Uma vertigem visionária.

23/out

Destaque na exposição coletiva, “Sombra” (1969), de Artur Barrio, integra a curadoria do pesquisador e professor Diego Matos para o Memorial da Resistência, São Paulo, SP. “Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais” remonta o projeto homônimo, ativo entre 1979 e 1985, voltado a sistematizar e produzir cópias, clandestinamente, de mais de 1 milhão de páginas contidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM), revelando a extensão da repressão política do Brasil no período, como afirma a divulgação do Memorial. A exposição cruza os arquivos históricos do projeto às obras produzidas por ex-presos políticos, além de parte da coleção do Acervo da Pinacoteca de São Paulo.

Até 27 de julho de 2025.

No MAC Niterói.

22/out

O lançamento no MAC – Museu de Arte Contemporânea de Niterói, de “Fotografia Expandida: As Marisqueiras”, sobre as mulheres marisqueiras de Boa Viagem, será no dia 31 de outubro, quinta-feira, quando a ação inédita retrata pescadoras de mariscos em diversos formatos do audiovisual, como: exposição com 10 fotos em grande formato na fachada do MAC; catálogo fotográfico digital interativo para celular, com versão acessível (formato solicitado pelas retratadas); e, dois documentários. O evento, que contará com a presença das mulheres marisqueiras e roda de bate papo, acontece no dia que se celebra um ano da lei que considera a pesca artesanal do bairro da Boa Viagem como patrimônio cultural e de natureza imaterial.

A direção de arte do catálogo “Fotografia Expandida: As Marisqueiras”, foi conduzida pela artista visual amazonense Uýra Sodoma, seguida de um ensaio fotográfico registrado pelo fotógrafo Josemias Moreira, filho de marisqueiros, nascido no bairro de Boa Viagem, em Niterói. Idealizado e produzido pela artista e diretora, Júlia Botafogo, que utiliza metodologia de cinema auto referencial, comunitário e de impacto. “O objetivo é dar visibilidade para as marisqueiras como um registro oficial. Busco responder às suas demandas por reconhecimento e visibilidade no território em que vivem e trabalham”, reflete Júlia Botafogo que retrata os cotidianos e convivências das pescadoras, Ana Carolina Anastácia de Morais, Ana Paula de Jesus, Caren da Conceição Caetano, Carol da Conceição Caetano, Cintia de Araujo Teodoro, Cláudia das Neves, Cristina da Conceição, Rayane Jesus Vitória e Salete Feliciano da Silva.

Uma viagem no tempo e no espaço.

“Era uma vez: visões do céu e da terra” é uma exposição coletiva que se organiza como uma viagem no tempo e no espaço para refletir sobre o fim do mundo e a imaginação de outros mundos. A mostra que acontece na Grande Galeria do edifício Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP, articula perspectivas de 33 artistas de variadas gerações e origens no Brasil e no mundo, cujas produções permitem vislumbrar o confronto entre diferentes lógicas de habitar o planeta e, sobretudo, inventá-lo.

A exposição investiga o pensamento cosmológico das pessoas artistas, desde o período de 1969 – ano que marca os eventos históricos da chegada do homem à Lua e da divulgação do primeiro relatório da ONU sobre “Problemas do meio ambiente urbano” – até os dias de hoje, em que a relação predatória da humanidade com o planeta colocou as questões ambientais como tema central no debate ao redor do globo.

Do Céu para a Terra

A exposição se divide em três momentos. Ao entrar na Grande Galeria visitantes percorrem uma série de obras que olham para o espaço sideral, em uma tentativa de conhecer e imaginar para além da Terra. Podem ser vistas obras como Yauti in Heavens (Saturno, Lua aterrissagem e Lua Chegada) (1988-9), de Regina Vater, My three inches comet (1973), de Iole de Freitas, entre outras, até chegarem no trabalho de Steve McQueen, Era uma vez (2002), que dá título à exposição. Em 1977, a NASA envia uma série de fotos para o espaço, com o objetivo de mandar registros da vida no planeta para extraterrestres. McQueen apresenta 116 dessas imagens, explicitando uma narrativa nostálgica construída por cientistas norte-americanos, que reuniram uma finita seleção de imagens que simulam a vida na Terra, sem considerar questões como a miséria, guerras e conflitos religiosos. No espaço central da galeria, artistas olham do céu para um planeta em disputa, ao mesmo tempo em que pensam sobre formas de se conectarem com a Terra. Em Bovinocultura XXI (1969), de Humberto Espínola, o artista traz um chifre de gado agigantado para tratar das ambivalências do agronegócio, que destrói o meio-ambiente para gerar riqueza de maneira inconsequente. Ainda na mesma sala, a relação das pessoas artistas com o planeta é definida por meio de conexões ancestrais e espirituais. Jota Mombaça, no filme “O nascimento de Urana Remix” (2020), vive a experiência de se enterrar na terra, se tornando parte do todo.

