Jac Leirner, “Adição”

23/maio

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Adição”, nova exposição de Jac Leirner. A mostra inclui esculturas com embalagens de sedas, uma instalação com pontas de cigarros de maconha e sequências fotográficas montadas sobre madeira. Compulsão e consumo, acúmulo e reorganização são questões recorrentes na obra de Jac Leirner. Ela utiliza materiais próximos do seu cotidiano, em sua maioria descartáveis ou sem valor. Assim, se no passado a artista usou cigarros, cartões de visita, sacolas de museus, talheres e cobertores de aviões, aqui ela emprega a imagem e os materiais associados ao consumo de cocaína e maconha. Nas imagens, pequenas pedras de cocaína são rodeadas por objetos pessoais como moedas, pinças e souvenirs.

 

Jac fez as fotos em 2010 e as editou seis anos depois, formando narrativas cinemáticas que se encerram em capítulos independentes. As pequenas esculturas retratadas transfiguram-se em cone, cabeça, roda, esfera e coração até desaparecerem. A disposição horizontal dos trabalhos, sobrepostos em cinco linhas ao longo da galeria, enfatiza essa vocação literária, ao mesmo tempo em que evidencia aspectos formais de cor e composição. Alguns objetos usados nas fotos retomam materiais previamente usados pela artista, ao passo que outros revelam um aspecto de intimidade absoluta, num grau máximo de justaposição entre vida e obra. “About Men and Animals”, por exemplo, cria uma história com objetos em miniatura, enquanto “Macbeth” faz referência direta à literatura. “Oh Yes Yes”, e “Round Ones” reúnem as imagens com moedas e cédulas de dinheiro. “Landscape”  por sua vez, forma uma cena quase abstrata. As esculturas intercalam-se às sequências fotográficas e, de maneira análoga, lidam com a matéria residual do fumo. “Freezing Flame”, “Sugar Baby”, “Statement”, entre outros, são criadas com embalagens de sedas para cigarro montadas sobre madeira.

 

Essas obras ganham corpo a partir do formato irregular das embalagens quando desmontadas e se organizam em composições cromáticas. A artista insere ainda níveis de precisão nos suportes, revelando o sentido de equilibro tão essencial a esses trabalhos. As noções de consumo e acúmulo dos materiais ganham contornos arquitetônicos na obra “High and Low”. Ocupando o segunda andar da galeria, cabos de aço dão estrutura a pontas de cigarros de maconha. A escultura se define por linhas que tensionam o espaço, alcançando o grau mínimo da matéria, sintetizada em seu menor elemento.

 

Na ocasião da abertura, a publicação “Three White Nights” será lançada no Brasil. O livro de artista, realizado em parceria com a designer holandesa Irma Boom, reúne todas as imagens da série fotográfica que integram a exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Jac Leirner nasceu em São Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes em instituições, destacam-se: Institutional Ghost , IMMA (Dublin, 2017); Add it up , The Fruitmarket Gallery (Edimburgo, 2017); Borders are drawn by hand , MoCA Shanghai (Xanghai, 2016); Funciones de una variable , Museo Tamayo (Cidade do México, 2014); Pesos y Medidas , CAAM (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 2014), Hardware Seda – Hardware Silk , Yale School of Art (New Haven, 2012); Jac Leirner , Estação Pinacoteca (São Paulo, 2011). Seu extenso 

 

currículo de exposições inclui ainda participações em: Bienal de Sharjah (2015), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (1997 e 1990), Documenta de Kassel (1992), Bienal de São Paulo (1989 e 1983). Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: Tate Modern (Londres), MoMA (Nova York), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), Carnegie Museum of Art (Pittsburgh, EUA), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museo Reina Sofía (Madri), entre outras. 

 

 

 

De 26 de maio a 28 de julho.

 

O surfe brasileiro

14/maio

O fotógrafo Gustavo Malheiros lança seu novo livro: “Tempestade”. O projeto reúne registros de grandes nomes do esporte, dos jovens surfistas às lendas brasileiras em momentos que vão além de campeonatos. Família, superação, desafios, treinos, choros e alegrias revelam o cotidiano de uma tribo que roda o mundo em busca das melhores ondas e do mar perfeito.

 

A ideia do livro aconteceu em 2014, durante o mundial de surfe no Havaí, inspirado no primeiro campeonato mundial do WCT vencido por um brasileiro, Gabriel Medina. Gustavo Malheiros estava em Pipeline assistindo a final ao lado de Kelly Slater, Mick Fanning, Jadson André e Tom Caroll. A mistura de sensações foi o estopim para o fotógrafo unir sua paixão pelo esporte com o ímpeto de querer registrar todas as belas imagens que ele proporciona.

 

O projeto reúne fotos de diferentes campeonatos, assim como imagens das grandes lendas do esporte nacional, e não traz apenas fotos em movimento, ou em pódios e campeonatos. Gustavo Malheiros busca também retratos, momentos entre amigos, cenas do cotidiano em família e viagens ao redor do mundo para mostrar a paixão que liga todos a esse esporte e ao mar.

 

“Este livro é sobre o momento histórico que estamos vivendo. É também sobre os surfistas que conheci em minhas viagens pelo mundo, sobre histórias de superação desses atletas impressionantes.”, completa o fotógrafo.

 

A capa de “Tempestade” busca resumir o que o leitor vai sentir ao abrir o livro. Gabriel Medina, um dos maiores surfistas mundiais e um dos maiores nomes do surfe brasileiro da atualidade, em cima da prancha mar a dentro, e uma imensidão a sua frente.

 

 

Sobre Tempestade

 

O livro começou em 2014 e reúne fotos de diferentes cidades, países e continentes. Foi inspirado pelo primeiro campeonato mundial do WCT vencido por um brasileiro, Gabriel Medina, conquistado em Pipeline.

 

“Este livro começou por causa de Gabriel Medina, Adriano de Souza, Filipe Toledo – o surfe deles transcendeu a água e encantou a todos. Junto com outros surfistas incríveis”, comenta Gustavo Malheiros.

