Foto MIS 2019

30/ago

Anualmente, o Museu da Imagem e do Som, jardim Europa, São Paulo, SP, dedica um espaço na agenda de programação para exposições exclusivamente de fotografia com obras de artistas nacionais e internacionais. Este ano, o FOTO MIS – antigo “Maio Fotografia” – fica em cartaz de 31 de agosto a 13 de outubro, quando todos os espaços expositivos do Museu serão tomados por obras de artistas singulares e fundamentais na história da fotografia.

 

O FOTO MIS 2019 apresenta as exposições “Todos iguais, todos diferentes?”, do fotógrafo francês Pierre Verger, com uma seleção de retratos realizados entre as décadas de 1930 e 1970 ao redor do mundo; “Estudos fotográficos: 70 anos de memória”, remontagem da primeira exposição individual do fotógrafo Thomaz Farkas e primeira exposição de fotografia realizada em um museu de arte no Brasil; “Caretas de Maragojipe”, de João Farkas, sobre o carnaval como patrimônio imaterial do recôncavo baiano, e “Haenyeo, mulheres do mar”, de Luciano Candisani, que retrata a vida de um grupo de mulheres que vivem na Coreia do Sul e seguem a tradição secular de mergulhar utilizando apenas o ar de seus pulmões para colher produtos marinhos.

 

Integram, ainda, o FOTO MIS a mostra “Moventes”, com obras do Acervo MIS, que conta com curadoria de Valquíria Prates, e “Onde tudo está”, individual de Beatriz Monteiro, projeto selecionado pelo programa anual do MIS, Nova Fotografia 2019.

 

Além das exposições, o FOTO MIS 2019 conta com uma extensa programação paralela. No dia 31 de agosto, abertura da mostra, o MIS realiza ciclo de conversas com os fotógrafos e curadores, visitas guiadas e lançamentos de livros relacionados às exposições, cursos de fotografia, atividades educativas, uma edição da Foto Feira Cavalete e a Maratona Infantil | Especial Fotografia integram a programação paralela.

 

 

Ai Wei Wei no CCBB/Rio

29/ago

Encontra-se em cartaz até 04 de novembro no CCBB Rio, a maior exposição do artista plástico chinês Ai Weiwei já realizada no país, premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a Melhor Exposição Internacional de 2018. Convidado pelo curador, o artista desvenda a cultura brasileira e cria obras que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade local. “Ai Weiwei Raiz” apresenta também alguns dos trabalhos mais icônicos do artista, hoje considerado um dos principais nomes da cena contemporânea internacional. A curadoria é de Marcello Dantas

 

No dia 25 de setembro, às 18h30, o curador, Marcello Dantas, conversará com o público sobre a obra do artista. Entrada franca e a distribuição de senhas será 1 hora antes.

 

Sobre o artista

 

Para entender Ai Weiwei, é preciso conhecer seu passado e suas origens. Seu pai – o poeta Ai Qing, um libertário e membro da Revolução Chinesa – caiu em desgraça na nova sociedade que se configurou e foi enviado, junto com sua família, para campos de trabalho na área rural da China, logo depois do nascimento de Ai Weiwei. A influência do pai em sua vida é imensa.

 

Uma das imagens mais fortes para o artista é a de quando Ai Qing decidiu queimar seus livros diante do filho, para evitar mais punições caso o regime viesse à sua casa – eram principalmente livros de arte e poesia. Pai e filho fizeram uma fogueira e, página por página, foram queimando os livros, como se se despedissem daquelas imagens e palavras. Um ato de profunda violência para um poeta e intelectual e, acredito, um ato fundador para seu filho, tanto como artista quanto ativista.

 

Uma maneira de ler as obras do artista chinês é compreendê-lo em seus múltiplos pontos de vista, como um intérprete das culturas chinesa e ocidental. Ele encontra maneiras de manter ambiguidades, expressando-se de forma explícita para um dos lados (seja o Ocidente ou o Oriente), e de forma velada para o outro.

 

As imagens inaugurais de Ai Weiwei soltando o vaso da Dinastia Han são, para qualquer ocidental, imagens perturbadoras de desrespeito e uma atrocidade em relação à memória e à história. Para um chinês acostumado aos absurdos da Revolução Cultural, todavia, tal gesto não é tão chocante. O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos. Nesse modelo, ele seria capaz de experimentar a cultura local e digeri-la a seu modo, e o Brasil teria a chance de entender e experimentar as modalidades e o processo criativo do artista. Por outro lado, nós nos tornamos mestres na arte de absorver e digerir à nossa maneira influências exteriores. O convite não foi para uma refeição cotidiana: foi para um banquete mutuofágico, em que se come e se é comido pelo outro, em que cada lado devora o outro – seu corpo, sua alma e sua energia. Weiwei fez um firme gesto inicial ao tentar fundir a cultura, ele decidiu fundir em ferro a maior, mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. Apropriar esta árvore dentro de sua oeuvre é como capturar a espinha dorsal da consciência de nossa civilização -uma árvore que tem estado de pé por mais de 1200 anos viu a própria formação da nação.