A especulação imaginativa

Com a ascensão do Antropoceno (termo utilizado para designar o impacto global das atividades humanas no planeta) as pessoas artistas nos convidam a conceber novos mundos, a partir de movimentos de resistência e de imaginação radical. Nesta parte da exposição, artistas como Yhuri Cruz se ancoram na especulação imaginativa e nos levam a novos universos, como o de “Revenguê” (2023). A artista colombiana Astrid González apresenta uma sociedade livre em “Drexciya” (2023), obra que integra vídeos, imagens, esculturas e desenhos para criar uma comunidade subaquática descendente de mulheres grávidas que foram jogadas ao mar em travessias de navios que transportavam pessoas escravizadas entre 1525 e 1866.

Artistas participantes

Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Arthur Luiz Piza, Astrid González, Bu’ú Kennedy, Carla Santana, Carlos Zilio, Carolina Caycedo, Castiel Vitorino Brasileiro, Celeida Tostes, Cipriano, Edival Ramosa, Erika Verzutti, Feral Atlas, Humberto Espíndola, Iole de Freitas, Jaider Esbell, Janaina Wagner, Jota Mombaça, Juraci Dórea, Luciana Magno, Luiz Alphonsus, Mariana Rocha, Mayana Redin, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Mira Schendel, Patricia Domínguez, Regina Vater, Steve McQueen, Sueli Maxakali, Tabita Rezaire, Uýra Sodoma, Xadalu Tupã Jekupé e Yhuri Cruz.

Organizada por Ana Maria Maia, Lorraine Mendes e Pollyana Quintella, a exposição “Era uma vez: visões do céu e da terra” conta com catálogo que reúne uma coletânea de 19 textos selecionados, alguns escritos por integrantes da mostra, como Yhuri Cruz e Jota Mombaça. O catálogo abrange ensaio, poesia, manifesto, relato oral transcrito, entre outros, articulando um mosaico de vozes, práticas e epistemologias e pode ser encontrado nas lojas físicas da Pinacoteca ou online. A mostra tem o patrocínio de Itaú Unibanco e Rede, na cota Platinum.

Até abril de 2025.

Visita mediada na Z42 Arte.

No próximo dia 26 de outubro, às 17h, a artista Fernanda Leme, o curador Alexandre Sá e a crítica de arte Marisa Flórido farão uma visita mediada na exposição “Monstros”, que pode ser vista até o dia 31 de outubro, na Z42 Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, que traz um panorama dos onze anos de trajetória da artista, são apresentadas cerca de 80 pinturas, a maioria delas inéditas, que discutem a pintura e a fotografia na contemporaneidade. Partindo de sua própria vida, a artista debate, através de suas obras, questões que são comuns a todos, como a sociedade líquida em que vivemos, a fugacidade das imagens, o luto, as perdas e a saudade. “A exposição é uma crônica da nossa época, um trabalho de memória e de imagem”, conta a artista.

Filha da jornalista Lúcia Leme (1938-2021), a artista cresceu em uma família de mulheres fortes e empoderadas e seu trabalho reflete isso. O nome da exposição, “Monstros”, foi retirado da pintura homônima de 2013, que integra a exposição. Nela, uma pessoa aparece capturada por dois homens encapuzados e cercada por anjos e diabos. “O título da exposição, consideravelmente irônico, nos pergunta em que medida a monstruosidade angustiada de captura do presente nos sufoca e enjaula em uma fantasia de liberdade, nos questionando inclusive, sobre a monstruosidade do próprio legado da pintura na História da Arte”, ressalta o curador.

Itinerância em Fortaleza.

15/out

Pela terceira vez, a Fundação Bienal de São Paulo leva sua itinerância para Fortaleza, em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Até o dia 10 de novembro, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, recebe a seleção de catorze participantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.

