César Brandão na Baró Galeria

13/nov

A Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, apresenta o artista mineiro Cesar Brandão em sua primeira individual na galeria. Em “Canteiro de Obras”, título de sua exposição, o artista explora a fronteira das linguagens – caminhando entre desenhos, pinturas, objetos, instalações, fotografias, além de suas apropriações de gambiarras como “espécies de ready mades”. Cesar Brandão define sua obra, como um “exercício experimental” entre a cultura e a vivência.

 

Filho de operário, viveu na infância e adolescência em um bairro pobre perto das indústrias com fornos para carbureto, ferro silício. Os elementos desse contexto industrial sempre estiveram presentes em sua obra, o fogo, fumaça, produtos resultantes nas fundições, e materiais ali utilizados: cal, carvão, pedra, quartzo, sucata, etc. Além do explícito contraste entre a tecnologia daqueles fornos, diante do improviso das inúmeras “gambiarras” presentes nas casas e quintais dos habitantes do lugar. Esse contexto gerou sua fascinação por fundições em contraste com as gambiarras, que permeiam sua produção. Trata-se, portanto, da poética sobre essas práticas da cultura popular, em contradição aos processos industriais.

 

“Assim, a obra de César Brandão talvez possa, por ironia, ser definida como espécie de “canteiro de obras”, onde ocorrem contaminação ou justaposição de ações, num repertório repleto de apropriações, gambiarras, rascunhos, rasuras, próteses fundidas… entre caos e fragilidade. Um amplo território de possibilidades no limiar do efêmero e provisório, e onde “a dúvida é motor do processo”, como próprio artista define.” (parte retirada do texto do curador Agnaldo Farias para a exposição). Cesar Brandão participou da XIX Bienal de São Paulo e têm obras nos acervos dos museus MAM SP e MAC USP.

 

 

Até 17 de dezembro.

Edu Simões – Clichê/Rio

07/nov

O fotógrafo Edu Simões realiza exposição individual a partir de 08 de novembro na Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, exibindo em “Edu Simões – Clichê/Rio”, 36 imagens feitas cartões-postais do Rio de Janeiro. Simões, no entanto, lança um novo olhar sobre esses lugares, inspirado nos romances, contos, crônicas e poemas de grandes nomes da literatura brasileira, como Machado de Assis, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Millôr Fernandes e Carlos Heitor Cony. As fotos são todas em preto e branco e foram produzidas entre 2000 e 2012.

 

“O Rio de Janeiro é uma das cidades mais fotografadas do mundo. Existe uma fórmula de se ver o Rio, por meio das alegorias do carnaval, das praias, das belezas naturais. O meu desejo, nesta exposição, é mostrar outros espaços não imaginados, tendo como inspiração o que a literatura brasileira pode oferecer na busca por outras formas”, explica Simões, motivado pelo desafio de enfrentar o que mais “assusta” um fotógrafo: o clichê.

 

Na exposição, o encontro entre a Fotografia e a Literatura evidencia-se, por exemplo, nas imagens dedicadas ao mineiro Carlos Drummond de Andrade, no ano de 2012. A praia de Copacabana, bairro onde residiu o poeta e escritor, ganha contornos modernistas, no qual a preocupação é o rigor geométrico, evidenciado pela perspectiva das linhas quadradas de uma trave de futebol na areia da praia, ou, ainda, na arquitetura do hall do Palácio de Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, local em que Drummond trabalhou, bem como serviu de cenário a alguns de seus contos e crônicas.

 

Uma passagem de “O Búfalo”, conto de Clarice Lispector, descreve o peso natural do corpo de um elefante e o contraste de sua docilidade ao se deixar ser conduzido para um circo. Na poética visual de Edu Simões, o trecho transforma-se na imagem de uma tromba de elefante apoiada num muro branco no Jardim Zoológico da Quinta da Boa Vista. Num outro sentido de “animalidade”, desta vez artificial, a imagem “O Cisne” (2000/2001), mostra uma Lagoa Rodrigo de Freitas, presente nas crônicas de Carlos Heitor Cony, como o cenário de um filme noir; ao invés de destacar as águas envolvendo as ruas do bairro, Simões opta por colocar em primeiro plano a estrutura de um pedalinho de cisne e todos os seus detalhes.