 

 

Panorama de Arte Brasileira

26/ago

Sertão é palavra de origem desconhecida. Na língua portuguesa, há registros de sua existência desde o século XV. Quando aqui aportaram, os colonizadores já trouxeram consigo o termo, usando-o para designar o território vasto e interior, que não podia ser percebido da costa. Desde então, a esse vocábulo atribuem-se diversos sentidos, sem nunca ser fixado numa ideia pacificada. É constituído, inclusive, por oposições: pode referir-se à floresta e ao descampado, ao lugar deserto e também ao povoado, àquilo que é próximo e ermo. Qualifica o visível e o desconhecido, trata da aridez e da fertilidade, do inculto e do cultivado.
Ainda que tenha chegado ao Brasil na caravela, sertão não cessa de se insurgir contra o colonialismo e de escapar de seus desígnios. Mantém sua potência de invenção, não se rende aos monopólios dos saberes patriarcais, exige novos pactos sociais, desierarquiza sua relação com a natureza, reverencia o mistério, festeja. Sertão é, antes e depois de tudo, experimentação e resistência, qualidades fundamentais para viver a arte e que nos trazem a este 36º Panorama da Arte Brasileira, em exibição no MAM, até o dia 15 de novembro, no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
No Brasil que pleiteava sua modernização, no início do século XX, sertão passou a referir-se, sobretudo, à região do Nordeste de clima semiárido, ilustrada por sua vegetação de caatinga, em oposição ao litoral. Nesse momento, reforça-se o projeto de um lugar seco, primitivo, rude, propagandeando um outro na iminência do flagelo. Forja-se, dessa maneira, uma condição de submissão que justificaria políticas assistencialistas, mas sobretudo a atualização de medidas de exploração. Suas imagens estão presentes por toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar.
Contrariando determinismos, e sob a luz de uma certa produção de arte do Brasil, Sertão é modo de pensar e de agir. Termo evocativo, traz consigo afetos transformadores, formas políticas, ideais de criação, memórias de luta, rituais de cura, ficções de futuro. Esta arte-sertão que aqui se apresenta está no deslizar das linguagens. Mais que um lugar, essa condição sertão é a travessia. Espalha-se Brasil afora, está no manejo do roçado, supera-se na viela da favela, desce pelo leito do rio, está escrita nos muros da cidade e presente na terra retomada. Manifesta-se nos encontros e nos conflitos.
No 36º Panorama da Arte Brasileira, 29 artistas e coletivos reúnem-se para compartilhar estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias. Se sertão está no limite do que se pode apreender, por definição, a ideia de panorama é complementar na forma de sua contradição. A importância de juntar essas instâncias e acolher essas oposições, no entanto, se dá pela necessidade cada dia mais atual de defender existências não hegemônicas e de compartilhar outros modos de vida. Enquanto a arte puder afirmar sua condição sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Júlia Rebouças

 

 

Curadora

 

Artistas:
1- Ana Lira (Caruaru – PE, 1977. Vive no Recife); 2 – Ana Pi (Belo Horizonte, 1986. Vive em Paris); 3 – Ana Vaz (Brasília, 1986. Vive em Lisboa); 4 – Antonio Obá (Ceilândia – DF, 1983. Vive em Brasília); 5 – Coletivo Fulni-ô de Cinema (Águas Belas – PE); 6 – Cristiano Lenhardt (Itaara – RS, 1974. Vive em São Lourenço da Mata – PE); 7 – Dalton Paula (Brasília, 1982. Vive em Goiânia); 8 – Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983. Vive no Rio de Janeiro); 9 – Desali (Contagem – MG, 1983. Vive em Belo Horizonte); 10 – Gabi Bresola & Mariana Berta (Joaçaba – SC, 1992 / Peritiba – SC, 1990. Vivem em Florianópolis, SC); 11 – Gê Viana (Santa Luzia – MA, 1986. Vive em São Luís); 12 – Gervane de Paula (Cuiabá, 1961. Vive em Cuiabá); 13 – Lise Lobato (Belém, 1963. Vive em Belém); 14 – Luciana Magno (Belém, 1987. Vive em São Paulo); 15 – Mabe Bethônico (Belo Horizonte, 1966. Vive em Genebra e Belo Horizonte; 16 – Mariana de Matos (Governador Valadares – MG, 1987. Vive no Recife); 17 – Maxim Malhado (Ibicaraí – BA, 1967. Vive em Massarandupió – BA); 18 – Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990. Vive no Rio de Janeiro); 19 – Michel Zózimo (Santa Maria – RS, 1977. Vive em Porto Alegre); 20 – Paul Setúbal (Aparecida de Goiânia – GO, 1987. Vive em São Paulo); 21 – Radio Yandê (Rio de Janeiro, 2013); 22 – Randolpho Lamonier (Contagem – MG, 1988. Vive em Belo Horizonte); 23 – Raphael Escobar (São Paulo, 1987. Vive em São Paulo); 24 – Raquel Versieux (Belo Horizonte, 1984. Vive no Crato – CE); 25 – Regina Parra (São Paulo, 1984. Vive em São Paulo); 26 – Rosa Luz (Gama – DF, 1995. Vive em São Paulo); 27 – Santídio Pereira (Curral Comprido – PI, 1996. Vive em São Paulo); 28 – Vânia Medeiros (Salvador, 1984. Vive em São Paulo); 29 – Vulcanica Pokaropa (Presidente Bernardes – SP, 1993. Vive em Florianópolis).

