Lançamento de livro de Cristina Canale

08/mar

A Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, tem o prazer de convidar, no dia 14 de março, às 19h, para o lançamento do livro “Faces”, dedicado à produção da pintora Cristina Canale às séries de retratos, com textos dos curadores Galciani Neves e Victor Gorgulho, 224 páginas e 130 imagens. Radicada em Berlim há mais de trinta anos, Cristina Canale é considerada uma das mais importantes artistas brasileiras, e uma das expoentes da Geração 80. No lançamento de seu livro, ela irá conversar com o curador Victor Gorgulho.

O livro “Faces” reúne 103 obras criadas por Cristina Canale desde 2006, além de detalhes que destacam as pinceladas com texturas das tintas, colagens de tecidos e o seu caderno de anotações, que dá muitas pistas sobre seu processo criativo. As obras são majoritariamente de faces de mulheres – corpo-paisagem, como definiu Galciani Neves -, e a artista conta que começou a fazer esses retratos há mais de dez anos, mas que só há sete passou a mostrá-los.

“Os retratos começaram a partir de um momento no processo que passei a focar nas partes do corpo separadamente, criando narrativas a partir só de pés, mãos, e… rostos. Meio que a parte pelo todo… Daí para entrar nos retratos como um território iconográfico foi um pulo”, explica. “O retrato é um território vasto que vai da abstração à narrativa. Alguns foram feitos a partir de pessoas bem conhecidas, mas sem preocupação de figurar estes personagens. Apenas usei elementos da imagem”, comenta.

Marcelo Lago no Ateliê 31

Um dos nomes da geração de escultores do Rio de Janeiro na década de 1980, o artista Marcelo Lago inaugura a exposição individual “Esculturas, Pinturas, Gravuras” no Ateliê 31, Cinelândia, Centro, Rio de Janeiro, RJ, no dia 15 de março. Nessa mostra, Marcelo Lago apresenta 22 obras que compõem a sua trajetória, além de trabalhos recentes e inéditos. A mostra permanecerá em cartaz até o dia 15 de abril e a curadoria é assinada por Shanon Botelho.

“Para este momento Marcelo Lago nos propõe uma reflexão sobre a mutabilidade dos materiais – metais, bonecos de plástico, lambris, corpos e outros – e de três conceitos que fundamentam a sua pesquisa visual: Energia, Memória e Movimento”, descreve o curador. A produção dos trabalhos de Marcelo Lago tem processos longos. Ele utiliza diversas materialidades que envolvem desde fibra de vidro, plástico, chapa de alumínio, até motor de aquário. “Sou eclético com relação aos materiais, normalmente tenho uma ideia e busco a solução para a fatura, mas cada material tem sua própria linguagem, que sempre contribui com a poética final”, revela Marcelo Lago.

A obra mais recente e ainda inédita que será apresentada na mostra é “Energia Primal” (2024), da série Energias, uma escultura vertical em PVC e tinta automotiva, medindo 160 x 60 x 3 cm, na qual o artista propõe uma interrupção da ordem (linhas paralelas que se encontram no infinito), através da energia mais contundente possível, o calor. Mas ainda na exposição será possível encontrar outros trabalhos pouco vistos, como é o caso da série “Memórias, Sonhos e Reflexões”, que esteve no Paço Imperial (2005) e em função de uma greve ficou apenas duas semanas em cartaz. Embora tenha na escultura uma marca registrada, sendo um dos principais nomes de sua geração, o desenho sempre esteve presente na dinâmica do artista. “Sempre desenhei, desde muito jovem, mas nunca expus, pois depois que comecei a trabalhar com a três dimensões, e já faz mais de quarenta anos da minha primeira exposição individual, toda minha energia ficou direcionada na escultura e suas relações com o espaço”, diz o artista. Os desenhos da série “Sondas Espaciais” (2011), foram escolhidos para serem apresentados ao público pela primeira vez. “Movimento nesta exposição significa o momento atual de Marcelo Lago, um artista aguçado no exercício de suas capacidades criativas, em constante movimento em busca de novos materiais, formas de comunicar e de constituir objetos tridimensionais dotados de verdade e afeto”, define Shannon Botelho.

