Artistas do Estados Unidos na Pinacoteca

26/ago

 

 

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Praça da Luz, Luz, São Paulo, SP, aborda experiências urbanas em nova mostra que permanecerá  em cartaz até 30 de janeiro de 2023. “Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976” reúne 150 obras, de 78 artistas, dentre eles, reconhecidos nomes da arte norte americana, como Andy Warhol, Berenice Abott, Edward Hopper, além de trabalhos de Charles White, Emma Amos, George Nelson Preston, Jacob Lawrence e Vivian Browne. A exposição é realizada em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art.

A curadoria é de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca, Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP e ex-curadora da Pina, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation. Em um ano em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o museu examina como a ideia de modernidade é elaborada nas artes visuais também fora do Brasil, especificamente nos Estados Unidos, que durante o século 20 constrói sua reputação como referência no cenário cultural mundial.

As obras em exposição datam de 1893 – ano da Exposição Universal, em Chicago, nos Estados Unidos, evento que marca a primeira vez que o Brasil se apresenta internacionalmente como um país republicano e alinhado com os valores políticos dos EUA – até 1976, celebração do Bi-centenário da Independência Americana.

A mostra explora os modos como a modernidade se manifesta na produção artística norte americana a partir das transformações das cidades e da observação dos ritmos e dinâmicas da vida nos grandes centros urbanos. Em “Pelas Ruas”, a multiplicidade dos trabalhos exibe um ambiente urbano que é ao mesmo tempo um lugar de encontro, entretenimento, multidões, mas também de segregação, solidão, conflitos, reivindicações sociais. “Fizemos a opção por apresentar uma narrativa mais expandida da arte norte americana, baseada numa maior variedade de artistas e movimentos regionais cuja produção figurativa e socialmente consciente persistiu ao longo do século XX à margem do discurso dominante da abstração. A seleção contempla muitos artistas artistas afroamericanos, mulheres e também um indígena”, ressalta Valéria Piccoli.

A lista dos trabalhos inclui empréstimos vindos de 16 importantes instituições culturais como o Whitney Museum of American Art, Nova York (EUA), Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles (EUA), o Museum of Contemporary Art Chicago, Chicago (EUA), International Center of Photografhy, Nova York (EUA), a própria Terra Foundation for American Art, entre outros. Grande parte são pinturas e gravuras, ao todo 80 trabalhos. A totalidade se completa com fotografias. Destaque para as imagens de Berenice Abbott, Diana Davies, Gordon Parks, Robert Frank e Walker Evans.

A curadoria contemplou obras de um elenco de artistas mais diversificado com alguns nomes até desconhecidos no cenário brasileiro. É o caso de Charles White (1918-1979) e Emma Amos (1937-2020). White teve, em 2018, uma retrospectiva no MoMA (NY – EUA) mas, no Brasil, fará parte de uma exposição pela primeira vez. Seu trabalho “Wanted Poster Series #14” (1970) questiona os resquícios de uma mentalidade escravista a partir de um poster do século 19, onde se ofereciam recompensas por escravizados fugidos.

Já as obras de Emma Ammos sempre confrontam o sexismo e o racismo. A pintura “Eva the Babysitter” (1973), que está em “Pelas Ruas”, foi produzida enquanto Ammos era a única mulher a integrar o coletivo de artistas afro-americanos “Spiral Group”, na década de 1970. A pontencialidade das artistas mulheres também foi privilegiada na seleção das fotografias, exemplificada nas imagens de Diana Davies, que não apenas se engajou como registrou as passeatas e protestos em Nova York em prol do respeito à comunidade LGBTQIA+, como também nas fotos de arquitetura feitas por Berenice Abbott em Nova York. Outras imagens de cunho social, que abordam situação dos desempregados e imigrantes em São Francisco, feitas por Dorothea Lange, e os retratos de Gordon Parks sobre a cena musical do Harlem, um bairro periférico e predominantemente negro de Nova York, também estarão expostas.

