Babilônia 1500

27/jun

A 1500 Babilônia, Leme, de Alex Bueno de Moraes, inaugura seu espaço no Rio de Janeiro, abrindo com a exposição “Algumas Coisas São Perdidas Para Nunca Mais Serem Encontradas”, do fotógrafo Julio Bittencourt, com curadoria de Ilana Bessler. Composta por 16 imagens, esta série é resultado da imersão do artista em locais abandonados – uma fábrica no centro de São Paulo e uma ilha no sul do Japão, onde pessoas viveram ou criaram negócios – com a intenção de registrar a passagem do tempo, o que levamos conosco e o que deixamos para trás.

 

Ao longo de dois anos e meio, Julio Bittencourt passou algumas noites nas duas locações escolhidas, clicando sempre à noite, no escuro, produzindo a maioria das imagens com longas exposições. As fotografias mostram cenas mínimas, indícios ou vestígios que captam a essência dos espaços, como objetos muito antigos, cobertos de resíduos deixados pelo tempo – uma máquina de costura, uma banqueta, uma TV, retratos familiares – ou janelas que mostram, além da passagem do tempo, resquícios da paisagem. “São imagens residuais às avessas, que se depositam em nossa mente não pela incidência luminosa, mas pela intensidade do escuro”, comenta Illana Bessler. Os objetos e espaços recriam histórias, memórias e cicatrizes impressas pelo tempo e pelas pessoas que os vivenciaram, e acabam nos levando ao questionamento universal: “Para onde vamos?”.

 

Interessado pela necessidade de apropriação de objetos por pessoas e, conseqüentemente, pelas histórias e vidas que tais coisas carregam, Julio Bittencourt se entrega à busca dessas energias “ancestrais”, fotografando dentro de ambientes escuros, abandonados, em um silencioso laboratório solitário, onde pôde testar limites técnicos e psicológicos. “Talvez eu tenha levado a solidão e o silêncio ao extremo neste projeto, no âmbito pessoal, mas com certeza não deixei de fotografar pessoas – elas só não estavam mais lá”.

 

A individual de Julio Bittencourt foi escolhida para inaugurar a 1500 Babilônia, galeria de Alex Bueno de Moraes que foi transferida de Nova York para o Rio de Janeiro. O projeto – especialmente desenvolvido para abrigar a galeria – vem inovar em localização (no Morro Babilônia) e relacionamento com clientes, artistas, colecionadores e amigos das artes, com uma vista arrebatadora, acrescentando essa paisagem como um extra a seus visitantes. Após forte atuação no mercado cultural norte-americano, com a 1500 Gallery, a 1500 Babilônia representa importantes nomes da fotografia nacional, bem como expoentes do mercado europeu, norte-americano e asiático, como Julio Bittencourt, Beatriz Franco, Bruno Cals, Robert Polidori, Hirosuke Kitamura (Oske), entre outros.

 

 

A partir de 28 de junho.

Intercâmbio cultural

18/jun

À convite de Thelma Innecco e Lorena Coutinho, da Modernistas Hospedagem e Arte, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, e da diretora de arte Betty Prado, o curador Renato De Cara, fez uma seleção especial no acervo da Galeria Mezanino, São Paulo, SP, para apresentar seus artistas ao Rio de Janeiro. O objetivo é promover um intercâmbio cultural entre galerias de outros estados. Esta é a segunda exposição entre galerias de fora na Anexo, a primeira foi a Art Cycling, com curadoria de Alessandra Clark. Com um casting de artistas brasileiros contemporâneos, a Galeria Mezanino procura mostrar ousadia, técnica e experimentação no cruzamento das linguagens artísticas.