 

Fotojornalista experiente, Edu Simões foi convidado em 2001 por uma publicação especializada em literatura para revelar, pela fotografia, a cidade do Rio de Janeiro como personagem, a partir da escrita de autores nacionais que imortalizaram, de forma direta ou indireta, os cartões-postais, ruas, morros, praias e demais paisagens da cidade. Para isto, o fotógrafo leu as obras dos escritores, e roteirizou o que aparecia em cada obra literária. Com o mapa traçado, Simões saía, como um flâneur, em busca do inesperado daqueles locais, que, quase sempre, já havia sido retratado por outros artistas da imagem.

 

Edu Simões acumulou, ao longo destes anos, um grande acervo de imagens, que materializam a procura de um Rio que não seja apenas um ideal de paisagem, mas uma personagem, a partir da incursão pelas letras e imaginários dos escritores. Desse modo, Edu Simões foi quase como guiado por suas histórias na escolha de seus assuntos e lugares, mantendo, em algumas dessas fotografias, o espírito da época da qual falavam. Um tipo incomum de viagem no tempo que tais imagens nos proporcionam: voltar ao passado a partir de um retrato do presente.

 

 

Sobre o artista

 

Edu Simões nasceu em São Paulo, em 1956. Vive e trabalha em São Paulo, SP, fotografou grandes nomes da cena política, cultural e artística brasileira, entre as décadas de 1970 e 1990, como editor de fotografia de revistas como Bravo, República e os Cadernos da Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles. Ainda no período de 1970/80, teve uma forte atuação no campo das hard news, fotografando os movimentos populares que desaguaram no fim da ditadura militar, sobretudo as greves do ABC e de São Paulo, ganhando em 1981, o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos. A partir dos anos 2000, Simões assume um trabalho mais independente e autoral, que embora se distancie dos preceitos do fotojornalismo, ainda guarda algumas de suas marcas. Seus trabalhos integram importantes coleções, como Coleção Pirelli/MASP, São Paulo; MAM-São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu da Imagem e do Som, São Paulo; Centro de La Imagen de México e Maison Européenne de la Photographie, França. Das diversas exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se: Linguagens do corpo carioca (a vertigem do Rio), MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2016); Amazônia, La Quatrieme Image, Espace des Blancs-Manteaux, Paris, França (2014); Eu tenho um sonho, exposição à céu aberto na favela da Rocinha, Rio de Janeiro (2013); Trois Photographes de FotoRio – Gastronomie pour une dure journée de labeur, Maison Européenne de la Photographie, Paris, França (2011); Vestígios: O Rio de Machado de Assis, FotoRio, Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro (2009); Sons e imagens da terra, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil (2006); Eine Sammlung – Die Photographische Sammlung des Museu de Arte Moderna de São Paulo, Galeria 68Elf, Espaço cultural Exit Art, Colônia, Alemanha (2001); Fotojornalistas Brasileiros, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (1990); Fotografia Brasileira Contemporânea, SESC Pompéia, São Paulo (1993); Brésil des Brésiliens, Centre Pompidou, Paris, França (1983).

 

 

Sobre a galeria

 

Marcelo Guarnieri iniciou as atividades como galerista nos anos 1980, em Ribeirão Preto, e se tornou uma importante referência para as artes visuais na cidade, exibindo artistas como Amilcar de Castro, Carmela Gross, Iberê Camargo, Lívio Abramo, Marcello Grassmann, Piza, Tomie Ohtake, Volpi e diversos outros. Atualmente com três espaços expositivos – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto – a galeria permanece focada em um diálogo contínuo entre a arte moderna e contemporânea, exibindo e representando artistas de diferentes gerações e contextos – nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes – que trabalham com diversos meios e pesquisas.

 

 

Até 09 de dezembro.