Segundo a superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Helena Barbosa, receber uma itinerância da Bienal de São Paulo, mais uma vez, reforça a importância e a qualidade do Museu de Arte Contemporânea no circuito das artes visuais.

A itinerância

Entre os artistas que desembarcam na capital cearense estão Denilson Baniwa, um dos curadores da exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, atual representação brasileira na Bienal de Veneza; Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade como sujeito e objeto; e Nontsikelelo Mutiti, responsável pela concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) apresenta uma tradução visual dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. Já Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, é homenageado com obras que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral. A mostra também inclui o trabalho de Katherine Dunham, pioneira da dança moderna que integra tradições africanas e caribenhas, e o filme SHAKEDOWN (2018) de Leilah Weinraub, que documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles. Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, também marca presença com o filme Meditation on Violence (Meditação sobre a violência) (1948), que explora a dança e a temporalidade. Outros artistas como Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed e Nikau Hindin trazem para a mostra trabalhos que dialogam com a especificidade de suas culturas e tradições, oferecendo perspectivas críticas sobre colonialismo, diáspora e identidade.

Participantes

Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Nontsikelelo Mutiti, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.

As cores da fé.

08/out

A procissão do Círio de Nazaré é o tema de exposição com intervenções artísticas de Rose Maiorana sobre fotos de Tarso Sarraf, aberta à visitação em Belém do Pará. Fé, devoção e tudo que envolve a romaria do Círio de Nazaré: o encontro do olhar sensível do fotógrafo Tarso Sarraf com as matizes coloridas da artista plástica Rose Maiorana homenageiam um dos eventos mais icônicos de Belém do Pará. A exposição “Cores da Fé” poderá ser visitada até o dia 04 de novembro, no bairro Batista Campos, na Galeria de Arte do CCBEU.

Pessoas que transitam pela procissão do Círio de Nazaré, as fitas coloridas da época ciriana, entre outros registros eternizados no trabalho de ambos relata, através destas imagens, a força exercida pelo Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Cenas marcantes de momentos da quadra nazarena, como a Trasladação, a motorromaria e a chegada de romeiros oriundos de municípios diversos do Pará para acompanhar a programação da festividade, tudo poderá ser conhecido pelo público que for visitar a mostra dos dois artistas amazônicos. Além das obras, serão apresentadas imagens de Nossa Senhora de Nazaré customizadas pela artista Rose Maiorana.

Sobre os artistas

Rose Maiorana é artista plástica contemporânea. Suas obras são um convite à imersão em um universo de cores e formas que transbordam vida. Tarso Sarraf é repórter fotográfico colecionador de prêmios, com mais de trinta anos de cobertura do Círio. Passou pelos maiores jornais de Belém e agências de notícias internacionais.

Nit de l’Art 2024.

23/set

Por ocasião do La Nit de l’Art 2024, a Baró Galeria apresentou duas exposições destacando obras de grandes artistas latino-americanos: “Oublier le corps…”, a primeira exposição individual de Lygia Clark em Maiorca, Espanha; e a mostra coletiva Lucidus Disorder, ambas com curadoria de Rolando J. Carmona.

“Oublier le corps” marca a primeira exposição individual em Maiorca da renomada artista brasileira Lygia Clark (1920-1988). A exposição, com curadoria de Rolando J. Carmona, explora como o trabalho de Lygia Clark se envolveu ao longo de sua carreira com o conceito de dissolução do corpo. Desde os seus primeiros esboços desconstruídos, que prenunciam as formas geométricas dos seus “Bichos”, até aos seus objetos relacionais, a mostra investiga como a sua prática ativou métodos estéticos e psicológicos radicais, reimaginando os papéis tradicionais entre a obra de arte, o artista e o espectador, envolvendo até mesmo o inconsciente. e transcender a experiência sensorial física tipicamente associada à arte.

Lucidus Disorder

Diego Barboza, Artur Barrio, Sérgio Camargo, Yoan Capote, Eugenio Espinoza, Magdalena Fernández, Gego, Jac Leirner, Hélio Oiticica, Federico Ovalles, Mano Penalva, Wilfredo Prieto, Luis Salazar e Antonieta Sosa.

