MASP apresenta Catherine Opie

27/jun

Artista norte-americana faz primeira mostra individual no Brasil e exibe seus retratos nos icônicos cavaletes de cristal em diálogo com obras do acervo do museu desde 05 de julho até 27 de outubro.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato”, com obras de um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea. Catherine Opie (Sandusky, Ohio, EUA, 1961) foi uma das precursoras na discussão sobre questões de gênero entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Sua produção dialoga com a tradição do retrato – um dos mais tradicionais gêneros da pintura ocidental – de modo a dar legitimidade a novos corpos, subjetividades e experiências que emergem na sociedade contemporânea. Em suas fotografias, Catherine Opie retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, a mostra reúne 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas. Os retratos de Catherine Opie figuram ao lado de 21 importantes pinturas da coleção do MASP, entre elas, de Pierre-Auguste Renoir, Hans Holbein, Anthony van Dyck e Van Gogh. As obras são apresentadas em diálogo com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações aos quais o trabalho de Catherine Opie se propõe, além de desdobrar a predileção pela arte figurativa, marca da coleção do museu.

A artista explora o gênero clássico do retrato assumindo algumas de suas características, – fundo neutro, os gestos com as mãos, as expressões e os enquadramentos – e adiciona novos elementos, como a diversidade de gênero, as práticas sexuais, os corpos distintos e os relacionamentos familiares homossexuais. “É fundamental que todos os seres humanos sejam legitimados, isso é necessário para a inclusão de todas as pessoas, para a humanidade. Ao utilizar a estética tradicional do retrato, conforme a minha visão sobre a retratística, busco manter o espectador envolvido na obra durante a observação. Além disso, é uma forma de redefinir o corpo queer dentro de uma formalidade conhecida, e não tratar apenas de uma fotografia documental”, comenta Catherine Opie.

Obras e referências

A fotógrafa tem como uma de suas principais referências o pintor Hans Holbein (1497-1534), inspirando-se nos elementos formais que compõem os retratos do pintor alemão, como o uso da cor chapada ao fundo, especialmente o azul. Suas produções também se assemelham por se tratar de conjuntos de retratos que carregam um sentido de comunidade. Em Holbein, tal recorrência reafirma a ascendência ou a aliança familiar. Já em Catherine Opie, as conexões se sustentam por amizade, identificação e proteção, como em uma galeria de retratos de uma espécie de nobreza queer. Na exposição, a fotografia JD da série Girlfriends (Color) (2008) da artista, é apresentada ao lado da pintura O poeta Henry Howard, conde de Surrey (Circa 1542), de Holbein, o que dá destaque às suas semelhanças e particularidades. “Trata-se da apropriação da tradição e de marcadores associados às elites para dar a mesma condição de visibilidade a gêneros que muitas vezes não fizeram parte do universo de possibilidades da representação”, reflete Guilherme Giufrida.

Being and Having (Ser e ter) (1991) foi a primeira série de retratos de Catherine Opie apresentada em uma exposição individual. A série é composta por 13 fotografias que retratam performances de figuras masculinizadas por seus atributos, como bigodes ou bonés, denominadas drag kings. Ao invés do nome oficial da pessoa retratada, Catherine Opie optou pelo nome fictício, de identificação coletiva e afetivo dentro do grupo de amigas do qual faz parte. O título é uma paródia das teorias de Jacques Lacan (1901-1981) sobre o lugar do falo na construção da sexualidade. Essa série inaugurou no trabalho de Catherine Opie um conjunto de retratos em estúdio que se estende até hoje, sendo que alguns deles possuem referências internas, como a cor de fundo vermelha, as roupas, a pose e o banco que se repetem propositalmente em Pig Pen (1993) e Elliot Page (2022). A fotografia do ator, produtor e diretor canadense Elliot Page, conhecido por produções de sucesso como o filme “Juno”, ilustra a capa de sua biografia Pageboy, que conta a história do seu processo de transição de gênero.

