Cenas do cotidiano por Thiago Goms

30/jul

A Galeria Alma da Rua I, Vila Madalena, São Paulo, SP,  apresenta a nova exposição “Brincando com o Vento”, do artista Thiago Goms. Com abertura marcada para 03 de agosto, às 16h, a mostra conta com a curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap, texto de Mmoneis e Harry Borges, trazendo ao público uma reflexão profunda sobre a arte urbana e suas influências no cenário cultural contemporâneo. Em cartaz até 04 de setembro.

Thiago Goms, reconhecido por seus personagens híbridos com cabeça de gato, centra a exposição na temática dos pipas. A exposição traz um pouco de algo semelhante ao grafitti que, nos anos de 1990 era muito comum nos bairros de periferia das cidades. Quando criança, observava assim como os pipas no céus em férias escolares, os grafittis também lhe roubavam a atenção e ali se formava um interesse por algo sobre o qual ainda não tinha muita informação. Após 26 anos, tendo como inspiração a cultura de rua como um todo, Goms retorna ao Brasil após um período de cinco anos no exterior, trazendo uma nova perspectiva, ao mesmo tempo nostálgica e inovadora.

“Brincando com o Vento”, a exposição, conta em 11 trabalhos, cenas do cotidiano de uma das brincadeiras mais comuns que, por décadas, segue como uma cultura que tem linguagem própria, regras e ensinamentos.

Ao longo de sua carreira, Thiago Goms tem explorado diversas técnicas e linguagens, expandindo seu vocabulário artístico. Suas obras atuais refletem essa evolução, combinando elementos de nostalgia com novas influências adquiridas em sua trajetória. A exposição na Galeria Alma da Rua I destaca essa dualidade, oferecendo ao público uma experiência visual que conecta passado e presente. Thiago Goms convida o público a revisitar memórias e vivências através de suas obras, que capturam momentos de tensão e alegria. “Brincando com o Vento” promete ser uma experiência imersiva, onde cada tela é uma janela para o passado e uma reflexão sobre a evolução da arte urbana. Sobre como existem maneiras e culturas distintas dentro da mesma cidade.

Dois artistas na Paulo Darzé Galeria

29/jul

A exposição “Trilha dos ossos”, exibição individual de Fábio Magalhães, terá sua mostra na Paulo Darzé Galeria, Salvador, BA, com abertura no dia 30 de julho e também promove a abertura da exposição “Num rastro de relâmpago”, do fotógrafo Aristides Alves. .

Construída em três atos, a mostra “Trilha dos ossos” propõe uma reflexão sobre o tempo e a complexidade da condição humana diante do devir, tentando compreender e lidar com uma realidade inevitável: o fim experiência humana. A mostra tem curadoria de Tereza de Arruda.

Sobre o artista

Fábio Magalhães nasceu em Tanque Novo, Bahia, em 1982. Vive e trabalha em Salvador. Ao longo da carreira, realizou exposições individuais, a primeira em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa, em Salvador. Na sequência, “Jogos de significados” (2009), na Galeria do Conselho; “O grande corpo” (2011), Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, na Galeria do Conselho, ambas em Salvador; e “Retratos íntimos” (2013), na Galeria Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro. Foi selecionado para o projeto Rumos Itaú Cultural 2011/2013. Entre as mostras coletivas estão: “Convite à viagem” – Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, em São Paulo; “O fio do abismo” – Rumos Artes Visuais, em Belém (PA); “Territórios”, Sala Funarte, em Recife (PE); “Espelho refletido”, Centro Cultural Helio Oiticica, no Rio de Janeiro (RJ); “Paraconsistente”, no ICBA, em Salvador (BA); 60º Salão de Abril, em Fortaleza (CE); 63º Salão Paranaense, em Curitiba (PR); XV Salão da Bahia, em Salvador (BA); e I Bienal do Triângulo, em Uberlândia (MG), entre outras. Entre os prêmios que recebeu, destacam-se: Prêmio Funarte Arte Contemporânea – Sala Nordeste; Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea, em Aracaju (SE); Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da Conquista (BA), e Menção Especial em Jequié (BA).