 

 

50 anos de Panorama

 
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Parcerias
O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão procurou ampliar seu tempo e espaço de atuação por meio de parcerias estratégicas: com a Festa Literária Internacional de Paraty, serão promovidas duas mesas de debate convidando um participante da Flip e um participante do Panorama, com a mediação de Júlia Rebouças e Fernanda Diamant, curadora da 17ª edição da Flip; com o Auditório Ibirapuera, vizinho do museu, foi organizada uma programação musical a partir dos conceitos trabalhados no Panorama para o dia 18/08, dia seguinte à abertura no MAM; e, com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, novos debates acontecerão em setembro e outubro, promovendo o encontro entre artistas, psicanalistas e o público.
Irmãos Campana na loja mam

 
O estúdio Campana, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, que celebra em 2019 seus 35 anos de trabalho, ficará a cargo da curadoria da loja mam durante o período do Panorama, com o patrocínio do Iguatemi São Paulo. O trabalho dos Campana incorpora a ideia da transformação, reinvenção e integração entre o artesanato e a produção em massa, oferecendo um design com identidade própria, mixando a individualidade dos materiais à preciosidade das características comuns no cotidiano brasileiro, como as cores, as misturas, o caos criativo. A partir do olhar único dos irmãos Campana, que contam com um extenso trabalho de pesquisa da cultura vernacular nordestina presente em suas coleções, os visitantes poderão vivenciar um novo espaço da loja mam e encontrar peças cuidadosamente selecionadas que trabalham com o conceito expandido de sertão.
Equipe do 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Curadoria – Júlia Rebouças (Aracaju, 1984. Vive entre Belo Horizonte e São Paulo) curadora, pesquisadora e crítica de arte. É curadora do 36o Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna – SP, em 2019. No mesmo ano, realiza a curadoria de Entrevendo, mostra antológica de Cildo Meireles, a ser inaugurada no Sesc Pompeia -SP, em setembro. Foi co-curadora da 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva (2016). De 2007 a 2015, trabalhou na curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18o e 19o Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacamos a exposição Entrementes, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo, de agosto a outubro de 2018, a mostra MitoMotim, no Galpão VB, São Paulo, de abril a julho de 2018 e Zona de instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural, São Paulo, em 2013. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É Mestre e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais.
Assistência curatorial – Catarina Duncan (Rio de Janeiro, 1993. Vive em São Paulo) curadora e programadora cultural. Formada em Culturas Visuais e História da Arte pela Goldsmiths College, University of London (2010 – 2014), foi assistente curatorial da 32a Bienal de São Paulo (2015- 2016), do ‘Pivô Arte e Pesquisa’ (2014 – 2015) e das exposições ‘Terra Comunal Marina Abramovic’ no Sesc Pompeia (2014), entre outros. Coordenou a programação pública da obra ‘Cura Bra Cura Té’ de Ernesto Neto na Pinacoteca (2019). Participou de diversas residências artísticas, entre elas a ‘Residents Art Dubai’ (2019) com curadoria de Fernanda Brenner, e ‘Lastro’, na Bolívia e Guatemala (2015 – 2017), ao lado da curadora Beatriz Lemos. Assinou a curadoria das exposições ‘⦿‘ na Galeria Leme (2018), ‘Somos Muitxs’ no Solar dos Abacaxis (2018), ‘Oráculo Piedoso’ de Martin Lanezan na Galeria Sancovsky (2018), ‘Travessias Ocultas – Lastro Bolivia’ no Sesc Bom Retiro (2018), Fio Corpo Terra’ no espaço Saracura (2017). Integrou o coletivo Terreyro Coreográfico (2015- 2016). Atua como representante do programa COINCIDENCA da fundação suíça para cultura Pro Helvetia no Brasil.
Arquitetura – Estudio Risco. Inaugurado em 2007, o estúdio Risco é um coletivo formado por artistas de trajetórias variadas e interesses múltiplos. Presta serviços de arquitetura, cenografia, expografia, desenho de produto, desenho gráfico e videografia. Hoje é formado por Humberto Pio, Juliana Amaral, Marcelo Dacosta e Tiago Guimarães. Nos últimos quatro anos, desenvolveu o desenho de mostras de arte como: “O que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro” (Sesc Pinheiros, 2019), “Arte-Veículo (Sesc Pompeia, 2018)”, “Estou Cá” (Sesc Belenzinho, 2016-7), “Sempre Algo Entre Nós” (Sesc Belenzinho, 2016), “Potlatch: Trocas de Arte” (Sesc Belenzinho, 2016), “Provocar Urbanos” (Sesc Vila Mariana, 2016), “Arno Rafael Minkkinen: O corpo como evidência” (Sesc Jundiaí e Sesc Vila Mariana, 2016) e VI Mostra de 3M de Arte Digital (Fundição Progresso, Rio de Janeiro, 2015).
Design – Elaine Ramos (São Paulo, 1974) é designer atuante na área cultural e sócia da editora paulistana Ubu. Foi, por 11 anos, diretora de arte da editora Cosac Naify, onde também coordenou a edição dos títulos sobre design. É co-organizadora da Linha do tempo do design gráfico no Brasil, foi co-curadora da exposição Cidade Gráfica, no Itaú Cultural em São Paulo e é membro da Alliance Graphique Internationale (AGI).

