria, o vigor e a esperança que o povo local transmite; seja em um festival ou em uma simples pelada na praia”, comenta o fotógrafo.

“Bahia, ensaio sutil”, de Ed Beltrão, tem tiragem de 350 exemplares e patrocínio de Spinelli Advogados que contribui para tornar este projeto, inovador, uma realidade. “Essas minhas imagens resultaram de breves, porém, profundos mergulhos na magia da alma brasileira e baiana. Fui atraído pelo vigor da natureza, das cores e das belezas que cativam olhos e corações daqueles que se lançam no desafio de eternizar átimos destas paisagens”, diz  Ed Beltrão

Arte Brasileira na Casa Fiat

11/out

Esta é a primeira vez que uma mostra de tamanha robustez é montada em Belo Horizonte, MG, fora do Museu de Arte da Pampulha (MAP) – algumas obras, inclusive, jamais foram vistas que não na icônica construção encravada às margens da Lagoa da Pampulha, pensada originalmente para abrigar um cassino aberto ao público. A exposição “Arte Brasileira” está organizada em seis núcleos inter-relacionados: Conjunto Moderno da Pampulha, Os Modernos, Pampulha Espiralar: Um Lar, Um Altar, Nossos Parentes: Água, Terra, Fogo e Ar, O Menino Que Vê o Presépio e Novos Bustos. Obras de Cândido Portinari, Guignard, Di Cavalcanti, Burle Marx, Mary Vieira, Oswaldo Goeldi, Antônio Poteiro, Yara Tupynambá, Cildo Meireles, Jorge dos Anjos, Vik Muniz, Nydia Negromonte, Froiid, Wilma Martins, José Bento, Eustáquio Neves e Luana Vitra, entre outros, são artistas de diferentes gerações e movimentos que agora se reúnem na exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”, inaugurada em Belo Horizonte.

No terceiro e extenso andar da Casa Fiat de Cultura, cerca de 200 obras, entre gravuras, pinturas, fotografias, esculturas e cerâmicas, nunca antes expostas em conjunto, fazem um importante passeio pela produção artística brasileira dos séculos XX e XXI, ressaltando os principais deslocamentos da arte contemporânea do país. Ali, estão nomes que contribuíram para elevar não só o pensamento estético, mas também uma criação que lançou olhares inovadores e utópicos sobre o Brasil, a partir de uma elaboração da releitura de uma identidade nacional proposta pelo modernismo.

As obras expostas na Casa Fiat evidenciam, também, a característica vanguardista do MAP, como sublinha o curador do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos, que assina a curadoria ao lado de Priscila Freire, ex-diretora do museu, inaugurado em 1957: “Na arte brasileira, a palavra vanguarda foi inaugurada no modernismo e acompanha essa coleção do MAP, que sempre se mostrou com muita coragem ao constituir seu múltiplo acervo”.

Priscila Freire, que esteve à frente do MAP durante 14 anos, diz que pode contar um pouco dessa história por meio da exposição. “Indiquei obras que considero interessantes da coleção de um museu que passou pelo moderno, pós-moderno e contemporâneo sendo sempre contemporâneo”, comenta.

Fruto da parceria entre a Casa Fiat de Cultura e prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público até fevereiro do ano que vem e é parte das celebrações dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, eleito Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Para a secretária de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, “a exposição é um marco para a história do MAP, abre portas para pesquisas futuras e olhares que até então não tinham sido feitos sobre o acervo e a instituiçao”. Por sua vez, o presidente da Casa Fiat, Massimo Cavallo enfatiza o aspecto ousado, grandioso e inovador da mostra, “que desvela novos ângulos que habitam esse Patrimônio Cultural da Humanidade, nutrindo vínculos de pertencimento e identidades”.

Vocação contemporânea

“Arte Brasileira” dialoga com as indagações que permeiam o que há de mais atual nos debates sociais e com a literatura de Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Leda Maria Martins, homenageados e retratados no núcleo Novos Bustos. Muito antes de termos como decolonial ou pós-colonial se popularizarem no nosso vocabulário, as obras que serão vistas na mostra já traziam questionamentos que hoje encontram o pensamento contemporâneo. Quando Marcelo Campos e Priscila Freire propuseram que a exposição revelasse tal traço, perceberam que a coleção do MAP respondia a esse anseio e unia o que é considerado erudito, popular e contemporâneo.