Pedro Tebyriça no IBEU

01/nov

O artista plástico e fotógrafo Pedro Tebyriçá mirou sua câmera à beira-mar e fez registros de um espaço democrático por excelência, o Arpoador, para compor a exposição “À Beira”, que será inaugurada na Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, no próximo dia 07 de novembro. Esta é sua primeira individual exclusivamente de fotografias, após um hiato de dez anos sem expor (sua última exposição foi na Galeria Debret, em Paris). Nascido no bairro carioca, Tebyriçá viveu por 30 anos no edifício “Marambaia” – o mais antigo da área, construído à beira do mar -, de onde, da mesma janela, se vê as praias do Arpoador, Ipanema, Leblon, as Ilhas Cagarras e o Morro Dois Irmãos. Isto influenciou a poética do artista, que registrou de uma maneira pessoal características próprias e múltiplas daquele local.

 

 

A palavra do artista

 

“O curador, César Kiraly, selecionou 20 fotos, nas quais conjugo duas linguagens: umas com a luz estourada, outras com algum colorido, já que fotografo sempre em P&B. A fotografia, para mim, significa um renascimento, um amadurecimento. Lanço um olhar de artista plástico sobre as minhas fotos.”

 

 

Sobre o artista

 

Pedro Tebyriça estudou com Aluísio Carvão e Sergio Campos Mello e trabalhou com o fotógrafo Paulo Azevedo. Realizou exposições individuais nas galerias Debret, Paris, 2007, com pinturas; Centro Cultural Cândido Mendes, RJ, 1996, desenhos; Galeria Arte Espaço, RJ, 1990, desenhos; Galeria Contemporânea, RJ, 1984, colagens e fotografias. Entre as exibições coletivas que participou destacam-se Nanoexposição, Grupo DOC, Vitória, 2006, objetos; Nanoexposição, Grupo DOC, Belo Horizonte e Curitiba, 2005, objetos; Miami Beach Convention Center, Art Miami 94, 1994, desenhos e objetos; Rio Design Center, RJ, 1993 e 1989, colagens e fotografias; Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, 47º Salão Paranaense, 1990, desenhos; Galeria Contemporânea, RJ, 1988 e 1985, esculturas e objetos; 10º, 8º e 4º Salão Carioca de Arte, 1986, 1984 e 1980, desenhos e colagens; Galeria Divulgação e Pesquisa, RJ, 1983, desenhos. Seus trabalhos encontram-se nas coleções Marcantonio Villaça, Antonio Bernardo e Luiz Séve.

 

 

Até 1º de dezembro.

Niemeyer na Pinakotheke Rio

30/out

A Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro, Botafogo, RJ, apresenta a exposição “Oscar Niemeyer – Territórios da Criação”, que celebra os 110 anos de nascimento do genial arquiteto com um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário feitos por ele. Com curadoria de Marcus Lontra, a mostra reúne ainda obras de artistas como Portinari, Bruno Giorgi, Burle Marx, Tenreiro, Athos Bulcão, Ceschiatti, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, que foram amigos e trabalharam junto a Niemeyer em diversos de seus emblemáticos projetos.

 

“Oscar Niemeyer – Territórios da Criação” terá ainda uma sala especial com retratos do arquiteto assinados por reconhecidos fotógrafos como Antônio Guerreiro, Bob Wolfenson, Edu Simões, Evandro Teixeira, Juan Esteves, Luiz Garrido, Marcio Scavone, Nana Moraes, Nani Góis, Orlando Brito, Ricardo Fasanello, Rogerio Reis, Vilma Slomp, Walter Carvalho e Walter Firmo. As fotografias, em tamanho 50cm x 60cm, também constituirão uma caixa para colecionador, em tiragem limitada a trinta exemplares.

 

Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1907, e morreu na mesma cidade em 05 de dezembro de 2012. “Ao longo de sua vida, Niemeyer produziu intensamente e afirmou-se não apenas como arquiteto, como a primeira referência estética brasileira reconhecida em todo mundo, mas também como artista e intelectual respeitado, atuando em várias frentes do conhecimento humano”, afirma Marcus Lontra.