 

Marcelo Guarnieri/SP-Foto

19/ago

Na SP-Foto 2019, Shopping JK/Iguatemi, Vila Olímpia, São Paulo, SP, a Galeria Marcelo Guarnieri apresentará obras de Arlete Soares, Claudia Jaguaribe, Cristiano Mascaro, Edu Simões, Flávia Ribeiro, Flávio Damm, João Farkas, Julio Le Parc, Lew Parrella, Marcel Gautherot, Mario Cravo Neto, Pedro Hurpia, Pierre Verger, Vincent Ciantar e Yamamoto Masao.

 
Na quarta-feira serão apresentados trabalhos de todos os artistas. De Verger e Gautherot serão apresentadas fotografias vintages, tomadas na década de 1930 (assinada pelo autor) e na década de 1950, respectivamente. Será exibida pela primeira vez na SP-Foto a obra de Vincent Ciantar, fotógrafo anglo-egípcio naturalizado brasileiro, cujas fotografias – a maior parte delas guardadas em acervo pessoal até então – estarão em exposição na sede da Galeria em São Paulo durante o mês de agosto. Ciantar se estabeleceu no Brasil na década de 1960, trabalhando para revistas, empresas e indústrias e desenvolvendo, em paralelo, um trabalho autoral que circulou pelo Egito, Brasil e Inglaterra enquanto esteve vivo. Claudia Jaguaribe apresenta uma de suas foto-esculturas da série “Horror Vacui”, de 2017. A série, composta por fotografias feitas em Pequim, que em algumas obras se tridimensionalizam, propõe uma reflexão sobre a estética do excesso, parte integrante da cultura chinesa.

 

Na quinta e sexta-feira a galeria apresentará fotografias das séries “Pantanal”, “Amazônia” e “Sertão” do fotógrafo João Farkas. A série “Amazônia”, desenvolvida entre 1986 e 1990, traz um extenso registro da atividade dos garimpos na região e sua relação com as centenárias comunidades indígenas que viviam ali. São imagens que contemplam não somente as paisagens e suas transformações, mas também seus personagens: garimpeiros, madeireiros, indígenas, crianças, prostitutas, forasteiros e máquinas. “Pantanal”, iniciada em 2014 e desenvolvida em seis expedições, pretende retratar a importância e a fragilidade desta que é a maior planície inundável do mundo. Tido como distante e indestrutível pela maioria dos brasileiros, o Pantanal vem sofrendo já há algum tempo uma destruição silenciosa, pondo em risco ecossistemas e populações. Farkas explora a grandiosidade e beleza da paisagem pantaneira para promover, por meio de suas fotografias, uma sensibilização sobre a urgência da luta pela preservação deste patrimônio. Uma parte dessa pesquisa foi apresentada na mostra “Brazil Land & Soul” que ficou em cartaz na Embaixada Brasileira em Londres, entre novembro e dezembro de 2018 e na Casa do Brasil – Embaixada do Brasil na Bélgica, entre maio e julho de 2019.”Sertão”, sua série mais recente, integra o conjunto do trabalho do fotógrafo que vem se baseando no interesse pela riqueza dos sistemas ecológicos do país e pelas transformações causadas pelas intervenções humanas, sejam elas predatórias, ancestrais ou sustentáveis. As imagens, que retratam vegetações desde uma vista aérea e pessoas a partir de encontros casuais, foram feitas a partir de 2018 nos estados de Alagoas e Bahia.