“Só um acervo de vanguarda poderia nos dar insumos e elementos para constituir uma exposição com quantidade de arte popular que temos, com artistas negros e negras e também com muitas mulheres fundamentais para a arte brasileira. A exposição explicita isso, mas também busca renovar a leitura. Muitas obras aqui pertencem ao acervo, mas nunca tinham sido expostas. Isso é fundamental”, explica Campos.

Os quadros “Os acrobatas” (1958), de Candido Portinari, e “Espaço (da série Luz Negra)”, de Jorge dos Anjos, são dois destaques da exposição. “No Portinari é bonito porque a gente vê um artista modernista observando a cultura popular. Uma das utopias modernistas foi pensar uma sociedade mais justa, igualitária, com os ideais humanistas presentes. A grandeza de Portinari foi alertar para um Brasil que tinha na população suas riquezas culturais”, ressalta o curador.

Sobre Jorge dos Anjos, que tem outras duas obras expostas na Casa Fiat, Marcelo Campos salienta que o ouro-pretano ampliou tradições e “é um artista negro que olha para o seu tempo e, por outro lado, não esquece as discussões ancestrais”.

Entre as obras inéditas, vêm à tona o conjunto de pinturas populares e o presépio pertencente ao núcleo O Menino Que Vê o Presépio, montado em uma das pontas do terceiro andar da Casa Fiat. Exibido pela primeira vez ao público, a obra, inspirada em um conto de Conceição Evaristo, tem cerca de 300 peças e é composta por esculturas em cerâmicas originárias do Vale do Jequitinhonha, com autoria de Cléria Eneida Ferraz Santos e Mira Botelho do Vale.

“Esse é outro grande destaque, vamos colocar isso dentro de uma exposição que, em tese, seria de arte moderna e contemporânea. Esse gesto reforça a ideia de vanguarda do acervo do MAP”, afirma Marcelo Campos. Outra novidade fica por conta do restauro de duas obras: “Estandartes de Minas” (1974), de Yara Tupynambá, e “Tempos Modernos” (1961), de Di Cavalcanti, que se juntarão à mostra.

“Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” joga luz na potência cromática da arte brasileira e faz as pazes com a diversidade e a força das cores, tão rechaçadas e inferiorizadas por uma leitura antiquada e elitista. Com a mostra, atual e tropicalista, o curador diz que esse trauma pode ser superado: “A cor é uma conquista, horizontaliza a arte”.

Programação paralela

No dia 29 de outubro, às 11h, o Encontros com o Patrimônio convida a diretora de museus da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Janaina Melo, para o bate-papo “Museu de Arte da Pampulha (MAP): Um Museu e Suas Histórias”. O evento é virtual e gratuito, com inscrição pela Sympla. Já no dia 07 de novembro, às 19h30, a Casa Fiat de Cultura realiza um bate-papo presencial com os curadores Marcelo Campos e Priscila Freire.

A exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura” fica aberta ao público, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10 – Funcionários), até 04 de fevereiro de 2024.

Individual no Ateliê 31

06/out

A artista Yuli Anastassakis apresenta até o dia 27 de outubro, a exposição individual “Plantas Imaginárias de Proteção”, no Ateliê 31, centro do Rio de Janeiro, com texto crítico de Shannon Botelho. Na mostra, composta integralmente por obras em bordados, Yuli apresenta um recorte recente de sua pesquisa, na qual investiga as dinâmicas do tempo, sua transcorrência, sua velocidade e os sentidos por ele abarcados. Em “Plantas Imaginárias de Proteção”, a artista que atualmente vive em Lisboa (Portugal), sugere um momento em que a projeção de imagens nos auxilia a pensar o presente e as possíveis formas de proteção que as plantas podem nos ofertar. Nos trabalhos apresentados são dispostas espécies inventadas para nos proteger, uma vez que o real não basta e a imaginação criadora atravessa os véus do mundo palpável, como amuletos bordados.

“Após tantos séculos, os humanos – apesar da negação sistêmica – não conseguiram abandonar, nem desentender as plantas como seres protetores. Por esta razão esta exposição acontece, como um misto de imaginação, desejo, crença e celebração das formas de proteção que subsistem ao embrutecimento do mundo contemporâneo”, explica Shannon Botelho no texto crítico da exposição. Indicada ao Prêmio Pipa 2023, Yuli Anastassakis cativa o observador pela poética do seu trabalho a partir da identificação que cada um, individualmente, se relacionará com o seu sentido de proteção.