Sobre o artista

Marcelo Lago nasceu em 1958, no Rio de Janeiro. Participou da icônica exposição “Como Vai Você Geração 80?”, na EVA do Parque Lage, Marcelo Corrêa do Lago dá continuidade a uma geração de escultores do Rio. Suas peças se integram à paisagem urbana, como “Intervenção Vermelha”, grande tubo de aço pintado que durante quatro anos “abraçou” toda a fachada da Casa de Cultura Laura Alvim, na praia de Ipanema, ou o “Grande Painel Azul” que foi feito para sua primeira exposição no Paço Imperial, mas que a pedido de seu diretor, Lauro Cavalcante, ficou instalado no atrium por 12 anos. Tem trabalhos também no jardim da PUC Rio, no metrô Barra Funda, em São Paulo, Museu da República, em Brasília, no jardim do Museu Mineiro, em Belo Horizonte e na Praça Paris, Centro do Rio, onde permaneceu por três anos. Marcelo Lago mora e trabalha em Petrópolis, desde 1984, onde além do ateliê, desenvolve atividades como professor de escultura contemporânea, curadoria e produção cultural.

Siron Franco no Recife

A Galeria Marco Zero, Boa Viagem, Recife, PE, apresenta exposição individual de Siron Franco, premiado artista goiano com sua produção revisitada com curadoria de Agnaldo Farias.

Poetizar a vida, manter-se aberto para o mundo e sentir e refletir o seu entorno e o que está dentro de si. Esses são princípios que norteiam a produção de Siron Franco (1947) desde que começou a produzir arte, ainda na infância. Sua obra, inquieta e provocadora, nunca cedeu a classificações ou correntes, exprimindo-se por diferentes mídias e suportes. Para marcar o retorno do artista a Pernambuco, após quase três décadas desde sua última individual, a Galeria Marco Zero apresenta “Siron Franco – De dentro do Cerrado”, exposição que reúne cerca de 50 obras em pintura e escultura. A mostra estará aberta ao público a partir do dia 13 de março.

Nascido em Goiás Velho (GO), Siron Franco vive e produz em Goiana. A vivência no cerrado do Brasil, com sua exuberância, tradições e contradições, permeia seu trabalho de múltiplas maneiras, seja nos seres grotescos, que misturavam figuras humanas com bichos, no início da sua carreira, ou na denúncia da exploração desenfreada da natureza, como na série “Césio”, em referência ao acidente radiológico ocorrido em 1987, em Goiana.

A palavra do curador

“Siron nunca tratou o político como uma questão menor. Ele sempre teve uma visão de Brasil que ultrapassava o país urbano e, nesse sentido, fez vários trabalhos que traziam questões urgentes, de cunho social, como a causa indígena. Ele se interessa pelo que acontece ao seu redor, se incomoda. A natureza é muito presente na sua obra, de uma maneira muito particular. Desde que surge no cenário artístico, ele consegue se impor pintando o grotesco, se arriscando em diferentes mídias, no seu próprio tempo. Trabalhou com o figurativo, o abstrato, com a escultura, o vídeo, sempre no seu tempo, sem seguir tendências”, explica o curador Agnaldo Farias.

A palavra do artista

“É uma alegria muito grande voltar a Pernambuco, estado que sempre me inspirou muito artisticamente. Fiquei muito feliz quando me deparei com a seleção presente na exposição porque me dá, também, a oportunidade de me relacionar com os trabalhos de outra forma. No meu ateliê, tenho uma gaveta na qual guardo desenhos desde a época em que era garoto. Quando reencontro algumas dessas obras, percebo que temas que estão aparecendo nos meus trabalhos do momento, já estavam em mim há décadas. Então, considero ter muita sorte em poder exercer o meu ofício, aos 76 anos. Me considero um aprendiz constante e o que me move é o mistério da vida”.

