Brasília na galeria LUME

03/out

A  nova exposição no calendário da Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, chama-se “A Construção de Brasília“, mostra individual do fotógrafo brasileiro Alberto Ferreira. Com curadoria de Paulo Kassab Jr. e composta por 12 imagens em preto e branco,  algumas inéditas, representa um retrato da euforia e das descrenças alastradas junto à inauguração da nova capital federal do país. A coordenação da mostra é de Felipe Hegg.

 

Alberto Ferreira ocupou, durante anos, importante cargo na imprensa e o fez com a ética e a obrigação jornalística de mostrar o acontecimento sem distorcer os fatos. Da mesma forma na fotografia, o artista apresenta não apenas belas imagens, mas também um senso crítico  deste momento histórico: o contraste entre políticos, exaltados com a capital federal,  talvez por sua distância das demais cidades; pessoas da alta sociedade, crentes em um novo país; e os candangos, construtores da cidade que, posteriormente, acabaram por ficar à margem do projeto habitacional, sendo obrigados a viver em periferias.

 

Acompanhando Juscelino Kubitschek em suas idas e vindas à nova capital, Alberto Ferreira presenciou todo o processo de construção da cidade e criou um dos mais importantes registros visuais deste momento. Nestas ocasiões, o fotógrafo teve diversas oportunidades de registrar cenas como a chegada do embaixador inglês, a interação entre as pessoas e a arquitetura modernista da cidade, a cerimônia inaugural de Brasília, alguns dos operários que trabalharam na obra, entre outras.

 

 

A palavra do curador

 

“Mais que um documentarista, Alberto Ferreira estava à frente de seu tempo e, diferente de outros que acompanharam a criação de Brasília, não se iludia com o novo projeto.  Em 1960, no ano da inauguração da capital, o fotógrafo já vislumbrava as dificuldades de se ter uma  capital no interior do país e os problemas trazidos por um planejamento que, sem intenção, segregava as diferentes classes sociais em suas zonas de habitação.”

 

 

De 08 de outubro a 14 de novembro.

 

 

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.

Nazareno em livro

27/set

A Galeria Emma Thomas, jardins, São Paulo, SP, lançou o livro “Num lugar não longe de você”. A edição exibe parte da produção dos últimos dez anos de criação do artista plástico Nazareno. O livro contempla notavelmente os desenhos do artista que em sua obra gráfica mescla o uso de imagens/ palavras/textos (pelos quais é conhecido) os mesmos são plenos de observações ora irônicas, ora poéticas acompanhadas de imagens alusivas a temas associados ao sujeito contemporâneo frente aos desafios cotidianos em sua busca por uma possível transcendência. O material traz um grande número de imagens de obras finalizadas, além de exibir registros dos cadernos de esboços e diários de imagens pessoais possibilitando ao leitor uma aproximação aos elementos que fazem parte do imaginário do artista.

 

Sobre o artista

 

Nazareno, São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas… bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, são trabalhos que potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização evidenciando outras realidades e eventualmente conduzindo o adulto/espectador a um estranhamento em seu rebaixamento a uma condição infantil. Com uma  carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos quinze anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e livros de arte as obras do artista estão em diversas coleções públicas e privadas.

Fortes Vilaça 2 – Galpão

19/set

“San Marco” é a segunda exposição individual de Mauro Restiffe na Galeria Fortes Vilaça. Agora, o artista ocupa o espaço do Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP,   com onze fotografias inéditas tiradas dos afrescos pintados por Fra Angelico dentro das celas dos frades no Mosteiro de San Marco, em Florença, Itália.

 

A investigação poética de Restiffe sobrepõe a linguagem documental e a referências da história da arte e da fotografia. A utilização do filme analógico preto e branco de alta sensibilidade não é aleatória, é um recurso formal que possibilita ao artista trabalhar a ideia de representação e de uma desconstrução do real. A granulação das imagens e as gradações de cinza funcionam como a tinta em uma tela – suas fotos são repletas de textura.

 

As obras da mostra rompem com a frontalidade de enquadramento características de outros trabalhos do artista. A fotografia é feita de modo que uma área homogênea escura fica em primeiro plano mas onde ainda assim é possível ver, através das sutis gradações de cinza, os detalhes dos arcos da entrada de cada cela. A questão arquitetônica constantemente presente na obra de Mauro aparece também aqui. O artista tira as fotos todas de um mesmo ângulo, usando o arco como um elemento repetido em uma estrutura minimalista.

 

Há um certo voyeurismo presente nas imagens que surge como uma novidade em seu trabalho. Os afrescos ficam ao fundo, distantes, como se olhássemos através de um buraco de fechadura. Mas diferentemente do que acontece no mosteiro, onde cada afresco é visualizado individualmente, na mostra é possível ver todos como um conjunto, assim observando as mínimas nuances e diferenças entre cada imagem.