Sobre a artista

Nascida em Nova Iguaçu, RJ (1977), e atualmente vivendo em Lisboa, Portugal, Yuli Anastassakis desenvolve trabalhos em bordado, fotografia e pintura. Nos últimos anos vem pesquisando a relação entre arquivos, plantas, palavras, tempo e memória. Seu trabalho parte de reflexões relacionadas às seguintes questões: o tempo do bordado, o tempo das plantas; o tempo expandido e as tentativas de desaceleração; as relações entre plantas, pessoas e suas crenças; a captura e arquivamento das coisas do mundo; a memória do tempo presente; a forma como tentamos guardar imagens e palavras e a maneira como elas tendem a desaparecer. É Bacharel em Ciências Sociais pelo IFCS/UFRJ e Mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pelo PPGARTES/UERJ. Fez cursos de vídeo-arte, desenho e pintura na EAV do Parque Lage. Atualmente participa do grupo de acompanhamento artístico do NowHere_Lisboa, com orientação de Cristiana Tejo. Foi assistente dos artistas Barrão e Carlito Carvalhosa. Trabalha como produção de/para arte desde 1998.

Sobre o Ateliê 31

Com um total de 220 m² e localizado em um ponto estratégico do centro do Rio de Janeiro – Rua México 31 -, próximo aos principais museus, centros culturais, estações de metrô e teatros da cidade, o Ateliê 31 é um espaço de arte independente e com a proposta de proporcionar aos artistas cinco salas exclusivas de ateliês; uma sala para exposições que abrigará mostras coletivas e individuais; uma sala para residentes nacionais e/ou estrangeiros; áreas comuns para encontros, troca de ideias e criações; ambiente colaborativo para workshops, palestras e outros eventos; e suporte para artistas contemporâneos, através do acompanhamento artístico e de carreira com Shannon Botelho, curador e crítico de arte, responsável pela gestão artística do espaço. O Ateliê 31 é um ponto de encontro para a cena artística carioca e potencializador do projeto de revitalização do centro do Rio de Janeiro.

História do funk no MAR

Música e artes visuais se unem em duas mostras que aportaram no Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que recebeu a exposição “Funk: Um Grito de Ousadia e Liberdade”, coletiva que conta a história do funk carioca, enquanto um casarão no bairro sedia “Ocupação Iboru”, desdobramento do álbum “Iboru”, de Marcelo D2.

Com mais de 900 obras, a principal mostra do MAR em 2023 recria a história do gênero musical que a batiza, indo dos bailes black da década de 1970 aos dias de hoje. São fotografias, pinturas, objetos, vídeos e instalações de mais de cem artistas, entre eles nomes como Hebert, Vincent Rosenblatt, Blecaute, Maxwell Alexandre, Panmela Castro, Gê Viana e Daniela Dacorso, dentre muitos outros.

A curadoria é de Marcelo Campos, curador-chefe do MAR, Amanda Bonan, gerente de curadoria do MAR, Dom Filó e Taísa Machado, com um time de consultores: Deize Tigrona, Sir Dema, Marcello B Groove, Tamiris Coutinho, Celly IDD, Glau Tavares, Sir Dema, GG Albuquerque, Leo Moraes e Zulu TR.

Na abertura, recebeu uma série de atrações, como apresentação de dança do Afrofunk Rio e show com MC Cacau cantando MC Marcinho.

Conversa no CCBB RJ

04/out

É amanhã, quinta-feira, dia 05 de outubro, às 18h, a conversa com Evandro Teixeira, um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, o curador Sergio Burgi e o ensaísta Alejandro Chacoff, no Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O evento é gratuito. A conversa integra a mostra “Evandro Teixeira, Chile, 1973”, que pode ser vista até o dia 13 de novembro.

A conversa será em torno da impactante série de imagens realizadas por Evandro Teixeira no Chile, em 1973, poucos dias após o golpe militar de 11 de setembro. Evandro viajou para Santiago, enviado pelo Jornal do Brasil, e revela, através de suas fotos, uma cidade sitiada, ocupada pelas forças militares. Neste período, também registrou o falecimento do grande poeta chileno Pablo Neruda, sendo o único fotógrafo do mundo a fotografá-lo logo após a sua morte, ainda na clínica onde faleceu, perpassando pelo velório em sua residência depredada e o enterro com grande participação popular, documentando a primeira grande manifestação contra o regime do general Augusto Pinochet.