“Esses artistas anunciaram um novo modelo de desobediência de cunho tropical, alicerçado na lógica do caos. Longe de serem reacionários, esses gestos simbólicos e físicos operando por meio da desconstrução formaram uma dinâmica quase estereoscópica entre artistas venezuelanos e brasileiros, que deixaram para trás a arte concreta no Brasil e a arte cinética na Venezuela configuraram uma resposta política à razão cartesiana e eurocêntrica que definia a estética oficial, criando obras que transcendiam a grade em crise e sorriam para a vida cotidiana.”

Rolando J. Carmona.

A obra de Brígida Balta no MAR.

18/set

Poder capturar o impalpável, perseguir o intangível, subverter o óbvio, essas eram formas da artista carioca Brígida Baltar (1959-2022) ocupar espaços inesperados, reunindo em sua obra elementos do corpo, da natureza, das paisagens e da própria moradia. A exposição “Brígida Baltar: pontuações”, elaborada especialmente para o Museu de Arte do Rio, inaugura no dia 20 de setembro e reúne cerca de 200 obras, cerca de 50 inéditas, produzidas por quase três décadas de atuação, incluindo. Esta é a maior exposição institucional dedicada à artista e foi realizada em parceria com o Instituto Brígida Baltar e a Galeria Nara Roesler. A mostra conta com curadoria de Marcelo Campos, Amanda Bonan e equipe MAR além do curador convidado Jocelino Pessoa. Em exibição até o dia 05 de março de 2025.

Seis obras de Brígida Baltar que fazem parte do acervo do Museu de Arte do Rio estarão na mostra que apresenta fotografias, vídeos, instalações, esculturas e memórias textuais da artista. “É a primeira exposição póstuma a reunir esse conjunto tão significativo de obras. A exposição tem esse nome: pontuações, porque ela parte dos escritos da Brígida. Ela tinha uma consciência muito grande de que era preciso organizar as obras, ela gostava muito de conversar sobre isso, então, num dos momentos ela passou a anotar tudo, ela foi dizendo como ela queria as escalas de impressão, quais obras deveriam ser refeitas e quais não. Muitas frases e reflexões da artista sobre as obras acompanham toda a exposição. Brígida foi uma artista de muito destaque no Brasil, uma artista como personagem de suas próprias fabulações, ela foi muito importante para a fotoperformance, videoperformance, ela influenciou muita gente em muitos lugares do país”, afirma o curador Marcelo Campos.

Dividida em duas salas, a exposição apresenta as séries produzidas por Brígida: no primeiro espaço são exibidas as suas relações com a casa e a família, já na segunda sala são apresentadas as fabulações da artista. Toda a exposição foi concebida, produzida e montada com profissionais que tiveram vínculos com Brígida. “Esta é uma das mais importantes exposições de Brígida Baltar: além do inédito número de obras reunidas, celebra o seu legado para a arte e convida o público a adentrar na sua vasta reflexão poética. Ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira, ela elaborou imagens afetivas que aproximam a arte contemporânea do público. O pensamento da mostra possui uma forte influência da artista, que ao longo dos últimos anos dedicou-se a organizar a sua memória em cadernos e documentos e realizou encontros para iniciar o seu Instituto. Pontuações expressa toda precisão registrada por Brígida ao passo que oferece ao público as suas memórias familiares e de infância e os personagens das fábulas de suas obras e filmes”, destaca Jocelino Pessoa, curador da mostra.

Brígida Baltar foi uma artista que fundou universos de encantamento e fantasia, habitados por seres imaginários e objetos triviais do dia a dia que ganharam outros sentidos, flertando com o surreal. Uma mulher que desde os anos 1990 protagonizou parte da produção contemporânea em exibições nacionais e internacionais.  O público que percorrer a exposição vai literalmente entrar no universo de Brígida Baltar. “É uma exposição como se a gente tivesse caído num livro de fábulas, e ao mesmo tempo vemos uma capacidade imensa, uma competência imensa da artista, em tornar um elemento, uma ideia em uma obra, o que é muito raro. No caso de Brígida, ela escolhia os materiais, que ganhavam uma vida, uma história, uma narrativa, e que se vinculavam a questões muito próximas a ela ou as pesquisas que ela desenvolvia. Brígida entendia os mecanismos para chegar na beleza.. É uma exposição muito rara em torno da produção de uma artista, é a primeira vez que a gente teve mais acesso em um acervo, com peças inéditas, inclusive com um novo filme que será exibido”, revela o curador Marcelo Campos.