Esculturas de Advânio Lessa

A Gomide&Co e a Galeria Marco Zero apresentam “Redemoinho não leva pilão”, primeira individual de Advânio Lessa em São Paulo, SP. Com curadoria de Valquíria Prates, a mostra inaugura o programa anual de exposições da Gomide&Co em 2024. Advânio Lessa (1981) nasceu e vive em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Tanto o seu local de origem, marcado pela herança quilombola, quanto os ofícios de seus pais (cesteira e tropeiro) são partes fundamentais do universo no qual se baseia sua poética como artista e agricultor desde a adolescência. Realizando esculturas em escala humana a partir de troncos de madeira de árvores mortas, raízes e trançados de cipó, o artista vincula os conhecimentos da cestaria e da marcenaria com madeiras e fibras encontradas nas matas da região de Ouro Preto, como cipó-alho, cipó-de-são-joão, candeia, jacarandá, folha miúda e alecrim. É em estreito diálogo com esse repertório que Lessa realiza suas obras, nas quais a natureza é uma espécie de coautora. Em entrevista concedida a Valquíria Prates, pesquisadora de sua obra, o artista afirma: “As sensações impressionantes que eu já tive, seja de estética, de energia, de movimento, de equilíbrio, de textura, eu nunca vi nada mais vibrante que a própria natureza. Então, para mim, tudo já está aí. A gente precisa compreender e ser humilde o suficiente para conectar mais com o que já está aí.” (Valquíria Prates, “Em tudo que é grande, a emenda é pequena: uma conversa caminhada com Advânio Lessa”, 2023).

Sempre interessado na capacidade humana de transformar contextos, lugares, situações e relações, Lessa tem em sua pesquisa artística o foco no trabalho, nos saberes e nas espiritualidades dos povos sequestrados da África e trazidos para o Brasil. Para “Redemoinho não leva pilão”, o artista convida os visitantes a um profundo processo de reflexão em torno de uma das plantas mais importante ligadas à história da Avenida Paulista: o café. A exposição consiste em um circuito composto por seis esculturas, tramas e flores de cipó-de-são-joão, pilões e milhares de grãos de café em côco que se interligam, formando uma grande instalação que pretende abordar os sistemas de produção em torno do cultivo desta que é uma planta tão comum no cotidiano de pessoas que vivem em todo o país. Planta de caráter mágico em algumas tradições religiosas, o café está presente nas mesas de casas, padarias, restaurantes, escritórios, salas de trabalho, além de nas bancas espalhadas pelas calçadas da cidade, movimentando esforços econômicos e interferindo nos ciclos de atenção há séculos, passando pelas mãos de quem planta e de quem bebe e gerando recursos em abundância.

O título da exposição é inspirado no provérbio Yorùbá “Ijì kìí kó gbódó” (O redemoinho não leva o pilão), retirado do livro Òwe – Provérbios, de Mãe Stella de Oxóssi, e que celebra a força dos que não são derrotados mesmo em condições e contextos adversos. Procura assim fazer alusão àqueles que são responsáveis pela construção e geração de riquezas, sob todo tipo de violência, opressão e injustiça, em todas as áreas de atuação humana do país. As esculturas a serem apresentadas de maneira inédita na exposição fazem parte da série Nascimento e vêm sendo trabalhadas por Lessa desde 2010, realizadas com madeiras de árvores e épocas diversas das matas de Lavras Novas, no que carregam em si “as histórias dos minerais, insetos e animais que com elas coexistiram temporariamente, camadas abaixo da terra, sobre ela e debaixo das estrelas e planetas que estão sendo com a gente, agora”, segundo palavras do artista. Encontros e conversas sobre modos de produção do café, a possibilidade de instaurar sistemas de bem viver integrados à produção de comida, além de estudos de caso entre a arte e a agricultura, fazem parte da programação pública da exposição.

A proposta de Advânio Lessa para sua primeira individual em São Paulo é uma continuidade de seu processo de pesquisa sobre sistemas de transformação pelo trabalho entre espécies em contextos específicos, que se iniciou com a exposição Se quiser saber do fim, preste atenção no começo (2023), com curadoria de Valquíria Prates. Apresentada no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, a exposição foi realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA) no contexto do Programa Raiz, que investiga a arte contemporânea produzida por artistas da região com mais de 20 anos de carreira.