 

Na Galeria Anexo, na Modernistas, serão apresentadas doze artistas, que trabalham com pintura, fotografias e gravuras. Entre os artistas do acervo estão nomes como o gravurista e pintor Francisco Maringelli; Jaime Prades, um dos pioneiros da urban art em São Paulo; as pinturas de Sergio Niculitcheff, Sergio Lucena e Mauricio Parra; gravuras e pinturas de Ulysses Bôscolo; André Albuquerque; os desenhos homoeróticos de Francisco Hurtz; as fotografias adulteradas de Leo Sombra; as ilustrações de Filipe Jardim; Thelma Vilas Boas e Christiano Whitaker.

 

 

Sobre as galerias

 

O espaço ao lado da Modernistas Hospedagem e Arte, em Santa Teresa,  acolhe outro empreendimento: a Anexo Galeria de Arte. A proposta do novo espaço é trabalhar com artistas brasileiros e estrangeiros, que desenvolvam trabalhos nas mais diversas mídias, como pintura, desenho, escultura, fotografia e arte urbana. Uma mistura de estilos e propostas, que é uma consequência natural da diversidade tão característica do Rio de Janeiro.

 

A Galeria Mezanino é um espaço idealizado pelo jornalista, fotógrafo e curador Renato De Cara. Voltada ao pensamento e reflexão sobre arte, atua como observatório do que é tendência na produção artística contemporânea brasileira. Desde 2006, realiza exposições regulares e promove conversas e encontros com curadores e profissionais de arte, além de oficinas com pintores, escultores, fotógrafos e gravadores buscando, a partir do diálogo entre várias linguagens, dimensionar e dar visibilidade ao trabalho dos criadores.

 

 

De 25 de junho a 30 de julho.

Experimentos em Narrativas

16/jun

Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, abriu a exposição “Sobre Tempos e Narrativas”, individual de Marcelo Gobatto. A mostra “Sobre tempos e Narrativas” apresenta o produto de investigação do artista visual Marcelo Gobatto sobre o tempo, cujo ponto de partida é o filme-ensaio produzido durante sua pesquisa de doutorado. Ao lado de produções mais recentes, são apresentados fragmentos de narrativas e imagens de algumas produções realizadas entre 2000 e 2008 junto com cenas de filmes emblemáticos dos diretores do cinema moderno como Michelangelo Antonioni, Alain Resnais, Robert  Bresson, Ingmar Bergman e Yazujiro Ozu.

 

Ao explorar o uso de fotografias, relatos e paisagens sonoras, Marcelo Gobatto cria ficções sobre nossas relações com a memória, o afeto e o real. A disposição das obras no espaço da Galeria Mamute e algumas estratégias de difusão utilizadas pretendem que a exibição,  em seu conjunto, proponha um questionamento (talvez político, mas sempre poético e filosófico) sobre nossa percepção do tempo e do espaço.

 

 

Até 05 de julho.

Livro: As Donas da Bola

13/jun

A editora Sýn Criativa lança o livro “As Donas da Bola”, com curadoria e edição de Diógenes Moura, reunindo 11 dos mais representativos nomes da fotografia brasileira: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto. O livro acompanha a exposição homônima inaugurada em maio deste ano, no Centro Cultural São Paulo, e traz um conjunto de 110 imagens, cor/ preto e branco, as quais retratam a presença da mulher e suas relações com a cultura do futebol, esporte tão característico do universo masculino.

 

Especialmente neste momento em que tudo parece girar em torno da bola, é preciso desconcentrar o futebol do mundo masculino e intensificar a participação da mulher neste espaço, exibindo a diversidade das suas experiências e realidades. Superados os preconceitos e desigualdades de gêneros, a atenção se volta ao olhar feminino, aos detalhes que sua sensibilidade aguçada lhe permite captar. Para este projeto, as imagens foram feitas em diversos locais do país – como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Bahia, entre outros -, mostrando, além das peculiaridades de cada região, que o fanatismo e o amor pelo time também pertencem ao universo feminino.