Sobre a artista

Catherine Opie nasceu em Sandusky, em Ohio, USA, em 1961. Atualmente, vive e trabalha em Los Angeles, onde foi também professora no departamento de Artes da Universidade da Califórnia (UCLA). Desde o fim dos anos 1980, realizou diversas exposições individuais em instituições de reconhecimento internacional, como o Guggenheim Museum (Nova York), Los Angeles County Museum of Art (Los Angeles), Regen Projects (Los Angeles), Thomas Dane Gallery (Londres), Institute of Contemporary Art (Boston e Canadá). Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como Guggenheim Museum, Institute of Contemporary Art, J. Paul Getty Museum, Museum of Contemporary Art, Museum of Fine Arts, National Portrait Gallery, Tate e Whitney Museum.

Catálogo

Serão publicados dois catálogos, em inglês e português, compostos por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Catherine Opie. A publicação é organizada por Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida, e inclui textos de Ashton Cooper, David Joselit, Guilherme Giufrida, Jack Halberstam e Vi Grunvald. Com design do Estúdio Permitido, a publicação tem edição em capa dura.

A exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+ que também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

A arte de Renato Gosling no Museu FAMA

26/jun

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.

Sobre o artista

Renato Gosling, nasceu em 1976, é natural de São Paulo, SP. Em sua obra apropria-se de um trabalho paralelo e sinérgico ao mundo contemporâneo através de micro-narrativas e gatilhos para os espectadores terem suas sensações e exprimentações. No mundo atual onde o 140 caracteres predomina, Renato Gosling  descarrega toda sua inquietude e ansiedade em objetos e fotos que transmitem o cotidiano popular Brasileiro, recorrendo a infância e a memória afetiva.

Sobre o curador

Jhon Voese nasceu em Guarapuava, interior do Paraná e trabalhou por mais de oito anos no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba – PR. Formado em História com Mestrado em Artes pela Unespar, onde escreveu sobre o Faxinal das Artes (2002). Atualmente cursa o doutorado em História na UFPR. Sua pesquisa atual trata da relação Arte e Ecologia e tem como objeto a mostra Arte Amazonas (1992) anunciada pelo MAM-RJ como contrapartida artística para a Eco-92.

Giz de lousa, palito de fósforo e carteira escolar se tornam obras de arte em “A Verdade sobre a Nostalgia”, mostra que explora o imaginário do visitante e viaja entre passado e presente. A exposição convida o público a relembrar memórias de infância.

O Museu FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro – juntamente com o artista Renato Gosling, inaugura a exposição individual intitulada “A Verdade sobre a Nostalgia”. Curada por Jhon Voese, a exposição terá início em 29 de junho e permanecerá em exibição até 29 de setembro, com representação de @nata_artdesign

“A Verdade sobre a Nostalgia” mergulha nas profundezas da memória e da emoção, convidando o público a explorar a intersecção entre o passado e o presente através das obras de Renato Gosling. Reconhecido por sua habilidade em capturar a essência da experiência humana, o artista apresenta uma série de trabalhos que evocam sentimentos de nostalgia, mas também questionam a natureza da memória e da Identidade Brasileira.

A exposição estará aberta ao público no Museu FAMA, localizado na Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto, Itu – SP. Os visitantes poderão desfrutar das obras de Renato Gosling de quarta a domingo, das 11h às 17h, na Sala 5.

Calder e Miró no Instituto Tomie Ohtake

21/jun

Com mais de 150 obras, Calder+Miró retoma a ligação entre os trabalhos de Alexander Calder e Joan Miró – assim como os desdobramentos dessa amizade na cena artística brasileira. “Calder+Miró” é uma exposição que reúne dois artistas incontornáveis para quem quer pensar com sensibilidade nos caminhos da arte moderna.

Ocupando quase todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, até 15 de Setembro, a mostra contempla a amizade entre um dos principais escultores modernos e um dos mais famosos pintores surrealistas: o escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e o catalão Joan Miró (1893-1983). Os dois foram, cada um em sua trajetória, embaixadores da ideia de que a abstração poderia ser um canteiro aberto de experimentação dinâmica, permeado pelos modos de criação intuitivos, de artistas circenses, da mecânica e da poesia.

