As formas expansivas de Diambe

08/dez

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, anuncia a representação de Diambe (Rio de Janeiro, 1993). Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente criado. Seu trabalho faz parte de relevantes coleções particulares e figura no acervo de importantes instituições, como: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio (MAR), entre outros.  

 

Joias em reflexão sobre a terra

17/nov

Casulo Escola de Joalheria e M.O.A. Estúdio, Pinheiros, São Paulo, SP, expõe “OQUEVEMDATERRA”, uma mostra coletiva com a presença do artista plástico Marcus Moa e 13 artistas joalheiros exibindo, aproximadamente, 200 trabalhos autorais de refinada técnica criativa e construtiva. Esta exposição, que celebra a estreita relação entre a humanidade e a natureza, tem vernissage agendado para 21 de novembro, terça-feira, às 18 horas, ficando aberta à visitação até 26 de novembro.

“OQUEVEMDATERRA” explora a criatividade de seus artistas, utilizando técnicas inventivas além de conceitos autorais para transmitir suas reflexões sobre a terra, os rios, os minerais, a vida e o conceito primeiro de sustentabilidade.

“A terra, em sua superfície sólida da crosta terrestre onde pisamos, é muito mais do que um mero suporte físico – é a base de nossa existência, um organismo vivo que nutre, sustenta e inspira”, diz Marília Arruda Botelho. Os artistas joalheiros – Adriana Bellinello, Ana Lucia A.G. Marino, Darlene Zambotti, Daniela Rosa, Esperança Leria, Fernanda Colucci, Jacque Basso, João Victor Lioi, Julia Marques, Maria Regina Mazza, Marília Arruda Botelho, Valeria Navarro e Viviana Terra – exploram as complexidades dessa conexão de forma diversa e expressiva. As peças, com conceito e manufatura individual e artesanal, oferecem uma ampla variedade de abordagens artísticas, incluindo serigrafia e jóias, proporcionando a cada um, uma reflexão profunda sobre seu papel na preservação do elemento vital. “OQUEVEMDATERRA” se mostra como um indicador aos visitantes para que comecem a considerar a forma como as consequências de suas ações, tanto individuais como coletivas, podem afetar o meio ambiente, servindo como um lembrete de que somos os únicos responsáveis por cuidar do planeta. Pedras, metais e demais insumos utilizados tanto na confecção das peças como nas obras de arte são certificados e/ou reciclados.

Em participação especial, o trabalho do artista Marcus Moa, cuja inspiração provém da arquitetura brasileira das décadas de 1950 a 1970, bem como de seus elementos constituintes, desde a parte construtiva até o paisagismo. O M.O.A. Estúdio cria projetos utilizando-se da técnica de serigrafia para imprimir suas obras autorais, com materiais de baixo impacto ambiental. Entre suas referências estão mestres renomados como Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Burle Marx e Athos Bulcão. “OQUEVEMDATERRA” é um tributo à arte, à joalheria e ao planeta com expografia e direção de arte assinadas pela artista e publicitária Patricia Sper, e cenografia botânica de Paulo Sabiá. “A CASULO Escola de Joalheria e M.O.A. Estúdio convidam todos aqueles que se predispõem a inspirar ação, conscientização e um compromisso renovado com o respeito à proteção do nosso planeta”, diz Moa.

O Carnaval no IBEU

Carlos Vergara, um dos expoentes da história da arte brasileira, é o convidado para celebrar a retomada das atividades da Galeria de Arte IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. O artista inaugurou a exposição individual “Devassos no Paraíso”, com curadoria de Ulisses Carrilho. Na exposição, o público conhecerá uma série de fotografias produzidas durante a década de 1970, além de pinturas e monotipias recentes relacionadas ao tema do Carnaval do Rio de Janeiro.

A mostra permanecerá em cartaz até 09 de fevereiro de 2024.