 

As Donas da Bola reúne fotógrafas profissionais com grande experiência no fotojornalismo, seja em trabalhos autorais ou em ensaios, e mostra o lado delas acerca desta tradição, por meio de um modo de ver especial, sensível, de um ponto de vista interior – sem a pretensão de considerá-lo material de consumo. “Essa iniciativa pretende preencher uma lacuna importante ao aplicar a percepção e a consciência social sobre a importância da mulher no futebol enquanto esporte, dentro de uma cultura nacional ainda em formação.”, comenta Diógenes Moura.

 

Evento: Lançamento do livro As Donas da Bola

Data: 14 de junho de 2014, sábado, às 16h

Local: Centro Cultural São Paulo

Endereço: Rua Vergueiro, 1.000 – São Paulo, SP

 

* Na ocasião, haverá uma conversa aberta com o curador e as fotógrafas do projeto.

 

 

LIVRO: As Donas da Bola

 

Fotógrafas: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto

Curadoria e edição: Diógenes Moura

Editora: Sýn Criativa

Patrocínio: Petrobrás e Caixa Econômica Federal

Número de páginas: 192

Dimensão: 28 x 28 cm

Preço de venda: R$ 60,00

Bate papo na Athena Contemporânea

09/jun

Amanhã, dia 10, ás 20h, Alexandre Mury, artista conhecido pelos seus irreverentes autorretratos,  que atualmente apresenta 12 trabalhos inéditos em sua primeira exibição individual na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, recebe para bate papo com Elisa Byington, curadora da exposição. Nessa mostra – “Eu sou Pintura” – realziada a partir de releituras de ícones da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal, usando a fotografia como suporte, Alexandre Mury encanta com seus personagens de caráter performáticos, dirigindo e produzindo todo o processo. “A proposta é um deslocamento de significados no tempo e no espaço, inspirado nas variadas possibilidades de perceber as cores, de uma forma divertida e intrigante”, avalia o artista, que costuma dizer que se multiplica em vários “eus” em seus trabalhos.

 

A maior característica desta série é o foco na cor. “Por serem quase monocromáticos o efeito é praticamente uma camuflagem, onde não só aspectos plásticos são mimetizados mas toda uma provocação com ambiguidades de paradoxos que exigem um olhar atento para cada obra”, avalia Mury. Entre os destaques desta mostra estão os trabalhos inspirados nas obras Arranjo em cinza e preto, no. 1 (James Whistler), A escala em amarelo (Frantisek Kupka), O bebedor de absinto (fase azul de Pablo Picasso) e Pallas Athena (fase dourada de Gustav Klimt).

Julia Kater na SIM galeria

05/jun

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, exibe nova série de trabalhos fotográficos realizados por Julia Kater. A apresentação desta mostra individual da artista é apresentada por Eder Chiodetto. Julia Kater exibe um conjunto especial de imagens em sua particular técnica constituída de relevo seco sobre fotografia impressa em algodão.

 

 

O elogio do encontro

 

Uma garota se curva até o solo e nesse movimento suas costas desenham um arco que casualmente ecoa e dá novo sentido ao conjunto de árvores que estão ao fundo. Figura e fundo, assim captados, não podem mais se dissociarem diante de nossa visão. Ambos passam a ter uma conexão física tão intensa, que tendem a deixar de ser primeiro e segundo plano, para se manifestarem como uma superfície homogênea.

 

Julia Kater cria, em diversos momentos de sua trajetória como artista visual, hiatos que interrogam a fotografia no seu nascedouro. A linguagem que surgiu com a intenção de mimetizar a realidade por meio da perspectiva renascentista – criando assim a ilusão de tridimensionalidade num suporte plano – vê-se desvelada dessa pseudo potência nas várias estratégias criadas por Kater.

 

Kater parece sequestrar as distâncias entre aqui e acolá, entre o que está próximo e o que parece distante. Ao subtrair esses espaços que distam figura e fundo, os corpos se amalgamam em sobreposições que sugerem novos desenhos, novas intersecções que criam um novo e inesperado organismo. Inesperado? Talvez nem tanto para quem, no desafio de observar atentamente a paisagem e seu entorno, perceba cenários em movimentos contínuos, que se alternam e se recombinam o tempo todo. As séries de Kater nos dizem que nada é estático, tudo está apto a ser recriado com novas informações, cores e texturas.

