Mauricio Nahas no Museu Afro Brasil

10/nov

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, acesso pelo porão 3, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “D​o Pó da Terra”,​ com 50 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo Mauricio Nahas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A mostra, que tem curadoria de Diógenes Moura, faz parte de um projeto que envolve o lançamento de um livro de fotografias e de um longa documentário, todos produzidos com um mesmo objetivo: revelar quem são e como vivem os artistas da região, em sua maioria mulheres.

 

O projeto “D​o Pó́ da Terra”,​ idealizado pelo produtor e agente fotográfico Fernando Machado, tem como objetivo lançar um novo olhar – mais verdadeiro e sensível – sobre a produção artística em cerâmica e argila dos moradores da região conhecida por sua realidade miserável. Desemprego, seca, altas taxas de mortalidade, alcoolismo, violência e o solo condenado pela monocultura do eucalipto fizeram com que o Vale do Jequitinhonha recebesse o apelido de Vale da Miséria.

 

No ano que o Museu Afro Brasil comemora 11 anos de história, seu Diretor Curador, Emanoel Araujo comenta: “Por certo a sensibilidade de Mauricio Nahas foi tocada pelas paisagens do magnífico rio Jequitinhonha e por sua gente – rostos, mãos de barro batido, sofrimento, muito sol e nuvens cortando a dureza desse mesmo sol que anuncia um céu estrelado para amenizar a noite desse lugar sagrado e profético, o palco da criação desses magníficos artistas” e complementa: “São homens e mulheres, doces criaturas do sertão, livres nas suas imaginações como o pó da terra. Vive toda essa gente a criar outras gentes, outras formas, outras cenas que muitas vezes se tornam realidade, que transcendem a realidade da própria vida, uma espécie de sonho que se realiza das mãos cheias de barro fazendo nascer as fantasias idealizadas.”

 

Em 2013, Fernando Machado e Mauricio Nahas decidiram percorrer o Vale para documentar em um filme a vida em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. “O Vale é como uma joia rara, valiosa, que precisava ser vista, preservada e entendida como tal”, conta Fernando Machado. Foram 3.300 quilômetros rodados em sete cidades: Santana do Araçuaí́, Caraí, Minas Novas, Itinga, Coqueiro do Campo, Itaobim e Ladainha. Lá encontraram mulheres fortes, chefes de família, que convivem com alcoolismo, pobreza, falta de perspectiva e abandono dos companheiros que muitas vezes migram por conta do desemprego. Mulheres que através do trabalho artesanal encontraram a chance de sustento para a família. É o caso de dona Zezinha (Maria José Gomes da Silva), uma das artesãs mais prestigiadas da região, que já́ teve seus trabalhos expostos na sede da ONU, em Nova York, em 2013. Outra personagem marcante – e uma das pioneiras entre as artistas do Vale – é dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha), criadora das famosas noivas de cerâmica que hoje caracterizam a arte local. Ela começou o trabalho com a argila quando criança, incentivada pelo desejo de ter uma boneca e por ver sua mãe e sua avó fazerem panelas e potes.

 

“Os artesãos do Vale do Jequitinhonha (também naïfs) se apropriam de um instante para em seguida imortalizá-lo em suas obras: o barro, a química da água, a percepção de tudo o que está entre as mãos, a vida/corpo como um filtro. Uma espécie de espelho íntimo onde estão representados os desejos e as esperanças de ir do ontem e do hoje ao muito além. Trata-se de um ato de perpetuação. Da construção de um mundo que surge do interior profundo” explica o curador, Diógenes Moura.

 

As imagens do documentário, que será́ lançado no primeiro semestre de 2016 e que tem produção da Notorious Films e direção de Mauricio Nahas, f​oram captadas em 2013. Já as fotografias que estão no livro e na exposição foram produzidas no começo de 2015 em uma segunda viagem ao Vale, com o objetivo de fotografar as paisagens e personagens mais marcantes. O livro “D​o Pó da Terra” (Edições Notorious Films/208 páginas) tem imagens de Mauricio Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanoel Araújo e Fernando Machado, e será́ lançado no mesmo dia da abertura da mostra.

 

 

De 12 de novembro a 03 de janeiro de 2016.

 

No studio 512

O Studio 512, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Por acaso…”, exposição individual de fotos dos anos 70 assinadas por Chico Mascarenhas. Inicia sua carreira de fotógrafo em 1970 como free lancer da revista Manchete em Portugal e, a partir de 1971, integra a equipe da sucursal da revista em Paris, até 1975. Neste ano cobre a Revolução dos Cravos para a agência Sipa Press. De volta ao Rio em 1976, trabalha novamente como fotógrafo free lancer para diversas publicações, dedicando-se também à fotografia de Arquitetura. Em 1981, deixa a fotografia profissional e funda o restaurante Guimas. A curadoria é de Milton Guran.

 

 

Dias 12, 13 e 14 de novembro.

Reconhecimento de Padrões

A  BOSSA Gallery, Design District, Miami, Florida, USA, abre “Pattern Recognition”, exposição individual do artista multimídia Fernando Velázquez. O artoista apresenta nove trabalhos autorais com uma instalação, dois vídeos, um objeto de luz e cinco imagens fotográficas com interferências digitais. Velásquez demonstra que as novas tecnologias, antes restritas aos laboratórios de informática, uma vez que conquistam o espaço exterior, necessitam de estruturas novas de pensamento e ação.

 

“Pattern Recognition”, obra principal da mostra que domina o espaço expositivo da galeria, é um instalação interativa de Fernando Velázquez, em 12 canais de vídeo, que possibilita escapar das limitações da memória. Em doze cenas que preenchem o campo de visão, temos uma experiência de imersão, de sequestro dos sentidos. Ao movimentar-se pelo espaço o publico modifica o vídeo que é transmitido nas telas através do sensor Kinect.

 

As imagens base, em sincronismo oscilante, são captadas por um drone, que estende o olhar por ângulos sedutores em uma floresta. Captadas a partir da parte mais elevada, simulando uma câmera de segurança vigiando a floresta, as imagens são modificadas pela presença do público que, ao passar em frente aos monitores, fazem aparecer um vídeo em fast motion com imagens de natureza em tempo acelerado. Ou seja: temos o contraponto do tempo cronológico da natureza, ou natural, versus o tempo acelerado da ação humana atuando junto ao meio ambiente. Versão semelhante da obra foi apresentada pelo artista em exposição no Rio de Janeiro em 2015.

 

Para Lucas Bambozzi, “ o que vemos é um sistema de visão. Temos um enigma, que não precisa ser decifrado, mas percebido, observado”. O trabalho de Fernando Velázquez, para estar completo, além de solicitar, necessita da participação do espectador. A coordenação é de Liliana Beltran.

 

 

De 09 de novembro a 14 de dezembro.

Encontro com o artista – 19 de Novembro, às 18hs.

Coletiva sobre o Tempo

04/nov

Situada na Vila Mariana, São Paulo, SP, a  Fauna Galeria, em parceria com a Kamara Kó, exibe “Para Ver Se o Tempo Volta”, exibição coletiva dos artistas Alberto Bitar, Ionaldo Rodrigues,Keyla Sobral e Octavio Cardoso, com curadoria de Mariano Klautau Filho. Não obstante a conterraneidade dos artistas – todos de Belém do Pará -, o elemento que reúne os 20 trabalhos desta mostra é a convergência de suas poéticas em torno do tempo, não no sentido de cultivar nostalgias, mas de exercer certo domínio sobre ele.

 

Ao misturar suportes, estabelecendo diálogos entre a fotografia com outros materiais, a proposta de Mariano Klautau Filho é exaltar a experiência com o tempo na construção da imagem fotográfica como exercício de ficção. Em todos os trabalhos expostos, pode ser observado o domínio sobre o tempo e suas “velocidades”, sendo este o fio condutor para abordar a temática e outras questões levantadas em “Para Ver Se o Tempo Passa”. Mariano Klautau Filho, curador, ainda destaca a constatação da irreversibilidade do tempo e seu efeito devastador em experiências pessoais, “Algo com o qual não se pode combater, mas se pode jogar, iludir, negacear”, comenta.

 

Neste sentido, Octavio Cardoso apresenta 3 imagens de sua produção mais recente, nas quais desfia a trama entre tempo e espaço, dissimulando a quietude de uma natureza obscura. O tempo parece imobilizado, seja no conforto uterino de uma cama ou no rigor frontal da árvore à contraluz.Ionaldo Rodrigues, por sua vez, trabalha com diversas câmeras de pequeno formato, celulares e imagens precárias. Nas 3 fotografias que exibe, perfaz um recorte sofisticado de sua produção em cor, somado ao conjunto de imagens realizadas em Cianótipo e Papel Salgado.

Alberto Bitar cria uma velocidade do tempo alterada, num misto de aceleração e recuo construídos a partir da experiência espaço-tempo. Em 5 fotografias e 1 vídeo, o artista desvenda sua obra essencialmente urbana, se valendo de recortes da memória pessoal, de casas onde habitou e de resquícios de experiência familiar. Funcionando como uma espécie de arremate da exposição, Keyla Sobral apresenta seus desenhos, palavras, objetos e imagens escondidas, em um universo bastante pessoal, sutil e aparentemente frágil. Tal delicadeza, entretanto, oculta um leve amargor em alguns momentos, e em outros uma ironia pontual diante das perdas.

 

Extraído de um neon de Keyla Sobral – “Ando de costas para ver se o tempo volta” -, o título da mostra reitera um pouco da dimensão e da intenção desta pequena reunião de trabalhos, como define Mariano Klautau Filho: “superar o imponderável; recuar, se for necessário, e saber matar o tempo”.

 

 

 

De 05 de novembro a 19 de dezembro.

Sete artistas na Anita Schwartz

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Silêncio impuro”, com 16 obras dos artistas Artur Lescher, Cadu, Carla Guagliardi, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Tatiana Blass e Waltercio Caldas. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentadas esculturas, instalações, fotografias e vídeos, onde “o som é um índice, pois as obras operam com o seu lado negativo no qual ele (som) é silenciado. O que existe, ou melhor, aquilo que se expande pelo espaço é a imagem do som, isto é, as mais distintas suposições que podemos ter sobre qual som poderia ser ouvido se finalmente aquilo que o impede (uma amarra, uma solda, ou ainda o livre entendimento de que a obra possa ser compreendida também como uma partitura) fosse revelado ou reinterpretado”, explica o curador.

 

Da artista Carla Guagliardi estarão as esculturas “O lugar do ar” (2015), e “Partitura” (2012), em que “tudo parece ruir ou estar prestes a desabar, mas por outro lado as obras evidenciam uma dinâmica que é própria da natureza do som: querem o ar”, diz o curador, que vê uma ligação direta desses trabalhos com as fotografias da série “Partitura” (2010), de Artur Lescher: “Estão lá o ruído, o som, a música, mas acima de tudo o silêncio como vibração”. Ele vê esta mesma ligação com o trabalho “Hemisférios” (2015), de Cadu, onde “a condição de partitura também se faz presente”. Esta situação é semelhante à obra da série “Pagão” (2010), de Nuno Ramos, em que objetos musicais estão fixados no meio de uma pedra-sabão. Também estará na exposição o relevo sobre papel “Für Elise” (2006), de Cadu. Da artista Tatiana Blass estará o vídeo “Metade da fala no chão – Piano surdo” (2010), no qual o piano é coberto por uma mistura de cera e vaselina que vai impedindo, progressivamente, que ele produza sons. Já a instalação “Lá dentro” (2010), de Waltercio Caldas, feita com aço inox, granito, vinil e fios de lã. “Como os intervalos de uma partitura, ele constrói silêncios, dita ritmos, auxilia na compreensão da vibração”. Do artista Otavio Schipper estarão quatro trabalhos em bronze da série “Empty Voices” (2011). “A obra de Schipper, em especial, assim como a de Guagliardi, pertencem ao ar, porque é nesse lugar que se constrói uma superfície vibrátil, virtual e potente. As obras da exposição revelam uma potência sem igual: um inesperado sussurro que não para de vibrar em suas estruturas”, diz o curador.

 

 

Até 06 de fevereiro de 2016.

A História da Imagem

Os artistas Ana Elisa Egreja, Bruno Dunley, Mirian Alfonso, Pedro Caetano, Ricardo Alcaide, Tiago Tebet e Tony Camargo integram o grupo de expositores da mostra “A História da Imagem”, uma produção da SIM Galeria, Curitiba, Paraná. A curadoria traz a assinatura da artista plástica Leda Catunda.

 

 

A palavra da curadora

A História da Imagem

 

A exposição foi pensada para evidenciar a completa guinada que artistas de todas as partes puderam dar, e agora desfrutar, sobre a natureza da criação em pintura. Dizer que, no retorno da pintura nos anos 80, depois de sua suposta morte nos anos 70, todas as vertentes modernas foram pulverizadas em suas certezas e seus “ismos” já não é suficiente para compreender a complexidade das modificações, bem como a ampliação da possibilidade de alcance de novos sentidos, que vem sendo possível verificar nesse campo hoje.

 

Criar é extrair do nada, algo que não existia antes. Interessa a criação em si. Seja ela resultado de um poder inerente da espécie, ou ainda, resultado de um poder especial, autoatribuído pelo sujeito denominado artista. Em cada caso, poderá envolver tanto sonho como pesadelo, desejo, devaneio, lembrança, sublimação, redenção, purificação, resgate ou mesmo salvação, dependendo do histórico psíquico ou emocional gerador da necessidade de criar. De toda forma, não importa o motivo, sempre caberá ao artista a tarefa de realizar síntese, concentrar conteúdo e transformar, alterando, assim, as noções comuns para além dos valores padronizados.

 

Uma vez soltas das paredes do ateliê, inicia-se a etapa final, que é a da comunicação. As pinturas saem para o mundo, onde serão relacionadas, possivelmente contextualizadas, encontrando maior ou menor grau de aderência. Passando, desse modo, a pertencer ao imaginário das pessoas e a fazer parte do singular universo das coisas inventadas.  Leda Catunda, São Paulo, 2015.

 

 

De 10 de novembro a 23 de dezembro.

A Amazônia de João Farkas

15/out

Entre 1984 e 1993, João Farkas fez várias viagens à Amazônia brasileira para registrar o processo de ocupação da região impulsionada pelo garimpo. João Farkas não só fotografou o cotidiano dos garimpeiros, mas, também, dos ribeirinhos e da própria floresta – sua beleza, o trabalho dos seringueiros e o processo de desmatamento. As incursões do fotógrafo pela região da Amazônia renderam 12 mil fotos, destas, a Galeria Marcelo Guarnieri, selecionou 34 imagens para a exposição “Amazônia”, que estreia no próximo dia 24 de outubro, na unidade Jardins, em São Paulo, SP, inspirada no livro   “Amazônia Ocupada” (Edições Sesc e Editora Madalena), com 120 imagens, que chegará às livrarias em novembro deste ano.

 

O recorte apresentado propõe a releitura de uma visão singular de “Amazônia Ocupada”, de João Farkas. Durante este ano, o projeto do fotógrafo se desdobrou em alguns caminhos:  a individual na galeria, mostrando Sesc Bom Retiro, o livro, a caixa portfólio e uma exposição no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto. “O que diferencia esta mostra na Galeria  Marcelo Guarnieri – além do lançamento do livro e da caixa portfólio – é que o eixo curatorial recai para a seleção que prima pela liberdade de escolha e o tratamento diferenciado das imagens – sendo muitas delas inéditas ao público, que complementam a visão geo-etnográfica da exposição apresentada anteriormente no Sesc”, afirma João Farkas.

 

Destacam-se as imagens que mostram o cotidiano e a beleza da expressão dos corpos e rostos que compõem este cenário, como nas fotografias “Jovem Kaiapó”, “Índio Uru-Eu-Wau-Wau”, dos garimpeiros, lavradores e das trabalhadoras de bordéis flutuantes. Por outro lado, a espacialidade, a luz, a textura e as linhas geográficas em vistas áreas, imagens de troncos, minas, leitos de rios e garimpos.

 

A caixa portfólio (feita exclusivamente para a mostra) possui apenas 7 (sete) exemplares com 18 fotografias (40 x 27 cm – cada) acondicionadas em caixa de madeira executada pelo Instituto ACAIA.

 

 

Amazônia e Fotografia

 

Ainda criança, João Paulo Farkas esteve na Amazônia com a família. “Aquilo tudo me impressionou muito, desde as feiras e os mercados, com suas frutas, peixes, farinhas, tucupis, até o rosto das pessoas com mistura de sangue indígena. As ruas de Belém com suas mangueiras centenárias e, particularmente, uma visão aérea num voo entre Manaus e Belém, em que víamos de cima aquele rio imenso com seus meandros e igarapés penetrando o tapete verde da mata Amazônica, como se fosse um atlas escolar ao vivo. Aquela imagem nunca me abandonou”, declara.

 

Depois disso, ele foi impactado pelas fotos de grandes revistas, como Manchete, National Geographic e, também, pelos livros de George Love e Claudia Andujar, impressos pela Gráfica Praxis no final da década de 70, que lhe mostraram uma maneira diferente de fotografar a região. “Também tem um gosto muito especial para mim o fato de que a Amazônia estava no radar do fotográfico e cinematográfico Thomaz Farkas, meu pai, a quem eu devo boa parte de minha formação humanística e o amor pelo Brasil e pelo povo. Ele adoraria estar aqui pra ver isto na parede”, completa.

 

Para Farkas, a fotografia sempre terá uma relação direta com a realidade e a leitura que um fotógrafo faz daquilo que o cerca, seu espaço e tempo, e pode impactar o seu público. “Desde que não se abuse desta mídia, a fotografia pode ter um papel de despertar, de mostrar, fazer conhecer. Mas uma coisa mudou desde o final do século 20. Hoje, a fotografia tem que trabalhar muito mais pela sensibilidade do que pela mera exibição de algo. Já não basta mostrar. Com os públicos muito mais expostos a imagens de todos os tipos, o ‘como’ se fotografa passou a ser tão importante quanto o ‘que’ se fotografa”.

 

 

Sobre o artista

 

João Paulo Farkas sempre esteve em contato com a fotografia. Após se graduar em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mudou-se para Nova York, onde estudou no International Center of Photography e na School of Visual Arts. Foi fotógrafo correspondente das revistas Veja e IstoÉ e também trabalhou como editor de Fotografia. Ganhou o prêmio ABERTE e Bolsa Vitae de Artes/Fotografia. Seus trabalhos fazem parte de importantes acervos e museus brasileiros e integram o acervo do ICP (International Center of Photography). Em 2015, 16 imagens do fotógrafo passam a integrar o acervo da Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

 

 

De 24 outubro a 28 de novembro.

Uma viagem ao Japão

Situada no bairro Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, a Galeria Vilanova expõe “Somos Memória”, primeira individual da designer de interiores e fotógrafa carioca Ana Teresa Bello, com curadoria de Thomas Baccaro. Dividida em quatro séries – “Respiro e Silêncio”,” Pequenos Desvios do Olhar”, “Arquitetura da Luz” e “A Solidão de Cada Um” -, a mostra é composta por 15 imagens capturadas ao longo de uma viagem feita pela artista ao Japão, com paisagens urbanas intimistas, e cenas atemporais de um cotidiano muito distante.

 

 

“A memória é um recorte do mundo.”

 

Com esta definição, Ana Teresa Bello partiu para uma viagem solitária ao Japão, com o objetivo de fotografar seu projeto autoral “Somos Memória”, resultado de uma pesquisa da artista acerca da compreensão do tempo, do silêncio e do outro. Com este trabalho, Ana Teresa Bello também coloca em discussão o fato da maior parte da nossa memória estar, ao que tudo indica, gravada em nossos celulares e em redes sociais. “Muito me interessa o quanto o impulso de compartilhar na virtualidade, para legitimar uma experiência, arranca as pessoas de um senso de presença no real”, comenta. Reflexo de sua carreira paralela na área de Arquitetura, as imagens da artista ainda revelam uma preocupação com a harmonia das linhas e ângulos, e com a preservação da cena original, no enquadramento como foi clicada, sem pós-edição. Neste sentido, as imagens da artista revelam detalhes de uma experiência ímpar, seja dentro de um quarto incógnito, despido de qualquer traço nipônico, ou em cenas urbanas compostas de grafismo e desfoque, ou em retratos espontâneos, como a geisha “pós-moderna”, que anda pela rua isolada em seu smartphone, alheia a tudo.

 

Nesta primeira exibição individual, Ana Teresa Bello leva ao espectador uma Tóquio desacelerada, onde luz e sombra penetram silhuetas incomuns, nas fendas de uma arquitetura fria e brutal. Desta forma, “Somos Memória” oferece uma linha tênue entre a delicadeza da tradição e o espasmo da modernidade no Japão, em um processo de desbravamento do longínquo, do exótico e do misterioso. No fundo, a intenção da fotógrafa é dizer: “você é o lugar que habita, e você habita a sua própria memória, construída nesse lugar”. A coordenação é de Bianca Boekel.

 

 

De 20 de outubro a 14 de novembro.

Sarau na Lume

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, convida para a edição de Outubro do Sarau na Lume, organizado por Mariana Portela, com o fotógrafo e artista plástico Gal Oppido. O formato do evento mantém-se democrático e privilegia os trabalhos autorais de todos os tipos, como apresentações e performances. “O espaço permite que exista o diálogo entre as mais diversas formas de arte.”, comenta a organizadora.

 

Nesse encontro, Gal fala de sua longa trajetória no circuito cultural, abordando tópicos relacionados a arte, fotografia e sexualidade, mas não em formato de discurso, e sim compartilhando vivências de alguém que conquistou respeito e admiração tanto de seus pares como de alunos e do público.

 

Após a palestra, os participantes terão o palco-jardim da galeria para compartilhar suas experiências, artes e criações. Haverá também a presença do Natural de Rua, uma biketruck que oferece apenas comidas artesanais e sustentáveis. Coordenação: Paulo Kassab Jr., Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

Sobre o artista

 

Fotógrafo, arquiteto, músico e desenhista. Vive e trabalha em São Paulo, onde ministra curso de fotografia no MAM/SP. Forma-se em arquitetura na FAU/USP em 1975. Inicia, no ano seguinte, seu trabalho com fotografia, relacionando-a com o desenho. Passa a desenvolver trabalho independente como fotógrafo a partir de 1990. Suas especialidades são expressões corporais, arquitetura e artes cênicas. Na fotografia de arquitetura, desenvolve o trabalho de leitura de espaço a partir de um plano. Lança dois livros sobre a arquitetura da cidade de São Paulo: “Dos Degraus à História da Cidade”, em 1998, e “São Paulo 2000”, em 1999.

 

 

Sobre a organizadora

 

Mariana Portela é psicóloga e escritora. Nascida em São Paulo, capital, cresceu rodeada de livros e páginas amarelecidas. Sempre soube que a literatura dominava suas mãos e seus olhares pelo mundo. Organiza o Sarau da Lume, como espectadora de novos autores e compositores. Traz a esperança poética de tocar alguma alma através da leitura e da união das artes.

 

 

Data: 17 de outubro de 2015, sábado, das 16 às 22h

 

Local: Galeria LUME – Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa – São Paulo, SP

Telefone: (11) 4883-0351

Ingressos: R$ 15,00

Rogerio Reis na Marsiaj Tempo

A exposição individual de Rogerio Reis é o próximo cartaz na Marsiaj Tempo galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Serão apresentados dois trabalhos distintos mas que de uma forma irônica se relacionam intimamente com o Rio de Janeiro de hoje. Na galeria será exibido o trabalho “Microondas”, no qual o fotógrafo faz um relato de ações de violência que ele documentou.

 

No Anexo, serão mostradas as fotografias da série “Ninguém é de Ninguém”. Estes dois trabalhos mostram uma cidade partida, dividida entre a violência dos arrastões e a beleza estonteante de suas paisagens. Como já cantou Fernanda de Abreu: “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”, nestes 10 anos que separam um trabalho do outro, de certa forma temos dois diagnósticos temporais da cidade, e tanto mudou… e tanto ficou na mesma..

 

 

“MICROONDAS, 2004”

 

Microondas é resultado da ressaca existencial, vivida por Rogerio Reis, devido a uma série de fatos que o aproximaram da barbárie: Tim Lopes foi assassinado, Marcelo Yuka virou cadeirante, e o fotógrafo, acompanhado de sua mulher, quase morreu num assalto seguido de disparo dentro do carro. Esses fatos o levaram a frequentar grupos de ação e reflexão sobre questões sociais como o Coletivo X com participação de ativistas e artistas como Yuka, Paulo Lins, alguns setores da polícia civil e moradores de favela .

 

Esse recesso criativo empurrou Rogerio para algumas rupturas formais como o desinteresse por quadros na parede , descoberta do chão como espaço expositivo, fotos documentais redondas, não mais quadradas e retangulares . “Microondas” são objetos em backligth com fotografias feitas em dois tempos: as coloridas são resultado de uma ação protagonizada por um amigo, vítima da violência da ditadura militar que, a pedido de Rogerio, incendiou pneus no alto de um morro. Já as fotos em preto e branco são testemunhais, cenas reais da experiência como repórter documentarista.

 

 

NINGUÉM É DE NINGUÉM, 2011- 2014

 

Uma crônica de hábitos e costumes de inspiração sensual e bem humorada. Aqui Rogerio encarna o personagem que criou, “Paparazi dos Anônimos” , que busca a liberdade para fotografar sem autorizações prévias e sem burocracia . Essa experiência gerou a “Cartilha de como tirar fotos espontâneas nas praias do Rio” onde inclui a frase de resistência que sustenta as suas ações e que vem do Banksy (artista de rua inglês): “ É sempre mais fácil pedir perdão do que permissão” . As tarjas utilizadas pela imprensa para proteger a identidade de menores e suspeitos remetem ao humor provocante do americano John Baldessari e dos primeiros mascaramentos com círculos flutuantes do húngaro Lászlo Moholy Nagy ( The Olly and Dolly Sisters, 1925). Um indivíduo com venda nos olhos pode estar protegido mas perde o poder de revidar o olhar, de produzir semelhanças e correspondências. Podemos nos divertir com uma sociedade que criou a propriedade da imagem no espaço público. Na ocasião, será lançado o livro “Ninguém é de Ninguém” , Edições de Janeiro e Olhavê.

 

 

De 17 de outubro a 14 de novembro.