 

“Chegamos ao litoral norte de Oahu para assistir ao Pipe Masters Pro no dia 08 de novembro de 2014. A praia foi invadida por brasileiros e eu não sabia se pulava ou tirava fotos, acho que fiz os dois. Posso afirmar, sem a menor sombra de dúvida, que senti a mesma felicidade em 2002, quando o Brasil venceu a Copa do Mundo”, conta Malheiros. Gustavo selecionou imagens de temporadas no Havaí, Califórnia, Rio de Janeiro, França, África do Sul e Portugal.

 
Sobre o artista

 

Formado pela School of Visual Arts de Nova York, Gustavo Malheiros trabalhou com o renomado fotógrafo Bruce Weber no início de sua carreira. Já realizou exposições de seus trabalhos em Londres, Hong Kong, Madri, Turim, Paris e Nova York, além de Rio e São Paulo. No segmento publicitário, trabalhou com grandes agências como WMcCann, Lew Lara\TBWA, Giovanni DraftFCB, entre outras. Reconhecido pelos trabalhos de Moda, tem editoriais e ensaios em publicações como Vogue, Trip, TPM e GQ, com registros de modelos como Gisele Bundchen e Alessandra Ambrósio desde o início da carreira. Seus livros publicados são: Verão Passado, Superação, O Coração do Brasil, Anônimos Famosos 1 e 2, O Livro das Águas, Ilhas Brasileiras, Amazônia, Foi no Carnaval que Passou, Pedra e Luz, Backstage, O Circo, Todos os Tons do Cerrado e Brazilyorkers.Sobre o artista

 

Atualmente, está trabalhando com filmes documentais: Anônimos Famosos, a série com mesmo tema de seus livros, atualmente sendo exibida no Canal Cine Brasil; Brazilyorkers, série também baseada em livro de mesmo nome, sobre brasileiros que moram em Nova York; e Tempestade, longa metragem que retrata o momento atual do surfe brasileiro, ainda em produção.

 

 

Sobre a obra

 

 

Título: Tempestade / Editora: Arte Ensaio / Preço sugerido: R$ 80,00 / Formato: 33cm x 27cm/ 280 páginas / capa dura

Impressão: Ipsis Gráfica e Editora / ISBN: 9788560504589

 

 

Ficha Técnica

 

Editores: Gustavo Malheiros / Silvana Monteiro de Carvalho / Paula Paixão / Maria Duprat / Fotografias: Gustavo Malheiros / Prefácio: Gustavo Malheiros / Direção de arte: Felipe Luchi / Assistente Editorial: Rebecca Mattos / Pato Vargas/ Sandra Tami / Produtora: Gabriela Lima / Tratamento de imagens: Pato Vargas / Assistente de fotografia: Andre Fontes / Rebeca Dourado / Fernando Cazaes / Revisão de texto: Kathia Ferreira

 

Um outro Brasil na Zipper Galeria

11/maio

A exposição coletiva “Desmedida” é o novo cartaz da Zipper Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, com abertura para o próximo dia 17 de maio. O título da exposição é tomado emprestado do livro “Desmedida”, do escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho. Trata-se de um relato poético de viajante quando de sua prospecção pelo Brasil, a partir de excursão pela bacia do Rio São Francisco. “Vários artistas estabelecem relações poéticas e visuais semelhantes ao escritos de Ruy. Há uma geração de artistas trabalhando com a ideia de redescobrimento. O interior do país passou por transformação sócio econômica radical nos últimos 20 anos”, afirma o curador Diego Matos.

 

Na exposição coletiva “Desmedida”, prelúdio de uma pesquisa curatorial mais ampla desenvolvida na última década, o curador Diego Matos reúne um conjunto de trabalhos que retratam o Brasil, seu lastro histórico e suas múltiplas realidades à luz de um imaginário construído nas duas últimas décadas do século XXI. Na contramão aos parâmetros de uma história oficial baseada nas ideias grandiosas de progresso e civilização e na atenção ao desenvolvimento das grandes metrópoles, as investidas dos artistas aqui selecionados conflagram largo interesse em explorar, reconhecer territórios grandiosos mas invisíveis. Trata-se desse mesmo Brasil que, no momento, seja por temor, ignorância ou elitismo, é dado as costas.

 

Em busca de narrativas que refletem sobre outros entendimentos do que seria o chamado “Brasil profundo”, “o grande sertão”, a dimensão da floresta ou a errônea percepção da natureza “selvagem”, a seleção contempla produções de André Penteado (São Paulo, 1973), Daniel Frota (Rio de Janeiro, 1988), Haroldo Sabóia (Fortaleza, 1985), João Castilho (Belo Horizonte, 1978), Marcelo Gomes (Recife, 1963), Karim Aïnouz (Fortaleza, 1966), Regina Parra (São Paulo, 1981), Romy Pocztaruk (Porto Alegre, 1983) e Tuca Vieira (São Paulo, 1974). “Muitas destas pesquisa encontram nas profundezas do interior, deste íntimo do país, alguma condição universal, um sentimento comum demasiadamente humano. O interesse é este: confrontar o íntimo e o universal, o micro e o macro, confundindo escalas”, afirma.

 

De Tuca Vieira, a série fotográfica “Viagem ao Brasil” (2013) faz um retrato deste novo habitus construído sob a égide do desenvolvimento econômico e que se sobrepõe aos discursos globalizantes e homogeneizadores. Dois vídeos de Haroldo Sabóia – “Carta à Solidão (2016)” e “Na medida em que caminho” (2017) – fazem uma espécie relato poético sobre paisagens interioranas do Nordeste do país. Também o faz o vídeo “Sertão de Acrílico Azul Piscina” (2004), da dupla Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, com tom documental e prospectivo, mas de caráter eminentemente experimental e poético. É por ele que a própria narrativa expositiva começa. O último vídeo da coletiva, “Barca Aberta” (2016), de João Castilho, reflete sobre deslocamentos de trabalhadores no interior mineiro, perpetuando a idéia permanente de movimento enquanto forma de sobrevivência.