Homenageando Emanoel Araujo

14/nov

A Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, inaugurou a mais recente exposição individual de Emanoel Araujo (Santo Amaro da Purificação, 1940).  Com texto do professor, pesquisador, artista e amigo de longa data de Emanoel Araujo, George Nelson Preston, essa será a primeira mostra após o falecimento do artista em 2022. Em “Afrominimalismo”, vemos sua produção de relevos brancos, alguns inéditos, em que se pode reconhecer uma conexão entre sua visão africanista e universalista. Esses trabalhos congregam a síntese formal do pensamento de Emanoel Araujo quanto à abstração geométrica, estabelecendo também um íntimo diálogo com a instalação do artista na 35ª Bienal de São Paulo. Em cartaz até 16 de deaembro.

OS RELEVOS BRANCOS DE EMANOEL ARAUJO

Relações entre os nexos de causalidade de um visionário africanista/universalista

Prólogo

Nesta exposição em que os relevos brancos de Emanoel Araujo são o foco, reconhecemos um nexo da sua visão africanista e universalista. Em “Emanoel Araujo: Afrominimalista Brasileiro”, propus um cânone do formalismo africano como a principal estética que norteou seu trabalho. Aqui, gostaria de revisitar brevemente essa proposição e atualizá-la. Consideremos também o neoconcretismo brasileiro, o minimalismo, o relevo como meio clássico antigo e o cânone têxtil africano. Se essa mistura parece anômala, consideremos o fato de que, desde o início de sua carreira, Araujo teve um temperamento enciclopédico e considerável interesse pelos relevos greco-romanos, pelo barroco e rococó brasileiros e pela história da arte em geral. Pertinente à nossa discussão aqui é o seu interesse pelos relevos clássicos e tecidos africanos, que têm muito em comum com os cânones gerais da escultura clássica africana.

Estamos habituados a ver antigos relevos gregos e romanos e os seus estilos reavivados em mármore branco, esquecendo-nos de que o tempo corroeu a policromia original. A este respeito, o clima seco foi mais favorável aos relevos egípcios. Os reavivamentos neoclássicos – nos quais o imaculado mármore branco era o suporte – afetam ainda mais nossas percepções. Nos relevos coloridos e nas esculturas de Emanoel, esse drama é representado em tons primários que se refratam em seus próprios tons e matizes.

A ausência de cor nos relevos brancos de Araujo resulta nas sutilezas e na dramaticidade da luz que performa uma escala de cinza – indo do branco, passando pelos cinzas intermediários, até voltar ao branco. Ao visualizar suas peças brancas, os relevos coloridos se tornam uma “película” onipresente em nossa experiência. A nossa experiência é “colorida” da mesma maneira quando nossa imaginação preenche a policromia perdida dos relevos greco-romanos.

A Corrente

No início da década de 1970, o cenário estava sendo montado para uma síntese das inspirações e influências de Araujo. Suas gravuras de formas mínimas feitas em grande escala, evocativas dos têxteis africanos, foram transformadas quando ele dobrou o papel das impressões em forma de máscara e as enrolou a partir da superfície, ocupando as três dimensões. Essas “Gravuras de armar” (1972) foram “o encaminhamento do artista em direção ao tridimentional”.

Devemos considerar também a afinidade dessas gravuras com o neoconcretismo brasileiro do final da década de 1950 e início da década de 1960, talvez, em particular, com a obra de Lygia Clark e de Hélio Oiticica. Nessa exposição, a conversa com o neoconcretismo brasileiro e as formas geométricas bidimensionais das primeiras gravuras podem ser apreciadas nas obras sem título de 2019.

Universalidade e o Cânone Africano

Em 1976 e 1987, e em ocasiões subsequentes, Araujo visitou o Benin e a Nigéria. Os oráculos de seus ancestrais nagô-iorubá haviam-no chamado. Em 1987, não poderia ter conhecido Emanoel Araujo de forma mais oportuna. Isso resultou na publicação de “Emanoel Araujo: Afrominimalista Brasileiro” – meu catálogo para a retrospectiva de dez anos do artista no MASP4.

Aqui estava um suposto minimalista “infectando” flagrantemente o estrito cânone minimalista com inflexões narrativas, culturais e históricas: daí o termo “afrominimalista”.