 
No sábado e domingo a galeria apresentará a série “Amazônia” do fotógrafo Edu Simões, realizada em cinco expedições durante os anos de 2001, 2005 e 2011 pelos estados do Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. As fotografias, em preto e branco e médio formato, foram feitas com uma Hasselblad, câmera que Simões já utilizava há mais de 20 anos. A série nos brinda com imagens vigorosas e oníricas, feitas sobre as águas de florestas de mangues, dos majestosos Rio Negro e Amazonas, do interior de matas fechadas ou de casas de madeira. As fotografias de troncos de árvores em suas complexas ramificações quando intercaladas às imagens dos habitantes da região parecem ganhar o status de retrato, dando às árvores identidade semelhante àquela dada às casas, quartos e rostos dos retratados, cujos nomes conhecemos pelos títulos das obras. Esta seria uma das características que evidenciam um trabalho que foi resultado da relação afetiva que Simões construiu com a floresta e com as pessoas durante os anos que por ali esteve.

 

Além das exposições, a galeria apresentará uma edição composta por nove fotografias da série Mulher-Dama (1966) do fotógrafo Flávio Damm. A série foi fruto de uma convivência de quase dois meses entre Damm e prostitutas do bairro do Maciel em Salvador e do Meia-Três, famoso bordel da cidade. As fotos haviam sido encomendadas por Jorge Amado para integrar o livro “Mulher-Dama”, que acabou não sendo publicado na época por conta das limitações do AI-5.

 

De 21 a 25 de agosto.

Legendas: Arlete Soares

Claudia Jaguaribe

Cristiano Mascaro

Flávio Damm

 

Mauro Restiffe no IMS/MG

14/ago

Em 2012, a convite da revista ZUM, o fotógrafo paulista Mauro Restiffe fotografou o bairro da Luz, região que abriga a famosa Cracolândia e que passava por controversa intervenção municipal e estadual. Em 2013, Mauro Restiffe foi convidado a estender o trabalho e registrar a transformação da cidade no período que antecedeu a realização da Copa do Mundo. A exposição “São Paulo, fora de alcance”, que abre dia 17 de agosto de 2019 no Instituto Moreira Salles, Poços de Caldas, MG, é o resultado de muitas caminhadas diárias que o fotógrafo realizou durante cerca de três meses em bairros centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica, Restiffe produziu centenas de fotografias com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte sua poética artística.

 

As obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Catálogo da exposição com texto do curador Thyago Nogueira

 

Até 15 de março de 2020.

 

Dois na Kogan Amaro

06/ago

A partir de 08 de agosto e até 06 de setembro, a Kogan Amarao, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe duas exposições: “A verdade está em tudo, mesmo no erro”, do multiartista Fabiano Rodrigues, que usa do ideário de Moholy Nagy para reunir colagens e fotomontagens a partir de negativos de até cem anos atrás e Felipe Góes, com “Cataclismo”, no mezanino da galeria, paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitando as telas do pintor abstrato-figurativo.

 

 Fabiano Rodrigues

 

A verdade está em tudo, mesmo no erro

 

“O inimigo da fotografia é a convenção, as regras fixas de “como fazer”. Sua salvação vem da experimentação. O artista experimental não tem ideias preconcebidas, não acredita que a fotografia seja somente como é conhecida hoje – exata repetição e representação da visão costumeira. Não pensa que os erros devam ser evitados. Ousa chamar de ‘fotografia’ todos os resultados alcançados pelos meios fotossensíveis, com câmera ou sem.”

 

O texto acima foi escrito na década de 20 pelo artista húngaro e professor da Escola Bauhaus László Moholy-Nagy (1895-1946), um experimentador incansável, dos exponentes do Modernismo europeu que ajudaram a mudar os rumos da arte. Quase um século depois, ainda revolucionário, serve agora de tripé ao fotógrafo Fabiano Rodrigues, 45.

 

Para criar sua mais recente série de trabalhos, ele deixa a câmera na gaveta. Resgata imagens de sebos e álbuns de família esquecidos pela História. Desdobra-se em colagens e fotomontagens a partir de 400 negativos das décadas de 50 e 60, quando as máquinas fotográficas caíram no gosto popular. Em suas experiências, não abre mão dos erros. Pelo contrário, põe-se a explorá-los, trazendo à luz uma outra realidade, mais plástica.

 

A ideia é dar aos registros uma nova interpretação, ressignificá-los de maneira irreverente. Após recortadas, as fotos integram montagens estranhas, meio surreais, meio fantasmagóricas. Homens e mulheres que têm seus rostos mutilados pelas lâminas precisas do artista. Despedaçados, reconfiguram-se de maneira invertida, bem ao estilo de Moholy-Nagy.