Sobre a curadora

Valquíria Prates é curadora, pesquisadora e educadora. É mestre em Políticas Públicas de Acessibilidade (USP) e doutora em Artes e Mediação Cultural (UNESP). Atualmente, é curadora do Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA), consultora de Arte e Mediação Cultural do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) e colaboradora em projetos do Pólo Sociocultural Sesc Paraty, do Centro Cultural do Cariri (CE), do Instituto Moreira Salles (SP) e da Fundação Roberto Marinho (RJ).

Sobre o artista

Advânio Lessa nasceu em 1989 e vive até hoje em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto (MG). Tanto a sua terra de origem, marcada pela herança quilombola, quanto os ofícios de seus pais (tropeiro e cesteira), são partes fundamentais do universo que irriga a sua poética. Realizando esculturas de grande escala a partir de troncos de madeira de árvores mortas, raízes etrançados de cipó, o artista vincula os conhecimentos da cestaria e da marcenaria com as madeiras e fibras encontradas nas matas da região de Ouro Preto: Cipó Alho, Cipó São João, Candeia, Jacarandá, Folha Miúda e Alecrim. É em estreito diálogo com esse repertório que Lessa, que também é agricultor, realiza suas peças. Nesse sentido, não nos parece enganoso afirmar que a natureza aqui é uma espécie de coautora de suas obras. A produção do artista ganha o mundo munida, a um só tempo, de uma intensa eloquência formal e de uma relevante conotação discursiva. Suas esculturas, cujas escalas se aproximam àquela do corpo humano, atestam uma relação de reciprocidade entre nós e tudo aquilo que é vivo ao nosso redor. Nesse sentido, ressoam uma tendência importante da atualidade: no lugar de epistemologias caras a um modo Ocidental de conceber o mundo, para as quais nós humanos estamos sempre em posição superior, entram em cena cosmologias onde testemunha-se uma relação não hierárquica entre todos os seres vivos. O trabalho de Advânio Lessa foi apresentado, entre individuais e coletivas, em instituições como o Espaço Cultural CEFET – Ouro Preto (Ouro Preto, Brasil, 1998); Galeria Clélia Valadares (Belo Horizonte, Brasil, 2008); Galeria da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Ouro Preto, Brasil, 2010); Galeria Graphos Brasil (Rio de Janeiro, Brasil, 2013); Museu Afro Brasil (São Paulo, Brasil, 2013); Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes (Belo Horizonte, Brasil, 2015); IA – Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto e Museu da Inconfidência, com curadoria de Valquíria Prates (Ouro Preto, Brasil, 2023), entre outras. Sua obra compõe a coleção da Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, Brasil).

Até 04 de maio.

Os talentos da Galeria TATO

06/mar

Coletiva traz obras de 28 artistas que participam de duas turmas da Casa Tato, que se consolidou como um dos programas de desenvolvimento de talentos de maior prestígio na arte visual brasileira. A mostra abre no dia 09 de março, com curadoria de Katia Salvany e Sylvia Werneck, na Barra Funda, novo circuito de arte na capital paulista.

A Galeria TATO, Barra Funda, São Paulo, SP,  – polo de atração e desenvolvimento de talentos na arte contemporânea -, inaugura a coletiva “Que dizer de nós?”. A mostra, que permanecerá em cartaz até 30 de março, reúne cerca de 30 obras de artistas participantes de duas edições da Casa Tato, projeto principal da galeria, com foco na inclusão de artistas promissores no sistema da arte. A curadoria é de Katia Salvany, que responde pela Casa Tato 9; e de Sylvia Werneck, responsável pela Casa Tato 10; com assistência de João Pedro Pedro.