 

Ao raptar os espaços que a fotografia, de fato, não nos mostra – mas para os quais nossa percepção visual foi culturalmente treinada pela história da arte e da representação para assimilá-los – Kater cria colisões que geram o que podemos nomear de eventos escultóricos efêmeros.

 

As inéditas obras da série “Um e Outro”, criadas para essa primeira individual de Kater na SIM Galeria, apontam novos desdobramentos na busca incessante por esses eventos escultóricos fortuitos, que a artista tem apreendido nos últimos anos. Os planos fotográficos agora se rebelaram a ponto de escaparem da moldura que os encerravam, como nas séries “Ao Mesmo Tempo” e “Lugar do Outro”, por exemplo.

 

Essa inesperada cisão, que gera dois corpos isolados, traz elementos renovados para as relações entre figura e fundo e parece criar um novo foco de interesse da artista, que consiste na fatura quase impossível de se representar no mesmo plano, que é a relação entre o observador e o que este observa na paisagem.

 

Novamente uma garota – será a mesma que curvou as costas diante das árvores? – sugere com sua postura, que está observando algo num horizonte que não nos é possível enxergar. Apenas sugere porque Kater oblitera nossa visão do rosto da garota interceptando-a bruscamente com outro quadro, outro plano. Somos levados instintivamente a pensar em causa e efeito: a garota flerta com a paisagem e, nessa deambulação, ela é envolvida quase inteiramente por aquilo que vê.

 

Se nas séries anteriores o evento escultórico se dava pelo confronto e justaposição de dois corpos distintos, que tendiam a criar um novo desenho-organismo, agora em “Um e Outro”, temos um observador que é tomado por aquilo que ele observa. É ele quem elege na paisagem o elemento que irá transformá-lo. Nessa inversão sutil de ponto de vista, a artista parece se ausentar momentaneamente e deixar de orquestrar os encontros entre figura e fundo, para que o observador fotografado por ela lhe indique aquilo que tem o poder de transformá-lo pelo sentido da visão.

 

O estilete com o qual a artista criou as conhecidas incisões na superfície das suas fotografias, para revelar novas camadas significantes sob a paisagem, nesse instante foram transferidos para os olhos dos personagens que ela encontra em seu cotidiano.

 

Escultóricos, orgânicos e desafiadores, esses novos trabalhos de Julia Kater fazem uma espécie de elogio ao encontro entre pessoas, paisagens e histórias. Afinal, são sempre os encontros que nos propiciam transformações nos roteiros que seguimos, desenhando no fluxo contínuo da vida.

 

Eder Chiodetto

 

 

 

Sobre a artista

 

Julia Kater nasceu em Paris, França, em 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Possui formação em fotografia pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, São Paulo, SP, Brasil. Entre suas premiações encontram-se 2012, Residência Artística, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal e em 2011, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil. Realizou exposições individuais em 2014, Caixa Cultural Brasília; Galeria Vitrine, Brasília, DF; 2013, Projeto 3C, Centro de Criação Contemporânea, Salvador, BA; 2012, Galerie Virginie Louvet, Paris, França; Ao Mesmo Tempo, Fundação Abraço, Lisboa, Portugal; Lugar do Outro, Zip´up, Galeria Zipper, São Paulo, SP. Entre as exposições coletivas que participou destacam-se: 2013, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes, Casa do Brasil em Bruxelas, Bélgica; 2012, Soma, Genebra, VL Contemporary, Suíça, Inventário da Pele, Fotografia Contemporânea Brasileira, Curadoria Eder Chiodetto, SIM Galeria, Curitiba; 2011, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três. Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, Galeria Flávio de Carvalho, Complexo Cultural, Brasilia, DF, About Change, Banco Mundial, Washington, EUA, Outras Perspectivas, Espaço Texprima, São Paulo, SP, Idioma Comum, Artistas da CLPL na Coleção da Fundação PLMJ, Lisboa, Portugal; 2010, Projeto Dobradiça, Curadoria Eder Chiodetto, Arterix, São Paulo, SP, 12º Salão Nacional de Arte de Itajaí, Itajaí, SC, Incompletudes, Curadoria Mario Gioia, Galeria Virgílio, São Paulo, SP, Fidalga no Paço, Paço das Artes, São Paulo, SP, SP-ARTE, site specific, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP; 2009, Projeto Tripé, Natureza, SESC Pompéia, São Paulo, SP.