Dos trabalhos de Andy Wharol, “Pelas Ruas” exibe um bastante singular na trajetória do artista e distante das imagens que o deixaram mundialmente famoso. Trata-se de uma gravura, de 1965, de cunho político, que aborda um episódio de violência policial ocorrido no estado do Alabama. Já de Edward Hopper, a gravura “Night Shadows” (1921) e a tela “Dawn in Pennsylvania” (1942) exemplificam suas tradicionais temáticas ligadas à solidão e melancolia das paisagens urbanas.

A organização expositiva ocupa sete salas do primeiro andar do edificio Pina Luz e as obras estão divididas em 7 núcleos: “A cidade branca”, onde estão os materiais referentes à Exposição Universal de 1893; “Experimentações artísticas”, que explora como a transformação das cidades pela construção de arranha-céus e eletrificação das vias, por exemplo, influencia no vocabulário artístico de uma época. Em “O Individual e o coletivo”, destaque para a diversidade das populações e a criação de comunidades como, por exemplo, Chinatown, famoso bairro de Nova York.

Nas próximas salas, o visitante encontra “Ritmos e padrões da cidade”, referência a quanto do ritmo da nossa vida cotidiana é ditado pela dinâmica do deslocamento entre pontos de uma cidade. No núcleo “A multidão anônima”, encontram-se representações da massa urbana e também da sensação de ser um indivíduo em meio a muitos outros. “Engajamento e separação” reúne trabalhos mais políticos dos anos 1960/70, que exploram o espaço urbano como palco para manifestações e reivindicações. Por último, “Cidades reimaginadas” aborda o modo como a contracultura da década de 1970 propôs e pensou outras formas de convivência em sociedade. A mostra termina com a projeção do filme “Tree dance” (1971), de Gordon Matta-Clark, em que vários performers tentam habitar uma árvore, utilizando lençóis, cordas para ocupar o espaço.

“Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976” propõe olhar para a arte norte americana do século XX sob o viés da representação da vida nas cidades, que define muito do que entendemos como a cultura americana até os dias de hoje. O catálogo bilingue, em português e inglês, traz além das imagens das obras, textos de apresentação assinado pelas curadoras e ensaios de autores convidados, além da tradução de artigos críticos sobre a Exposição Universal, incluindo da feminista Ida Wells e do abolicionista Frederick Douglass, e manifestos dos movimentos civis “Black Panther” e “Alcatraz”, que denotavam a efervescência política e social dos anos 1960/70, retratada por muitos dos artistas em “Pelas Ruas”. Esta exposição e seus programas são resultado da parceria e do generoso apoio da Terra Foundation for American Art. A exposição tem patrocínio da Allergan, na cota prata, e apoio da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, do marketplace FARFETCH e da empresa Bain & Co.

 

Novo representado pela Simões de Assis

25/ago

 

 

O artista visual Mano Penalva agora passa a ser representado pela Simões de Assis. Vive atualmente em São Paulo, onde mantém seu ateliê junto ao projeto Massapê, plataforma que idealizou para possibilitar o pensamento e produção de arte, exposições e ações em conjunto com outros artistas. A pesquisa de Penalva se alinha profundamente ao programa que a Simões de Assis vem desenvolvendo há quase 40 anos, cujo foco principal reside na cultura brasileira. Sua produção parte das mais diferentes manifestações populares do país para, por meio de procedimentos variados, deslocar e ressignificar fragmentos e objetos do cotidiano, muitas vezes reutilizados e apropriados. Sua linguagem transita pela abstração e pela figuração, tendo como linha-mestre o interesse pelas questões materiais que as obras de arte suscitam.