“A cada dia que entro no meu espaço de produção artística, reafirma-se em mim que a Arte nos dá a capacidade de imaginar e interagir criticamente com o mundo em que vivemos.”

Fábio Magalhães

A Paulo Darzé Galeria também promove a abertura da exposição “Num rastro de relâmpago”, do fotógrafo Aristides Alves. As fotos constroem uma narrativa com base na memória pessoal e familiar, mas com uma perspectiva universal, compondo um arco que contempla desde o firmamento até o interior do próprio corpo, em diálogo constante com a impermanência e a efemeridade.

Sobre o artista

Aristides Alves nasceu em Belo Horizonte. Desde 1972 mora em Salvador, onde se formou em Jornalismo e Comunicação pela Universidade Federal da Bahia. Realizou a exposição coletiva Fotobahia (1978/1984); foi coordenador do Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural do Estado da Bahia, produziu e editou o livro A fotografia na Bahia (1839/2006). Foi um dos fundadores da primeira agência baiana de fotografia, a ASA, e correspondente da agência paulista de fotojornalismo F4. Participou da diretoria executiva da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil e do Fórum Baiano de Fotografia. Realizou diversas exposições individuais e participou de importantes coletivas no Brasil e no exterior. Atualmente realiza trabalhos autorais, projetos editoriais, curadoria e montagem de exposições. Tem 19 livros publicados, dedicados à investigação da paisagem humana e natural do Brasil. Suas imagens estão nos acervos de importantes instituições culturais brasileiras: MAM-Bahia, MAM-Rio de Janeiro, MASP-São Paulo, Museu Afro Brasil-São Paulo e Museu da Fotografia Cidade de Curitiba.

Joana Vasconcelos na Baró Mallorca

24/jul

A primeira exposição de Joana Vasconcelos na Baró Galeria, está em cartaz em Palma de Mallorca, Espanha, até 31 de agosto. A exposição oferece uma visão abrangente da vasta obra de Joana Vasconcelos, apresentando instalações, esculturas, pinturas e desenhos recentes realizados ao longo dos últimos 10 anos, procurando destacar os principais temas na carreira da consagrada artista internacional.

Os olhos, o espelho da alma

Exposição de fotografias do colombiano David Matiz ocupam o Instituto Cervantes de São Paulo. Com mais de uma década de experiencia, David Matiz desenvolveu um estilo particular que combina a técnica fotográfica com uma narrativa visual única, focado especialmente em retratos. A inauguração acontece no dia 1º de agosto e a exposição estará aberta ao público até o dia 31 do mesmo mês.

Apaixonado por capturar a essência da alma através dos olhos, David Matiz criou uma série de retratos que refletem a profundidade e a emotividade de seus sujeitos. Esta exposição busca demonstrar como as expressões oculares podem revelar os verdadeiros sentimentos e pensamentos de uma pessoa. A metáfora poética de que “os olhos são o espelho da alma” foi uma inspiração central para ele, que utiliza sua lente para captar momentos que transcendem as palavras e as ações externas.

“Os olhos, o espelho da alma” convida os espectadores para uma experiência visual, concetando-se com as emoções e a essência interna das pessoas retratadas. Através de suas obras, David Matiz faz com que o público visitante se confronte com o olhar profundo dos sujeitos retratados, revelando uma verdade que só pode ser percebida através dos olhos. A exposição não só destaca o talento de David Matiz, mas também oferece uma oportunidade única para explorar a natureza humana sob uma perspectiva íntima e contemplativa.

Conjuntos que ativam recordações

23/jul

“Memórias Habitadas”: exposição coletiva do Festival Sesc de Inverno repensa memórias e arquivos através da arte. A mostra reúne obras de 21 artistas e pode ser vista nas galerias das unidades do Sesc RJ em Nova Friburgo, Teresópolis e Três Rios.