 

 

De 10 de junho a 12 de julho.

Pelé por José Dias Herrera

04/jun

A galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abre a exposição “Pelé: A Construção de um Rei”, com curadoria de Paulo Kassab Jr, composta por 12 fotografias, em preto e branco, feitas por José Dias Herrera, algumas inéditas, e um vídeo que mostram a elegância, versatilidade e o encanto do atleta do século, dentro e fora dos gramados. Em parceria com o Museu Pelé, a exposição conta como ocorreu a construção do mito que conhecemos hoje, como ele transformou Edson Arantes do Nascimento em Pelé.

 

Acompanhado pelo fotógrafo José Dias Herrera entre 1956 e 1966, Pelé foi retratado em imagens que ficariam guardadas para a eternidade, como o primeiro dia do jogador no Santos Futebol Clube – logo após vestir a camisa do time -, alguns lances que mostram toda sua destreza na prática do esporte, bem como situações de sua vida pessoal, ainda muito jovem. O público também terá acesso a um vídeo com alguns momentos em que o Rei brilha ao balançar a rede, fazendo gols que ficaram marcados no imaginário mundial.

 

Além da indiscutível marca deixada na história do esporte, o ex-jogador sempre foi distinto no que se refere ao contato com as pessoas. “Entre celebridades, jornalistas, políticos, artistas e fãs, desde os tempos de jogador até hoje, Pelé se eternizou com simpatia e carisma, dignos de um rei”, comenta Paulo Kassab Jr. Seu lado humano e dedicado é o mote central da exposição, reunindo os principais registros do início de uma carreira estrondosa que o levaria, anos mais tarde, ao indiscutível título de “Rei do futebol”. A coordenação é de Felipe Hegg.

 

 

De 10 de junho a 26 de julho.

Mauro Restiffe no Instituto Moreira Salles/Rio

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inicia junho seu programa anual de exposições de fotografia contemporânea brasileira. Durante três meses de cada ano, o centro cultural do Rio de Janeiro abrigará uma exposição inédita desenvolvida em parceria com um artista ou fotógrafo, seja através de um trabalho comissionado ou de apoio a um trabalho em andamento.

 

A primeira exposição do novo programa é “São Paulo, fora de alcance”, do fotógrafo paulista Mauro Restiffe. A pedido da revista ZUM, Restiffe já havia fotografado o bairro da Luz em 2012. Para esta exposição, o fotógrafo foi convidado a estender seu trabalho sobre a cidade de São Paulo, realizando caminhadas por outros bairros, centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Esses deslocamentos aconteceram quase diariamente por três meses e deram origem a centenas de fotografias, feitas com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte da poética do artista. Mauro Restiffe é conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica. As 18 obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Muito longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Ampliadas em formatos que variam de 60 centímetros a mais de dois metros de largura, as imagens ganham escala monumental.