À época, eu havia identificado vários reflexos da estética africana na obra de Araujo no catálogo do MASP, como a tensão entre um eixo implícito e um eixo real, a repetição rítmica de formas primárias ou mínimas, e a repetição dessas formas interrompidas por surpresas formais, inversões como fugas e motivos pars pro toto – em que uma parte saliente de um objeto representa sua totalidade. O ambiente afro e ameríndio baiano, o barroco e o rococó brasileiros, o concretismo e o minimalismo formam uma corrente interligada. Em 1977, do Prado Valladares descreveu Araujo como um humanista “artista do mundo do conhecimento”. Isto é, não um “investigador de símbolos” paroquial ensinando sobre África. A partir disto, podemos concordar que Araujo projeta seus africanismos como uma linguagem universal em que a iconografia é secundária ao poder emocional e psicológico de um formalismo convincente que desperta em nós a “meta” da iluminação.

Envoi

Quatro níveis de relevo são empregados desde os tempos antigos. São relevos baixos, médios, altos e afundados. O relevo afundado, no qual não há projeção da forma para fora, mas é esculpido abaixo ou no espaço pictórico, é extremamente raro. Em vários relevos brancos, este plano afundado – que é a parede atrás – ganha uma curiosa presença de alteridade palatável. Essa manipulação dos vazios não é de forma alguma recente, sendo um tema recorrente desde a transição de Araujo, no início dos anos setenta, do figurativo para o abstrato.

Para este escritor, é de particular interesse o enorme relevo branco da mostra. É o contraste ou, melhor dizendo, o diálogo entre as suas grandes dimensões e o baixo relevo uniforme que vibra entre ser um enorme repousé e uma gigantesca peça de tecido africano. Penso que este relevo é uma homenagem à criatividade dos pigmeus Twa que vivem entre os povos Kuba , no centro da República Democrática do Congo.

Ainda mais enigmáticas são as obras “Totem angulares vazados” (2015) e sua companheira sem título. Essas obras não são relevos nem esculturas independentes. São estelas – outra forma antiga… São estelas devido à sua esmagadora frontalidade. E combinam aspectos de baixo, alto e médio relevos fluindo entre si. Num intrigante tour de force, como se fosse um léger de main xamânico, o espaço negativo das estelas funciona como o vácuo dos relevos afundados. Na minha imaginação, despejo os rios sinuosos do Brasil nesse vazio, “desdobrando” águas sinuosas na geometria dos têxteis africanos.

George Nelson Preston, PhD, Professor Emérito, CCNY/CUNY – Acadêmico da Cadeira Pierre Verger, Academia Brasileira de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Laura González: Nova Consultora

13/nov

É com grande entusiasmo que a Galatea anuncia que Laura González passa a colaborar como Consultora de Desenvolvimento do Programa Internacional, ajudando a expandir os horizontes de nossos artistas e projetos.

Laura é historiadora da arte, consultora e estrategista cultural baseada em Londres. Ela é co-fundadora da themust.co: uma nova plataforma de e-commerce que vende objetos funcionais criados por artistas, utilizando moda e design como oportunidades para cultivar novas comunidades de colecionadores e apoiadores de arte.

Desde 2015, atua como consultora privada e curadora de coleções de arte moderna e contemporânea na América Latina, Europa e Estados Unidos. De 2011 a 2015, co-fundou e dirigiu o departamento de Arte Latino-Americana na Phillips em Nova York, amplamente reconhecido por expandir no mercado internacional o alcance de artistas conceituais e abstratos da região.

Nascida e criada em San Juan, Porto Rico, Laura possui bacharelado em História da Arte pela Universidade de Yale e mestrado pelo Courtauld Institute. Durante seus estudos em Yale, voltou-se para o modernismo da Europa Ocidental enquanto trabalhava como curadora bolsista na galeria de arte da universidade. No Courtauld Institute, se especializou em práticas experimentais na arte latino-americana e do leste europeu a partir dos anos 1950 até o presente, escrevendo sobre os desafios que essas perspectivas trazem para abordagens críticas tradicionais.