A exposição coletiva “Memórias Habitadas” já pode ser vista nas galerias das unidades do Sesc RJ em Nova Friburgo, Três Rios e Teresópolis. A mostra, que integra a programação do Festival Sesc de Inverno, reúne um grupo de artistas que se propõe pensar memórias e arquivos para além de leituras historicamente consolidadas. As obras poderão ser conferidas pelo público até outubro (veja o cronograma por unidade abaixo). A entrada é gratuita e pode ser acompanhada por mediadores. O que pode um arquivo? Como seus acervos são narrados e tutelados? Onde fica a fronteira do que aconteceu e do que foi inventado? Essas são algumas inquietações que a exposição traz ao público a partir das obras de diversos de artistas de vários estados do país.

Exibida concomitantemente nas três unidades do Sesc, “Memórias Habitadas” tem curadoria de Barbara Copque, Letícia Puri e Roberta Mathias e consultoria de Ana Paula Alves Ribeiro, e reúne trabalhos de 21 artistas: Alberto Pereira, Alessandro Fracta, Alice Yura, Asmahen Jaloul, Bruno Gari, Domeio, Eliana Alves Cruz, Gê Viana, Joelington Rios, Marina Feldhues, Mariana Maia, Mayara Ferrão, Mbé, Pérola Santos, Rona, Roberta Holiday, Rodrigo Ribeiro-Andrade, Silvana Marcelina, Tayná Uràz, Xadalu Tupã Jekupé e Yoko Nishio.

“Nas diferentes galerias e transbordando além de seus espaços físicos, propomos conjuntos que ativam recordações e convidam a pensarmos o que está presente, mas também o que está fora dos arquivos. As obras se conectam ao pensamento crítico da escritora Saidiya Hartman que, diante das incompletudes cristalizadas dos arquivos, nos perguntam: “o que há mais para saber?” e nos conduzem a um desaprender, a um exercício de escutas, colagens e narrativas que mesclam histórias pessoais e fabulações, onde os afetos e a beleza insurgem para contestar os silenciamentos e apagamentos dos arquivos oficiais”, declararam as curadoras.

Um dos destaques da mostra, o artista indígena Xadalu Tupã Jekupé aceitou o desafio do Sesc RJ e revisitou os arquivos do IHGB, no Rio, para compor a produção de uma obra inédita que faz parte da exposição.

“Através da pesquisa, a gente revisou esses documentos do período colonial fazendo uma releitura por meio de obras que vão circular nestas três cidades. Além de descentralizar, vamos decolonizar esse pensamento colonial que ainda habita nas instituições – e aos poucos as instituições vão se acostumando a ter esse novo olhar. Com esses espaços de exposição a gente cria narrativas e diálogos com o espectador”, disse o gaúcho da cidade de Alegrete, território da antiga missão jesuítica de Yapeyu, um dos alvos de sua pesquisa. O trabalho do artista está exposto na galeria de Artes Visuais do Sesc Nova Friburgo.

Maior evento multilinguagem do país, o Festival Sesc de Inverno acontece até 28 de julho de 24 localidades do estado do Rio de Janeiro – a maior edição de todos os tempos. São mais de 550 atrações gratuitas ou a preços populares com música, teatro, dança, literatura, cinema, circo e artes visuais. A exposição “Memórias Habitadas”, porém, poderá ser vista até o mês de outubro. Este ano, o conceito do festival celebra a multiplicidade do Brasil, representada pelo acróstico “P-L-U-R-A-L”, que busca resumir em seis outras palavras a diversidade cultural do país: P, de povos, L, de lugares, U, de união, R, de raízes, A, de artes e L, de linguagens. A programação completa pode ser conferida em festivalsescdeinverno.com.br.