 

Sobre o artista

 

Mano Penalva transita por diversas linguagens, como instalações, esculturas, pinturas, vídeos e fotografias. Artista visual, formado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2008), frequentou cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 2005 e 2011. Em suas pesquisas, Penalva busca investigar a formação da cultura brasileira e suas manifestações variadas. Um dos procedimentos utilizados em seu trabalho é o deslocamento preciso e incomum de fragmentos e objetos do cotidiano, muitas vezes reutilizados e apropriados, refletindo seu interesse pela antropologia e cultura material. Seus trabalhos operam em diferentes meios, desde a forma cotidiana da construção urbana, passando pelo uso decorativo e prático dos objetos que refletem as realidades socioeconômicas e culturais do povo brasileiro, em suas complexidades, até instalações na natureza e ações performáticas. Para o artista, tudo pode ser fonte de pesquisa, tendo mercados, ruas e casas populares como seus objetos de estudo. Mas é no gesto – escultórico, apropriativo, da costura, da colagem, – que ele busca entender as nuances de separação e sobreposição entre arte e vida. No trabalho “Ode ao vento I” (2020), Penalva reflete sobre a força implacável da natureza, sua imprevisibilidade e como se dão as fronteiras. Na Praia do Pacífico, no México, Penalva içou uma bandeira que trazia as fronteiras internas entre os países latino-americanos, e que com o passar do tempo, os elementos compositivos iam se desvanecendo, apagando as fronteiras, ocasionando na dissolução dos estados e províncias metafóricas no branco. Outro trabalho relevante é “Litro por Kilo” (2019), em que pensou a permutabilidade de funções e valores que os objetos adquirem nos mercados populares e nas típicas chamadas de vendedores ambulantes como “três por dez, dois por cinco” em que revelam uma equivalência incerta. Nos últimos anos participou de diversas residências artísticas, como Casa Wabi, Puerto Escondido (2021); Fountainhead Residency, Miami (2020); LE26by, Felix Frachon Gallery, Bruxelas (2019) e AnnexB, Nova Iorque (2018). Dentre suas exposições individuais, destacam-se: “Hasta Tepito”, B[X] Gallery, Brooklyn (2018); “Requebra”, Frédéric de Goldschmidt Collection, Bruxelas (2018); e “Proyecto para Monumento”, Passaporte Cultural, Cidade do México (2017). Dentre as exposições coletivas integrou: “What I really want to tell you…”, MANA Contemporary, Chicago (2020); “Tropical Gardens”, Felix Frachon Gallery, Bruxelas (2019); Bienal das Artes, SESC DF, Brasília (2018); “Blockchain/Alternative barter: a new method of exchange?”, B[x] Gallery,  Brooklyn (2018); e “L’imaginaire de l’enfance”, Cité Internationale des Arts, Paris (2015). .

Claudia Jaguaribe exposição e livro

24/ago

 

 

A exposição de fotografias de Claudia Jaguaribe “Quando eu vi a Flor do Asfalto”, até 24 de setembro na Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, faz uma investigação sobre a  a natureza e a sociedade na atualidade. O livro da artista  “Asphalt Flower”, editado pela Éditions Bessard, encontra-se à venda na galeria.

 

Claudia Jaguaribe

 

A relação entre a natureza e a humanidade é uma das questões mais importantes do século XXI. A incerteza do nosso futuro e os desafios para a nossa sobrevivência física e psíquica na Terra levantam questões ecológicas, sociais e artísticas que demandam uma urgência no seu tratar. O Brasil, país de dimensões continentais, possui características e estruturas de alto contraste que tornam tal situação ainda mais agravante. Se por um lado habitamos um território composto por grandes extensões de biomas preservados, por outro, testemunhamos o aceleramento de sua devastação.

 

Desde 2008 Claudia Jaguaribe vem abordando tais questões por meio de sua obra. A necessidade de expandir as possibilidades da linguagem fotográfica fez com que o trabalho ganhasse consistência ao longo de sua trajetória. Sua produção contempla assim uma diversidade de meios como a fotografia, a foto escultura, o vídeo e o livro. Na exposição “Quando eu vi a Flor do Asfalto”, que se realizará na Galeria Marcelo Guarnieri em São Paulo em agosto de 2022, serão exibidas as séries “Flor do Asfalto” (2020) e “Jardim Imaginário” (2019), além de “Asphalt Flower” (2022), livro inédito publicado pela editora francesa Éditions Bessard. O lançamento do livro ocorrerá durante a abertura da exposição. Também será apresentada uma seleção de fotografias de séries anteriores em que Jaguaribe explorou a ideia de emaranhamento entre natureza e cultura.