 

As situações de representação e reprodução de obras de arte já foi abordada pelo artista em outras ocasiões. Na sua série “Vermeer”, em exposição atualmente em Inhotim, Brumadinho, Minas Gerias, Mauro Restiffe fotografa uma mesma obra do pintor holandês de várias maneiras. Já na exposição “Planos de Fuga” realizada pelo CCBB em 2012, a participação do artista se deu através da documentação de todas as obras da mostra.

 

Sobre o artista

 
Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo em 1970 e vive e trabalha em São Paulo. Entre suas exposições individuais, destaca-se sua recente exposição individual “Obra” no MAC São Paulo, ainda em cartaz até outubro de 2013, com fotografias feitas durante a reforma do prédio projetado por Oscar Niemeyer. O artista participa ainda este ano da Bienal de Fotografia do MASP e do Panorama de Arte Brasileira do MAM de São Paulo. Sua obra está presente nas coleções do Inhotim, Brumadinho; Tate Modern, Londres; SFMOMA, São Francisco; Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras.

 

Até 09 de novembro.

 

 

Inéditos ou quase…

10/set

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.

Correspondências. Mostra inaugural

23/ago

Com a exibição da mostra coletiva “Correspondências”, a Galeria Bergamin, realiza sua estreia no circuito de arte contemporânea. O espaço situa-se à rua Oscar Freire, 379, loja 01, Jardins, São Paulo, SP. A mostra é apresentada por Felipe Scovino. Para o evento inaugural foi selecionado expressivo elenco de nomes pontuais da arte brasileira. Entre os participantes da exposição constam obras em técnicas diversificadas como pinturas, objetos, esculturas e fotografias, assinadas por Adriana Varejão, Alair Gomes, Cildo Meireles, Emanuel Nassar, German Lorca, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, José Bento, José Resende, Lygia Pape, Mauro Restiffe, Miguel Rio Branco, Montez Magno, Nelson Leirner, Paulo Roberto Leal, Raymundo Colares, Sérgio Camargo, Thiago Rocha Pitta, Vik Muniz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Luciano Figueiredo e Marcelo Cidade.

 

 

 

Texto de Felipe Scovino

 

Nessa exposição, que inaugura o novo espaço e momento da Galeria Bergamin, o que se apresenta são estratégias de correspondência. Para além da heterogeneidade de discursos, propostas e suportes, estão diante de nós diálogos, associações e afinidades. Em alguns casos, regidos por uma ironia (como nas obras de Emmanuel Nassar e Nelson Leirner) ou associações livres e poéticas que nos fazem pensar na ampliação do suporte feito por quem homenageia (como são os casos das obras de German Lorca, Miguel Rio Branco e Thiago Rocha Pitta, nas quais a fotografia transita em direção a pintura, ganhando texturas, luz, elementos táteis, pulsantes que a faz estar em uma situação fronteiriça). As oposições também existem, seja através das formas, técnicas, linguagens e assuntos, sem, entretanto, formar um sentido geral definitivo ou hierarquizá-los prematuramente, isto porque a abrangente condição artística na sua atualidade não se fixa em parâmetros históricos e critérios artísticos precisos e definitivos. As homenagens a Lucio Fontana são um exemplo disso. O seu romântico corte abrupto, seco e libertador sobre a tela transforma-se na obra de Leirner em um abrir e fechar zíperes. Passamos a rasgar o tecido numa atitude explicitamente dadá. Por outro lado, na obra de Adriana Varejão a tela se transforma numa epiderme na qual os azulejos se revelam como um corpo violentado.

 

As correspondências não estão somente apresentadas nas homenagens feitas pelos artistas a seus colegas, mas conseguimos perceber nessa correspondência livre e direta, as predileções, argumentos e diálogos que acontecem entre homenageado e quem homenageia.  A diversidade e heterogeneidade não estão só nos temas, assuntos ou conteúdos, mas também – e aqui é outro ponto de qualidade da exposição, a sua capacidade de revelar a multiplicidade de pesquisas na contemporaneidade – nas linguagens e nas mídias nas quais as obras podem aparecer ora como pintura, escultura ou fotografia, ou ainda como algo de indefinida e incerta sistematização.

 

 

De 08 de agosto a 28 de setembro.

Eduardo Masini/Vergara em BH

07/ago

O artista Eduardo Masini inaugura sua exposição individual  intitulada “O Devir” no Museu Inimá de Paula, Centro, Belo Horizonte, MG. As obras e fotografias foram criadas a partir de um convite  do artista Carlos Vergara ao fotógrafo. Serão expostas 70 fotografias, além de um vídeo instalação e uma instalação de Carlos Vergara. Eduardo Masini convidou Carlos Vergara para apresentar “Empilhamento” de 1969, obra emblemática, com cunho político, que tornou-se um marco na carreira do artista.