 

Numa delas, um evento social que reúne engravatados, Rodrigues segmenta as silhuetas masculinas e as ambienta em situações habituais, de comportamento e gestos masculinos, em fundo negro, infinito, como se estivessem flutuando no abismo profundo. Imagens antes abandonadas, jogadas ao anonimato. São mais de 60 ou 70 anos desde que foram captadas. Algumas até mais antigas, de 1915. Fotografia nostálgica, carregada de melancolia, que registra este fenômeno inexorável à passagem do tempo, espécie de congelamento no passado de pessoas que talvez nem mais existam, levando seus fragmentos até o presente de gente que sequer as conhece.

 

Em sua pesquisa, o artista topou com alguns filmes publicitários de máquinas fotográficas da época. E aproveitou para também transformá-los em colagens. Frames comerciais e imagens em movimento se misturam a trechos de músicas e sons aleatórios. O resultado é um vídeo estridente.

 

O artista de Santos (SP) já não era convencional antes, ao documentar o universo dos praticantes de skate – sua tribo, já que ele mesmo é skatista profissional. Em meio à adrenalina e durante saltos, piruetas e voos inacreditáveis, fotografava solto no ar ou em velocidade vertiginosa, dentro de museus e edifícios com arquitetura marcante, desafiando os limites institucionais. Disparava a distância um obturador remoto, o que exigia boas doses de precisão.

 

Nesta nova fase de sua obra, Fabiano arrisca-se na experimentação ao deixar a máquina fotográfica na gaveta, mais maduro pelo tempo, parte radicalmente para a pesquisa de imagens já existentes. Agora desenha recortando, cortando e colando. Junta essas fotografias e negativos de época e lhes dá sobrevida na contemporaneidade ao resgatá-los do passado. Cria assim, inusitadas imagens de segunda geração.

 

São estranhas, é o que poderia dizer no mínimo sobre essas imagens resultadas do gesto simples de recortar, colar e sobrepor partes da mesma fotografia.

 

Curadoria

Ricardo Resende

 

 

Felipe Góes

 

Também a partir de 08 de agosto, entra em cartaz a mostra individual de Felipe Góes, “Cataclismo”, no mezanino da Kogan Amaro. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam as telas do pintor abstrato-figurativo. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal”, conta o artista.

 

 

Cataclismo

 

No começo havia apenas a desordem. O único deus era o Caos, que reinava no nada e sozinho. Ele, então, decide criar Gaia, mãe-terra e força primordial do universo. Assim começa a origem do mundo na mitologia grega, de onde o cataclismo se ergue e a transformação impera. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam nosso imaginário e também as telas do artista plástico Felipe Góes.

 

Um entardecer onírico une as obras do paulistano, de 36 anos, todas compostas por intensas pinceladas que passeiam entre William Turner e Gerhard Richter, ora feitas em tinta acrílica, ora em guache. “Há quase um ano, tenho migrado meu trabalho para esse lugar imaginário, em um processo constante de renovação, que vai das formas à paleta, passando pelas dimensões das obras, que tomam cada vez mais corpo”, explica.

 

Se antes seguia campos de cor para dar ritmo ao trabalho – processo que reconhecemos na obra de artistas como Paulo Pasta (de cujo grupo de estudos Góes fez parte entre 2008 a 2012) –, agora, ele entrelaça tais tonalidades, deixando essas áreas mais mescladas e difusas. “Essa transformaçãoEnte recente coincide com o período mais intenso de interlocução com o artista Rubens Espírito Santo”, conta.

 

O figurativo é outro elemento que cresceu na produção do artista. Ligado a certo expressionismo na pincelada, mudou a incidência de luz e sombra em suas telas. Tais características fazem de Góes parte de uma nova geração de pintores abstrato-figurativos que tem alcançado êxito na cena artística, formada por nomes como Daniel Lannes, Marina Rheingantz, Bruno Dunley e Rodrigo Bivar. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal.”

 

A natureza exuberante permeia esses registros, como uma espécie de catalogação de lugares inexistentes – todos cobertos pela penumbra mágica das cores do nascer e do pôr do sol. Alguns deles sugerem a presença humana, seja em um farol, em uma ponte ou em uma construção não definida. Uma forma de fazer possível nossa passagem por esse mundo de cataclismos.

 

Curadora

Ana Carolina Ralston

 

 

 

 

Fotos: anos 1940 – 1960

31/jul

Pela primeira vez, reúne-se em uma casa modernista em São Paulo – a residência Castor Delgado Perez, de Rino Levi, sede da Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP – um conjunto expressivo de fotografias de Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Thomaz Farkas, Ademar Manarini, Paulo Pires, Marcel Giró, Gaspar Gasparian, Eduardo Salvatore e Mario Fiori, representantes da vertente moderna da fotografia brasileira, linguagem que mudou radicalmente o conceito do que é arte no universo da fotografia e das artes visuais. Realizada em parceria com Isabel Amado, a exposição “Fotografia Moderna 1940 – 1960” propõe-se, com suas mais de 90 obras, a reunir fotos inéditas e outras que ainda não circularam ostensivamente e que, portanto, não são tão conhecidas do público.