 

“Flor do Asfalto” (2022) revisita a ideia de paisagem como um jardim, um espaço de conexão entre homem e natureza onde é possível observar a dinâmica dos ciclos da vida (crescimento, floração e declínio) como um reflexo da sociedade que o molda. As imagens de flores sobrepostas que integram-se simbioticamente às formas asfálticas nos mostram uma superfície que encapsula a natureza desde os tempos bíblicos e que não pode mais ser separada dela. O trabalho possui o formato de uma frisa composta por partes que, unidas, formam uma única imagem. Nesta exposição será apresentado também “Asphalt Flower”, fotolivro publicado pela editora francesa Éditions Bessard que tem o formato leporello em alusão à obra.

 

“Jardim Imaginário” (2019) é uma série de fotografias constituídas por planos sobrepostos que produzem encontros entre flores exuberantes e paisagens urbanas. As imagens que formam a base real sobre a qual Jaguaribe cria o imaginário foram produzidas em reservas ambientais e jardins brasileiros emblemáticos, tais como o Parque Inhotim e o Sítio Roberto Burle Marx. As plantas tropicais sobrepostas são emolduradas ora por fotografias de fragmentos de construções arquitetônicas, ora por registros de devastações produzidas por queimadas, criando imagens que mostram a interseção e o diálogo inevitável entre uma visão idílica da nossa natureza e o testemunho das enormes mudanças que vem ocorrendo. As esculturas apresentadas na exposição também fazem parte desta pesquisa e introduzem, na fotografia, elementos escultóricos presentes nos jardins de Burle Marx, gerando assim um diálogo entre fotografia, paisagem e arquitetura que se realiza no campo tridimensional. Uma forma que ganha uma paisagem ou uma paisagem que ganha uma forma.

 

As outras obras que integram a exposição são, de alguma maneira, a gênese e origem desta pesquisa. “Quando eu vi” (2008) pode ser definida como uma paisagem em construção. As bibliotecas de Jaguaribe são obras icônicas deste período de sua produção que buscava por formas simbólicas de preservação de uma natureza então ainda intacta. A realização de “Pau Mulato”, uma das fotografias da série, marca o primeiro momento em que a abstração de uma forma vegetal levou à criação de peças escultóricas. Já “Aba katu” (2014) é um ensaio poético sobre a visão dos naturalistas viajantes do século XIX que tinham a flora e a fauna como objetos de um escrutínio “científico”.

 

A série “Confluência” (2019), leva a fotografia para o campo da abstração, dando seguimento a sua relação com a natureza através de uma investigação sobre as suas qualidades pictóricas. Nela, estão representados os rios Tocantins, Paraná, Solimões e Iguaçu que se mesclam, assumindo um novo corpo como num processo de metamorfose.

 

Na série “Jardim de Lina” (2018) há uma espécie de embate e complementaridade entre arquitetura e natureza. Nas imagens, o jardim parece invadir a arquitetura modernista da Casa de Vidro, tornando difícil a distinção entre os limites do espaço interior e do exterior. A partir do desejo de tensionar ainda mais esses limites entre o dentro e o fora, entre a fotografia e a escultura, a artista intervém nas imagens com desenhos de círculos que remetem ao vocabulário da arquitetura modernista de Lina Bo Bardi que tinha nas formas da natureza uma fonte de inspiração.

 

“Quando eu vi a Flor do Asfalto” permitirá ao público revisitar a trajetória de Claudia Jaguaribe que há 30 anos dedica-se a produzir uma obra original e potente na qual a denúncia se faz não por uma abordagem jornalística, mas por um olhar artístico que nos reinsere na beleza misteriosa e complexa da vida e do mundo.