 

De André Penteado, fotografias da série “Missão Francesa” (2017) desvendam o processo civilizatório e cultural de “catequizar” o Brasil a partir de referências ocidentais. Talvez seja esse contexto registrado que demarca a primeira ação de caráter simbólico no país, na construção de uma modernidade forjada. E, de Romy Pocztaruk, trabalhos da série “A Última Aventura” (2014) investigam os vestígios materiais e simbólicos remanescentes da construção da rodovia Transamazônica, um projeto faraônico, utópico e ufanista, relegado ao abandono e esquecimento. Regina Parra é a única artista a apresentar uma pintura da mostra. “Um Perigo um Chance” (2017), pintura de escala monumental, vem de uma pesquisa da artista que reflete sobre temas como imigração, iminências de transformação e condições inóspitas, colocando o espectador em real situação de desequilíbrio. Por fim, Daniel Frota, com sua peça sonora “It’s a Perpetual Way”, investindo na natureza circular e mântrica da musica popular brasileira, manipula a canção de Caetano Veloso, “It’s a Long Way”, de 1972, abrindo alas aos que chegam à galeria, o que põe em contato o público e o privado.

 

 

Sobre o curador

 

Diego Matos nasceu em Fortaleza, CE, 1979), é pesquisador e curador; mestre (2009) e doutor (2014) pela FAU-USP. Foi um dos curadores do 20o Festival de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil, Sesc Pompéia, 2017. É organizador, com Guilherme Wisnik, do livro “Cildo: estudos, espaços, tempo”, pela Ubu Editora, 2017. Foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010); membro do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2011 – 2013); curador assistente do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil (2013); e curador das exposições Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente (Pivô, 2012) e Quem nasce pra aventura não toma outro rumo (Paço das Artes, 19º Videobrasil), todos em São Paulo, entre outras. Foi coordenador de Acervo e Pesquisa da Associação Cultural Videobrasil (2014-2016). Foi curador de exposições individuais de artistas como: Michel Zózimo, Rafael Pagatini, Raquel Garbelotti, Yiftah Peled, entre outros. Atuou também como professor em centros de ensino de arte e arquitetura em São Paulo (Instituto Tomie Ohtake, Escola São Paulo, Centro de Pesquisa e Formação e outras unidades do Sesc São Paulo). Ademais, escreve textos para catálogos de exposições; livros e exposições de artistas e colabora com revistas acadêmicas e de arte.

 

 

Até 16 de junho.

 

Verões marcantes 

12/abr

Momentos marcantes de verões passados, desde a adolescência nos anos 80 até hoje. Esse é o fio condutor do novo livro do fotógrafo Gustavo Malheiros. O projeto reúne em 280 páginas imagens do cotidiano de praias – e festas – ao redor do mundo. Uma época onde é possível aproveitar o esporte, a natureza, a música e os amigos como se o Sol não fosse se pôr jamais. Gustavo selecionou imagens de temporadas na Indonésia, Havaí, Califórnia, Rio de Janeiro, Hossegor (França), Costa Rica e Guarda do Embaú, em Santa Catarina).Sempre em busca do verão perfeito, o fotógrafo eternizou momentos com os amigos, pessoas locais que foi conhecendo, novos costumes e paisagens.

 

 

Sobre o artista 

 

Formado pela School of Visual Arts de Nova York, Gustavo Malheiros trabalhou com o renomado fotógrafo Bruce Weber no início de sua carreira. Já realizou exposições de seus trabalhos em Londres, Hong Kong, Madri, Turim, Paris e Nova York, além de Rio e São Paulo. No segmento publicitário, trabalhou com grandes agências como WMcCann, Lew Lara\TBWA, Giovanni DraftFCB, entre outras. Reconhecido pelos trabalhos de Moda, tem editoriais e ensaios em publicações como Vogue, Trip, TPM e GQ, com registros de modelos como Gisele Bundchen e Alessandra Ambrósio desde o início da carreira. Seus livros publicados são: Superação, O Coração do Brasil, Anônimos Famosos 1 e 2, O Livro das Águas, Ilhas Brasileiras, Amazônia, Foi no Carnaval que Passou, Pedra e Luz, Backstage, O Circo, Todos os Tons do Cerrado e Brazilyorkers. Atualmente, está trabalhando com filmes documentais: Anônimos Famosos, a série com mesmo tema de seus livros, atualmente sendo exibida no Canal Cine Brasil; Brazilyorkers, série também baseada em livro de mesmo nome, sobre brasileiros que moram em Nova York; e Tempestade, longa metragem que retrata o momento atual do surfe brasileiro, ainda em produção.

 

 

Sobre a obra

 

Título: Verão Passado / Preço sugerido: R$ 100,00

 

Formato: 26,6 x 32,6 cm / 280 páginas / capa dura / Impressão: Ipsis Gráfica e Editora

 

ISBN: 9788560504909

 

 

Ficha Técnica

 

Editores: Gustavo Malheiros / Silvana Monteiro de Carvalho / Paula Paixão / Maria Duprat

 

Fotografias: Gustavo Malheiros / Prefácio: Gustavo Malheiros / Design: Frederico Farina

 

Assistente Editorial: Rebecca Mattos / Pato Vargas / Produtora: Gabriela Lima / Stylist: Lucas Magno

 

Tratamento de imagens: Pato Vargas / Assistente de fotografia: Andre Fontes / Rebeca Dourado / Fernando Cazaes

 

Revisão de texto: Kathia Ferreira

Anita, 10 anos na Gávea 

02/abr

Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 04 de abril próximo, a exposição “5 + 5”, que dá início às comemorações de dez anos de seu espaço na Gávea. Cinco artistas da galeria – Arthur Chaves, Estela Sokol, Luiza Baldan, Nuno Ramos e Rochelle Costi convidaram outros cinco, somando dez nomes da arte contemporânea. Arthur Chaves chamou Cadu; Estela Sokol, Marcelo Cipis; Luiza Baldan, Lenora de Barros; Nuno Ramos, Eduardo Climachauska; e Rochelle Costi, Fernando Limberger.  As obras estarão no grande espaço térreo. No segundo andar, estarão obras de dois artistas emblemáticos na história da galeria: Wanda Pimentel e Abraham Palatnik.