 

 

De 09 de novembro a 19 de dezembro.

 

Brasileiros em Bogotá / ARTBO

27/out

Entre os dias 26 e 29 de outubro, será realizada a ARTBO, importante feira de arte contemporânea, em Bogotá, na Colômbia. A galeria carioca Athena Contemporânea participará da feira e mostrará um panorama da produção mais recente dos artistas Frederico Fillipi e Yuri Firmeza, estabelecendo diálogos e interseções entre suas temáticas no que tange a criação de novas narrativas, tanto partindo de um imaginário social como do discurso científico.

 

Os trabalhos de Frederico Fillipi  lidam com materiais de dimensões verticais, do cosmos, do céu e do solo. Este movimento de olhar para as camadas está presente em muitas mitologias, referências importantes para o trabalho do artista. “Céu Fóssil” é uma série de 2 pinturas, que como lâmina ou caco, cada fragmento guarda em si a imagem espelho das nuvens naquele momento. “Espaços vácuos” é outra série de pinturas que também aludem ao céu, a um cosmologia cruzada, onde os elementos se distanciam como uma constelação. A ideia do artista é, associar o olhar vertical sobre a paisagem a de ícones que a nossa cultura ocidental produziu e que agora estão em fagocitose com outros mundos que vão sendo também acessados.

 

 

Yuri Firmeza apresentará o filme “Nada é”, ambientado na cidade de Alcântara, no nordeste do Brasil. As ruínas de palacetes de antigos barões, os foguetes do Centro de Lançamento da Força Aérea Brasileira e uma Festa do Divino Espírito Santo são pano de fundo para a construção do filme. A cidade revive um passado em ruínas justaposto a existência de uma base que prenuncia um futuro tecnológico. As duas fotografias, por sua vez, apropriadas do arquivo da NASA, ao serem manipuladas e descontextualizadas ganham novo significado. Algo entre o familiar e o estranho, as imagens tal como o filme entrelaçam documentos e histórias entre ficção e realidade para criarem novas narrativas.

Duas vezes Thomas Baccaro

20/out

Em dobradinha inédita na cidade, o público poderá conferir neste mês de outubro, os trabalhos do premiado fotógrafo Thomas Baccaro em duas ocasiões. A primeira é a exposição “Viver, Conviver & Reviver”, com 112 fotografias de 53 pessoas com mais de 55 anos, que já percorreu São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A mostra estará em cartaz no Centro Cultural dos Correios, de 20 de outubro a 15 de novembro. A segunda será na CASACOR Rio, de 24 de outubro a 30 de novembro, no ambiente assinado pela arquiteta Paola Ribeiro, com seis fotografias fine art, registradas na Itália e Grécia.

 

O contato de Thomas com museus, galerias, exposições e artistas começou cedo. Ele herdou da família suas referências artísticas: é filho dos italianos Giuseppe Baccaro, galerista, negociante e leiloeiro de arte, e Fiorella Giovagnoli, restauratrice;  e foi enteado do diretor de cinema Hector Babenco e do fotógrafo Mario Cravo Neto. Aos 42 anos, já realizou mais de 22 exibições individuais de um total de 48 exposições das quais participou. Entre os prêmios, destaque para AI-AP Latin American Fotografía 3 (EUA, 2014); Mostra Istituzionale Forte Sangallo di Nettuno Contemporary Art (Itália, 2012); Prêmio Colunistas Norte e Nordeste (Brasil 2000 a 2008); e Museu de Arte Contemporânea de Americana (Brasil, 1998).

 

“Esta é a primeira vez que vou expor no Rio de Janeiro. Era um desejo antigo, pois meu pai teve muitas parcerias na cidade, sempre me falava muito do mercado carioca. Inclusive, estou a procura de uma representação na capital”, revela Thomas, que busca em suas viagens nacionais e internacionais a matéria-prima para suas fotografias. “Este ano fui a Itália e Marrocos, acabo de voltar de uma temporada em Galápagos e logo embarco para um trabalho em Minas Gerais”.