A mostra apresenta obras dos seguintes artistas: Adriana Nataloni (Argentina), Alessandra Mastrogiovanni (SP), Alexandre Vianna (SP), Anna Guerra (PE), Anna Vasquez (BA), Bet Katona (RJ), Bianca Lionheart (SP), Danilo Villin (SP), Desirée Hirtenkauf (RS), Diogo Nógue (SP), Edu Devens (RS), Flávia Matalon (SP), Gela Borges (MG), Giovanna Vilela (SP), Glenn Collard (SP), Isaac Sztutman (SP), Isabel Marroni (RS), Jamile Sayão (SP), Janice Ito (SP), Jaqueline Pauletti (SC), Júnia Azevedo (RJ), Laura Martínez (México), Luciano Panachão (SP), Marcelus Freschet (SP), Marina Marini Mariotto Belotto (PR), Neto Maia (BA), Rogo (TO) e Tomaz Favilla (SP).

Criado em 2020, com o objetivo de dinamizar a carreira de artistas promissores, o programa Casa Tato chega à sua décima edição. “Ao longo de seis meses, os participantes fazem uma imersão de mais de 100 horas em encontros e trocas com diversos profissionais do sistema da arte do Brasil e do exterior”, explica Tato DiLascio, diretor da galeria e idealizador do projeto. Entre os curadores convidados participam: Agnaldo Farias, Alice Granada, Andrés Duprat, Daniela Bousso, Francela Carrera, Filipe Campello, Javier Villa, Lorraine Mendes, Lucas Benatti, Ludimilla Fonseca, Marcello Salles, Nancy Rojas, Paula Borghi e Rejane Cintrão.

Na exposição, os artistas participantes das edições 9 e 10 da Casa Tato se encontram no meio do caminho. O primeiro grupo conclui seu ciclo de acompanhamento, enquanto o segundo o inicia. “Com pesquisas bastante específicas e poéticas variadas, podemos dizer que, em seus trabalhos, os grupos partilham da vontade de esmiuçar o cotidiano e, com sorte, vislumbrar algum nexo na aventura de existir”, diz Katia Salvany. “Lidar com o transitório, encontrar o lugar do corpo na urbe, tentar refazer o elo rompido com a natureza ou compreender a memória são algumas das questões abordadas pelos artistas. As linguagens plásticas são tão variadas quanto os caminhos escolhidos para o mergulho em seus processos”, resume Sylvia Werneck.

 

Paisagem de um Mundo Partido

04/mar

“Paisagem de um Mundo Partido”, é o título da exibição individual
que a artista plástica argentina Gloria Seddon, inaugura no dia 07 de
março, permancendo em cartaz até 19 de abril, no Edifício Argentina,
Sala Antonio Berni , no Consulado da República Argentina.
Naturalizada brasileira, a artista convidou Alexandre Murucci para
fazer a curadoria desta exposição que celebra seus 25 anos de carreira.
Nestes trabalhos recentes, assim como em outros anteriores, a artista
parte de conceitos intensos que resultaram nas séries: “Urbana”,
“Erótica”, “Psicanalítica” e “Ecológica”, sendo algumas delas
figurativas e outras, abstratas. Em “Paisagem de um mundo partido”,
a artista parte da verificação de uma “grieta” sócio política no mundo
contemporâneo para criar obras abstratas, mas não alheia ao mundo
concreto da realidade.

A palavra da artista
“Na série apresentada nesta individual trago um questionamento sobre
o “mundo partido”, algo que esteve sempre presente em mim. Foi o
que me incitou a criar obras que, mesmo abstratas, pudessem despertar
este sentido no espectador. Sempre procurei uma transcendência,
superar questões que na adolescência eram mais subjetivas e
existenciais; hoje, através da arte, são mais políticas e sociais,
inerentes à cidade”.