Conversa com artistas

Na próxima quinta-feira, dia 16 de novembro, às 19h, será realizada, na Galeria Athena, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, uma conversa, gratuita e aberta ao público, entre o artista Jonas Arrabal, a curadora Fernanda Lopes e a artista Julia Arbex em torno da exposição “Ensaio sobre uma duna”, individual de Jonas Arrabal, que pode ser vista até o dia 02 de dezembro na galeria.

A mostra apresenta trabalhos inéditos, em diversas mídias, reunidos em conjunto, como uma grande instalação pensada especialmente para ocupar a Sala Casa da Galeria Athena. Bronze, sal, chumbo, betume e resíduos orgânicos são alguns exemplos de materiais utilizados pelo artista nos últimos anos, traduzidos aqui entre objetos e desenhos. Em sua pesquisa poética há um interesse particular sobre o tempo e a memória, numa aproximação com a ecologia, meio ambiente e a história, propondo uma reflexão sobre a transformação constante das coisas, dos lugares e como isso nos afeta e nos permite novas percepções.

“Em seus trabalhos há uma operação que transita entre a invisibilidade e a visibilidade, transições e apagamentos concretos (conscientes ou não) numa aproximação com elementos da natureza, opondo materiais industriais com orgânicos, propondo novas mutações”, diz a curadora Fernanda Lopes.

A mostra é apresentada paralelamente à exposição “O que há de música em você”, que traz edições únicas das icônicas obras “Relevo Espacial, 1959/1986” e “Parangolé P4 Capa 1, 1964/1986”, de Hélio Oiticica.

Sobre o artista

Jonas Arrabal, Cabo Frio (1984). Vive e trabalha em São Paulo. É artista visual, graduado em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Começou sua produção em 2012 em diferentes linguagens, como vídeo, instalação e a escultura, em diálogo com o teatro, o cinema e a literatura. Em seus trabalhos há uma operação que transita entre a invisibilidade e a visibilidade, transições e apagamentos concretos (conscientes ou não) numa aproximação com elementos da natureza, opondo materiais industriais com orgânicos, propondo novas mutações. Há um interesse particular sobre o tempo e a memória, numa aproximação com a ecologia, meio ambiente e a história, propondo uma reflexão sobre a transformação constante das coisas, como isso nos afeta e nos permite novas percepções. Participou de exposições como 10ª Bienal do Mercosul, 1ª Trienal de Artes, The Sun teaches us that history is not everthing (Hong Kong, 2018), Os Vivos e o Mortos (Paço Imperial, 2019) e diversas coletivas e individuais em galerias e instituições no Brasil e no exterior. Em 2016 publicou Derivadores (com Luiza Baldan) pela AUTOMATICA e em 2021 foi indicado para o Prêmio PIPA.

Sobre a curadora

Fernanda Lopes é curadora e pesquisadora, doutora em História e Crítica de Arte pela UFRJ. Trabalhou como curadora adjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2016-2020), e curadora associada em Artes Visuais do Centro Cultural São Paulo (2010-1012). Publicou os livros “Éramos o time do Rei” – A Experiência Rex (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006); Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970 (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, Minc/Funarte, 2012)  e Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite (Tamanduá-Arte, 2016 – organizado com Aristóteles A. Predebon), além de diversos ensaios e artigos, especialmente sobre arte brasileira. Entre as curadorias que vem realizando desde 2008 está a Sala Especial do Grupo Rex na 29ª Bienal de São Paulo (2010) e a curadoria adjunta da exposição Maria Martins: Desejo Imaginante no MASP (2021) e na Casa Roberto Marinho (2022). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte 2016 pela curadoria da exposição Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM-Rio. Atualmente é Diretora Artística da galeria Athena (RJ) e colaboradora do Atelier Sanitário (RJ) e do Instituto Pintora Djanira (RJ).