Com curadoria de Max Perlingeiro, acompanhado pelas pesquisas de Paulo Venâncio Filho, Roberta Saraiva e Valéria Lamego, a mostra traz cerca de 150 peças – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles, stabiles, maquetes, edições, fotografias e jóias.

Acompanhando todo o período expositivo de Calder+Miró, o Instituto Tomie Ohtake oferece uma programação pública inteiramente gratuita e destinada a públicos diversos. Instigadas pelas obras e pelos processos criativos dos artistas, as diferentes atividades incluirão jogos e ativações lúdicas, oficinas práticas – como de desenho de observação em movimento e de construção de móbiles -, uma programação voltada à exploração sonora das obras, bem como cursos e rodas de conversa que exploram temas como a relação entre vanguarda brasileira e a abstração, o encontro entre a Arquitetura e artes visuais no Brasil, e a produção de artistas contemporâneos. Ainda, o Instituto promoverá uma série de ações voltadas especialmente à educação, oferecendo uma programação de abertura para professores da rede pública, um ciclo de conversas que discutirá a intersecção entre arte e educação, além das visitas mediadas e visitas ateliês oferecidas à escolas e outras instituições.

Ecos Nacionais

Uma seleção de trabalhos de nomes consagrados e influenciados direta ou indiretamente pelas produções de Calder e Miró – incluindo Tomie Ohtake – será colocada em diálogo com as obras dos dois artistas. Entram aí obras de Abraham Palatnik, Aluísio Carvão, Antonio Bandeira, Arthur Luiz Piza, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, Ivan Serpa, Mary Vieira, Milton Dacosta, Mira Schendel, Oscar Niemeyer, Sérvulo Esmeraldo e Waldemar Cordeiro.

No Brasil, as obras de Calder e Miró apresentam importantes desdobramentos nos debates estéticos e produções artísticas que, a partir da década de 1940, passaram a pautar a abstração de maneira mais enfática. A relevância das contribuições desses artistas no contexto nacional se mostra, ainda, na larga presença de seus trabalhos em coleções brasileiras – para esta exposição, todas as obras apresentadas são provenientes de coleções públicas e privadas do Brasil.

Dois artistas na Galatea Salvador

18/jun

A Galatea Salvador anuncia sua segunda exposição, intitulada “Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho”. A mostra se estrutura em dois núcleos distintos: no primeiro, fotografias de Bauer Sá (1950, Salvador, BA), produzidas entre os anos 1990 e 2000, exploram a potência da ancestralidade afro-brasileira através de figurações do corpo negro representado como protagonista da cena; no segundo, esculturas em madeira que retratam cidades utópicas e modernas imaginadas por Gilberto Filho (1953, Cachoeira, BA) se reúnem pela primeira vez de forma tão ampla em uma exposição, com obras produzidas desde 1992 até o momento atual.

Este diálogo entre os trabalhos dos artistas baianos cria uma rica narrativa visual, conectando ancestralidade e fabulação em torno de futuros possíveis. A exposição conta também com texto crítico do artista e curador Ayrson Heráclito, reconhecido por abordar símbolos e tradições vinculados à cultura afro-brasileira em sua obra, e Beto Heráclito, escritor e historiador.

Com abertura em 04 de Julho e duração até 28 de Setembro.

Claudio Goulart na nova Galeria Zielinsky

17/jun

“Fragmentos da memória” é a segunda individual póstuma de Claudio Goulart no Brasil e a primeira realizada em São Paulo, na Galeria Zielinsky, Higienópolis, onde permanecerá em cartaz até 27 de julho. Com a intenção de resgatar a trajetória e a obra do artista, a mostra propõe um olhar atento à sua produção que, mesmo com projeção internacional, é pouco conhecido no cenário brasileiro. A exposição parte da íntima relação de Claudio Goulart com a memória, temática que atravessa suas criações e se faz presente em imagens apropriadas e de referências históricas, bem como em fragmentos de paisagens por onde passou e habitou. Com curadoria de Fernanda Soares da Rosa, pesquisadora e doutoranda em Artes Visuais (PPGAV-UFRGS), a mostra é uma parceria com a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS que, desde 2015, é a responsável pela salvaguarda do acervo do artista.