A palavra do curador
“Ao reabrir o embate pictórico de seu percurso para buscar um olhar
panorâmico de sua produção dos últimos 25 anos, Gloria Seddon
mergulhou numa viagem ao mesmo tempo genômica e emocional. Em
sua individual de ampla latitude, a artista revisita fases de sua
investigação a partir de um trabalho, que, longe de ser seminal em sua
trajetória, foi um ponto de reflexão no conjunto de sua obra. Dividida
em núcleos entrelaçados por similar vocabulário, Gloria discorre

influências acumuladas ao longo da vida, num mergulho em sua
arqueologia de formação, revelando mentores, admirações e
nostalgias, que a levaram inclusive, até o trabalho de seu pai, artista
por vocação poética da existência, a quem homenageia dando lugar de
honra a um dos seus trabalhos, assim como comentando no vídeo que
estará presente na exposição, as impactantes vivências familiares. Ao
focar uma produção intensa para esta exposição de ares monumentais,
Seddon se deparou com seu pluralismo como base de sua assinatura,
mas também com sua gênese, clara quando vemos a evolução de seu
pensamento plástico, o adensamento de sua pintura, a ampliação de
seu vocabulário e a experimentação em seus limites de abordagem –
ora mais psicológicos, ora narrativos”. Alexandre Murucci.

Sobre a artista
Artista visual, escritora e psicanalista, Gloria Seddon realizou o curso
de Especialização em História da Arte e da Arquitetura do Brasil
(2003-5), titulou-se Doutora em História Social da Cultura na PUC/RJ
(2008-13) e, desenvolveu-se tecnicamente na arte pictórica com
Rubem Gerchman e Maria Teresa Vieira (1975-80); e na EAV com
Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, Luís Ernesto, Afonso
Tostes e outros, (1990-2000). Entre as exposições realizadas
destacam-se as individuais: “Retrospectiva”, Atelier da Artista (1999);
“Do sonho à Arte”, Centro Cultural da Universidade Santa Úrsula,
(2000); “Erótica”, Sala Antonio Berni, no Consulado da Argentina,
(2002), e as coletivas com o Grupo Bikoo-Kai (1998-2009) na Sala
Antonio Berni e no Museu Nacional de Belas Artes (2002); “Uma vez
a Arte”, Sala Antonio Berni, com psicanalistas/artistas da Escola
Brasileira de Psicanálise – AMP “Os dejetos Du-Champ na Clínica
psicanalítica” (2011); na Galeria Zagut, curadoria de Augusto
Herkenhoff (2019-22); em O Lugar (2019-23); no “Festival
Internacional de Esculturas – RJ”, Centro Cultural dos Correios Rio,
curadoria de Paulo Branquinho (2019); Museu da República, “Criarte”
curadoria de Martha Niklaus (2019) e “Zum Zum”, curadoria de
Frederico Dalton (2019); no Espaço Cultural dos Correios/Niterói,
curadoria de Norma Mieko Okamura, “Biozius”, (2022); na Triplex,

curadoria de Raimundo Rodrigues (2023); “Paisagem do Mundo
Partido”, curadoria de Alexandre Murucci no Espaço Cultural dos
Correios/Niterói (2023-24). Fundadora do Fórum de Artes e Políticas e
do Bloco Vade Retro, participou de leilões e bienais de arte. Em 11 de
abril de 2023, foi agraciada com a Medalha de Criatividade na
Exhibition in the Dundas Street Gallery, Artcom Expo, em Edinburgh,
Escócia.

 

Novidade da Galatea em Salvador


A Galatea tem a alegria de anunciar que Alana Silveira é a Diretora da
Galatea Salvador. Alana atua no setor cultural da cidade de Salvador,
onde nasceu, há mais de uma década. Acompanhando José Adário nos
últimos anos, operou a interlocução entre a Galatea e o artista,
resultando na sua individual, que inaugurou a Galatea São Paulo em
novembro de 2022. De lá para cá, foi liaison de Adário e possibilitou o
estreitamento dos laços da Galatea com a cena artística da capital da
Bahia, pavimentando a chegada da galeria na cidade.