 

Quando foi inaugurado, em 2008, depois de um ano e meio de obras, o novo espaço da galeria Anita Schwartz na Gávea causou frisson no meio da arte do país, pelo ineditismo da construção – um prédio de três andares, com uma arquitetura generosa dedicada à arte contemporânea. Pela primeira vez se construía uma galeria com essas dimensões – um total de quase 800 metros quadrados – em que se destacava o “cubão branco”, o salão térreo, com mais de sete metros de pé direito e perto de 200 metros quadrados. O projeto do arquiteto Cadas Abranches, que comentou, em seu recente livro lançado na galeria. “Gostei muito de fazer, pela simplicidade da arquitetura”, escreveu. Com fachada de ardósia cinza fatiada, o prédio parece flutuar em um espelho d’água, e a ponte de acesso ao prédio é de vidro. A reserva técnica, no segundo andar, tem uma grande janela voltada para o salão principal, para facilitar o manejo das obras de arte em exposição. O terceiro andar possui um terraço com um deque de madeira, com vista para o Corcovado, onde está um contêiner, com capacidade para vinte pessoas, usado pelos artistas para exibição de vídeos ou instalações.

 

Nascida em Recife, e radicada com a família no Rio de Janeiro desde 1973, Anita Schwartz inovou ainda conceitualmente, ao oferecer seu amplo espaço na Gávea para a livre criação dos artistas, que por muitas vezes transformaram o “cubão branco” praticamente em um laboratório de pesquisa, em exposições de cunho institucional. A ousadia deste gesto se tornou outra característica marcante da galeria.

 

 

Barcos cobertos com sabão, e globos da morte

 

Um exemplo emblemático desta atuação é Nuno Ramos. Na exposição “Mar Morto”, em 2009, o artista colocou dois barcos pesqueiros no salão térreo, e os cobriu com sabão que ele mesmo havia fabricado. No dia da abertura da exposição, caiu um temporal, e Nuno precisava usar guarda-chuva a cada vez que atravessava o terraço para chegar ao contêiner. A partir de então criou-se uma lenda, pois geralmente chove nas noites de vernissage… Em 2012, Nuno Ramos, em uma parceria com Eduardo Climachauska, realiza a exposição “O globo da morte de tudo”, cobrindo de alto a baixo as quatro paredes do grande salão com prateleiras de aço, com mais de 1.500 objetos frágeis coletados para este fim.  Dois globos da morte, colocados perto um do outro, sugerindo a imagem de infinito, foram usados durante dois minutos por motociclistas profissionais em uma performance, criando uma tal trepidação que os objetos caíam e se espatifavam no chão.  “Vou dizer, foi das montagens mais leves. Durante quinze dias os artistas, a Sandra (mulher de Nuno, também artista) coordenaram um mutirão. Foi maravilhoso”, lembra Anita Schwartz. “Quis abrir meu espaço para os artistas, já que eu podia oferecer um grande salão para que pudessem delirar, fantasiar, o que acabou sendo realidade”. Ela complementa: “talvez seja justamente esta matéria viva que é o artista o que me faz voar e me tirar um pouco os pés do chão, e realizar coisas que não são somente objetivas, materiais. Quando um projeto me encanta, eu viajo com os artistas”.

 

Outras marcas da galeria são a realização de conversas abertas sobre arte, e o programa “Trajetórias em Processo”, com curadoria de Guilherme Bueno, criado para dar visibilidade a jovens artistas. Realizado em várias edições anuais, com exposições coletivas, o programa se desdobrava em individuais no segundo andar da galeria, com os artistas que se destacavam. A artista Estela Sokol, que participou em 2009 deste programa, já ganhou três individuais na galeria.

 

 

Meu projeto de vida

 

Foram 22 anos até Anita Schwartz chegar em 2008 ao espaço na Gávea, que chama de “meu projeto de vida”. Em 1986, Anita passou a ocupar uma loja no Rio Design Center Leblon, shopping então recente, com um perfil voltado para arquitetura, decoração, antiquários e arte. Em 2000, abriu outra galeria no Rio Design Center Barra, mantendo os dois espaços até 2006, quando deixou a Barra, mantendo a loja do Leblon, já com planos de ter sua própria casa. “Procurei bastante no Rio, até achar o que queria na rua José Roberto Macedo Soares, na Gávea. Sabia que seria meu projeto de vida”, afirma. A casa que existia ali, com cômodos pequenos, era inviável para a ideia de um amplo espaço dedicado à arte contemporânea, e foi derrubada, para dar lugar ao prédio de três andares. “A Gávea é um bairro charmoso, agradável, gostoso de se passear, com que mantemos uma convivência muito boa”, diz. Tradicionalmente, a galeria abre suas exposições às quartas-feiras, dia menos agitado da região, mas os sábados também têm abrigado eventos. Outra novidade criada pela galeria foi oferecer nos vernissages pacotes de biscoito Globo, tradicional marca das praias cariocas. Um fato curioso é que a galeria é vizinha de uma igreja evangélica e tem a sua frente uma sede da Perfect Liberty, uma religião de origem japonesa. No jardim da galeria foi plantada uma espada-de-São-Jorge, e, à entrada, vê-se o símbolo de proteção judaico, a mezuzá, comprada no bairro do Marais, em Paris, e abençoada pelo rabino Nilton Bonder. “Estou protegida por todos os lados”, brinca Anita.

 

Com a exposição “5 + 5”, a galeria aponta para o futuro, e mais uma vez encara um desafio, já que os artistas tiveram liberdade de escolher seus pares. “Nunca sabemos de tudo. Estamos sempre em movimento, avançando. É uma profissão que demanda muita determinação e perseverança. Todo o trabalho é um desafio, e nos próximos dez anos vamos celebrar mais realizações, ainda com mais intensidade”, diz Anita Schwartz.

 

 

Sobre a exposição “5 + 5”

 

Arthur Chaves mostrará uma obra deste ano, em técnica mista, com aglomerado de tecidos. De Cadu estarão dois desenhos de 2017, em óleo e grafite sobre papel. Arthur fala sobre Cadu: “O trabalho de Cadu é fruto do comprometimento impressionante em propor mecanismos que permitem o desvelamento de detalhes da natureza em si”.

 

Estela Sokol terá duas obras na exposição: uma em madeira, e a outra em granito e parafina pigmentada, ambas deste ano. Marcelo Cipis mostrará três pinturas de períodos variados, em acrílica e óleo sobre tela, e óleo sobre madeira. Estela Sokol fala sobre Marcelo Cipis: “…ele transita entre o representado e o não representado, entre o onírico e uma realidade criada, com a liberdade que lhe é peculiar”.

 

Luiza Baldan participa com duas fotografias deste ano, enquanto Lenora de Barros mostra quatro trabalhos da série “Ping-Poems to Boris”, em que homenageia o escritor russo – radicado em São Paulo – Boris Schneidermann, morto em 2016, aos 99 anos. Luiza Baldan fala sobre Lenora de Barros: “…acompanho o trabalho da Lenora há muito tempo, por quem tenho profunda admiração, e que considero uma das maiores artistas brasileiras, e é uma honra poder trabalhar com ela, lado a lado, em uma exposição. Será a primeira vez em que isso acontece, e acho que será muito legal”. As duas farão em abril uma performance juntas, em data a ser confirmada.

 

Dois trabalhos de Nuno Ramos estarão na exposição: “Algo mais espantoso ainda/ Na noite seguinte eu vou matá-la”, uma escultura em mármore, cobre, vidro soprado, vaselina e vaselina líquida, e o desenho “Rocha de Gritos 28”, em vários materiais sobre papel. Eduardo Climachauska mostra um conjunto de quatro caixas compostas por chumbo e mármore. Nuno Ramos é amigo e parceiro de longa data de Eduardo Climachauska, e já compuseram juntos dez músicas e realizaram três filmes: “Iluminai os terreiros”, “Casco” e “Para Nelson – Luz Negra” e “Duas Horas”, os dois primeiros com o cineasta Gustavo Moura. Nuno Ramos fala sobre Climachauska: “Gosto de uma mistura perfeita de imaginação e rigor formal. Além do que, acho que o trabalho do Clima é um desses tesouros da arte brasileira, subdimensionado, ainda a ser descoberto. Quem achar, verá”.

 

Rochelle Costi, artista radicada em São Paulo, vai mostrar duas fotografias em grande formato feitas em 2013, “Dentro” e “Fora”. Fernando Limberger, também radicado em São Paulo, apresenta a obra “Abraçadinhos”, um conjunto com três cabaças pintadas em tinta acrílica. Rochelle fala sobre o artista: “Limberger lida com a natureza das coisas. Ao nos colocar diante do brotar de uma semente ou pondo cores onde não costumamos vê-las, nos mostra a força da natureza. Através de estratégias simples, mas extremamente cuidadosas, faz nos darmos conta de que há leis sutis, porém poderosas, regendo silenciosamente o que há de vivo ao nosso redor”.

No segundo andar, estarão obras de Wanda Pimentel e Abraham Palatnik.

 

 

De 04 de abril a 06 de junho.

Viva Arte, novos e consagrados

28/mar

A Bossa Nova Sotheby´s International Realty, São Paulo, SP, aposta em um novo projeto e abre as portas para receber artistas de diferentes linguagens para fomentar o encontro entre obra x espectador e propor uma nova discussão de como consumimos e vemos arte. Chamado de “Viva Arte”, a ação abrigará em seu calendário uma série de eventos voltados à produção artística contemporânea, que terá abertura com exposição coletiva e exclusiva da Verve Galeria.

 

Com projeto geral da “Se Joga Beth” e da curadora Beth Leone, a ação tem o objetivo de reunir clientes, colecionadores e artistas no escritório central da marca em São Paulo. “Queremos abrigar em um espaço comercial objetos artísticos e promover exposições, performances, apresentações musicais e tantas outras manifestações artísticas. A atividade comercial não exclui o universo simbólico nem o da imaginação, ao contrário, um completa o outro.”, explica Amanda Pimenta, gerente de marketing da Bossa Nova Sotheby’s International Realty.

 

A exposição inaugural, que fica em cartaz de 03 de abril a 05 de maio, contará com 18 artistas (novos e já consagrados), entre eles: Fabiano Al-Makul, Beatriz Albuquerque, Kikyto Amaral, Michael Drumond, Eduardo Garcia, Luiz Martins, Paulo von Poser e Ricardo Hachiya, que fazem parte do cenário de arte contemporânea atual. A mostra, que tem curadoria de Ian Duarte Lucas e Allann Seabra da Verve Galeria, apresenta uma série de trabalhos entre pintura, fotografia, escultura e gravura, que exploram diversas linguagens artísticas, que compreendem processos contínuos e complementares.

 

Na Casa Benet, Urca

27/mar

Mais de dez artistas nacionais e internacionais compõem a exposição retrospectiva “10 Anos de Arte”, que será inaugurada no dia 08 e até 29 de abril, na Casa Benet Domingo, dando continuidade a programação de aniversário da casa. Sob curadoria de Pilar Domingo, a mostra reúne pintura, gravura, fotografia, escultura e desenhos de artistas que já passaram pela galeria do espaço como Hélio Jesuíno, Rogério Camacho, Pedro Benet, Pilar Domingo, Marina Matina, Marcelo Alram, Kazuo Ilha, Emilio Gonçalves e Nicole Herzog. O cronograma do mês de abril também conta aulas abertas, leitura de poesias, bate-papo com artistas, evento sobre a Índia e bazar beneficente.