Sobre a artista

Julia Arbex é artista, doutoranda em Artes Visuais na UFMG e mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Indicada ao Prêmio Pipa em 2023. Participou das exposições Salón Acme (Mexico 2023); The Silence of Tired Tongues (Framer Framed, Amsterdam 2022); Sol a Sol (ArtFasam, SP 2022); Drawing box Pop Up Show, (India; Irlanda e Estados Unidos, 2022); Mirantes (Galeria Anita Schwartz, RJ 2021); Até onde a vista alcança (Galeria Athena, Rio de Janeiro 2020).

Tempo do Olhar

A Galeria Paulo Branquinho, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, reúne 14 artistas com curadoria de Lia do Rio. No dia 18 de novembro, às 17h, abrirá a mostra coletiva “Tempo do Olhar”, encerrando a programação de 2023 e celebrando o que está por vir no ano que vem. A curadora Lia do Rio selecionou os trabalhos de Adriana Montenegro, Ana Biochini, Cláudio Bispo, Fernanda Lemos, Gilda Lima, Iraceia de Oliveira, Jarbas Paullous, Maria Ignes Peixoto, Marcia Cavalcanti, Regina Helene, Rosi Baetas, Sandra Fioretti, Sandra Macedo e Sonia Xavier. Serão mostradas esculturas, pinturas, instalação e fotografia, provando que a arte pode e deve abarcar todos os olhares.

Para Paulo Branquinho, a interação e abertura para novas linguagens curatoriais é fundamental: “Lia do Rio, além de ser uma artista de excelência, é conhecida por seus colegas artistas e alunos, como mestra, por sua grande generosidade”, diz ele, que se sente honrado por receber esta mostra para fechar o ano.

“Os artistas participantes dessa mostra atualizam relações entre forma, cor, espaço e tempo, atualizações essas realizadas dentro de um percurso individual. As obras, suportes para reflexões plásticas, solicitam um engajamento a quem se aproxima, a aqueles que se dão o tempo do olhar”, afirma Lia do Rio, curadora.

Sobre os artistas

Adriana Montenegro, poeta e artista, percorre caminhos em que a memória, o onírico e o real constroem-se e descontroem-se, gerando continuamente espaços que, por seu movimento, já deixam de aí estar, inaugurando outros, mas formando um itinerário de vestígios que reaparecem.

Ana Biolchini, com formação na área Biomédica, investiga as interseções e a integração de partes do corpo por meio de sua representação em diversas mídias a partir e um fio condutor que tudo conecta. Trabalha no espaço da arte com pesquisa de memória, ancestralidade, tradições religiosas, simbolismo das letras hebraicas e sistemas de arquétipos relacionados as dimensões do inconsciente coletivo.

Formado em Direito, com curso técnico em desenho de Máquinas e Tubulações, o trabalho tridimensional de Cláudio Bispo realiza-se através da desconstrução de caixas de papelão descartadas, não buscando a beleza, mas sim, a possibilidade de um visual significante e permanentemente instigante.

Fernanda Lemos designer e pós-graduada na COPPE/UFRJ. Trabalhou na Funarte e Fundacen. Cores, formas, risco e acaso, o qual muitas vezes se torna em aliado, fazem do processo um experimento, sendo o que mais a instiga e interessa.

Gilda Lima, com formação em psicologia, trabalha com foto e vídeo. Segue seus processos, que chama de “processos atravessados” sem direção definitiva, sempre perseguindo a ideia da impossibilidade de preencher vazios.

Iraceia de Oliveira, psicanalista, atualmente vive em Portugal. Utiliza-se de materiais reciclados os quais recorta e pinta, e também de madeiras ligadas por dobradiças para dar-lhes movimento e deslocamento. Trabalha com fotos e vídeos de animação e pesquisa a arte digital. É sempre levada a fazer algo por uma ideia que se define no material.

Jarbas Paullous, graduado em Comunicação Social e pós-graduação em Linguagens Visuais, trabalha com pintura, escultura, desenho, vídeo, instalação e performance. Voltado a pesquisa de situações cotidianas em suas pinturas e esculturas nas quais utiliza materiais reciclados e sucatas, já nas performances usa como referência obras de artistas da história da arte.