Sobre Alana Silveira
Entre os seus projetos de destaque no campo das artes visuais, estão:
co-curadoria de Cais (Galatea Salvador, 2024); curadoria de Alágbedé
– Retrospectiva José Adário dos Santos (Caixa Cultural Salvador,
2023), mostra ganhadora do prêmio de melhor exposição individual do
Brasil no ano de 2023 pela revista Select; curadoria de Alagbedé – O
Ferreiro dos Orixás (Salvador, 2022); curadoria e direção artística de
InstruMentes – música para (re)invenção (Salvador, 2019),
contemplado no edital Rumos Itaú Cultural; produção de Ori
Tupinambá (Caixa Cultural Salvador, 2023); produção executiva na 3a
Bienal da Bahia (2015).

 

Expressão e extravasão de Maxim Malhado

29/fev

Estará aberta ao público a partir do dia 05 de março, na Paulo Darzé Galeria, Rua Chrysippo de Aguiar 8, Corredor da Vitória, Salvador, BH, com o título de “Até onde a vista alcança”, a exposição de pinturas e esculturas de Maxim Malhado.

Para o crítico e curador Ricardo Resende, “…a arte para Maxim é sua maneira de desver o mundo, como também era para o poeta, artista mesmo, Manoel de Barros. Era também uma maneira de subverter a vida enfadonha daquele interior de Sítio Novo, cidade onde cresceu na Bahia. Sonhar, desenhar, pintar e esculpir são a sua forma de expressão e extravasão máxima dos sentimentos. Os que despertavam sua curiosidade pelo mundo e os que o afligiam. Um mundo que é só imagem, e até mesmo imagem de uma imagem, nada de nada. Os homens, por sua vez, não passam de imagens, sonhos…”, e concluindo na apresentação no catálogo da exposição que a sua obra “…é a de um menino que via coisas e imaginava mais coisas ainda depois das coisas que via, um claro desejo de sustentar espaços”. A mostra, cumprirá temporada até 05 de abril.

A obra de Eliane Duarte na Central Galeria

28/fev

Em 2023, a Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, em colaboração com a família da artista Eliane Duarte, iniciou uma pesquisa para resgatar sua obra. Duarte nasceu em 1943 no Rio de Janeiro e teve uma produção artística breve, mas intensa, até seu falecimento prematuro em 2006. Agora, de 09 de março até 11 de maio, Eliane Duarte terá a exposição individual “Reza” na Central Galeria, acompanhada por um texto crítico de Catarina Duncan. A mostra não apenas destaca a relevância ainda hoje do trabalho de Eliane Duarte, mas também enfatiza a importância de sua obra ser compartilhada com novas gerações.

Ao conhecer sua prática, acessamos fundamentos da Natureza, formas orgânicas, flores, cachos e vestes que se materializam em suas obras através de um processo de costura visceral. A costura é uma prática ancestral mas frequentemente associada ao universo feminino domesticado. Entretanto, a voracidade com que Eliane Duarte trabalhou com essas técnicas aproximam o fazer artesanal ao cirúrgico. Suas metodologias explicitam também a urgência de se comunicar de outra forma, tridimensional mas não escultórica,  com costura em pele e não só em tecido, sempre driblando das conformidades práticas do mercado de arte. Sua obra é um legado à prática artística de mulheres no Brasil, que seguem sem o devido reconhecimento na memória coletiva de sua geração, evidenciando os processos patriarcais das decisões históricas sobre quem é reconhecido. Acessamos um conjunto de trabalhos que nunca foram apresentados juntos e assim resgatamos e honramos a memória não só dessa grande artista mas de todas as mulheres, artistas que seguem sem o devido reconhecimento.