 

 

Galeria samba na SP-Arte

23/ago

 

Galeria carioca apresentará projeto solo do artista mineiro Washington da Selva, que trata dos contrastes entre a zona rural, a cidade urbana e a cultura digital. A galeria carioca samba arte contemporânea participará pela primeira vez da SP Arte – Rotas Brasileiras, que será realizada de 24 a 28 de agosto, na ARCA, galpão industrial localizado na Vila Leopoldina, São Paulo, SP. A galeria apresentará o projeto solo “Origem”, com obras recentes e inéditas do artista mineiro Washington da Selva, incluindo a série “Lastro”, premiada no 8° Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger na categoria Questões Históricas. Em Lastro, o artista retrata pessoas empunhadas com ferramentas de trabalho do campo.

 

Sobre o artista

 

Washington da Selva (Carmo do Paranaíba, 1991) é artista visual e pesquisador. Possui mestrado em Artes, Cultura e Linguagens e bacharelado em Artes e Design, ambos pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Combina diferentes práticas artísticas como: fotografia, desenho, performance, web arte e processos têxteis. Foi artista residente no Lab Cultural 2021, BDMG Cultural, participou da residência Esculturas Públicas e Arte na Terra (2021), Associação Carabina Cultural. Em 2021, foi contemplado com o Prêmio DASartes e o 8º Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, sendo, ainda, finalista no 1º Prêmio de Fotografia Adelina.

 

 

 

Iatã Cannabrava em exposição

22/ago

 

 

Série de fotografias de Iatã Cannabrava estará em cartaz a partir de 27 de agosto na Casa da Imagem/Museu da Cidade, Sé, São Paulo, SP, obedecendo curadoria de Rubens Fernandes Junior. A exposição denominada “Uma outra cidade, Um outro tempo” permanecerá em exibição até 23 de outubro.

 

A palavra do curador

 

Há mais de 40 anos o fotógrafo Iatã Cannabrava documenta cidades brasileiras e latino-americanas. Seu interesse é geral – centro, periferia e patrimônio histórico -, mas sua vivência política levou-o para os territórios limítrofes do espaço urbano. Era ali que pulsavam novas polifonias, outras visualidades policromáticas e alguns movimentos culturais de resistência. Tudo parecia estar em constante movimento. Pura transformação que estimulava seu processo criativo na direção de uma poética visual para esses espaços periféricos. Esquecidos e desconhecidos. A fotografia documental, que praticamente acompanha o fotógrafo em toda a sua trajetória, é um registro que reproduz o visível e mantém forte conexão com a história e a memória. Desse modo, é inegável a importância da exposição Uma outra cidade/Um outro tempo, que reúne um conjunto de fotografias impregnado de relações afetivas, de inquestionáveis densidade e referência sociocultural. Um inventário articulado, com múltiplas expressões, emerge desses espaços fervilhantes de signos desordenados que desafiam os padrões dos poderes centralizados. Mais do que uma investigação visual, Iatã estabeleceu como meta a construção de um arquivo cuja principal estratégia era produzir memória para a população periférica abandonada pelo poder público. Desassistidas de projetos que atendam minimamente as demandas de habitação, educação, saúde pública e saneamento básico, essas comunidades se organizaram numa intricada e sofisticada rede de acesso. A Casa da Imagem/Museu da Cidade de São Paulo abre seu espaço para que possamos refletir, discutir e compreender essas narrativas distantes das hegemônicas, possibilitando novos e diferentes olhares para as fotografias de Iatã Cannabrava. Uma fotografia não idealizada, realizada sem intervenção e de muita proximidade com os cidadãos em seus espaços privados. Sem excentricidades, pois nesses territórios a vida acontece.

 

 

Exposição de Boris Kossoy em Fortaleza

18/ago

 

 

“Um mundo de estranhamento diante de situações banais que harmoniza cultura, mistério, história e memória”. É assim que o fotógrafo Boris Kossoy sintetiza sua exposição “Estranhamento” que estreia no Museu da Fotografia Fortaleza, CE. A mostra comemora o Dia Mundial da Fotografia. Sob curadoria de Diógenes Moura, a mostra apresenta 92 obras do artista, algumas delas inéditas, e ficará em cartaz por três meses. O artista Boris Kossoy e Diógenes Moura se reúnem para uma roda de conversa com os visitantes e uma sessão de autógrafos. A partir de 20 de agosto.