Exposição “Memórias Habitadas”

Galerias do Sesc Nova Friburgo, Sesc Teresópolis e Sesc Três Rios. Artistas: Alberto Pereira, Alessandro Fracta, Alice Yura, Asmahen Jaloul, Bruno Gari, Domeio, Eliana Alves Cruz, Gê Viana, Joelington Rios, Marina Feldhues, Mariana Maia, Mayara Ferrão, Mbé, Pérola Santos, Rona, Roberta Holiday, Rodrigo Ribeiro-Andrade, Silvana Marcelina, Tayná Uràz, Xadalu Tupã Jekupé e Yoko Nishio

Curadoria: Barbara Copque, Letícia Puri e Roberta Filgueiras Mathias

Consultoria: Ana Paula Alves Ribeiro

Sesc Nova Friburgo: Av. Pres. Costa e Silva, 231

Sesc Teresópolis: Av. Delfim Moreira, 749

Sesc Três Rios: R. Nelson Viana, 327

A extensão da identidade de Marisa Nunes

18/jul

“Liberdade Só – A Sombra da Montanha é a Montanha”: A Reflexão de Marisa Nunes sobre a Liberdade e a História” é uma imersão artística com curadoria de Juliana Mônaco na Art Lab Gallery, Vila Madalena, São Paulo, SP, que mergulha na complexa relação entre Liberdade e História. A mostra explora a busca humana pela liberdade através de uma lente pessoal e coletiva, onde cada peça reflete a profundidade das experiências da artista. Inspirada pelo poema “A bandeja de prata” de Natan Alterman. A artista investiga a metáfora “não se entrega um estado numa bandeja de prata”, utilizando-a como fundamento para suas criações e afirmando que “a sombra da montanha é a montanha” em uma representação da totalidade de sua exposição, onde cada trabalho é uma extensão de sua própria identidade. O vernissage será no dia 20 de julho e permanecerá em exibição até 05 de agosto.

A artista utiliza técnicas mistas em pintura, com sobreposições de tintas e colagens de folhas de ouro, além de esculturas em aço. Sua obra é uma manifestação da evolução pessoal e coletiva, tecendo memórias de infância, adolescência e a construção de sua personalidade adulta. As influências culturais e religiosas são evidentes em suas peças, refletindo a complexidade da busca humana pela liberdade. A exposição inclui uma instalação premiada em primeiro lugar no Bunkyo 2023, sob a orientação de Yutaka Toyota, além de 35 pinturas em técnica mista, 11 esculturas em ferro carbonado e dois painéis inéditos de 3×3 metros. As obras de Marisa Nunes são marcadas pelo uso simbólico do vermelho e do preto, representando a fumaça, o sangue e o caos das guerras que permeiam a História da Humanidade. O aço carbonado é utilizado para simbolizar a dor, enquanto as paletas leves e os cenários de paz contrastam, sugerindo a dualidade entre conflito e serenidade.

Juliana Mônaco, curadora da exposição, destaca que a arte de Marisa Nunes é uma expressão multifacetada da liberdade. Sua imersão na cultura oriental e o estudo disciplinado de temas complexos enriquecem a narrativa visual de suas obras. Cada peça é uma extensão de sua própria essência, revelando uma harmonização entre formas, cores e sentimentos que refletem a dualidade da vida.

A biografia de Marisa Nunes é um testemunho de perseverança e dedicação. A artista dedicou-se por aproximadamente três anos à criação dos painéis de grande formato que integram esta exposição. A artista apresenta um trabalho que vai além da simples representação, oferecendo ao público uma experiência imersiva e reflexiva sobre a jornada em busca de liberdade e autocompreensão.