Na ocasião da abertura da exposição haverá gratuitamente, às 17 horas, a apresentação Orquestra Sinfônica Brasileira + Agência do Bem (Projetos patrocinados por Machado Meyer Advogados).

Profundidade cultural e religiosa.

11/set

O artista visual Tiago Aguiar explora a devoção e celebração da Festa do Rosário em sua primeira mostra individual na Uncool Gallery. A exposição “Rusá: BraSilian Devotion and Celebration” destaca a complexidade da identidade brasileira através da fotografia relacional e da foto-instalação, sob o olhar do artista e congadeiro mineiro.

A Uncool Gallery, Brooklym, NY, exibe “Rusá: BraSilian Devotion and Celebration”, do artista visual, fotógrafo e congadeiro brasileiro Tiago Aguiar que estará em exibição até 05 de outubro. Esta mostra individual do artista na galeria, onde assume não apenas o papel de criador, mas também de curador, transformando a galeria em um espaço que reflete a profundidade cultural e religiosa da Festa do Rosário, celebrada anualmente em Serro, Minas Gerais.

“Rusá: BraSilian Devotion and Celebration” investiga a complexa tapeçaria cultural da festa, que é reconhecida pelo IPHAN como patrimônio histórico e artístico do Brasil. Através de um enfoque etnográfico reverso, Tiago Aguiar utiliza a fotografia relacional para valorizar as identidades individuais dentro do coletivo, destacando aqueles que, fora do contexto da festa, são frequentemente marginalizados. Sua abordagem transforma o festival em um espaço de criação, onde a construção das imagens não só documenta, mas também honra a tradição e reconhece o sagrado manifestado durante a celebração.

A exposição “Rusá: BraSilian Devotion and Celebration” reúne um conjunto de obras criadas desde 2016, divididas em três temas centrais: Dançantes, Caravana e Quermesse. Em Dançantes, apresenta retratos íntimos dos congadeiros capturados em um estúdio improvisado, revelando detalhes pessoais e peculiaridades que passam despercebidos em contextos coletivos. Já em Quermesse, o artista revisita a tradição dos fotógrafos de festas populares, retratando os frequentadores em um estúdio temporário montado no largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Caravana, por sua vez, examina o papel dos barraqueiros itinerantes, cujas barracas temporárias são parte essencial do cenário festivo, mas cujas histórias muitas vezes permanecem invisíveis. A mostra também inclui elementos instalativos, como grandes impressões em lona e monóculos com slides que remetem às práticas fotográficas tradicionais, criando uma conexão mais orgânica com o contexto da celebração. Ao construir laços comunitários e permitir maior autonomia dos retratados na produção das imagens, Tiago Aguiar questiona as convenções tradicionais da criação fotográfica, criando um espaço de respeito e comunidade.

O trabalho de Tiago Aguiar pode ser compreendido dentro da reversão da tradição da fotografia etnográfica, mas também dialoga com movimentos contemporâneos de arte relacional e crítica cultural. Sua prática se insere em um cenário mais amplo de artistas brasileiros que exploram a interseção entre cultura popular e arte contemporânea, trazendo à tona questões sobre identidade, memória e a evolução das tradições no Brasil. Em Nova York, a exposição oferece ao público uma rara oportunidade de experimentar uma perspectiva interna e intimista da cultura brasileira, em um contexto que frequentemente privilegia visões externas e generalizadas do Brasil.

Sobre o artista

Tiago Aguiar (1989, Serro, Brasil) Vive e trabalha entre Belo Horizonte, BR, e Cape Cod, EUA. Bacharel em Artes Plásticas pela Escola Guignard (MG) e com especialização em fotografia pelo Hallmark Institute of Photography (EUA), começou sua carreira na fotografia comercial, mas rapidamente direcionou seu foco para a pesquisa artística e cultural. Sua investigação sobre a Festa do Rosário começou em 2010. Entre suas realizações estão a exposição individual “Rusá” (Belo Horizonte, 2017) e a participação na residência IA Ouro Preto (2022), além de ser finalista do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2017).