 

Tudo começou quando em 2010 Carlos Vergara conseguiu uma autorização para visitar o antigo presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro, que estava desativado. Vergara convidou Eduardo Masini para acompanha-lo. Nessa visita, Eduardo fez uma série de fotografias, que deram origem à mostra atual.

 

O diferencial é que as obras foram  impressas em forma de lambe lambe, nome dado aos tipos de cartazes que são colados na rua e aplicados um em cima do outro, geralmente para divulgar shows. Os lambe lambe com as fotos do presídio são sobrepostos a outros lambe lambe com retratos de pessoas normais que aparentemente não pertencem ao presídio. Depois eles foram amassados e a camada superior rasgada de forma que apenas partes das imagens inferiores sejam reveladas. O intuito do artista é remeter à degradação e à poluição visual vista nas celas. As paredes estavam quebradas, mas no que restava via-se fotos pornográficas e páginas da bíblia. “Procurei fazer obras representativas que passavam a energia do lugar” , descreve o artista. Eduardo Masini ainda expõe uma instalação e um vídeo arte. Neste trabalho, cenas plácidas filmadas no presídio ganham movimento gradualmente, culminando na implosão do lugar e nas barras de ferro que restaram.
A mostra marca uma parceria entre duas gerações.

 

De 15 de agosto a 08 de setembro

Mario Cravo Neto – Butterflies and Zebras

30/jul

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, Praça da Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Butterflies and Zebras” de Mario Cravo Neto, artista falecido em 2009. Considerado um dos mais representativos fotógrafos brasileiros, a mostra reúne 250 fotografias inéditas feitas entre os anos de 1969 e 1970, período em que o artista viveu em Nova Iorque, dedicando-se também aos estudos da escultura e pintura. Nelas podemos notar a procura do fotógrafo por ângulos inusitados, realizados nos apartamentos onde viveu, nas ruas, nas estações e dentro dos vagões do metrô. Muitas delas foram feitas a partir de janelas, numa série em busca de descobertas, nada mental, com planos e cortes realizados ao acaso, o que faz com que o conjunto se torna ainda mais provocante ao descrever movimentos que transitam entre um mundo interior e outro, exterior.

Por uma decisão curatorial e para que o público tenha uma compreensão maior sobre a obra de Mario Cravo, também serão exibidas 45 imagens em preto e branco, ícones na obra do artista, que originalmente fizeram parte da série “O Fundo Neutro e Seus Personagens” realizada entre 1980 e 1999 que foram o ponto de partida para o livro “The Eternal Now”. Segundo Diógenes Moura, curador da mostra, “Butterflies and Zebras não é apenas uma exposição, um livro. É uma experiência sobre o tempo, sobre o destino, sobre o amor, sobre a vida, sobre a morte e sobre de como se poderá ir do ontem ao muito além”.
A mostra começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006. Um trabalho de edição e pesquisa através das centenas de imagens produzidas por ele. A primeira fase do trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista.

 

 
A palavra do curador
“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: “São as fotos que fiz em Nova Iorque”. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema e fotografia. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as leva para dentro numa mesma cédula não identificável; aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há aproximação e distância. Uma cidade dilatada.”

Sobre o artista

Estudou em Berlim e Nova York, acentuando suas pesquisas sobre escultura e fotografia. Em 1970, publicou sua primeira fotografia fora do Brasil no catálogo da exposição “Information”, do Museum of Modern Art, MoMA, em Nova York. Durante os anos 1970, dedicou-se à criação de projetos in situ, interferindo na natureza do sertão baiano e no perímetro urbano de Salvador. Expôs inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Publicou cerca de catorze livros em diversas línguas, assim como matérias em revistas e jornais. Tem obras no acervo de importantes museus e em coleções particulares em todo o mundo. Em 2000, numa busca sempre imersa no mundo mítico e na natureza de seu país, publicou “Laróyè (Áries)”, no qual procura o semelhante junguiano de Exu nas ruas de Salvador, e realizou exposição homônima na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi realizada na galeria Paulo Darzé, em Salvador, sob o título “A flecha em repouso”.

Até 10 de novembro.