 

A exposição “Viver, Conviver & Reviver” – idealizada pelo programa Itaú Viver Mais, que promove o envelhecimento ativo, além de estimular a arte e a cultura – reúne mais de uma centena de fotografias de Thomas Baccaro. As imagens são acompanhadas pelos textos “A Arte De Ficar Mais Velho”, de Drauzio Varella, e “A Arte de ser Artista”, de Paulo Klein, produzidos com exclusividade para a mostra.

 

“Fazer cada um dos fotografados se sentirem especiais e belos, foi o objetivo deste ensaio. Quis que cada um pudesse viver mais esta experiência, entre tantas já vividas”, conta Thomas, que tem como uma das características de seu trabalho a facilidade de captar espontaneidade.

 

CASACOR: série fotografias clicadas na costa italiana e grega, no ambiente da renomada Paola Ribeiro

De 24 de outubro a 30 de novembro, no Porto Maravilha, acontece a 27ª edição da CASACOR Rio, mais relevante mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo do Brasil. Com exclusividade para a arquiteta  Paola Ribeiro, Thomas irá expor imagens registradas na Grécia e Itália (Sicília e Ligúria), com o tema “água”, já que o ambiente será um spa. Serão seis fotografias em três tamanhos: 1,40m x 1,40m, 60cm x 90cm e  1,10m x 1,65m.

 

“Esta é a sexta vez que participo da CASACOR, entre edições no Rio e São Paulo, junto com a Paola. Como o ambiente é um spa, selecionamos entre tantas outras, imagens de água e mar, transmitindo a ideia da paz e da calma através de tons verdes e azuis”, explica Thomas.

 

Oficina de Fotografia

Mostra na Biblioteca Pública do Paraná, que inaugura no próximo sábado, dia 21, fica em cartaz até 30 de dezembro. “Te empresto meus olhos”, mostra produzida por deficientes visuais da Oficina de Fotografia de Juliana Stein, integra Bienal de Arte de Curitiba.

 

No lugar da retina, a emoção dos sentidos; no enquadramento do foco, a percepção do ponto ideal. O resultado dessa especial forma de captar a imagem está na exposição “Te empresto meus olhos”, que inaugura no próximo sábado, dia 21, e fica em cartaz até 30 de dezembro no saguão da Biblioteca Pública do Paraná. A experiência da imagem, seus modos de aparição e produção são o fio condutor do trabalho desenvolvido pela fotógrafa Juliana Stein, que realiza Oficinas de Fotografia para pessoas com deficiência visual desde 2015.

 

– Essa é uma exposição que resulta de nossas formas de experimentação nos campos da fotografia e percepção de mundo. O nome “Te empresto meus olhos” vem do interesse em observar certas práticas e usos que fazemos dos nossos processos de ver. A pessoa com deficiência visual não vê como eu vejo mas eu também não vejo como ela vê, esclarece Juliana Stein.

 

A mostra apresenta fotos em dimensões variadas. Entre os artistas, alunos que acompanham a oficina desde a primeira edição, como Isabel Bruck, Wagner Bittencurt, Antônio Nunes e Anastácio Braga, e também imagens de novos alunos, como Adriana Barbosa.

 

– Cada um de nós vem descobrindo e aprimorando formas de experienciar a fotografia, do toque do que está sendo fotografado e da noção espacial, à presença e ausência de luz, relata Adriana Barbosa.

 

 

A Oficina 

 

Voltada para deficientes visuais parciais ou totais, a Oficina de Fotografia para Pessoas com Deficiência Visual funciona desde 2015. Os alunos não precisam ter equipamento fotográfico, apenas um celular com câmera. “Nos colocamos na abertura para invenção e nas diferenças de mundo entre quem não vê e quem vê”, destaca a idealizadora do curso, Juliana Stein. Para enxergar, pode-se ir muito além da visão biológica, utilizando os próprios sentidos como aliados. As oficinas de fotografia têm sido marcadas pela riquíssima troca de ideias e experiências entre os participantes do grupo. Os objetivos envolvem a descoberta de novas formas de ver o mundo, como explica Juliana Stein.