Sobre o artista

Nascido em Porto Alegre em 1954 e radicado em Amsterdã desde meados dos anos 1970, Claudio Goulart emergiu como uma figura proeminente no cenário artístico holandês. Sua presença foi marcada por uma atuação intensa, dedicando-se à concepção e realização de projetos em instituições locais, como a Time Based Arts e a Other Books and So. Além disso, sua obra foi reconhecida internacionalmente, com participações em numerosas exposições individuais e coletivas em diversos países ao redor do mundo. Desde Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Inglaterra e Croácia até destinos como Islândia, Cuba, Costa Rica, México, Japão e China, transcendeu fronteiras geográficas através de seus trabalhos. Colaborando com uma rede direcionada de artistas latino-americanos e europeus, Claudio Goulart criou obras em parceria com nomes, dentre outros, como Vera Chaves Barcellos, Flavio Pons, Paulo Bruscky, Ulises Carrión, Aart van Barneveld, Raul Marroquin e David Garcia.

Riqueza ancestral

29/maio

A GW Gallery, Bela Vista, em nova parceria com a Whitebox | Rosewood, São Paulo, inaugurou a exposição “Ìmólè Oòrùn” do artista Luiz Moreira que permanecerá em cartaz até 10 de Junho. A mostra, que promete ser uma baliza na agenda cultural da cidade, traz uma reflexão profunda sobre a ancestralidade e a identidade afro-brasileira através de uma perspectiva afro diaspórica e contra colonial. Luiz Moreira, com sua sensibilidade artística e comprometimento com a cultura afrodescendente, nos convida a uma imersão em seus trabalhos, que reverenciam a riqueza e a sabedoria de seus ancestrais.

“Ìmólè Oòrùn” (Luz do Sol) é uma homenagem a seus antepassados, destacando a riqueza da tecnologia, conhecimento e sabedoria que eles produziram. O artista mergulha em sua subjetividade para revelar sua cosmo percepção do mundo. Suas obras desafiam a lógica eurocêntrica, dando centralidade à cultura, filosofia, religião e mitologia de grupos historicamente marginalizados. Este enfoque é evidente na marca afro futurista de suas criações, fruto de pesquisas que exaltam a beleza e o legado ancestral, possibilitando às pessoas se reconhecerem como protagonistas na arte. Os frutos da criação de Luiz Moreira realçam o encanto resplandecente da luz sobre a pele, evidenciando um resultado denso e sensível que ensina a importância de reconectar com o passado para buscar lá o que ficou. As obras expostas constituem um verdadeiro “ebó” a seus ancestrais, enaltecendo a grandeza e a riqueza de seu povo através de uma narrativa visual poderosa. Os adereços em suas obras, que surgem de memórias de infância, viagens, leituras e experiências, carregam narrativas ricas em referências ancestrais e rituais africanos, além de memórias carnavalescas. Estes elementos ressaltam a importância histórica de reis e rainhas africanos, figuras sagradas escolhidas pelos deuses para reinar na terra. Sua arte reforça a identidade e a história da comunidade afrodescendente, enfatizando que sua história é rica em saberes e tecnologia cultural, e não se inicia com a escravidão.

Sobre o artista

Luiz Moreira, 34 anos, nasceu em São Paulo e atualmente divide seu tempo entre o Brasil e Miami. Sua jornada na fotografia teve início em projetos acadêmicos durante o curso de Comunicação Social, evoluindo para a fotografia de rua em grandes centros urbanos como São Paulo e Nova York. Sua abordagem estética e documental combina sensibilidade com a cultura contemporânea, condições humanas, perspectivas diaspóricas e a veneração das imagens divinatórias de religiões de matrizes africanas.