Alexandre Mury, Fricções históricas

19/jul

 

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe em sua Galeria 1, a exposição“Fricções históricas”, mostra individual do artista plástico Alexandre Mury, com curadoria de Vanda Klabin e coordenação geral do marchand Afonso Costa. Nessa que será a primeira mostra institucional individual do artista, o espectador terá a oportunidade de conferir um panorama de imagens que, muito mais que se prestarem ao julgamento estético, instigam e provocam a reflexão sobre temas extremamente presentes. Os trabalhos de Mury evocam questões antropofágicas de autoria, tais como cópia, citação, releitura, recriação, crítica, apropriação, paródia, pastiche, já que ele trabalha a partir de obras consagradas, canônicas, portanto, de rápido reconhecimento. Sua proposta faz, assim, a discussão enveredar pelo questionamento do próprio papel da obra de arte em nossa sociedade.

 

A exposição “Alexandre Mury | Fricções históricas” apresenta um vídeo e 42 fotografias em grandes formatos, metade delas inéditas, todas protagonizadas pelo próprio artista, com provocativas releituras de obras consagradas da história da arte, ícones da cultura e do imaginário coletivo. São releituras do olhar único de Mury, que desenvolve um estudo não linear da história da arte, percorrendo do renascentista ao contemporâneo, passando pela Antiguidade e indo ao moderno. Uma das obras inéditas bastante esperadas para esta exposição é a versão de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Para aparecer em sua leitura da obra renascentista, Mury raspou o cabelo, a barba e as sobrancelhas.
A alquimia poética que envolve os trabalhos de Alexandre Mury tem a capacidade de nos trazer questionamentos, inquietações, provocações e até um insistente desconforto aliado às ambiguidades de um prazer libidinoso. Desdobrar-se e despersonalizar-se ao estabelecer o seu eu como centro de todas as suas obras, por meio de um procedimento descontínuo e lacunar, gerado ao transformar a própria imagem constantemente e introduzir o seu ser como agente de suas investigações históricas, é exatamente a junção de acontecimentos que o torna portador de uma experiência artística bastante singular, diz a historiadora de arte e curadora da exposição, Vanda Klabin.

 

 

Sobre o artista

 

Alexandre Mury nasceu em São Fidélis, RJ, 1976, onde reside. Artista por vocação, desde criança desenhou e pintou e aos 16 anos começou a fotografar. Em 1997, ingressa na Faculdade de Filosofia de Campos cursando Publicidade e Propaganda, que conclui em 2001. Lecionou em algumas faculdades entre 2003 e 2006, nos cursos de Comunicação Social e Design Gráfico. Atuou profissionalmente como diretor de arte em agências de publicidade de 2001 até 2010. Desde então, dedica-se exclusivamente ao trabalho de fotografia, participando de importantes coleções, como as de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva.

 

 

Sobre a curadora

 

Vanda Klabin é historiadora de arte, curadora de diversas exposições de arte e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. É formada em Ciências Políticas e Sociais, pela PUC-Rio e em História da Arte e Arquitetura pela Uerj. Fez pós-graduação em Filosofia e História da Arte, PUC-Rio. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 20 de julho a 8 de setembro.

Dois momentos: Caio Reisewitz e Saint Clair Cemin

25/jun

 

 

 

 

A Luciana Brito Galeria, Vila Olímpia, São Paulo, SP,  inaugurou as exposições “Tudo Vazio Agora Cheio de Mato”, fotografias de Caio Reisewitz, e “Fotini”, esculturas de Saint Clair Cemin. Reisewitz exibe uma seleção de nove obras sob uma narrativa inédita. Em outro espaço da galeria, Saint Clair Cemin volta para apresentar “Fotini”. Artista radicado nos Estados Unidos, Saint Clair é conhecido por lidar com uma diversidade de figuras, materiais e estilos de formas inusitadas e dramáticas.

 

Caio Reisewitz tem como objetivo mostrar um novo enfoque de pesquisa. Sem deixar de salientar sua preocupação com a ação e poder do homem, desta vez ele trabalha os espaços arquitetônicos, resgatando interiores de projetos históricos modernos ou católicos barrocos. De acordo com o próprio artista: “procuro registrar monumentos arquitetônicos brasileiros representativos e, a partir daí, pratico um exercício de reflexão e intervenção orgânica”. Esse processo criativo de fotomontagem intefere na história, transformando o registro e submergindo seus atributos originais.

 

Saint Clair Cemin exibe “Fotini”, nome próprio grego de mulher que, do ponto de vista etimológico, vem da palavra φως [fos – luz] e significa aquela que nasce da luz. A exposição empresta seu título da obra homônima, um martelo de aço de proporções agigantadas preso em uma caixa de vidro. Concebida como um dueto exclusivo, a exposição só se completa com outra escultura também de símbolo feminino,” Venus-Delilah”, uma tesoura em bronze, aberta, arrematada por formas marinhas e fixada em um altar de concreto.

 

Até 17 de agosto