Chico da Silva na Frieze Masters 2024.

07/out

A Galatea anuncia sua participação na Frieze Masters 2024, de 09 a 13 de outubro, com um estande solo dedicado a Chico da Silva (1910, Alto Tejo, AC – 1985, Fortaleza, CE).

Um dos primeiros artistas brasileiros de ascendência indígena a alcançar fama internacional, Chico da Silva nasceu de pai indígena peruano e mãe cearense, no nordeste do Brasil. Após a morte de seu pai por picada de cobra, Chico da Silva se mudou com a mãe para Fortaleza, onde começou a pintar pássaros nas paredes externas das casas de pescadores, de maneira autodidata. Seu encontro com o crítico suíço Jean-Pierre Chabloz, em 1943, deu-lhe o apoio necessário para seguir uma carreira artística profissional. Rapidamente, suas obras começaram a circular nos grandes centros urbanos do Brasil e da Europa. Em 1966, recebeu Menção Honrosa por sua participação na 33ª Bienal de Veneza.

As pinturas selecionadas para a Frieze Masters 2024 destacam o melhor de Chico da Silva – animais fantásticos inspirados por mitos da Amazônia povoam composições ricas em policromia e traços intrincados, com tramas e linhas coloridas.

Atualmente, a obra de Chico da Silva tem atraído uma recepção renovada, beneficiando-se de uma reintegração institucional e mercadológica. Suas pinturas estão entre as aquisições recentes de instituições como a Tate, o Guggenheim e a Pinacoteca de São Paulo, que também realizou uma importante exposição monográfica de sua obra em 2023.

A grandeza de Tomie Ohtake.

04/out

O MoMA de Nova York adquiriu para sua coleção a pintura “Sem título” (1982), de Tomie Ohtake, através da Galeria Nara Roesler, que representa o legado da artista nascida em 1913, em Kyoto, no Japão, e que viveu em São Paulo de 1936 até sua morte, em 2015, aos 101 anos de idade. A pintura, em tinta acrílica sobre tela, mede 132 x 132 x 4,5 cm. Para Daniel Roesler, sócio da galeria de arte, esta é uma aquisição “muito importante, que demonstra o reconhecimento do MoMA pela grande artista que é Tomie Ohtake”. Ele acrescenta: “O MoMA vem se juntar a outros museus prestigiosos, como o Metropolitan Museum of Art (MET), também em Nova York, a Tate Modern, em Londres, o Mori Art Museum, em Tóquio, o San Francisco Museum of Modern Art, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outros, que também têm trabalhos da Tomie, sem dúvida um dos maiores nomes da arte brasileira”.

Nara Roesler apresentará na Art Basel Paris, de 18 a 20 de outubro, cinco pinturas de Tomie Ohtake, dos anos 1960 e uma de 1970, e trabalhos da artista ainda podem ser vistos na Bienal de Veneza, em cartaz até 24 de novembro, e nas exposições “The Appearance: Art of the Asian Diaspora in Latin America & the Caribbean”, na Americas Society, em Nova York, até 14 de dezembro; “Japan In/Out Brazil”, na Nara Roesler Nova York, que vai até este 05 de outubro, e “Aberto 03”, na casa-ateliê da artista em São Paulo, até 06 de outubro.

A obra de Tomie Ohtake que agora pertence à coleção do MoMA faz parte de uma série de pinturas que a artista criou entre meados da década de 1970 e a década de 1980. Nessas obras, ela estabeleceu seu estilo único e inigualável de abstração figurativa, com volumes arredondados e orgânicos preenchendo o campo visual, tratados através de sutis gradações de cor e expansões monocromáticas. As formas primárias que emergem dessas pinturas magistralmente compostas são exemplos marcantes do domínio do campo cromático, alcançando um equilíbrio delicado entre figuração e abstração. Este corpo de trabalho exemplifica a abstração neovanguardista, transformando o legado do modernismo brasileiro em um dos repertórios mais cativantes da pintura tardia moderna nas Américas. Neste ponto, o trabalho de Tomie Ohtake abraça plenamente uma dimensão cósmica, orientando sua prática em direção à escultura e ao espaço.

Histórias Particulares.