A GW Gallery, fundada em 2015 pelo fotógrafo e empresário Gabriel Wickbold, é um marco na cena da fotografia contemporânea, representando artistas de renome nacional e internacional. Com uma sede em São Paulo e presença em importantes feiras de arte, a galeria dedica-se à formação e enriquecimento do público consumidor de arte, promovendo diálogos artísticos, oficinas e exposições.

A arte da Xadalu no MNBA

23/maio

Artista indígena Xadalu conseguiu sair de Porto Alegre para realizar a residência artística no Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que será aberta ao público, a partir desta quinta-feira, 23 de maio. Está em cima da hora, mas Xadalu quase não chega por causa da tragédia no Rio Grande do Sul. Ele mora em Porto Alegre, a casa dele inundou e só conseguiu chegar ao Rio, porque o presidente da Associação de Amigos do MNBA foi até lá de carro levar doações e trouxe o artista para a residência no museu. A residência está aberta à visita pública e tem roda de conversa no sábado, dia 25, com Xadalu, Carlos Vergara e a curadora Sandra Benites. O artista Xadalu Tupã Jekupé fará uma residência artística em uma das salas do museu e, o trabalho que resultar desta residência, será doado ao Museu Nacional.

O ateliê temporário estará aberto à visitação do público, nos dias 23, 24, 28 e 29 de maio, das 15 às 17h. O número permitido é de até 15 pessoas, em razão de o Museu seguir em obras de restauração. Devido ao alagamento da casa e ateliê de Xadalu em Porto Alegre, foi preciso remarcar o evento, que aconteceria, a partir de 16 de maio, coincidindo com a Semana Nacional de Museus.

Como artista indígena, nascido no leste do pampa gaúcho, Xadalu descreve seu trabalho como questionador da História, buscando sua releitura decolonial, mas usando o suporte das imagens coloniais que estão disponíveis em livros e nas pinturas da coleção do Museu Nacional de Belas Artes.

– Para mim é um privilégio imenso e um sonho trabalhar dentro do MNBA, para fazer esse trabalho e contar a história do meu povo em uma narrativa que ainda não foi vista, e trazer o pensamento do povo da terra para dentro do museu, para espaços educativos e outros, diz o artista.

Xadalu propõe o questionamento do processo de catequização imposta pelo invasor com uma releitura em pintura, a “arte indígena contemporânea”, como ele descreve. Durante a residência no museu, a intenção do artista é fazer uma ligação entre o espírito do homem e os objetos coloniais, pelos quais havia apego sentimental e de fé. “É o barroco jesuíta guarani agora com roupagem de pintura indígena contemporânea”, define Xadalu. O artista avalia, porém, que sendo uma residência, é preciso deixar a linha de pensamento aberta, porque haverá modificações a todo momento.

Para a diretora Daniela Matera, a residência artística de Xadalu, com a possibilidade de visitação pública, “é um prelúdio para reabertura do Museu Nacional de Belas Artes, que terá uma exposição individual do artista”. Matera prevê para o futuro próximo uma atualização “da importância do Museu Nacional de Belas Artes no cenário cultural do Brasil, tornando-o uma instituição mais aberta, engajada socialmente, plural e porosa, ampliando seu alcance para a cultura dos séculos XX e XXI, para acolher as múltiplas histórias contadas e manifestadas através da Arte”.

Roda de conversa

No sábado, 25 de maio, de 11h às 13h, acontece uma roda de conversa entre Xadalu, o artista Carlos Vergara e a curadora Sandra Benites. A mediação é de Simone Bibian, técnica em Assuntos Educacionais do Museu Nacional de Belas Artes. Serão distribuídas 30 senhas meia hora antes do início do evento.

Sobre o arista

Xadalu Tupã Jekupé é um artista indígena. Nascido em Alegrete (RS), no pampa gaúcho, tem sua origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã, na antiga terra Ararenguá: os Guarani Mbyá, Charrua, Minuano, Jaros e Mbone.  O artista trabalha com serigrafia, pintura, fotografia e diversos objetos para abordar a tensão entre a cultura indígena e ocidental nas cidades, tendo sua pesquisa voltada aos processos coloniais de catequização dos povos nativos.  Xadalu tem obras nos acervos do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP) e Museu Nacional (RJ), entre outros. Como artista residente, já esteve na França, Espanha, Itália e no território Mapuche, no Chile, pela 35ª Bienal de São Paulo (2023), entre outros.