Alban Galeria apresenta mostra de Paulo Whitaker

17/jul

A Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, apresenta a exposição “Paulo Whitaker – Solavanco, ou entre o cético e o racional e o místico e sensível”. Trata-se da segunda do artista na galeria, desta vez reunindo obras – pinturas e desenhos – que convergem para uma nova abordagem artística, diferente dos trabalhos produzidos nos últimos anos. Paulo Whitaker ocupa um espaço singular na produção contemporânea brasileira, sendo um artista de renome internacional, com presença em diversas bienais e obras espalhadas por vários países. A abertura da exposição acontecerá no dia 25 de julho e permanecerá aberta ao público até 31 de agosto.

“As pinturas apresentadas aqui substituem a vibração de formas sobrepostas e sobrecarregadas – característica de trabalhos anteriores, realizados entre 2000 e meados da década de 2010 – por superfícies com um número menor de elementos, em que a maioria dos componentes está disposta lado a lado ou em justaposição”, analisa o crítico José Augusto Ribeiro, mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e atualmente curador-sênior na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Segundo José Augusto Ribeiro, é comum nas obras desta fase atual do artista “que as formas se encostem, liguem-se sutilmente, pelas pontas. Os elementos são colocados, dessa maneira, em relação aberta e direta uns com os outros – autônomos e, a uma só vez, em contato. Quase como se estivessem a lembrar que a produção como um todo conduz sua marcha pelas extremidades da linguagem, a fim de estender-se ao limite, para aproximar-se de outros conhecimentos, técnicas e soluções – da colagem, da gravura, da serigrafia, da escultura”.

Paulo Whitaker, por sua vez, diz que as obras dessa mostra atestam a natureza imprevisível do seu trabalho. Como ele observa, o uso do stencil e das “máscaras” de papel é marcado por uma “inserção abrupta”, que se reforça com as próprias características de sua criação: “Sempre trabalhei no chão, fazendo pinturas que vão sujando, ficando menos limpas, manchadas, deixando aparente o processo criativo. Tudo o que a pintura passou até chegar a um resultado final fica registrado na criação. Não tenho ímpeto de esconder isso. Tudo é explicito. O uso do papel na feitura das máscaras facilita essa exposição criativa, levando aos contornos imprecisos do que pretendo evidenciar”, explica o artista, lembrando que “hoje em dia me sinto muito a vontade para revisitar o meu trabalho de 30 anos atrás, trabalhando em cima disso, ainda que com o necessário distanciamento”.

Artista renomado

Nome renomado do circuito nacional de arte contemporânea, Paulo Whitaker pode ser identificado, de certa maneira, como um integrante da Geração 80 que reivindicou um retorno à pintura, como resposta ao conceitualismo em voga até então. Ainda que estivesse geograficamente distante de nomes como Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leda Catunda, Luiz Zerbini e mais, o artista partilhava do mesmo senso de vocação quase única e exclusiva à prática pictórica, entendendo a pintura como um ofício diário, digno tanto de densas articulações teóricas quanto de um modelo de trabalho que o exigia (e ainda exige), rigor, dedicação plena e integral a este fazer artístico. Em seu processo, Paulo Whitaker encara a superfície da tela como um plano livre, onde formas, cores e demais elementos aparecem ao longo da feitura da obra, sem que o artista estabeleça um pensamento prévio ou defina pragmaticamente um resultado já pensado para o trabalho artístico. Em sua vasta trajetória, o artista tem sido radicalmente fiel à ideia de um processo de trabalho que viu, ao longo das décadas, o surgimento de cores mais vibrantes tomarem suas telas, ainda que tenha seguido fiel à ideia de um percurso de realização que se assemelha a uma constante resolução dos “problemas” que estas vão lhe apresentando, conforme as pinta, em seu atelier.