 

 

A artista 

 

Juliana Stein nasceu em Passo Fundo/RS, formou-se em Psicologia pela UFPR em 1992, viveu por dois anos em Firenze e Veneza (onde estudou história da arte, técnica em aquarela e desenho) e trabalha com fotografia desde o final dos anos 1990. Com uma obra amplamente reconhecida no Brasil e no exterior, participou da 55a Bienal Internacional de Veneza, da 29a Bienal de São Paulo e expôs na Crone Gallery em Berlim, na ShangART Gallery em Xangai e no Carreau du Temple, em Paris. Atualmente exibe a mostra “Não está claro até que a noite caia”, no MON (Museu Oscar Niemeyer), na Bienal de Arte de Curitiba.

 

Abertura: Sábado, dia 21/10, às 11h

 

Visitação: Segunda a sexta-feira, das 8h30 às 20h | Sábados, das 8h30 às 13h

Circuitos da Bienal de Arte de Curitiba                                               

 

 Até 30 de dezembro no saguão da Biblioteca Pública do Paraná.

 

Ernesto Neto na Fortes D’Aloia & Gabriel

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “O Sagrado é Amor”, a nova exposição de Ernesto Neto na galeria. O artista exibe trabalhos inéditos – entre esculturas vestíveis, fotos e uma instalação – que convidam o público a desacelerar o ritmo caótico da vida urbana para desfrutar de momentos de introspecção, acalmando a mente e ativando os sentidos.

 

Para Ernesto Neto, a manifestação do sagrado acontece em estados meditativos, através de profunda relação com a natureza. A exposição está repleta de elementos que evocam raízes e galhos, “…condutores entre a terra e o céu”, que permitem aos visitantes se conectarem. Sua ênfase em criar vínculos também manifesta-se na própria materialidade dos trabalhos, seja no tecido que se entrelaça para formar a trama do crochê – prática que se tornou central na obra do artista nos últimos anos – seja na escolha das cores, que variam entre tons de vermelho, laranja e verde, em mais uma associação com a terra e a copa das árvores.

 

No térreo da galeria, o artista apresenta uma série de obras que podem ser vestidas pelo público. “Recebo o Seu Amor, Enquanto Você Recebe o Meu”, é uma forma ameboide instalada na parede que se estende em dois braços, cada qual com uma espécie de tiara nas extremidades, repleta de cristais. As pessoas podem então colocar as tiaras na cabeça, conectando-se com a obra, com a outra pessoa e, em sentido mais amplo, com o próprio sagrado. Em outro trabalho, um manto de crochê desce do teto sustentando uma pesada esfera de água-marinha em seu interior. Para ativar a obra, três pessoas devem tirá-la dos cabides e vesti-la ao mesmo tempo – agindo assim apenas para manter o equilíbrio que impede a pedra de cair. Completam a montagem da exposição, série de fotografias feitas na Mata Atlântica, além de uma instalação no segundo andar, oferecendo uma experiência ainda mais imersiva.

 

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro, onde ainda vive e trabalha. Ele tem sido tema de diversas exposições institucionais nos últimos anos, dentre as quais destacam-se: Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma (Helsinque, Finlândia, 2016); Rui Ni / Voices of the Forest, Kunsten Museum of Modern Art (Aalborg, Dinamarca, 2016); Aru Kuxipa | Sacred Secret, TBA21 (Viena, Áustria, 2015); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, Espanha, 2014); Haux Haux, Arp Museum Bahnhof Rolandseck (Remagen, Alemanha, 2014); Hiper Cultura Loucura en el Vertigo del Mundo, Faena Arts Center (Buenos Aires, Argentina, 2012); La Lengua de Ernesto, MARCO (Monterrey, México, 2011) e Antiguo Colegio de San Ildefonso (Cidade do México, 2012); Dengo, MAM (São Paulo, 2010). Em seu extenso currículo, também destacam-se suas recentes participações nas Bienais de Veneza (2017), de Lyon (2017) e de Sharjah (2013). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como: Centre Georges Pompidou (Paris), Daros Latinamerica (Zurique), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate (Londres), TBA21 (Viena), entre outras.