Monica Barki produz esculturas em cerâmica pela primeira vez, apresentadas na Galeria Patricia Costa, com curadoria de Vanda Klabin que será inaugurada no dia 10 de outubro e permanecerá em cartaz até o dia 09 de novembro. Desenhista, pintora, gravadora, performer, artista multimídia, Monica Barki compõe sua trajetória artística transitando entre as mais variadas técnicas, o que desempenha com reconhecida destreza. Pinturas em acrílica e óleo sobre tela complementam a seleção de obras em exposição. Monica Barki teve seu primeiro contato com o barro em 1986, nas aulas de cerâmica com a artista Celeida Tostes, na EAV-Parque Lage. Inquieta e curiosa, décadas mais tarde, em 2020, Monica colocou literalmente a mão na massa (ou melhor, no barro).

“Tive vontade de mergulhar na fisicalidade da matéria, trabalhar com as duas mãos simultaneamente, espremendo o barro, me surpreendendo com o que surgia. Sem racionalizar, apenas sentindo o barro. Pouco a pouco ele foi, por si só, me mostrando um caminho. Aconteceu algo bem particular nesse processo. Trabalhando no ateliê com meus netos, eles foram me ensinando a beleza da simplicidade no fazer. As formas sinceras e expressivas das crianças me inundam de vitalidade para seguir minha pesquisa”.

A palavra da curadora

“As experimentações artísticas de Monica Barki emergem de um imaginário de universos pessoais, repletos de percepções alternativas que reconfiguram o nosso olhar ao invocar uma atmosfera onírica e evidenciar uma subjetividade que orbita em torno de significados múltiplos. Representam pluralidades poéticas e fabulares, dispostas em leituras distintas que parecem nortear o caráter diversificado de seu território visual.  Depois de um trabalho autoral ter se partido no forno de queima de cerâmica, Monica Barki passou a utilizar os resíduos para materializar as novas representações nos seus procedimentos artísticos. A artista expandiu os seus meios de expressão e seus tipos de suportes que agora gravitam em torno de rupturas de um mundo codificado, um verdadeiro labirinto. Os objetos adquirem uma outra identidade ao perder a sua própria história; são resíduos de algo que se partiu e agora se organizam pela junção de outros elementos como recurso compositivo – cacos de porcelana, pedras, conchas, bobs, grampos de cabelo, meias de náilon femininas, madeira, ferro ou objetos de sua vida cotidiana, como se fossem pedaços imediatos do mundo. Ao construir cenas que habitam o seu campo visual, Monica cria uma espécie de conjunto sólido com acumulações que produzem um estranhamento entre o eu e o outro, tais como a voracidade das bocas unificadas como um só corpo. Esses elementos vão se ordenando por meio de colagens, justaposições, relevos ou “assemblages” e apontam novas sensibilidades estéticas para o entendimento do seu pensar, submetido a uma leitura de suas recordações subterrâneas que se tornaram o centro das narrativas de seu fazer artístico. Um universo enigmático e único”.

O futuro visto por Jota.

02/out

Descoberto na edição de 2020 da ArtRio, o artista visual Jota inaugurou exposição individual na Galleria Mimmo Scognamiglio, em Milão, Itália. Criado no Complexo do Chapadão, comunidade no Rio de Janeiro, Jota, aos 24 anos, agora ocupa os salões da galeria italiana. Denominada “Dream Under Construction”, a série de obras retrata as expectativas do artista para o futuro.

Lygia Clark na Whitechapel.

A Whitechapel Gallery, Londres, inaugurou a exposição “Lygia Clark: The I and the You”, a primeira grande retrospectiva da artista brasileira no Reino Unido, em exibição até 12 de janeiro de 2025. A exposição examina a trajetória de Lygia Clark, cobrindo suas produções dos anos 1950 aos anos 1970, um período de transformações significativas no Brasil e novas abordagens artísticas no cenário internacional. Figura central do movimento neoconcreto, Lygia Clark desafiou as convenções tradicionais ao incorporar a participação ativa do público em suas obras, dissolvendo as fronteiras entre o “eu” e o “outro”.

Lygia Clark: The I and the You

Até 12 de janeiro de 2025

Whitechapel Gallery, 77 – 82 Whitechapel High Street, Londres.

Lygia Clark, Diálogo de Óculos, 1966, Foto: Eduardo Clark. Cortesia Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark.

Nova representação.

26/set

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a representação do artista Ivan Campos (1960, Rio Branco, AC, Brasil).

Ivan Campos constrói visões de ambientes naturais densamente povoados por animais, espécies vegetais e grafismos. A sua pintura apresenta uma visão fantástica da mata fechada, caracterizada pela alta interação interespécies, em que a noção de ecossistema da floresta transborda para a pintura. Deste modo, formas e cores se moldam mutuamente. Segundo Ivan Campos: “posso dizer que combino a cor e a forma, muitas vezes a cor esconde a forma e a forma esconde a cor”.