Sobre o artista

Nascido em São Paulo em 1958, pintor e desenhista, Paulo Whitaker formou-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – Udesc/SC, em 1984.  Entre 1991 e 1992, tornou-se artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg na Alemanha e em 1999 no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Neste mesmo ano participou da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel no MAM, em São Paulo. Ao longo de sua trajetória, participou de importantes eventos internacionais, como a 3ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre; a Biennale de Montreal/Canadá, e a Bienal Internacional de São Paulo.  Em 1993, recebeu o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1998, no VI Salão Nacional Victor e o Grande Prêmio no Museu de Arte de Santa Catarina. Recentemente, participou das exposições: 2024-A Maior Metade, com Virgílio Neto, Galeria Index, Brasília; 2022-Uma Mão Lava a Outra, Olhão SP, collab Virgílio Neto, curadoria de Antônio Lee e, no mesmo ano, Pequenas Pinturas, Auroras SP, curadoria de Ricardo Kugelmans e Pollyana Quintella em 2021-Setas e Turmalinas, Casa de Cultura do Parque, curadoria Gisela Domschke. As obras do artista estão em acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP, Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR, Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Älvares Penteado – MAB/Faap, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros.

Conflitos pintados por Arruda e Dunhham

16/jul

Abre hoje na Almeida & Dale, Jardim Paulista, São Paulo, SP, a exposição “Examining Myself and Others: Victor Arruda e Carroll Dunham”, que reúne Victor Arruda e Carroll Dunham, com um conjunto de pinturas e desenhos. A mostra aproxima as obras dos artistas que, como avaliou o curador Dan Nadel, estão conectados em suas investigações sobre masculinidade, conflito, sexo e consciência por meio de figuras distorcidas e genderizadas compostas em paletas de cores vibrantes e inseridas em ambientes impossíveis. Classificação indicativa: 18 anos

Victor Arruda constrói essa vida pintada com imagens vernaculares desenhadas com uma linha elástica e blocos de cores exuberantes. Suas pinturas são planejadas a partir de desenhos, construídas para máxima comunicação gráfica sobre o amor e o desejo, desequilíbrios de poder entre ricos e pobres urbanos, e os mapas mentais e emocionais que dominam a vida brasileira.

Carroll Dunham dá vida às suas telas improvisando dentro de parâmetros composicionais rigorosos, criando atmosfera nos céus e terrenos, preenchendo-os e a seus corpos com seu toque. Suas cenas primordiais de figuras masculinas cilíndricas lutando por esporte ou em combate, posadas e prostradas, e figuras masculinas e femininas congeladas em pleno ato sexual são a essência de nossos começos compartilhados.

Galeria Marcelo Guarnieri exibe Mariannita Luzzati

15/jul

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins,  apresentará, entre 30 de julho e 03 de setembro,  a segunda exposição individual de Mariannita Luzzati (1963, São Paulo) na unidade de São Paulo, que contará com texto crítico de Luiz Armando Bagolin. Convidando o espectador a refletir sobre o vazio e o silêncio, Mariannita Luzzati desenvolve sua prática pictórica a partir do interesse pela paisagem e pela simbologia elementar da contemplação que vem associada a ela. Em sua pesquisa, tenta refletir sobre a ideia de “restauração” da paisagem, que diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de tons rebaixados que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de nublar os elementos da cena.

A partir de um sistema pictórico próprio que desenvolveu há mais de 25 anos, Mariannita Luzzati apresenta nesta exposição um diálogo entre pinturas inéditas e pertencentes a séries anteriores, onde a variação de escalas se faz evidente. Como observa Luiz Armando Bagolin: “O ponto de inflexão entre as telas maiores e as novas, menores, parece ser exatamente este, ou seja, o desejo da artista em tornar tudo o que vê mais próximo, no sentido de mais familiar, por mais que os sentimentos de isolamento e inacabamento prevaleçam. E por maior que seja a dimensão do campo colorido (ou do quadro pintado), nunca é ao monumental que sua obra se endereça. Se sua pintura dispensa propositadamente uma profundidade, dispensa igualmente a escala da paisagem como algo épico e farsesco. O seu trabalho, ao contrário, oscila sempre entre um campo de projeção de um espaço físico observável e um espaço de pura imanência que pertence à realidade da própria pintura. Por isso, é avesso também ao sublime grandioso ou terrível (imaginado por Edmund Burke).”

Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha. Em suas novas pinturas, Mariannita Luzzati passeia por tons azulados e esverdeados por meio do uso de pigmentos como verde, óxido de cromo verde, azul ultramar e azul cobalto, aproximando-se assim, como observado por Luiz Armando Bagolin em seu texto crítico, de um momento da tradição da pintura de paisagem inglesa em que o pintor do gênero buscava uma emancipação e autonomia. “John Constable então aprendeu (e a partir dele, Monet, mais tarde) que, ao pintar a paisagem, deve-se partir sempre de um fundo verde vivo, a fim de obter efeitos mais vibrantes nas sucessivas camadas de cores que serão aplicadas depois sobre este fundo. Invertia-se ou se modificava assim o princípio segundo o qual, na pintura “clássica” ou mais antiga, de gênero alto (a pintura histórica) ou de gêneros mais elevados do que a pintura de paisagem (que era considerado um gênero baixo), iniciava-se a composição a partir de um fundo avermelhado (com cinábrio) ou acastanhado (com sépia ou bistre) como garantia da recepção das luzes e do modelado do claro-escuro na progressão da feitura da pintura.

Sobre a artista

Mariannita Luzzati (1963, São Paulo), vive e trabalha entre São Paulo e Londres. Dentre as exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Fundação Iberê Camargo, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas. Suas obras constam em importantes coleções nacionais e internacionais, dentre as quais a Fundação Itaú Cultural de São Paulo; Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; Fundação Cultural de Curitiba; Fundação Padre Anchieta – TV Cultura em São Paulo; Museu de Arte de Brasília; Machida City Museum of Graphic Arts em Tóquio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza; Instituto Figueiredo Ferraz em Ribeirão Preto; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone na Itália; British Museum de Londres; Essex Collection em Colchester na Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc de Londres; Teodore Goddard, em Jersey e Pearson plc, em Nova York.

Pati Rigon na Galeria Alma da Rua II

12/jul

Mostra comemora dois anos da galeria e destaca a influência da arte urbana no cenário cultural. A Galeria Alma da Rua II, Vila Madalena, São Paulo, SP, celebra seu segundo aniversário com a abertura de “CASACORPO”, da multiartista Pati Rigon, sob a curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap. A exposição reúne uma série de pinturas a óleo que exploram o conceito do corpo humano como uma casa. A obra de Pati Rigon interpreta o corpo/carne/espírito humano como uma residência privada e suas múltiplas identidades transitórias. Através de sua arte, a artista convida o público a percorrer os corredores da alma, explorando os recantos mais íntimos do coração, em uma jornada introspectiva que revela os labirintos pessoais e as histórias que moldaram cada indivíduo. “CASACORPO” tem vernissage agendado para 18 de julho e permanecerá em cartaz até 21 de agosto.

Pati Rigon, é conhecida por sua abordagem poética e visceral, traz para a mostra uma série que dialoga com a tradição da arte urbana, destacando-se no cenário cultural contemporâneo. Sua obra reflete as influências de movimentos que utilizam a cidade como tela, integrando elementos do grafitti e das intervenções urbanas com a técnica clássica da pintura a óleo. Essa fusão de estilos permite uma leitura renovada do espaço urbano e da experiência humana, promovendo um encontro entre o público e a arte de maneira direta e impactante.

A Galeria Alma da Rua II, desde sua inauguração, tem se consolidado como um espaço dedicado à promoção da arte urbana e contemporânea, incentivando a diversidade de expressões artísticas e a reflexão sobre temas atuais “CASACORPO” promete ser um marco na trajetória da Galeria Alma da Rua II, consolidando a relevância de Pati Rigon como uma artista que captura as nuances da condição humana através de uma lente urbana e contemporânea. A mostra oferece uma oportunidade única para os visitantes explorarem as camadas mais profundas de suas próprias identidades e histórias, refletindo sobre a relação entre o corpo e a alma.