 

Desde a sua fundação, em 2008, a Casa Benet Domingo já realizou mais de 50 eventos de artes visuais no Brasil e no mundo, e organizou mais de 30 exposições na galeria que o espaço abriga. Nesta retrospectiva, a fundadora da casa e curadora da exposição, Pilar Domingo, procurou selecionar obras que foram emblemáticas na história do local.

 

“A Casa Benet Domingo, por si, já é uma exposição e expressa arte por todos os ângulos. As diferentes mostras que brilharam durante esta trajetória de dez anos são de pura expressão, sentimento, técnica e personalidade. O conjunto eclético que compõe esta retrospectiva afirma com qualidade a formosura da diferença, que na individualidade comunga com o seu momento e na harmonia da inteligência da obra”, comenta Pilar.

 

O calendário de atividades de abril também conta com oficinas abertas de gravura e desenho com modelo vivo, ministradas por Pilar Domingo às segundas. Já no dia 12 de abril, às 20h, acontece a tradicional Tertúlia Poética.

 

No dia 14 de abril, às 14h, a ex-executiva e atual professora de Yoga e Meditação da Casa Benet Domingo, Claudia do Amarante, promove o evento “Cores da Índia”, no qual apresenta um pouco da sua história e das quatro viagens que fez ao país.

 

 

Sobre os artistas

 

Hélio Jesuíno nasceu no Rio de Janeiro em 1947. Sem uma educação acadêmica formal, participou de inúmeras exposições, individuais e coletivas. Recebeu o Prêmio de Aquisição, na III Bienal Internacional de Pintura Contemporânea de Portugal, em 1991.

 

Pedro Benet nascido na Espanha, chegou no Rio de Janeiro em 1952. Artista autodidata, suas obras ocupam os espaços urbanos de maneira interativa com o público e a rua. Realizou instalações artísticas na Central do Brasil, Travessa do Ouvidor, Complexo do Alemão e Ilha Grande (RJ) com talhas pintadas que se mesclavam aos transeuntes. Também desenvolve trabalho com moda e realizou exposições na Alemanha, Itália e Espanha 

 

Pilar Domingo é carioca, formada em pintura na UFRJ. Pilar, tem especial afinidade por obras de grandes dimensões e diferentes linguagens, como pintura, gravura e escultura, impressão digital e video arte. Utilizando diversos materiais, técnicas e texturas. Construiu forte marca pessoal para compor um trabalho singular. Após a conclusão do seu doutorado em História da Arte Contemporânea e Gravura, na Espanha, Pilar seguiu em expedição pelo Pantanal, Papua Nova Guiné, Indonésia e Tailândia. Resultam dessas experiências obras carregadas de força e ancestralidade, buscando referência em sua relação com a natureza e suas raízes. 

 

Maria Matina  é carioca, cresceu vendo o mundo com arte e não pôde evitar destino de vir a ser também artista. Ingressou aos 17 anos na Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cursou Gravura, desenvolvendo vários projetos e atividades para o curso. Participou e produziu diversas exposições coletivas e individuais, em galerias como IBEU, UFF, CCJF e MAM. É arte educadora, formada pela Escolinha de Arte do Brasil.

 

Marcelo Alram começou a carreira como assistente de seu pai, o fotógrafo francês Milan Alram, no Rio de Janeiro. Logo compartilharam o serviço de revelações com fotógrafos profissionais, o que os levou à abertura do laboratório Kronokroma, na Glória. Foi convidado a participar com uma fotografia na exposição coletiva VG, no Ateliê da Imagem, na Urca. 

 

Rogério Camacho artista carioca nascido em 1952, graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ em Gravura. Possui uma primorosa competência técnica que somada a um requinte cromático e um perspicaz equilíbrio na composição, conferem à sua pintura um caráter sério e competente.

 

Kazuo Iha nasceu em Okinawa, Japão, em 1950. Bem cedo mudou-se com a família para o Brasil. Graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, onde de 79 a 84 foi professor de Desenho Artístico e atualmente professor de LItografia. Participou do X ao XVII Festival de Inverno de Ouro Preto (76 a 85). Frequentou de 78 a 80 o curso de Gravura no Museu do Ingá, em Niterói. Participa desde 74 de mostras coletivas onde destacam-se I Salão Universitário – RJ (1° e 2° prêmios); Salão Carioca (2° lugar); Salão da Prefeitura de Belo Horizonte (Prêmio de Aquisição); I, II, III, IV, V Salão Nacional. 

 

Nicole Herzog Verey nascida em Zurich, Suiça, já vive mais da metade da vida trabalhando e vivendo em Madrid. Seu trabalho artístico têm uma forte conexão com os Alpes Suiços e é baseado na fotografia. Desde 2007 trabalha no projeto ‘DESHIELO’ (Desgelo). Com suas obras, quer chamar atenção sobre o aquecimento da terra. Seu trabalho vai mais além da mera documentação e inclusive fotografia, fotografia pintada, digital fine art, instalações e videostill.

 

Igor Gomes  nasceu em Curitiba, é artista visual, principalmente na área da fotografia, vive as imagens desde sempre, iniciando a vida profissional a cerca de 10 anos, culminando com a publicação do livro de fotografias INTERIOR em 2011.

 

Destaque para estudos na EAV, com David Cury, e na NMO Arts, com Lia do Rio. Tem exposições no Rio (Calouste Gulbekian e UFF), em São Paulo (Banco República), no exterior (NY, Estocolmo, Porto/Portugal). Faz parte dos grupos 10 AO CUBO e BIKOO KAI.