O motivo da pintura é encontrado pelo artista no ambiente em que está inserido: a floresta amazônica, com seus rios e igarapés, aspectos místicos de sua vivência com a ayahuasca e cenas de interiores, o que resulta em uma visão integrada das diversas camadas da natureza. Em suas telas, Ivan Campos não visa uma representação naturalista da floresta, antes reitera a indissociável ligação da percepção com a memória e a imaginação.

Sobre o artista

Ivan Campos realizou sua primeira exposição individual em 2000, na Galeria de Artes do Sesc-Acre. Em 2024, foi selecionado para o 38º Panorama Atual de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), e integra também a coletiva “Fullgas” com curadoria de Raphael Fonseca no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB/RJ).

Brasileiros e portugueses.

24/set

“Ação à Distância”, exposição coletiva na Kubikgallery Lisboa, com curadoria de Luisa Duarte & Bernardo de Souza tem abertura anunciada para o dia 03 de outubro na Calçada Dom Gastão, n. 4, Porta 45. 1900 – 194, Lisboa, Portugal.

A exibição conta com obras dos artistas Alexandre Canonico, Artur Lescher, Dan Coopey, Daniel Frota de Abreu, Emmanuel Nassar, Flávia Vieira, Gonçalo Sena, Leda Catunda, Manoela Medeiros, Paloma Polo, Pedro Vaz, Salomé Lamas, Sara Ramo e Vera Mota.

O cromatismo de Andrea Brazil.

No dia 26 de setembro de 2024, às 19h30, Andrea Brazil inaugura a exposição individual “Pinturas” no SuperUber, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Shannon Botelho. A mostra apresenta cerca de 55 obras entre monocromáticas e policromáticas, que marcam um novo momento em sua produção artística.

A cor, elemento essencial em seu trabalho, torna-se o ponto de partida para suas criações, fruto de um processo artesanal em que a artista prepara suas próprias tintas e telas. Nascida em Santos e criada em Salvador, a artista vive em São Paulo, mas mantém a Bahia como fonte de inspiração.

Uma seleção exclusiva.

Para a ArtRio 2024, A Gentil Carioca (Stand A7) destacou uma seleção exclusiva de obras de artistas de diferentes gerações. Nesta edição, a poética singular da galeria será expressa através de trabalhos dos seguintes artistas: Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Ana Silva, Arjan Martins, Cabelo, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Kelton Campos Fausto, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Miguel Afa, Misheck Masamvu, Novíssimo Edgar, O Bastardo, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Rose Afefé, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri e Yanaki Herrera.

Seres fantasiosos de Bruno Novelli.

23/set

A Galatea abre no dia 03 de outubro, no seu espaço localizado na rua Oscar Freire, São Paulo, SP, a exposição “Bruno Novelli: tudo se transforma na terra”, a maior exibição individual já apresentada pelo artista Bruno Novelli (Fortaleza, 1980). A mostra traz um conjunto de 10 pinturas em grande formato produzidas especialmente para a ocasião. Com uma trajetória que soma quase duas décadas, o artista apresenta telas povoadas por seres fantasiosos, elaborados em densas composições, cores e grafismos. Além disso, entre as obras apresentadas está a maior pintura que já produziu: Jardim dos daimons (2024) atinge dois metros e setenta de altura por quatro metros de largura. O texto crítico da mostra é assinado pelo curador Thierry Freitas.

Fortemente inspirado pela exuberância do mundo amazônico e nutrindo interlocução de longa data com os artistas indígenas Huni Kuin que compõem o coletivo MAKHU, Novelli traz em suas pinturas composições ricas em cor e complexas padronagens figurando animais fantásticos e visões oníricas da natureza. Também lhe interessa colocar em tensão o olhar europeu na representação da paisagem tropical e o embate entre a natureza e a sua dominação pelo homem. Outra importante influência para Bruno Novelli é o pintor de ascendência indígena Chico da Silva (Alto Tejo, 1910 – 1985, Fortaleza), de quem absorveu o imaginário fantátisco ao conviver com suas obras ao longo da primeira infância vivida na cidade de Fortaleza, onde o legado de da Silva é pujante.

Bruno Novelli consegue mobilizar em seu trabalho uma imagem pulsante da natureza, ou, melhor dizendo, dos mundos vivos, parafraseando o título em inglês da exposição organizada em 2022 pela Fondation Cartier pour l’art contemporain da qual participou: Les vivants (Living Worlds).