 

Sobre o artista

 

Boris Kossoy, natural de São Paulo, é fotógrafo, teórico e historiador da fotografia. A Arquitetura (Universidade Mackenzie) e as Ciências Sociais (Escola de Sociologia e Política de São Paulo) somam-se à sua formação, tendo obtido os títulos de mestre e doutor por esta última instituição. Paralelamente à sua carreira profissional, acadêmica e artística dedicou-se desde cedo ao magistério. É professor livre-docente e titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Na área institucional foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (1980 – 1983) e diretor da divisão de pesquisas do Centro Cultural São Paulo (1995 – 1997).  Participou como conferencista convidado de dezenas de eventos acadêmicos nos EUA, Europa e América Latina. Ao longo de sua trajetória a fotografia tem sido o centro de suas investigações em diferentes áreas: teoria, história e poética. Como pensador e pesquisador, seus trabalhos mais conhecidos são focados na história da fotografia no Brasil e na América Latina, nos estudos teóricos da expressão fotográfica e, na aplicação da iconografia como fonte de pesquisas nas ciências humanas e sociais. Alguns de seus livros nessas áreas se tornaram obras de referência como o clássico “Hercule Florence, a descoberta isolada da fotografia no Brasil”, livro que mereceu edições no México, Espanha, Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos. É autor também de  “Viagem pelo Fantástico”; “Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro”; “Fotografia e História”; “Realidades e Ficções na Trama Fotográfica”; “Os Tempos da Fotografia”; “O Olhar Europeu: o Negro na Iconografia Brasileira do Século XIX”, (em coautoria com Maria Luiza Tucci Carneiro); “Um Olhar sobre o Brasil: A Fotografia na Construção da Imagem da Nação” (org.); “Encanto de Narciso”; “L’ Éphemère et l’Éternel dans L’image Photographique”, entre outras obras. A trajetória do acadêmico caminhou paralelamente à uma longa carreira como fotógrafo:  fotografias de sua autoria integram as coleções permanentes do Museum of Modern Art (NY), Bibliothèque Nationale (Paris), Centro de la Imagen (México DF), Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, entre outras instituições. Em 1984, recebeu a condecoração Chevalier de l’ Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura e da Comunicação da França, pelo conjunto de sua obra.

 

Sobre o curador

 

Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Em 2019, foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura com “O Livro dos Monólogos (Recuperação para Ouvir Objetos)”, publicado pela Vento Leste Editora. Em 2018/2019 foi curador da mostra “Terra em Transe”, que ocupou todo o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, fazendo parte do Solar Foto Festival. Premiado no Brasil e exterior, foi curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1998 e 2013. Seus livros, nove ao todo, habitam o campo da experimentação, da coragem e originalidade na abordagem dos temas, na busca por uma dicção própria, pelos traços de narrativas concisas, sem apego às descrições realistas tão em voga na literatura brasileira contemporânea. Tem uma relação bem próxima com o Museu da Fotografia Fortaleza. Além de “Estranhamento”, também assina a curadoria das exposições de longa duração, “O olhar não vê. O olhar enxerga” e “Não danifique os sinais”. Antes, foi curador da mostra “Estúdio de Arte Irmãos Vargas encontra Martín Chambi”, que já esteve em exposição no segundo andar do equipamento e, atualmente, faz parte do Museu Itinerante, projeto do Museu da Fotografia Fortaleza que percorre espaços públicos em na capital e em cidades do interior do Ceará.

 

Coleção de bichos contemporâneos e atemporais

17/ago

 

 

A Belizário Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP,  exibe – “A Arca de Noé/A Bicharada” – primeira exposição que inaugura o projeto – “Porão da Belizário”. A curadoria das ações do novo espaço é assinada pelo jornalista, fotógrafo, consultor e curador independente Renato De Cara. O conceito do curador para o “Porão” é o de proporcionar uma maior amplitude de artistas e obras ao público que vai à galeria incentivando o contato com novas formas de criação, um dos propósitos básicos da Belizário desde seus primeiros dias. A convivência e a aceitação de novas formas de arte e criatividade necessita de estímulos, desafios e constância.