Artistas brasileiros em Viena

21/maio

 

O Desacordo: Um Teatro de Declarações, no Neuer Kunstverein, Viena, Áustria, com ação de Maurício Ianês.

Artistas participantes

Vivian Caccuri | Andressa Cantergiani | Maurício Ianês | Daniel Lannes | Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado | Ana Mazzei | Ventura Profana | Luís Roque | Tadáskia | Allan Weber com curadoria de Bernardo José de Souza.

A palavra do curador

A discordância: um teatro de declarações reúne onze artistas brasileiros contemporâneos cujas práticas artísticas provêm de uma ampla variedade de origens culturais e, portanto, apontam para um amplo espectro de preocupações estéticas e políticas. O conjunto de obras desta exposição aborda, portanto, não apenas a sociedade estratificada e sincrética do Brasil, mas também as contradições ideológicas inerentes às práticas artísticas contemporâneas a partir de uma perspectiva transcultural.

Esta exposição coletiva é composta por obras criadas em diversos suportes – escultura, instalação, colagem, vídeo, pintura e performance – e confronta narrativas que refletem sobre a impossibilidade de encontrar um léxico comum. Um léxico para discutir questões políticas inevitáveis, como a luta de classes, as alterações climáticas, as políticas de identidade, os sistemas de crenças heterogêneas, o legado da cultura simbólica e material e outras questões prementes do presente.

Porque vivemos num mundo onde as narrativas hegemónicas foram historicamente forjadas para manter o status quo da desigualdade – tanto étnica, cultural e socioeconómica – o país hoje conhecido como Brasil é apresentado aqui como um palco político no qual as forças capitalistas criaram zonas de extrema desigualdade social. Ex-colónia portuguesa, o Brasil transformou-se num império monárquico independente, cujas enormes ambições desencadearam mais tarde um impulso de modernização para construir uma economia global imbuída de noções positivistas de progresso tecnológico, apesar das infra-estruturas sociais precárias e do empobrecimento massivo da população.

Embora não seja uma exposição que examine a história ou a produção artística brasileira, O Desacordo parte das contradições inerentes a este país – e a qualquer outro país ex-colonizado – para explorar o cultural e exacerbar os conflitos políticos que moldam indiscriminadamente a contemporaneidade. manifestações políticas, artísticas ou não.

Bernardo José de Souza

O Rio e os 120 anos de um patrono

20/maio

Uma exposição abrangente que traz como destaque imagens da cidade do Rio de Janeiro é o cartaz atual de exposições na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ.

Rio: desejo de uma cidade

Rio: desejo de uma cidade (1904-2024) celebra os 120 anos de nascimento de nosso patrono Roberto Marinho e antecipa as comemorações dos 460 anos de fundação da cidade em 2025.

Raros homens amaram, produziram e promoveram com tal intensidade sua terra natal. Como jornalista e empresário seus veículos produziram um vocabulário visual que exprime o século XX carioca. Sua contribuição perenizada por meio das novas gerações nas empresas de comunicação e, numa escala íntima, no compartilhamento de sua coleção de arte e na transformação da sua residência em espaço público do carioca.

Esta exposição – curada por Marcia Mello, Victor Burton e eu – reúne fotografias, pinturas, desenhos, gravuras e esculturas que, nesses 120 anos, tiveram o Rio de Janeiro como tema ou principal inspiração. Dela emerge uma cidade dinâmica e vital que se nutre das suas qualidades e, não raro, de suas vicissitudes.