 

Com destaque para Geraldo de Barros, precursor do Concretismo no Brasil e cofundador do Grupo Ruptura, e Gertrudes Altschul, uma das poucas mulheres a ter a relevância de sua produção reconhecida neste período, a mostra espera contribuir, assim, para a ampliação do repertório visual que vem sendo construído em torno desses artistas. A fotografia moderna no Brasil aliou o desejo de inventividade e interpretação subjetiva do mundo no
contexto do pós-guerra às especificidades dos movimentos de industrialização e urbanização brasileiros. Impulsionado pela fundação do Fotocineclube Bandeirantes, em 1939, o cenário da fotografia nacional observou uma efervescência única a partir da década de 1940, quando seus representantes se afastaram do pictorialismo academicista e abriram uma discussão sobre a essência do fazer fotográfico e sua autonomia como forma artística em si e por si.

 

Texto de Helouise Costa

 

A ideia de construção como metáfora da modernidade

 

A fotografia moderna no Brasil manifestou-se de maneira ampla e diversificada. Seja no fotojornalismo, na fotografia de arquitetura, no fotoclubismo, na produção documental, ou mesmo na moda e na publicidade, o que se observa são diferentes modos de responder a um mundo em franca transformação. Os nove fotógrafos reunidos nesta mostra – Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Paulo Pires, Marcel Giró, Mario Fiori e Thomaz Farkas -, estiveram, em maior ou menor grau, vinculados ao universo dos fotoclubes e tinham como propósito investigar o potencial artístico da fotografia, libertos das amarras da profissionalização.

 

De origens e formações distintas, sendo alguns pertencentes a famílias de imigrantes, os fotógrafos aqui representados produziram suas imagens sob o impacto do processo de modernização que, a partir de meados da década de 1940, reconfigurou a face visível das grandes cidades brasileiras. Em geral, intentaram fazer da fotografia uma ferramenta capaz de dar vazão a novos modos de ver e vivenciar experiências urbanas, até então, inéditas. Tais intenções materializaramse por meio da fotografia direta, mas também de experimentações, tais como fotogramas, montagens e solarizações. Enquanto alguns limitaram-se a exercícios de caráter formalista, outros buscaram alargar o entendimento da fotografia para além do repertório característico do fotoclubismo e do que se convencionou como sendo próprio do fotográfico.

 

Em que pesem as diferenças individuais entre os fotógrafos a ideia de construção parece unir todas as imagens aqui apresentadas. O verbo “construir”, como explicam os dicionários, é sinônimo de edificar, erigir e arquitetar. Tais ações se materializam de diferentes modos nessas fotografias, que ora resultam de um olhar rigoroso sobre o mundo, ora são frutos de um embate criativo com a matéria, por meio das manipulações. Não por acaso a fotografia e a arquitetura foram manifestações do modernismo que estiveram em perfeita sintonia no Brasil no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Construir novas formas arquitetônicas e construir uma nova linguagem fotográfica tinham em comum o mesmo ideal de construção de um país moderno, como fica evidente na foto “Canteiro de obras”, que Thomaz Farkas produziu durante a construção de Brasília, em 1958.

 

Pouco mais de sessenta anos depois, esta exposição apresenta a fotografia moderna brasileira, de viés fotoclubista, em diálogo com o belo espaço projetado pelo arquiteto Rino Levi no final da década de 1950, tombado pelo patrimônio municipal e estadual de São Paulo. Se a força desse encontro nos remete a um momento especial da história do país, nos revela também que o motivo de nosso encantamento diante dessas imagens deve-se, em grande parte, ao fato de que elas guardam a promessa de um futuro repleto de potencialidades. Hoje, porém, talvez mais do que nunca, elas provoquem em nós uma estranha nostalgia por aquilo que não fomos capazes de nos tornar.
Até 07 de setembro.

 

 

Mundo vivo em Paris

09/jul

Reunindo uma comunidade de artistas, botânicos e filósofos, a Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França, ecoa a mais recente pesquisa científica que lança nova luz sobre as árvores. Organizada em torno de grandes conjuntos de obras, a exposição “Trees” dá voz à numerosas pessoas e artistas (entre os quais, alguns artistas brasileiros) que, através de sua jornada estética ou científica, desenvolveram um forte e íntimo vínculo com as árvores, revelando assim a beleza e a riqueza biológica desses grandes protagonistas do mundo vivo, ameaçado hoje com o desmatamento em larga escala. A curadoria é de Bruce Albert, Hervé Chandès e Isabelle Gaudefroy.