 

Os usos variados que os habitantes fazem da cidade e os diversos estágios de construção e conservação do patrimônio arquitetônico se combinam para narrar visualmente a experiência fragmentada que caracteriza a vida urbana. Nas imagens da exposição, os deslocamentos diários ao trabalho ou os passeios de fim de semana se misturam a fatos extraordinários, como o incêndio no Memorial da América Latina, ocorrido em novembro do ano passado, ou um dos vários protestos realizados este ano. Ao usar o preto e branco para fotografar acontecimentos recentes, o fotógrafo dá às obras uma ambiguidade temporal. O preto e branco e a alta granulação produzem uma unidade entre as pessoas e o variado tecido urbano, ao mesmo tempo em que serve de metáfora para a organização caótica e precária das cidades.

 

As obras de Mauro Restiffe serão afixadas em painéis espalhados pelo espaço expositivo, ao invés de estarem penduradas nas paredes, como numa exposição fotográfica tradicional. A montagem, que faz alusão ao percurso das cidades, obriga o visitante a confrontar-se com as obras e contorná-las, construindo planos, perspectivas e bloqueios conforme se caminha pela galeria. O título da exposição também sugere a impossibilidade de representar uma cidade grande e complexa como São Paulo. A exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual de Daniel Trench. A exposição será acompanhada de um livro com cerca de 50 imagens do projeto.

 

O novo projeto de exposições em fotografia contemporânea vem se somar às atividades que o IMS vem desenvolvendo nesta seara nos últimos anos e que incluem a publicação da revista de fotografia ZUM e o oferecimento da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS.

 

 

 

Sobre o artista

 

Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo, em 1970. Formou-se em cinema pela Faap e estudou fotografia no International Center of Photography e na New York University. Suas obras foram expostas, entre outros lugares, no MAC-SP (2011) e na 27ª Bienal de São Paulo. Seu trabalho faz parte de coleções importantes, como as da Tate Modern, do MoMA de São Francisco, de Inhotim e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi indicado ao prêmio BES-Photo de 2011 e, em 2013, foi premiado pela Fundação Conrado Wessel. Expôs no Rio de Janeiro em 2006, na galeria Laura Marsiaj. Esta é sua primeira individual institucional na cidade.

 

 

De 07 de junho a 28 de setembro.

Livro de Cristina Schleder na Cultura/SP

28/mai

A Luste Editores lança “Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica”, da artista plástica Cristina Schleder, com fotografias autorais que registram texturas, tramas e detalhes de sua inspiração maior – a Natureza. As imagens e espelhamentos de alguns fragmentos possibilitam novos significados à importância e beleza deste ecossistema.

 

Para a criação da série, Cristina Schleder adentrou a área da Mata Atlântica munida de olhos treinados em busca do inusitado, do oculto, e não de uma mera imagem. Em seus momentos preferidos, os pós chuva ou os dias nublados de luz prateada, quando a vegetação atinge seu pico de beleza, a artista vislumbrava detalhes de cores que surgiam em troncos e musgos, criando uma inédita fábula visual formada por fotografias marcantes. Sua imersão era tamanha que encontrava novos personagens, os quais a acolhiam e descortinavam um novo cenário, levando-a a lembrar das estórias em que os seres viajavam em tapetes voadores. Desenhos, formatos, cores e padronagens surgiam diante da artista, leves e harmônicos, que possibilitavam a imaginação de Cristina Schleder alçar vôo.

 

Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica não versa apenas sobre o lúdico: também nos permite acesso à precisão da técnica e a conquista da verdade, visto que as formas e tons são exibidos em sua verdade máxima sem interferência ou alteração; o titulo de cada fotografia é o código da própria maquina quando apertado o disparador – sendo que cada imagem é realizada por um único clique, enfatizando a o momento único de cada cena.

 

Nas palavras da própria artista, travestida em uma personagem de contos “…a verdade deste pensamento mágico conseguia levá-la para todos os lugares imaginados, sentada em seu próprio tapete voador que a mata, com seus fios, tramas e bordados, teceu especialmente para ela.” A apresentação é de Tereza de Arruda.

 

Onde e quando: 05 de Junho de 2014, quinta-feira, das 18h às 22h na Livraria Cultura – Shopping Iguatemi, Jardim Paulistano.