A resiliência criativa sempre foi, desde o início, uma característica nossa. Parecia inviável implantar um aglomerado humano num terreno insalubre, ainda que deslumbrante. Seguidos esforços de engenharia permitiram inventar um núcleo urbano ao incorporar, valorizar e, nada é perfeito, ferir a natureza bela. Como dizia Paulo Mendes da Rocha: “O Rio é uma teimosia tornada possível pela mecânica dos fluxos”…

Depois de se tomar pelo todo, enunciar o país enquanto falava-se do Rio de Janeiro, estamos fadados a olhar o que restou de único: a inesgotável capacidade carioca de produzir imagens e inventar memórias de si mesmo e de seu papel para o Brasil.

Uma cidade que se experimenta reforçando uma identidade própria, com suas qualidades e agruras, sem jamais querer parecer outra.

O urbano se une aqui entremeando topografias e comunidades contrastantes. A recusa de se deixar partida a faz escavar túneis para obter uma síntese que põe em contacto a orla arejada com o avesso das montanhas sem brisa.

Quando quase nada parece restar, nos refugiamos na produção das imagens e sons que ecoam o desejo da beleza que se nutre, também, das desigualdades produzidas pela tragédia perene da desigualdade preconceituosa.

Uma vez Roberto Marinho recebeu uma figura pública, da qual tinha significativas discordâncias, em seu escritório panorâmico no topo do prédio do Jardim Botânico. Não se sabe, ao certo, o que foi conversado. Ficou do encontro apenas o comentário, entre surpreso e tristonho, do jornalista: “Ele não olhou uma vez sequer a paisagem”… Mais carioca, impossível.

Lauro Cavalcanti – Diretor da Casa Roberto Marinho

Maio de 2024

Mostra inédita e inovadora de Pedro Salles

03/maio

O fotógrafo Pedro Salles tem a experimentação e a inovação como chaves do seu trabalho. Foi assim que ele explorou o conceito da água como elemento capaz de atribuir características humanas aos sujeitos minerais e vegetais da natureza, a partir de imagens captadas na Chapada Diamantina (Vale do Pati e Morro do Castelo) e Salvador. O resultado pode ser visto na exposição “Paisagens como Sujeitos na Fotografia”, que será aberta ao público no dia 30 de abril, às 17hs, permanecendo em cartaz até o dia 14 de maio na Galeria Cañizares, Canela, Salvador, na Escola de Belas Artes da UFBa, BA.

A mostra tem curadoria do conhecido fotógrafo e professor Edgard Oliva e decorre do Doutorado em Artes Visuais que Pedro Salles cursa na UFBa. No total, são 22 fotografias que convidam o espectador a refletir sobre o significado das paisagens, apresentando-as ora como sujeitos objetivos e necessários, ora como estruturas subjetivas e efêmeras. Para ampliar a contemplação, o fotógrafo se utiliza dos meios tecnológicos contemporâneos, a partir de uma estética própria e singular.

“O objeto de pesquisa e do exercício fotográfico de Pedro Salles nos faz rever, em certo sentido, como são ressignificadas as paisagens que brotam em ambientes nos quais se manifestam a partir de uma estética que nos faz percebê-las ora como sujeitos necessários e objetivos, ora como estruturas embaçadas e subjetivas. Seguindo essa ordem da natureza do olhar, Pedro nos evoca a observar o distante em uma paisagem macro, mesmo que tão próxima do nosso olhar pelos meios tecnológicos atuais”, analisa Edgard Oliva.

A impermanência da natureza e sua constante mutação são temas centrais explorados por Salles. Sua abordagem, fundamentada na noção de fotografia expandida, busca capturar não apenas a imagem, mas também o deslocamento e a transformação dos elementos naturais ao longo do tempo. A exposição reflete o cerne da pesquisa desenvolvida pelo fotógrafo como parte de seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes UFBA.

Sobre o artista

Pedro Salles é fotógrafo, mestre em Antropologia e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFBA, sob a orientação do professor Edgard Oliva. Sua pesquisa inovadora mergulha profundamente na relação entre a fotografia e o ambiente, desafiando as fronteiras tradicionais deste meio artístico. Suas experimentações técnicas e materiais oferecem uma visão única sobre a transitoriedade da natureza e a necessidade premente de sua preservação.