Artistas participantes e colaboradores da exposição: Efacio Álvarez, Herman Álvarez, Fernando Allen, Fredi Casco, Claudia Andujar, Eurides Asque Gómez, Thijs Biersteker, José Cabral, Johanna Calle, Jorge Carema, Alex Cerveny, Raymond Depardon, Claudine Nougaret, Diller Scofidio + Renfro, Mark Hansen, Laura Kurgan, Ben Rubin, Robert Gerard Pietrusko, Ehuana Yaira, Paz Encina, Charles Gaines, Francis Hallé, Fabrice Hyber, Joseca, Clemente Juliuz, Kalepi, Salim Karami, Mahmoud Khan, Angélica Klassen, Esteban Klassen, George Leary Love, Cesare Leonardi, Franca Stagi, Stefano Mancuso, Sebastián Mejía, Ógwa, Marcos Ortiz, Tony Oursler, Giuseppe Penone, Santídio Pereira, Nilson Pimenta, Osvaldo Pitoe, Miguel Rio Branco, Afonso Tostes, Agnès Varda, Adriana Varejão, Cássio Vasconcellos, Luiz Zerbini (foto).

Até 10 de novembro.

Selfie na Fundação Iberê Camargo

02/jul

A Fundação Iberê, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 06 de julho dois andares da exposição “#Selfie: Iberê em modo retrato”. O quarto andar será ocupado com 13 fotos para documentos do artista e outras 36 de Iberê retratando personalidades, como a mãe Doralice Bassani Camargo, Vasco Prado, Sivuca e Adriana Calcanhotto. No terceiro, as três salas serão totalmente interativas, com espelhos e iluminação especial para selfie do público.

 

Diferente do que muitos imaginam, o autorretrato não é algo relativamente novo. A primeira selfie foi feita em 1839 pelo metalúrgico Robert Cornelius, pioneiro na fotografia dos Estados Unidos. Na época, os autorretratos eram o tipo mais comum de fotografias, compreendendo um número estimado de 95% dos daguerreótipos sobreviventes. Na pintura, se afirmou no século 14 e passou a ocupar um lugar de destaque na arte europeia, atravessando diferentes escolas e estilos artísticos.

 

A difusão da retratística acompanhava os anseios da corte e da burguesia urbana de projetar suas imagens na vida pública e privada. Paralelamente aos retratos realizados sob encomenda, e a outros concebidos com amigos e familiares, os artistas produziam uma profusão deles que funcionavam como meio de exercitar o estilo, como instrumento de sondagem de estados de espírito e também como recurso para a tematização do ofício.

 

Iberê retratista

 

Ao longo da vida, Iberê Camargo criou diferentes representações de si mesmo. Pintava-se sob um olhar interior que o mostrava como uma máscara, um enigma, o arquétipo da insondável natureza do homem: “Pinto porque a vida dói”.

 

Para ele, “[…] retratar-se revela narcisismo, todos os pintores o são. Na sucessão de minha imagem no tempo, ela se deteriora como tudo que é vivo e flui. Muitas vezes, me interroguei diante do espelho. No passar do tempo, nos transformamos em caricaturas”, dizia Iberê.

 

A selfie é, portanto, a forma mais expansionista de autoexpressão visual. É algo especialmente fascinante como o ato de retratar a si mesmo tenha sobrevivido a tantas passagens, transformações e movimentos que a arte atravessou em sua história.

 

Até 29 de setembro.

#tbt na Carpintaria

25/jun

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra coletiva #tbt com seleto elenco de artistas da cena contemporânea nacional como Adriana Varejão, Barrão, Beatriz Milhazes, Carlos Bevilacqua, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, Janaina Tschäpe, Leda Catunda, Lucia Laguna, Luiz Zerbini, Mauro Restiffe e Valeska Soares.

 

De acordo com a linguagem do Instagram, a hashtag #tbt – sigla para “throwback thursday” ou em tradução livre “lembrança de quinta-feira” – é utilizada para legendar imagens que datem de algum momento do passado, seja ele longínquo ou recente. A exposição toma este deslocamento temporal como mote para reunir obras realizadas entre a década de 80 e o início dos anos 2000, investigando as diferentes poéticas e temáticas presentes no limiar da produção dos artistas que integram o conjunto. O impulso de lançar um olhar retroativo ao presente evoca o famoso quote do teórico canadense Marshall McLuhan: “olhamos o presente através de um espelho retrovisor, marchamos de costas em direção ao futuro”.

 

Na ocasião da abertura, a Editora Cobogó promove o lançamento do livro de Carlos Bevilacqua no Rio de Janeiro, monografia que percorre os 30 anos de carreira do artista carioca através de reproduções de obras, estudos e anotações. A publicação conta com introdução do próprio artista, depoimentos de colegas, texto crítico de Paulo Sergio Duarte e entrevista concedida a Luiz Camillo Osorio.

 

De 27 de junho a 27 de agosto.