A galeria

Uncool Gallery é um espaço gerido por meios próprios com  um conselho de  membros, seguindo um modelo  único de autogestão. Esse conselho decide  ativamente sobre os projetos, posicionamento, parcerias da galeria. A Uncool Gallery é estruturada como  uma  LLC, garantindo verdadeira independência em sua  governança. O compromisso impar da  galeria  em fomentar conexões significativas e  impulsionar projetos colaborativos está no centro de sua filosofia. Com o posicionamento estratégico em frente ao Brooklyn Navy Yard, a galeria  serve como um centro dinâmico para a expressão e exposição artística.

Performance ritualística.

09/set

Será realizado no dia 31 de agosto o lançamento do filme “rawo Bori: oferenda para a cabeça cósmica”, concebido a partir da apresentação da performance ritualística Bori no Octógono da Pina Luz, dirigido por Ayrson Heráclito em parceria com Lula Buarque de Hollanda. A sala de vídeo vai estar disponível até dia 02 de fevereiro de 2025 na Pina Luz em São Paulo.

O artista baiano Ayrson Heráclito, em “Bori” (2008/2022), adapta o ritual tradicional que saúda e fortalece a cabeça, evocando os Orixás, preservando elementos próprios dos terreiros enquanto aproxima o público não iniciado dessas práticas religiosas. Sua poética, ancorada na interpretação de ritos de religiões de matriz africana, busca criar perspectivas de cura para histórias de violência e narrativas da espiritualidade. A obra integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo desde 2020 e foi apresentada no Octógono da Pina Luz em agosto de 2022, como parte da exposição “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”.

Sobre o artista

Ayrson Heráclito (Macaúbas, 1968). É artista, professor e curador. Possui doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, e mestrado em Artes Visuais pela UFBA. Com um olhar particular, a obra de Ayrson Heráclito evidencia as raízes afro-brasileiras e seus elementos sagrados, projetando ações e práticas que compõem a história e a cultura da população negra. Seus trabalhos transitam entre instalações, performances, fotografias e produções audiovisuais que lidam com as conexões entre o continente africano e as diásporas negras nas Américas. O corpo é um elemento central de sua pesquisa, empregando referências rituais, principalmente do candomblé, como dendê, carne, açúcar e sangue, buscando relacioná-los ao patrimônio histórico e arquitetônico ligado ao comércio escravista. Entre 2008 e 2011, produziu a série intitulada Bori, que significa oferenda à cabeça. A performance apresenta uma espécie de rito no qual Ayrson Heráclito oferece a comida sacrificial ligada a cada um dos 12 principais orixás. São utilizados alimentos como milho, pipoca, quiabo, arroz e fava, colocados em torno da cabeça de cada performer, que estão deitados em esteiras de palha e vestidos com roupas brancas. Outro importante marco na carreira do artista foi Transmutação da Carne, iniciado em 1994. A obra surgiu a partir de um documento que descreve as torturas cometidas pelos senhores de engenho contra os escravizados. Em 2015, Ayrson Heráclito reapresentou Transmutação da Carne durante a exposição Terra Comunal, da artista sérvia Marina Abramovic (1946), no Sesc Pompéia, em São Paulo. Uma de suas principais pesquisas é Sacudimentos, sobre o tráfico negreiro entre a Bahia e o Senegal, realizada em 2015 e apresentada na 57ª Bienal de Veneza (2017). Composta por vídeos e fotografias, a obra é construída a partir de rituais de limpeza da Casa dos Escravos na Ilha de Goré e de um grande engenho de açúcar no Brasil, exorcizando os fantasmas da colonização. O artista participou da 57ª Bienal de Veneza (2017), Itália; Bienal de fotografia de Bamako, Mali (2015) e da Trienal de Luanda em Angola (2010). Em 2022, teve uma grande exposição individual, “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”, que contemplou décadas de produção na Estação Pinacoteca, em São Paulo. Foi um dos curadores-chefes da 3ª Bienal da Bahia, curador convidado do núcleo “Rotas e Transes: Áfricas, Jamaica e Bahia” no projeto Histórias Afro-Atlânticas no MASP, que esteve em cartaz no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2018. Recebeu o prêmio de Residência Artística em Dakar do Sesc_Videobrasil e a Raw Material Company, Senegal. Possui obras em acervos do Musem der Weltkulturen, Frankfurt; MAR – Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; MON, Curitiba; Videobrasil e Coleção Itaú.