 

Em sua primeira mostra, Renato De Cara traz uma coletiva com 16 artistas – Ariel Spadari, Arivânio Alves, Charles Cunha, Ciro Cozzolino, Daniel Malva, Delfina Reis, Francisco Maringelli, Gilles Eduar, Lucas Lenci, José Raimundo, Rosa Hollmann, Suellen Estanislau, Ulysses Bôscolo, Vitor Mizael, Vinicius Flores, Wagner Olino – que utilizam suportes variados como pintura, escultura, fotografia e gravura.

 

No conceito selecionado, a liberdade criativa da arte permite questionamentos improváveis. “Consideremos Deus arrependido no mito da Arca,  o bicho-homem e as bestas. Aquele acúmulo de animais com a missão de perpetuar as raças. No ainda aguardado fim-do-mundo, onde predicados, gêneros e hegemonias são questionadas, a quem deveríamos poupar?”, pergunta o curador.

 

Mesmo que o momento presente nos induza a ter respostas não muito positivas à pergunta proposta, pois como diz Renato De Cara, “…pensamos a todo instante no quanto a humanidade não deu certo. Mas vejamos o quanto tudo isso é relativo. A civilização, não podemos negar, muito se desenvolveu técnica e cientificamente até aqui”. A arte e a ciência são provas latentes de que vivemos melhor e podemos ser pessoas melhores. As obras escolhidas nos brindam com uma profusão de cores e formas que enlevam o espírito lembrando o lado positivo da natureza, fonte de toda a beleza em formas modelares.

 

Citando um pouco os trabalhos presentes, na linha costurada pelo curador para unir artistas criativos tão distintos e relevantes em suas variantes técnicas, unindo linguagens mais populares e contemporâneas, além de peças cedidas por colecionadores, obras ousadas, às vezes consideradas mais “ingênuas” de Arivânio Alves (CE), José Raimundo (MG), Suellen Estanislaw (PR) e Vinícius Flores (SC) travam diálogos com Wagner Olino, Vitor Mizael, Ariel Spadari, Charles Cunha e Daniel Malva com linguagens contemporâneas entre desenhos, taxidermia, uso de aplicativos, fotografia  e escultura, enquanto Delfina Reis, Gilles Eduar e Rosa Hollmann trabalham em um universo quase infantil. Com uma linha mais clássica, as fotografias de Lucas Lenci e as pinturas de Ulysses Bôscolo compõem uma unidade visual com as esculturas em bronze de Francisco Maringelli e as pinturas, representativas da “Geração 80”, de Ciro Cozzolino.

 

“A Arca de Noé/A Bicharada”, através da criatividade, técnica e sensibilidade dos artistas convidados, apresenta uma coleção de bichos contemporâneos e atemporais. Como define Renato De Cara, “…cada narrativa procura estabelecer lembranças e sugestões para nos manter ainda em contato com a fauna tradicional. Licenças poéticas para o casting de uma arca repleta, onde casais, singles, e outras relações possam conviver em harmonia”.

 

Sobre o curador

 

Renato de Cara nasceu em Lins, SP, 1963. Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP (1985). Interessado em cultura, especializa-se em arte e moda contemporânea, produzindo, escrevendo, editando e fotografando para marcas e veículos de comunicação. Entre 2006 e 2017, dirige a Galeria Mezanino, respondendo pela produção e curadoria de inúmeras exposições, tanto individuais como coletivas fazendo com que o espaço se consolide como um celeiro para novos nomes e também de resgate para artistas em meio de carreira, cruzando linguagens e propondo novas abordagens no mercado de arte contemporânea. Assumiu em 2018 a Diretoria do Departamento de Museus municipais de São Paulo, coordenando quinze espaços museológicos e históricos, construídos entre os séculos XVII e XX. Atua como curador independente e consultor de arte, acompanhando artistas em parcerias com diversas instituições culturais.

 

Abertura: 20 de agosto, sábado, das 14h às 18h.

Período: de 22 de agosto a 08 de outubro.