 

Fotos de Alice Quaresma

21/mar

A Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta no dia 24 de março, o projeto solo “Coisas da Vida”, da artista carioca Alice Quaresma. O projeto é inédito e traz como foco o questionamento do movimento e cronologia através da fotografia. Para a sala de projeto solo da Casa Nova, a artista criou um mural fragmentado usando fotografias e paneis coloridos pendurados individualmente criando profundidade e distanciamento entre cada imagem e cor. A instalação permite que o público percorra o trabalho de forma que se surpreendam com a fotografia panorâmica da cidade natal da artista, Rio de Janeiro, ao fundo da sala.
Além disso, o projeto “Coisas da Vida” contemplará seis obras únicas, onde Alice Quaresma cria linhas e marcas gestuais sobre fotografias tiradas no Rio de Janeiro, nos últimos 15 anos. A artista continua investigando os limites da fotografia como um objeto de precisão e verdade. A geometria e marcas gestuais são elementos constantes nos trabalhos da artista, nos quais investiga maneiras de romper com formas representadas nas fotografias. Decisões subjetivas e ocasionais são constantes e aparentes em seus trabalhos, de modo que aproximam suas obras a acontecimentos da vida, trazendo um olhar poético para pequenos encontros e desencontros do dia a dia, criando assim, uma história sem cronologia.

 

 

Sobre a artista

 

Alice Quaresma nasceu no Brasil em 1985 e vive atualmente em Nova York. Possui em seu currículo uma série de prêmios, convites para projetos especiais e residências, incluindo o renomado Prêmio da Foam Talent em Amsterdã. Em 2017, Alice participou de exposições coletivas e individuas na Europa, Estados Unidos e Brasil e integrou um grupo de artistas em duas residências nos Estados Unidos e teve seus trabalhos publicados em revistas, jornais e sites importantes no Brasil, Japão, EUA e Europa. Cursou o MFA no Pratt Institute em 2009 e foi selecionada como umas das vencedoras do prémio PS122 durante o mesmo ano.

 

 

De 24 de março a 21 de abril.

 

Obras de Krajcberg

14/mar

A mostra organizada por Márcia Barrozo do Amaral reúne em sua a galeria, no Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio e Janeiro, RJ, a partir do dia 15 de março, importantes trabalhos, – muitos deles inéditos -,  de diversas fases artísticas de Frans Krajcberg. São 15 peças produzidas entre os anos 1960 e 1917.

 

A exposição proporciona um rico passeio pela carreira do artista. Entre as raridades, um livro arte de madeira com duas gravuras. Krajcberg produziu apenas 60 destas “caixas”, que hoje estão espalhadas pelo mundo e desmembradas. Um trabalho incomum chama a atenção: uma paleta em tão de azul vai surpreender o público acostumado aos trabalhos do artista em tons terrosos e de vermelho.

 

“Esta exposição é uma forma de homenagear Krajcberg ao apresentar alguns trabalhos nunca antes expostos”, afirma a galerista, que fez questão de apresentar muitas peças da técnica na qual ele era um mestre – relevo em papel. No total, são quatro trabalhos deste tipo, que revelam toda genialidade do artista. O púbico ainda vai poder conferir obras das mais diversas vertentes artísticas, como duas esculturas da famosa série “Sombra”, uma pintura sobre madeira, entre outros trabalhos.

 

“A obra de Frans Krajcberg é tão rica e abrangente, que inclui praticamente todas as técnicas mais conhecidas: escultura, pintura, desenho, litografia e fotografia. Sem contar a que ele desenvolveu e usou ao longo da carreira: o relevo em papel. O exemplo mais impactante desta técnica é quando ele usa a areia, molhada pela água do mar, como matriz destes relevos”, avalia Marcia Barrozo do Amaral.

 

 

Sobre o artista

 

Falecido em novembro de 2017, Frans Krajcberg chegou ao Brasil em 1948, com 27 anos, após ter lutado na 2° Guerra Mundial por acaso.  Chegou ao país sem ter amigos e sem conhecer a língua. E aqui renasceu. “Nasci deste mundo que se chama “natureza”. O grande impacto da natureza foi no Brasil que senti. Aqui eu nasci uma segunda vez. Aqui eu tive a consciência de ser homem e de participar da vida com minha sensibilidade, meu trabalho, meu pensamento. Aqui me sinto bem”, afirmou o artista. Frans Krajcberg viveu em Monte Alegre, no Paraná, onde produziu a série de pinturas denominadas “Samambaias”, em São Paulo, no Rio, sempre trabalhando, sempre criando. Morou em Paris, onde manteve um atelier. Viveu em Ibiza, ali iniciou a série de relevos sobre pedra que lhe valeram o Prêmio de Pintura, na IV Bienal de São Paulo (1957) e na Bienal de Veneza (1964). De volta ao Brasil, Krajcberg se estabeleceu em Minas Gerais, na região de Itabirito e travou conhecimento com os pigmentos naturais de origem ferrosa, que se tornaram marca registrada em seus trabalhos. Foi a época dos relevos em papel, das esculturas em madeira lavada, entre outros trabalhos. Em 1972, mudou-se para Nova Viçosa e construiu a sua “Casa na Árvore” pousada num pequizeiro. Dali partiu inúmeras vezes para Amazônia, para o Pantanal, Marajó, São Luiz, sempre registrando a beleza destas regiões do Brasil, sua grande paixão. Mas, principalmente, denunciando a destruição da natureza, as queimadas, a extinção das tribos indígenas. Como consequência destas viagens, Krajcberg introduziu o fogo na sua obra – é a época das esculturas queimadas, que tanto impacto causaram no público que visitou a exposição de Bagatelle, ponto alto do ano Brasil-França. Frans Krajcberg, além de artista plástico mundialmente renomado, com obras nos mais importantes museus, é excelente fotógrafo.

 

Em suas viagens à Amazônia, ao interior de Minas Gerais e ao Pantanal assistiu cenas chocantes de destruição ambiental. Esses registros feriram tal maneira sua sensibilidade, que estão sempre presentes em suas obras, principalmente nas “esculturas queimadas”. A importância de sua obra no contexto da ecologia mundial é indiscutível. A viagem que fez ao Alto Amazonas com o crítico e filósofo Pierre Restany, quando redigiram e lançaram o “Manifesto Rio Negro”, foi um marco fundamental em seu trabalho: toda sua atenção se voltou para a preservação da natureza. Outro aspecto deste protesto são as fotos – registro vivo da tragédia – cujo impacto é extraordinário. Assim, grande defensor das causas ecológicas, acumulou, ao longo de décadas, um importante acervo de fotografias, reunindo não só imagens da riqueza da flora brasileira, como das agressões por ela sofrida.