A exposição no CCBB RJ apresenta cerca de 160 fotografias de Evandro Teixeira (1935), baiano radicado no Rio de Janeiro, que fez toda a sua carreira na imprensa carioca, onde atuou por quase seis décadas, sendo 47 anos no Jornal do Brasil. Com curadoria de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira Salles, a mostra chega ao Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro depois de ter sido apresentada com enorme sucesso no Instituto Moreira Salles Paulista, e integra a parceria firmada entre as duas instituições em 2022. A sede do Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro está fechada para reformas. A realização na cidade tem patrocínio do Banco do Brasil. A mostra reúne importantes fotografias em preto e branco, com destaque para a cobertura internacional do golpe militar no Chile em 1973. No país andino, Evandro Teixeira produziu imagens impactantes do Palácio De La Moneda bombardeado pelos militares, dos prisioneiros políticos no Estádio Nacional em Santiago e do enterro do poeta Pablo Neruda.

Além dos registros feitos no Chile, a mostra traz imagens produzidas por Evandro Teixeira durante a ditadura civil-militar brasileira, em um diálogo entre os contextos históricos dos dois países. Em monitores dispostos pelo espaço expositivo, também são apresentados trechos de filmes que documentam o período, como “Setembro chileno”, de Bruno Moet, e “Brasil, relato de uma tortura”, de Haskell Wexler e Saul Landau. A mostra apresenta, ainda, livros, fac-símiles e outros objetos, como máquinas fotográficas e crachás de imprensa.

Exposições simultâneas

Segue em cartaz até o dia 21 de outubro, três individuais simultâneas na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. No térreo, no grande cubo branco, está “Pedra Latente”, do celebrado artista Rodrigo Braga; no segundo andar expositivo estão as esculturas em aço pintado com tintas automotivas de Michelle Rosset – que apresenta um vídeo no contêiner no terraço – e as pinturas de Esther Bonder.

Após cinco anos sem expor no Rio, desde que se mudou para Paris no final de 2018, Rodrigo Braga mostra agora obras inéditas e recentes, em desenhos e fotografias que aprofundam e radicalizam sua pesquisa iniciada em 2017, no Cariri cearense e nas regiões de pedras calcárias na França. O artista discute uma saída para além das dicotomias – preto e branco, direita e esquerda, positivo e negativo. O texto crítico é de Bianca Bernardo.

Em “Pequeno Ato”, Michelle Rosset criou especialmente para a mostra quatro esculturas em aço – pintadas, cada uma, em cores primárias: amarelo, vermelho, azul e preto com tinta automotiva, resistente ao tempo -, e o ponto de partida foi a “Carta a Mondrian”, escrita por Lygia Clark (1920-1988), em 1959, quinze anos após a morte de Piet Mondrian (1872-1944). Michelle Rosset buscou em seu processo criativo fundir aspectos dos trabalhos dos dois grandes artistas. Assim, eladobrou incontáveis vezes folhas de papel quadradas em busca de “sair das formas retas para as curvas”.

Em “Sob a luz de outros sóis”, com pinturas recentes de Esther Bonder, a artista exalta a natureza em paisagens luxuriantes. Esta é a primeira individual da artista na Anita Schwartz Galeria, e a curadoria é de Sandra Hegedus, e o texto crítico de Shannon Botelho.

Os Yanomamis por Claudia Andujar

19/set

Artista e ativista, Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e cresceu na Transilvânia em uma família de origem judaica e protestante. Sobrevivente do holocausto, chegou ao Brasil em 1955, onde começou sua carreira como fotojornalista e artista, e se estabeleceu no país. A fotografia era o meio usado por ela para conhecer as pessoas e aprender sobre o novo país. Em 1971, encontrou os Yanomami pela primeira vez e decidiu passar mais tempo com eles.  “Sonhos Yanomami”, um dos últimos trabalhos realizados por Andujar a partir de seu acervo de imagens sobre o povo Yanomami, é o atual cartaz do Projeto Parede do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Portões 1 e 3, até 28 de janeiro de 2024.

Desde o primeiro contato com os Yanomami, Claudia Andujar voltou várias vezes para a região e lá permaneceu por longos períodos, desenvolvendo laços estreitos com seus membros, os fotografando em suas casas coletivas – chamadas “yano” – e os acompanhando na floresta para fotografar diversas atividades.

“Considero a série Sonhos Yanomami um turning point em minha experiência com os Yanomami. As imagens que compõem a série revelam os rituais xamanísticos dos Yanomami, sua reunião com os espíritos. A partir de sua criação, eu comecei a conceber uma interpretação imagética acerca dos rituais, fato que me deu acesso à genealogia do povo, aglutinando aspectos da cultura e dissolvendo as fronteiras entre os seres humanos, seus deuses e a natureza, integrando todos em um fluxo contínuo”, contou a artista em entrevista publicada na ocasião da exposição “Identidade”, exibida em 2005, na Fondation Cartier, em Paris.