Sobre a artista

Eliane Duarte nasceu em 1943 no Rio de Janeiro. Suas obras expandem os limites da tela como suporte e ganham corpo como objetos-amuletos-rezos. Feitos com tecidos, algodão, pigmentos naturais, cera, sementes, corda, penas, moedas e outros elementos que, habitam uma mística, ganhando corpo como entidades e forças únicas. Conforme relato da artista: “Meu trabalho é quase uma reza, no sentido de fazê-los de forma lenta e por uni-los uns aos outros, costurando-os como se fossem patuás. Queria uma coisa que desse sorte às pessoas e tudo que eu coloco tem a função de amuletos”. Eliane Duarte estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, de 1987 a 1989. Começou a se destacar no cenário artístico ao ganhar o 1º Prêmio do Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte em 1994, com a obra “Veste”. Desde então, o sentido de maceração associado à ideia de gerar pele tornou-se um tema proeminente em sua poética. Além de inúmeras individuais nas galerias Anna Maria Niemeyer, no Rio, e Camargo Vilaça, em São Paulo, expôs no MAC Niterói; MAM Rio de Janeiro; Paço Imperial; Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro; Itaú Cultural de São Paulo. No exterior participou de coletivas no Museu Solomon R. Guggenheim, Nova Iorque; Centro Cultural de Arte Contemporâneo, Cidade do México; Museo Alejandro Ottero, Caracas; Centro Cultural Culturgest, Lisboa; Museo del Barrio, Nova Iorque; Museo de Arte Latino-Americana, Buenos Aires; Coconut Grove Center, Miami; BildMuseet, Umea, Suécia; Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris. Suas obras integram as mais importantes coleções brasileiras, como a de João Sattamini/MAC-Niterói; Gilberto Chateaubriand/MAMRio de Janeiro; Coleção do MAC São Paulo; e internacionais como a Coleção Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, Bernard Soguel, Basel; Cisneros e Museo Alejandro Otero, Caracas.

Curadoria de Theo Monteiro com doze artistas

27/fev

A Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ,  apresentaá, no dia 29 de fevereiro, das 18h às 21h, a exposição “Essa cidade ‘sempre’ maravilhosa”, com trabalhos de doze artistas selecionados pelo curador Theo Monteiro. As obras discutem questões ligadas à cidade do Rio de Janeiro, como a paisagem, lazer, violência, sexualidade, o sagrado, em toda a complexidade que envolve esta metrópole que “desempenha papel decisivo na formação cultural e política do país”. O título da exposição é retirado da apresentação que o grande compositor Ismael Silva (1905-1978) fez antes de cantar seu clássico “Antonico”, no disco “Se você jurar”, de 1973.

Os artistas participantes da exposição são: Alberto Baraya (1968, Bogotá), Ana Hortides (1989, Rio de Janeiro), André Griffo (1979, Barra Mansa; vive no Rio de Janeiro), Arthur Chaves (1986, Rio de Janeiro), Celo Moreira (1986, Rio de Janeiro), Elian Almeida (1994, Rio de Janeiro), Jaime Lauriano (1985, São Paulo), Marcos Chaves (1961, Rio de Janeiro), Priscila Rooxo (2001, Rio de Janeiro), Raul Mourão (1967, Rio de Janeiro), Vik Muniz (1961, São Paulo; vive e trabalha no Rio de Janeiro e em Nova York), Yohana Oizumi (1989, Rubiataba, Goiás; vive e trabalha em São Paulo).

A palavra do curador

No térreo da Nara Roesler Rio de Janeiro, estão os trabalhos que “dialogam diretamente com questões de natureza mais cotidiana….Se fazer presente em uma cidade espremida entre mares, morros e mares de morros requer capacidade humana, técnica, trabalho e estratégia. Paisagens idílicas convivem ao lado de elementos como violência, sexualidade, arquitetura, lazer, propaganda, cultura de massa, histórias e memórias…Falamos de uma urbe que conjuga uma natureza de aparência intocada com a agitação característica de uma metrópole latino-americana. E existe todo um universo no meio e por causa disso. No piso superior, “…afloram os temas ligados ao espírito, aqueles que só a lógica, a sociologia e o intelecto não dão conta de explicar….Em uma cidade onde a vida se faz veemente, só o cotidiano não dá conta. E aí entram o metafísico, o onírico, o sagrado e o celestial…A religião, por exemplo, e seus desdobramentos, afinal, falamos de uma metrópole em que a fé é um destacado agente social e político, mas não somente. Também o futebol (o que é o Maracanã senão um grande templo devotado ao nobre esporte bretão?), o carnaval e a ficção dão as caras por aqui, mostrando uma cidade cujo imaginário se enraiza não só geograficamente, mas também nas almas”.

Em cartaz até 06 de abril.