 

 

Até 02 de dezembro.

Na Silvia Cintra+Box4

16/out

Na exposição “Você vê os pássaros? Sempre quis que você visse os pássaros daqui”, sua primeira individual na galeria Silvia Cintra+Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, o artista e poeta Omar Salomão irá apresentar uma série inédita de pinturas, esculturas, cadernos de desenhos e fotografias.

 

A mostra começa com uma fotografia de uma imagem de Iemanjá envolta numa concertina farpada, dessas usadas para a proteção de casas. Ao lado dela, quatro desenhos em azul escorrido, que foram molhados no mar e aonde se lê trechos de poemas. Em seguida vem o trabalho que dá título à exposição, uma série de desenhos em nanquim retratando pássaros em revoada. A concertina farpada ainda aparece em duas séries, “Guardar”, que são desenhos em nanquim dobrados, envoltos pela rigidez deste material e “Circuito de Afetos”, onde a concertina ganha cores fluorescentes e aparece atada em placas de madeira, plástico bolha e outros restos. As cores fluorescentes seguem nas séries “Síntese” e “Lance”.

 

O artista lança sobre compensados pintados vários dados e depois repinta a superfície formando uma pintura totalmente aleatória, apenas com a memória desses cubos. Esses mesmos dados pintados surgem depois em pequenas caixas de madeira, presas na parede, dando uma ideia de confinamento das possibilidades sugeridas pelo lance de dados. A exposição termina com a série “Quadro de Avisos”.

 

Os cadernos de Omar, que são tanto processo quanto obra final, aparecem trancados dentro de quadros de avisos com chave, podendo ser abertos ou não.

 

 

Sobre o artista

 

O poeta e artista Omar Salomão nasceu em 1983. Em 2017 lançou “Pequenos Reparos”, pela Editora José Olympio, seu terceiro livro. Participou de diversas exposições como a 3ª Bienal da Bahia, 18º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil e da individual “Nebula: a sombra de nuvens manchando a cidade”, no OI Futuro Ipanema.

 

 

De 19 de outubro até 18 de novembro.

Individual de José Patrício

Até 18 de novembro, o Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “Explosão Fixa”, que traz dezenove obras que perpassam os 40 anos de carreira artística do artista pernambucano José Patrício.

 

Com a curadoria de Eder Chiodetto, na mostra estão telas e instalações representativas do universo criativo de Patricio: empregando materiais diversos e banais – como tachas, botões, fios elétricos, dados e quebra-cabeças de plástico -, o artista remove o uso tradicional desses materiais e os reorganiza para criar intrincados mosaicos que exploram a dimensão lúdica do cotidiano. A exposição apresenta também um conjunto de fotografias inéditas.

 

Conhecido principalmente por suas instalações de chão da série “Ars combinatória”- composta por milhares de peças de jogo de dominó -, José Patrício é influenciado pelos movimentos artísticos geométrico e concreto brasileiros. O artista fundamenta seus trabalhos em combinações numéricas lógicas, sugerindo que mesmo a mais rígida das fórmulas matemáticas tem o potencial de conter sua própria expressividade. Dessa forma, sua obra enfatiza a relação frágil entre ordem e sua possível dissolução. Para Chiodetto, Patrício “cria um lugar original no campo da arte, na fronteira entre a pintura, o desenho e a assemblage” e realiza “um exercício libertário, uma nova e inspiradora forma de ser e estar no mundo”.

 

Quanto ao conjunto de fotografias inéditas, o curador sinaliza uma nova postura do artista: “Ao sair do ateliê, onde trabalha incessantemente na construção de suas obras, para percorrer o mundo como um andarilho errante que porta uma máquina fotográfica, seu olhar se volta para a cultura popular, as vitrines e momentos de tensão entre forma, luz e arroubos cromáticos”. Organização: Instituto Ling. Patrocínio: Crown. Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal.