Rodrigo Albert em Santa Teresa

09/set

Seguindo o projeto do intercâmbio cultural entre galerias brasileiras, a Galeria Anexo, na Modernistas Hospedagem e Arte, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, recebe desta vez a Galeria Manoel Macedo, de Belo Horizonte, MG, com exposição individual inédita do fotógrafo premiado Rodrigo Albert, com curadoria de Wilson Lázaro.

 

Rodrigo Albert, de 35 anos, há quase uma década trocou a capital de Minas Gerais pela Europa. Morou em Paris e agora vive no México. Na mostra “De onde sai o dia”, Rodrigo apresenta 30 fotografias inéditas e tem como objetivo mostrar as pessoas e seus momentos, em lugares e tempos diferentes. As imagens perseguidas por Rodrigo Albert, apresentam o espanto do cotidiano. A construção a partir de dados reais, que exibem um mundo estranho, melancólico e até bruto, mas carregado de potência, ação e movimento. Ora caótico, ora organizado, um mundo que vai escondendo em suas dobras, um território inóspito, misterioso: a cidade recortada.

 

“Temos todos os dias para construir, por meio de imagens, o nosso lugar no mundo”, afirma Rodrigo.

 

O percurso do artista é marcado por momentos importantes no cenário da arte contemporânea. Rodrigo Albert foi o vencedor, no Brasil, do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2005/2006), com as séries “Costumes e ofícios”, “Gente e lugares” e “Mitos”. Em Paris, ganhou o prestigiado prêmio para jovens talentos da Galeria Polka (a mesma que representa Sebastião Salgado), escolhido por Marc Ribaud, da turma da agência Magnum Photos. Acrescente-se participação em concursos internacionais, em coletivas em várias partes do mundo e algumas mostras individuais.

 

 

De 09 de setembro a 27 de outubro.

LZ Studio, 3ª edição do LZ Arte

O multicultural bairro de Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, foi o cenário escolhido por Anny Meisler, Luiz Felipe Burdman e João Ricardo Coutinho como endereço para o seu espaço múltiplo, o LZ Studio. Entre a praia e a Lagoa Rodrigo de Freitas, o casarão de muro colorido recebe, dia 11 de setembro, a terceira edição do LZ Arte, projeto cultural idealizado por Anny Meisler.

 

A mostra conta com a participação de dez artistas cariocas selecionados por Anny Meisler e sua equipe. Entre eles estão pinturas assinadas por Poe, Ani Cuenca, Vitoria Frate, Cela Luz, Carlos Mattos e Pedro Vasconcellos, mais as fotografias de Denise Perez, Guilherme Torres, Heberth Sobral e Paula Klien. As obras poderão ser vistas durante o evento e pelos próximos quatro meses, tempo em que a exposição continuará em cartaz. O coletivo Pablo A Tribo, promete não deixar ninguém parado com seu rock maracatu, que se funde às mensagens do rap declamado. Com poesias e músicas autorais, Pablo A Tribo, leva na palavra e nos atos a ideologia dos valores simples.

 

Nesta edição do projeto, ainda será lançada a Revista Wish Casa, especial Rio de Janeiro. A publicação do mês de setembro será toda dedicada à cidade e terá novidades inéditas.

 

 

Sobre o LZ Studio

 

Sob o comando de Anny Burdman Meisler, a LZ Studio abriu as portas em outubro de 2012. Trabalha com exclusividade no Rio de Janeiro, produtos Diesel, Moroso, Flou, Droog, Alessi, Pedrali, Flos, Seletti, Muuto, Fatboy, Maurício Arruda, Surface Project, Maneco Quinderé, Adriana Barra, Zanini de Zanine entre outros, de um mix que chega a duas mil peças. O projeto do espaço é assinado por André Piva, um imóvel de 400 m² datado de 1938, organizado em 17 ambientes.

 

 

A partir de 11 de setembro.

Diálogos, mostra de artistas representados

08/ago

Com o objetivo de mostrar ao público as produções mais recentes de seus principais artistas representados, Filipe Masini, à frente da Galeria Athena Contemporânea, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de janeiro, RJ, abre, dia 12 de agosto, a exposição “Diálogos”. A coletiva apresenta 12 trabalhos de artistas que vem chamando a atenção no cenário da arte contemporânea como o irreverente Alexandre Mury e suas produções, Yuri Firmeza, Joana Cesar e seu dialeto, Eduardo Masini, André Griffo e o artista urbano Zezão, um dos expoentes da urban art brasileira, distribuídos nas técnicas de fotografia, pintura, escultura e instalação.

 

 

De 12 de agosto a 05 de setembro.

Marcos Chaves – Academia

07/ago

A Galeria Nara Roesler, instala filial em Ipanema, Rio de janeiro, RJ. E, para marcar a abertura do novo espaço no Rio, o carioca Marcos Chaves concebeu duas instalações que homenageiam a sua cidade natal. A primeira – inspirada nas academias de ginástica construídas ao ar livre, criadas de forma espontânea e gerenciadas em modelo de cooperativa – traz esculturas construídas com cimento, tubos de ferros, madeira e tirantes.

 

Batizada de “Academia” – terminologia utilizada em todo o mundo para definir as instituições dedicadas à cultura e ao pensamento, mas que no Brasil é mais comumente usada para designar ginásios de educação física -, a obra reverencia os habitantes que, com criatividade e senso de coletividade, usufruem da paisagem e da vida ao livre da cidade, dividindo de maneira saudável o bem estar físico. Na abertura da mostra, sediada no térreo da casa, o artista apresentará uma performance¸ em que personagens cariocas farão séries de treino físico com os objetos da instalação.

 

“As duas instituições mais respeitadas no Rio de Janeiro são as escolas e as academias… de samba e de ginástica, respectivamente”, brinca o artista.
O artista também apresenta a série inédita de fotografias “Sugar Loafer”, uma espécie de crônica concebida a partir de cenas cotidianas da cidade que dividem sempre um “personagem” em comum: o Pão de Açúcar. Como um flâneur contemporâneo, aparelhado com uma câmera e uma bicicleta, o artista capturou em seus percursos imagens bem humoradas, ora surreais, ora com rigor geométrico, de situações tipicamente cariocas.

 

 

De 07 de agosto a 07 de setembro.

Série inédita de Gabriel Wickbold

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abre a exposição Sans Tache (Sem Marcas), do fotógrafo Gabriel Wickbold e curadoria de Diógenes Moura. A série inédita com 15 fotografias questiona o Homem e sua relação com o envelhecimento, com o intuito de criticar a estética “super manipulada” ditada pela mídia em fotografias que não transmitem a real aparência dos personagens.

 

Inspirado na luz lateral e sombria de Caravaggio e na arte barroca renascentista, Gabriel Wickbold fotografa diversas pessoas que “emprestam” seus corpos para este ensaio, cujo resultado nos deixa com a sensação de estarem embalsamados, submersos ou, em outros momentos em estado de levitação. Livres de toda e qualquer marca ou mancha em suas peles, por meio de tratamento de imagem, as fotografias são impressas e submetidas à “grilagem”. A partir de então, os excrementos e movimentos frenéticos dos insetos passam a agir nos retratos, dando uma aparência de papel envelhecido e revelando a questão corpo/tempo/marcas. Cada foto recebe essa ação à sua maneira, assim como na vida o tempo age de forma distinta para cada um. Em algumas imagens, o corpo se apresenta como em posição fetal, sem formas claras. Em outro momento, em pé, quase como um espelho em tamanho real. Um casal, como Adão e Eva, mostrando que o tempo passou até para quem foi o início da “criação divina”. Em outra fotografia, o menino de cabelo ruivo parece Peter Pan em vôo livre – como na “Terra do Nunca”, onde não se envelhece jamais.

 

Os novos trabalhos de Gabriel Wickbold criticam a estética artificial e distorcida em relação aos corpos exibidos em revistas ou pela Internet que não apresentam manchas ou rugas, como se envelhecer fosse feio, como se fosse errado ou negativo ter os sinais da passagem do tempo impressos na pele das pessoas retratadas. Sobre o questionamento, Diógenes Moura comenta: “Todos nós queremos ser belos, adorados, inesquecíveis, material de consumo. Gabriel Wickbold pensou uma série para entregá-la à passagem do tempo. Sugere, como resultado final para “corpos perfeitos” o destino que só o tempo será capaz de desvendar. Possibilita que sua fotografia corroída invente um outro corpo – dessa vez nada renascentista – diante do espelho/simulacro que enfrentamos diariamente em nossa fragilidade cotidiana”.

 

Nesta série, a intervenção dos grilos se dá ao comerem o papel onde a imagem de um corpo, em tamanho real, aparece de forma sutil. Metaforicamente, o corpo nada mais é do que o homem sendo comido pelo bicho. O fim que todos nós teremos. “Sans Tache trata da relação humana com as marcas das quais nós mesmos queremos fugir, ao invés de acreditar que elas são parte do nosso aprendizado e da forma mais pura do homem, que é ser feito de carne e osso (…)”, nas palavras do fotógrafo.

 

 

De 14 de agosto a 20 de setembro.

Sergio Gonçalves apresenta “Outros Olhares”

06/ago

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra de fotografias “Outros Olhares”, na qual serão expostas 23 obras de seis artistas com diferentes pontos de vista: Carlos Vergara, Carmo Dalla Vecchia, EneGoes, Fabio Cançado, Renan Cepeda e Valdir Cruz.

 

Carmo Dalla Vecchia vai apresentar fotos de suas andanças em que retrata tanto o lixo deixado pelos cariocas nas praias quanto o simpático e solitário sitiante na janela de sua casa no interior do país. Já Carlos Vergara vai expor três obras dos anos 1970 retratando o Cacique de Ramos em seu auge, em pleno Carnaval carioca, que fizeram parte da sala especial dedicada ao artista na Bienal de São Paulo em 2010. Renan Cepeda apresentará a inédita série feita pelo artista este ano em viagem pela Toscana, na Itália. O olhar particular da natureza de Valdir Cruz, radicado em Nova York, traz três trabalhos que retratam a exuberância de nossas paisagens. Já o fotógrafo paulista EneGóes, em sua primeira exposição no Rio de Janeiro, mostra sua visão do cotidiano em que cada momento se torna especial sob as lentes do artista, além do mineiro Fábio Cançado e seus elementos velados que estabelecem um diálogo misterioso com o espectador.

 

 

De 09 a 30 de agosto.

Marcelo Tinoco: Dioramas Fotográficos

30/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, na Galeria 1, a exposição “Histórias Naturais”, individual do fotógrafo paulistano Marcelo Tinoco, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, em 2013. Sob curadoria de Mario Gioia, a mostra reunirá doze obras, construídas em grandes formatos a partir de um sofisticado processo de fotomontagem.

 

Por meio de dioramas fotográficos tridimensionais e hiperrealistas, Marcelo Tinoco apresenta, em “Histórias Naturais”, um universo impressionante de sonhos e utopias, que tem no espírito da colagem um de seus principais motores. Detalhista e refinado colorista, o fotógrafo confere grande beleza, e uma certa dose de humor, às cenas contemporâneas retratadas, criando histórias dentro de uma fotografia de arte.

 

“Para montar “Historias Naturais”, procurei recriar situações utópicas, em que o homem se relaciona com animais e a natureza, mesmo que de forma absurda e saudosa, construindo uma relação afetiva entre as partes”, explica Marcelo Tinoco, que se inspirou na pintura flamenga e renascentista para compor suas obras.

 

As telas misturam moinhos a rodas-gigantes e paredões de prédios. Crianças jogando bola no cemitério, ciprestes, árvores com galhos quebradiços e sem folhagem também aparecem. Assim como perdigueiros, gansos, araras, seriemas, porcos, leões, zebras, girafas são inseridos no ambiente urbano com naturalidade. Desta forma, um mundo hiperreal e utópico é montado.

 

O trabalho de criação de Marcelo Tinoco pode ser dividido em três partes.  A partir do ato fotográfico em si, ele documenta a natureza, animais, pessoas e cidades. Em seguida, ele separa e arquiva as fotografias de acordo com as condições em que foram tiradas. Por último, mediante um processo de montagem digital, ele constrói a natureza ficcional de suas telas fotográficas que se assemelham a quadros. Para a composição de cada obra, Tinoco usa aproximadamente 250 fotografias, e leva até três semanas para montá-la e finalizá-la no computador.

 

Com rigor fotográfico, aliado à alta definição e a um trabalho manual de calibragem da luz, Tinoco cria efeitos de tridimensionalidade e hiperrealismo, próprios dos dioramas, em suas obras. “Consciente das contradições dos nossos dias, Marcelo Tinoco constrói pouco a pouco uma obra que realça os paradoxos e a instabilidade do fotográfico (mais que a fotografia) e traça ligações com a história da pintura”, afirma o curador Mario Gioia.

 

 

Sobre o artista

 

Marcelo Tinoco nasceu em 1967, em São Paulo, onde reside. Formado em Artes Plásticas, possui estúdio fotográfico desde 1995, e atuou nas áreas editorial, publicitária e de livros de arte. A partir de 2009, passou a se dedicar exclusivamente à fotografia autoral e pesquisa para aprimoramento de seu trabalho artístico. Começou a expor em 2010. Entre exposições de que participou estão: individual Fotorama, no Consulado Brasileiro de Frankfurt, Alemanha (2011), individual do projeto Nova Fotografia, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (2012), individual Timeless, II Mostra do Programa de Fotografia do CCSP, São Paulo (2012/2013), participação na I Foto Bienal MASP / Pirelli, MASP, São Paulo (2013) e MON, de Curitiba (2013/2014), e a individual  Era uma vez… na Zipper Galeria, com curadoria de Ricardo Resende, São Paulo (2014).

 

No dia 13 de setembro, às 16h, haverá um encontro com Tinoco, que falará sobre seu processo de criação e concepção artística.

 

 

 

De 04 de a 19 de outubro.

Dois em Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri, unidade de Ribeirão Preto, SP,  apresenta as exposições individuais e simultâneas dos artistas Julio Villani e Renata Siqueira Bueno.

 

Sobre Julio Villani e Almost Readymades: Pequenas Madalenas

 

“Se eu usar a geladeira afim de refrigeração, ela é uma mediação prática; não é um objeto, mas um frigorífico. Nesse caso, eu não o possuo. A posse nunca se refere à um utensílio, já que ele é vinculado ao mundo real, mas sempre ao objeto abstraído de sua função, transformado em algo subjetivo ao sujeito”. (Jean Baudrillard, O sistema dos objetos)

 

É por uma breve nota no projeto Passagen-Werk que Walter Benjamin confronta a noção de vestígio à de aura, ambas remetendo às emoções podendo ser despertadas por objetos naquele que os observa. De acordo com o aforismo que o filósofo propõe, “o vestígio é o advento de algo próximo, por mais distante que possa ser o que o deixou; a aura é a manifestação de uma distância, por mais próximo que possa ser o que a evoca.” Os objetos de Julio Villani, são ao mesmo tempo familiares e fantásticos, tributários das duas noções.
A função original dos utensílios desponta sob suas formas, tornando-os – apesar de sua idade – em vestígios de uma memória comum.
O blecaute do destino prático dos antigos apetrechos permite sua apropriação enquanto objetos. As formas domésticas tornam-se então recipientes das projeções imaginárias do artista; elementos que contrariam as exigências da funcionalidade para atender uma experiência de um tipo diferente: viram sonhos, seres com sopro de vida, evasão.
Proporcionando-lhes uma história que os distancia da sua fabricação – transformando os objetos pertencendo à um momento histórico específico em figuras atemporais – Villani os reveste de aura.

 

Esses objetos são, de certa forma, os seus Traumhäuser (casas de sonho). O termo, cunhado por Walter Benjamin, descreve edifícios de formas historicistas – que tem uma “aparência” familiar – reinvestidos de novos usos relacionados com um sonho. Os Traumhäuser surgem à partir de uma prática contraria à da oniromancia surrealista. Ao invés de extrair dos sonhos elementos à serem aplicados à realidade, seu ponto de partida é material: objetos arqueológicos, bibelôs, fragmentos, imagens desbotadas ou utensílios obsoletos, os vestígios se unem para formar um mundo povoado de objetos e seres, criando uma paisagem de sonho, levando a uma experiência fantástica.

 

O olhar que deita Villani sobre os objetos resgatados nos mercados de pulga parisienses é desse tipo: premendo os olhos, ele vê na concha uma garça, a bigorna é tatu.
Os bichos se impõem à visão do artista sem terem sido suscitados por um exercício de memória consciente. Se ele adiciona aqui um rabo, umas asas acolá, é simplesmente para nos dar a ver a sua visão, que se inscreve em seguida no espectador como a revelação de uma realidade nunca percebida – e no entanto presente – no objeto de origem.
Nesse sentido, os almost readymades de Villani materializam o estado de espírito descrito por Proust quando do memorável episódio da madalena: de repente, o que fora perdido é reencontrado. (texto por Betina Zalcberg)

 

 

Sobre o artista

 

Julio Villani, nasceu em 1956, em Marília, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em Paris, França. Cursou Artes Plásticas na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, na Watford School of Arts de Londres e na École Nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Museo del Barrio, Nova York, EUA; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; MAM – Museu de Arte de São Paulo; MAM – Museu de Arte do Rio de Janeiro; Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, França.

 
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Sobre Renata Siqueira Bueno e Ascensão

 

Dentro do contexto urbano, somos permitidos a nos enxergar apenas como parte de uma multidão, a aglomeração nos impossibilita uma consciência de autonomia total e pela inércia formamos um grupo. Essa consciência pode sofrer variações, estimulada, por exemplo, por ruídos que ativam a coletividade desse grupo: comportamentos duvidosos ou acontecimentos inesperados. A subitez de uma queda provoca uma reação que é, por excelência, coletiva. O indivíduo que cai ganha um rosto e uma qualidade: a fraqueza, atribuída por esse grupo que agora compartilha do mesmo sentimento.

 

As fotografias se propõem a localizar em outra esfera esse indivíduo que cai, talvez na esfera do sagrado ou do absurdo, apesar da queda ele continua anônimo. O instante da fotografia impossibilita que saibamos o que aconteceu depois, não sabemos quem ele é, talvez não interesse: podia ser qualquer um. A cena captada, que poderia ser um still de um filme proibido ou um registro descompromissado, adquire um caráter misterioso e imaculado, se desassociando da qualidade da fraqueza. É como se o corpo tivesse sido acometido por um momento de luz divina, uma força exterior que desestrutura o indivíduo e o obriga a ter a consciência de autonomia em relação ao coletivo ao seu redor.
Aqueles que aparecem caindo nas fotografias são na verdade amigos, atores ou dançarinos convidados para simular a ação. Isso não é algo que deve estar necessariamente explícito ou oculto. A intenção é que nunca possamos ter certeza de nada através da imagem, essa dúvida é da natureza da fotografia.
Percebemos em Ascensão o confronto entre as especificidades da técnica e o conceito do trabalho. Através de uma reflexão sobre o instante fotográfico, Renata se utiliza de aparelhos analógicos que evidenciam o embate entre dois tempos distintos. Talvez seja esse o tempo da fotografia analógica que possibilite à imagem uma força que faz da queda algo da ordem muito mais do poder, que da falência.

 

Os lugares definidos para as tomadas fotográficas são sempre aqueles onde o indivíduo nunca pode se encontrar em solidão: ou por haver uma aglomeração de pessoas ou pela existência de uma arquitetura construída para abrigar esse corpo coletivo ou, em último caso, pela impossibilidade de não haver a subtração dos rastros humanos na cena. Espaços sem a delimitação de serem públicos ou privados, possíveis de serem identificados ou não. Espaços onde seja evidente a construção da cena ou, ainda, onde haja uma casualidade do instante na captura da imagem. (texto por Julia Coelho e Renan Araújo)

 

 

Sobre a artista

 

Renata Siqueira Bueno, nasceu em 1960, em  Anápolis, Goiás, Brasil. Vive e trabalha entre Ribeirão Preto e São Paulo, Brasil. Tem trabalhado com figurino e cenário para teatro desde os anos 80. Atuando entre Brasil e França. Como artista participou de diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacam-se os seguintes espaços: OpenScape – ANOA Gallery/Galerie Patrick Mignot, Paris, França; 8º Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia, Brasil; Arte e Medicina, Museu Histórico Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil; SESC Santo Amaro, São Paulo, Brasil.

 

 

De 02 a 26 de agosto.

Fotos inéditas na Anita Schwartz

22/jul

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou exposição do consagrado fotógrafo alemão Thomas Florschuetz, que exibe nesta primeira exposição individual no Rio de Janeiro, 12 fotografias inéditas, em grandes formatos, produzidas entre 2008 e 2014. O artista, que se divide entre Berlim e o Rio de Janeiro, passou a integrar recentemente o time de artistas da galeria. Thomas Florschetz possui obras em importantes coleções, como MoMA, em Nova York; Maison Europeénne de la Photographie, em Paris; Museum of Fine Arts, em Boston e em Houston; National Museum of Photography, em Copenhagen; Museum of Contemporary Art, em Oslo; Staatliche Museen zu Berlin, entre muitas outras. Conhecido pela série “Early Bodyfigures”, na qual fez montagens de imagens de seu corpo, documentando uma espécie de performance em que revela várias partes de si mesmo, Thomas Florschuetz atualmente tem se concentrado em capturar uma experiência fragmentada de formas e espaços arquitetônicos e naturais. Na Anita Schwartz Galeria de Arte serão apresentadas 12 fotografias com tamanhos que chegam a 180cm x 225cm, e que ocuparão todo o espaço expositivo da galeria. As obras são de duas séries distintas: “Enclosure”, de fotografias relacionadas à arquitetura, com a qual o artista vem trabalhando desde 2001, e “Sem título”, com imagens tiradas na Índia, do torso de pessoas na rua.

 

 

Até 23 de agosto.

Marcelo Campos/Piti Tomé bate-papo na MUV Gallery

A artista Piti Tomé e Marcelo Campos, que assina a curadoria da mostra “entre uma e outra coisa todos os dias são meus”, participarão de um bate-papo na MUV Gallery, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Piti Tomé é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo e instalação. Sua pesquisa abrange questões sobre a memória: a infância e o tempo. Na mostra, ma qual apresenta seis obras inéditas, Piti aborda a infância, o desaparecimento e a luta contra o esquecimento da memória. A artista trabalhou em cima de fotos que vem de diversos lugares e feiras de antiguidades, dando para este material um novo significado. São impressões sobre as folhas, com folhas desmembradas de livros médicos, dicionários estrangeiros, fazendo um jogo de palavras com as imagens, introduzindo objetos tridimencionais, sempre lembrando ausência e memória, ou a falta dela nas pessoas.

 

Dia: 31 de julho, quinta-feira, às 19h30.

 
A exposição continuará aberta para visitação até o dia 08 de agosto.