 

Homenagem na Ocupação Itaú Cultural

16/ago

 

 

A grande atriz brasileira Tônia Carrero é a homenageada na Ocupação Itaú Cultural, Avenida Paulista, São Paulo, SP. A exposição conta com destaques sobre a vida e a obra da atriz, e permanecerá em cartaz até 06 de novembro.

 

Através de fotos, vídeos, textos, documentos e demais objetos, a Ocupação contempla várias facetas da homenageada: da imagem de diva ao profissionalismo, da inteligência ao humor delicado, da sofisticação ao enfrentamento (da Censura da Ditadura, por exemplo). E, em especial, ressalta-se um de seus principais traços: a alegria de ser atriz, de surpreender a plateia, de renovar sempre as emoções (as suas e as dos espectadores).

 

A Amazônia de Renata Padovan

08/ago

 

 

Em exposição na CASNOVA, Jardim Paulista, São Paulo, SP, Renata Padovan nos revela o caminho à frente ao traçar as ameaças que circundam a floresta Amazônica. A mostra “Para Saber Aonde Está Pisando” conta com uma instalação que narra o cenário da represa hidrelétrica de Balbina no estado do Amazonas. E originando o título da mostra, temos a obra em tapete que mapeia as diversas áreas da floresta.

 

Em pura lã e bordado à mão pelas artesãs da Casa Caiada, esse trabalho nasceu de uma pesquisa que busca uma melhor compreensão do panorama ambiental. Aqui, a área da Pan Amazônia é dividida em cinco categorias: as áreas preservadas (em verde), as desmatadas (em vermelho), aquelas consideradas terras indígenas (ocre) e as áreas reservadas para a extração do petróleo (em cinza). As áreas na cor cru são as “não destinadas”; aquelas que costumam ser loteadas ilegalmente e estão mais suscetíveis à grilagem de terra. O tapete aponta para uma disputa ininterrupta entre preservação e exploração, mantendo a poética que é a trama do título.

 

Sobre e artista

 

Renata Padovan nasceu em São Paulo, onde vive e trabalha. É graduada em Comunicação Social pela FAAP, ganhou a bolsa Virtuose em 2001 para mestrado na Chelsea College of Art and Design, Londres. Participou de diversos programas internacionais como artista residente, entre eles Banff Centre for the Arts, Canadá; Nagasawa Art Park, Japão, Braziers international arists workshop, Inglaterra e NES, Skagaströnd, Islândia. Entre as exposições individuais: Galeria Baró, Galeria Eduardo H. Fernandes, Galeria Thomas Cohn, Centro Cultural São Paulo, Galeria Millan, Galeria Valu Oria, Museu Brasileiro da Escultura em São Paulo, e no Rio de Janeiro no Espaço Cultural dos Correios, Paço Imperial e Museu do Açude. Seu trabalho tem sido mostrado em exposições coletivas e festivais internacionais.

 

O verão de 1945 na Itália

 

 

Exposição fotográfica que traz ao Brasil uma seleção de 45 imagens do Arquivo Patellani conservado no Museu de Fotografia Contemporânea de Cinisello Balsamo – Milão, “Fotografia | O verão de 1945 na Itália: a viagem de Lina Bo nas fotografias de Federico Patellani Maeci” tem curadoria de Francesco Perrotta-Bosch. Em cartaz até 10 de agosto no Giardino dell’Istituto Italiano di Cultura, Higienópolis, São Paulo, SP.

 

As fotos retratam a viagem realizada por Federico Patellani, entre julho e setembro de 1945, pelas cidades italianas de Milão, Marzabotto, Florença, Buonconvento, Radicofani, Acquapendente, Viterbo, Cassino, Valmontone e Roma. Neste percurso Patellani esteve com dois jovens arquitetos, Lina Bo e Carlo Pagani, com o intuito de registrar as condições de moradia na Itália deste período. Federico Patellani (1911-1999) é considerado o precursor do fotojornalismo na Itália e exponente da fotografia neorrealista. Graças a seu olhar de viés sócio antropológico produziu incontáveis séries que documentaram fatos importantes e personalidades do século XX.