A série, que acaba de ser integrada à coleção do MAM, é composta por 20 imagens geradas por meio da sobreposição de cromos negativos fotografados a partir de 1971. “Trata-se de uma obra do período maduro da artista, que já possuía grande intimidade com a cultura do povo que a acolheu. As imagens revelam algo dos rituais dos líderes espirituais Yanomami e a importância do sonho em sua cosmologia”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do museu, em texto que acompanha a mostra.

O conjunto de imagens exibidos no Projeto Parede do MAM é, também, reflexo de um momento de respiro de Claudia Andujar e do povo Yanomami. Ao lado de outros ativistas, ela fundou em 1978 a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) – conhecida como Comissão Pró-Yanomami. A Comissão, coordenada por ela, organizou a campanha pela demarcação do território Yanomami, a fim de garantir a preservação e a sobrevivência desse povo originário da Amazônia. A Terra Indígena Yanomami foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, entretanto ela continua sendo invadida pelo garimpo ilegal que tem provocado centenas de mortes. Claudia Andujar fez da luta pela preservação do povo, da cultura e da terra Yanomami o trabalho de sua vida.

“A fotografia é minha forma de comunicação com o mundo. Um processo de mão dupla em que você recebe tanto quanto dá. Se o registro fotográfico de culturas pode ser considerado uma forma de compreensão do outro, eu acredito que com a série Sonhos eu consegui entender a essência do povo Yanomami”, afirmou Andujar na ocasião da mostra na Fondation Cartier.

Claudia Jaguaribe no Paço Imperial

06/set

 

A paisagem e o universo botânico entraram Cdesde cedo na vida de Claudia Jaguaribe, sendo um dos interesses prediletos de seu avô Francisco, geógrafo e autor de parte expressiva da cartografia brasileira. A atração precoce pelo tema foi determinante na trajetória da artista, que aguçou o seu olhar e se aprofundou na paisagem e nos aspectos da natureza. “Naturas: Assim eu vejo”, que inaugura no dia 09 de setembro, no Paço Imperial, curada por Heloísa Amaral Peixotoc e, permanecendo em exibição até 05 de novembro. A mostra reúne obras que fazem parte de uma pesquisa que se inicia com a série “Tudo é Sofia”, de 2004, e se estende a trabalhos mais recentes e inéditos, realizados com recursos de Inteligência Artificial em “Viveiro”, de 2023. Com uma agenda cheia tanto no âmbito nacional quanto internacional, tendo realizado projetos na Usina de Arte (Recife), exposições em São Paulo, além da participação este ano no Festival Off and On, Brasil Imprevisto, em Arles (França), onde expôs em um telão ao ar livre, Claudia escolheu a cidade do Rio para mostrar esse recorte de seus trabalhos antigos e mais atuais, totalmente voltados para questões ambientais. Ocupando as salas Amarela e Mestre Valentim, a exposição apresenta uma pesquisa dupla: uma visão particular sobre como retratar a paisagem e a natureza e as mudanças radicais que se operaram na fotografia em nossa cultura visual. As obras iniciais foram feitas de forma analógica, com uma simples câmera pinhole até as últimas, com fotografia digital, e, no seu estágio mais avançado, incluindo a IA. 

 

“Naturas, em latim, se refere à multiplicidade de naturezas que existe no mundo e ‘assim eu vejo’ ao meu modo de utilizar a fotografia como um meio de conhecimento e forma de expressão. Desde os ensaios iniciais percebi que precisava me apropriar da fotografia como um dos aspectos do processo criativo. A fotografia documental me serve como um banco de imagens, base para o desenvolvimento de outras linguagens. Cada novo projeto demanda uma abordagem própria, que envolve muitas camadas de produção”, afirma a artista.

 

“Ao propor um microcosmo idealizado, Claudia, de certo modo estaria buscando estabelecer uma relação entre a natureza, no sentido amplo, e natureza, no sentido mais interior e subjetivo. Também no tratamento das imagens desse conjunto, percebe-se uma atmosfera de caráter mais simbólico, tendendo para o ficcional, um interesse que irá intensificar mais adiante em projetos posteriores”, diz a curadora, Heloísa Amaral Peixoto.

 

Seu discurso no plano poético-visual, no exercício de sempre alargar as possibilidades formais, estabelece novos padrões de utilização do suporte fotográfico como, por exemplo, quando se aproxima de outras expressões artísticas, tais como a escultura.

 

Caudia Jaguaribe é representada no Rio de Janeiro pela Galeria Anita Schwartz.