 

 

De 15 de março a 06 de abril.

Monolux, no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo,  inaugura a exposição “Monolux”, com 28 obras inéditas do fotógrafo Vicente de Mello. Com curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, a mostra reúne fotogramas, “…imagens singulares, simples impressões construídas pela velatura da luz direta que ocorre pelo contato de objetos sobre a superfície do papel fotográfico”. “Os objetos mais sólidos não deixam refletir seus contornos, e os mais claros e transparentes revelam leveza e imprevisibilidade”, observa o artista.

 

Vicente de Mello explica que diante da “…desconcertante reprodutibilidade na prática social, onde a imagem se tornou um fluxo permanente que deságua nas redes sociais em uma profusão nunca antes vista”, buscou a natureza primeira da fotografia: os fotogramas. Os fotogramas “são fotografias sem câmera e sem negativo, uma antítese do impalpável e imensurável universo de pixels”. “Agradava-me a ideia de pensar que tanto a luz quanto os objetos exerciam uma ação tátil de clara composição ambígua sobre o papel, resultando em um fato fotográfico de força enigmática”, explica.

 

Fotógrafo educado a “…reconhecer o ato fotográfico como uma ação de foro pessoal, autoral, profissional, da procura da imagem perfeita, singular, carregada de significados implícitos”, Vicente de Mello conta que buscou entender e lidar com esta nova situação, em que a tecnologia “esgarçou no século 21 as fronteiras da captação e da pluralidade de imagens”.

 

“No meio da constatação desta espetacular hecatombe de imagens, senti que, eu mesmo já estava há anos convivendo com um grande manancial de imagens editadas, conhecidas, exibidas, adquiridas, publicadas, além das arquivadas que nunca chegaram a outros olhos”, conta o artista. “Essas imagens formavam o ‘cosmos’ da minha propriedade como autor, ainda a ser descoberto e revisto em múltiplas análises, recortes e inserções”. Ele ressalta que não considera ter esgotado sua percepção, mas que precisava “retornar a um pensamento em que pudesse construir, dominar, e que ele fosse único, sem a possibilidade de estar, enquanto original, em vários lugares”. “Um novo estatuto da fotografia, sem freio”, afirma.

 

Vicente de Mello reconhece que ao reproduzir digitalmente as imagens dos fotogramas, e elas forem lançadas nas redes, “todo mundo terá acesso, enquanto o original não poderá ser duplicado”. “Para conhecer o original será preciso que o olho humano esteja em frente a ele”, diz.

 

 

Telescópio japonês

 

O título da exposição, “Monolux”, vem da lembrança de Vicente de Mello do nome de um telescópio japonês de uso amador dos anos 1970, e “pelo fato físico de que, para imprimir os fotogramas, uma única fonte de luz é utilizada: a lâmpada da cabeça do ampliador”.

 

“Os fotogramas abandonam a materialidade do negativo, para lidar com a materialidade da luz, e a experimentação é a força orientadora, a âncora na imaterialidade da imagem”, diz. “O princípio do fotograma é o avesso do que está por cima do papel fotográfico, é o nexo entre a materialidade dos objetos e seu volume nulo, em fundo-abismo”.

 

O artista explica que os materiais utilizados têm uma relação particular entre si: “vieram das minhas coleções de madeira, de itens fotográficos, de coisinhas acumuladas que achei na rua, que comprei no mercado de pulgas, de objetos de uso doméstico e as que criei, exclusivamente, para configurarem como formas reconhecíveis”.

 

Na impressão dos objetos, dentro do retângulo de 50cm x 60cm, “todas as modulações, tentativas e acidentes foram às cegas”, conta ele. “O laboratório precisa estar em completa escuridão e somente uma luz vermelha (que não revela o papel virgem) permeia o ambiente para guiar a colocação dos objetos. O que vejo nos fotogramas é que a forma impressa não respeita a gravidade, tudo flutua e parece entrar em orbita, em um infinito impalpável. Não estou reinventando a pólvora”.

 

Vicente de Mello associa esta volta ao laboratório ao fato histórico conhecido de quando José Oiticica Filho, nos anos 1950, rompeu com os procedimentos clássicos da fotografia e se aprofundou na criação de séries, em que pintava sobre ampliações, com sobreposições de materiais diretos no papel e depois refotografados (“Formas”), fotografias convencionais que sofriam alteração na própria cópia (“Derivações”), e esses dois processos somados a fotogramas e solarização “(Recriações”).

 

“José Oiticica Filho deixou de lado, naquele momento, a problematização do que é fotografia, arte e reprodutibilidade, tema que até hoje é discutido ad nauseam, e, com as fotografias pelos meios digitais, as certezas estarão mais pulverizadas”, avalia Vicente de Mello.

 

O artista diz que sobre o assunto há duas interpretações – uma na literatura italiana e outra na brasileira – que lhe agradam “aos olhos e mente”:

 

“Umberto Boccioni (1882 – 1916), que desde o texto do manifesto técnico da pintura futurista, afirmava que era fundamental estabelecer uma relação de complementariedade entre a observação do mundo fenomênico, o indelével que só existe em nossa mente e o que se manifesta por meio da recordação. A meu ver, ele queria atribuir importância à capacidade de se recorrer às recordações individuais, e por meio da ‘intuição e estado da alma’ constituir o fazer artístico.

 

A outra interpretação de que gosto é a uma fala em “Grande sertão: veredas”, de Guimarães Rosa (1980-1967) que contextualiza as referências das imagens dos meus fotogramas: “O que lembro, tenho!”. A relocação dos objetos no pré-table top, foram fundamentais para transcender o representado, o que via na composição realizada a olho nu, das imagens que tinha em mente, não eram o resultado em preto e branco, após o laboratório. Olhava para as composições e pensava: ‘vocês perderão a posição de protagonistas e entrarão em uma atmosfera de cumplicidade’.”

 

 

Até 17 de junho.