Maria Ignes Peixoto, mestra em Filosofia e formação em Psicanálise, desenvolve seu trabalho em arte com desenho contemporâneo, seu principal meio de expressão. Dele participam escritas intimistas, vestígios de memórias, movimentos espontâneos, traços ritmados em lápis grafiti, canetas, tintas, dentre outras matérias que livremente se insinuam no suporte.

Marcia Cavalcanti desenvolve seu trabalho a partir do desenho livre, incorporando técnicas como o nanquim, a aquarela, a gravura e a pintura. A partir do experimentar a linha e seu poder de recriação, de invenção através do desenho, surge como resultado um humor inusitado muito peculiar a sua percepção.

Regina Helene, formada em Direito, trabalha em grandes dimensões. Os materiais utilizados complementam-se aglutinados em diversas cores que se harmonizam e ganham ressignificação. A assemblage, linguagem mais utilizada por ela, dá-se pela junção dos mais inusitados materiais. A integralização das partes traduz mitos, arquétipos e a energia existencial criadora feminina.

Rosi Baetas, engenheira química, M.Sc, D.Sc, transmuta conhecimentos de base científica em linguagens visuais, à luz de conceitos inerentes à incompletude, à inconsistência, à imprevisibilidade e à transitoriedade. Elementos contrapostos – nano/macro, frente/atrás, dentro/fora, colagem/descolagem, além de espaços vazios, convidam à decifração. Explora desdobramentos e interações de expressões como pintura, desenho, fotografia, objeto e instalação.

Sandra Fioretti, artista visual com formação em design, traz para as artes visuais sua bagagem de estudos em artes gráficas. Através de pinturas, desenhos e fotografias digitais elabora contrapontos lúdicos criando composições em permanente evolução. Seu trabalho é fruto de observações e pesquisas que elabora há algum tempo referentes a natureza, colonização e brasilidade.

Sandra Macedo, com formação em antropologia, desenvolve trabalhos, por vezes, em escala reduzida e desenhos com fios de linha. Nestes trabalhos a atenção se volta para o frágil e para a ruptura de escala. O pequeno formato pode ser sentido como monumental e ter uma formidável potência de comunicação. Sua produção tem como eixo problemáticas sociais e tangencia questões ligadas à situação de opressão, fragilidade e luta das mulheres.

Sonia Xavier, formada em Pedagogia, utiliza no contexto de suas obras uma teatralização de emoções que remetem a diversificados instantâneos da condição humana usando seu próprio imaginário de modo intuitivo e que se transfigura em propostas ora irreverentes ora declamadoras de um inesperado porvir. Estabelece relações com a poesia, a literatura, a música, o tempo e a memória.

A arte tridimensional de André Barion

A NONADA ZS, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre “Firulas”, exposição de André Barion, e texto de Pedro Köberle com 14 trabalhos resultantes de análises criteriosas dos últimos 7 anos onde o artista se aprofundou nas possibilidades pictóricas e esculturais dos materiais têxteis, combinando habilidades de costura, pintura e desenho para criar trabalhos verdadeiramente inovadores. Em sua primeira eexibição individual na NONADA,-de 18 de novembro até 27 de janeiro de 2024-, o artista apresenta uma exploração tridimensional de sua pesquisa, revelando um mundo de superfícies estampadas meticulosamente construídas com retalhos de tecidos previamente pintados. Seu processo criativo é caracterizado pelo uso de padrões intrincados, derivados de recortes minuciosos e intervenções pictóricas laboriosas. Esta abordagem cuidadosa é evidente tanto nas obras bidimensionais quanto nas tridimensionais, onde elementos figurativos se entrelaçam com contornos abstratos, desafiando a função meramente decorativa do trabalho.

Entre os trabalhos que compõem “Firulas”, pode-se destacar “Arco com pássaros” (2023), onde imagens de pássaros ganham vida dentro de uma estrutura acolchoada fazendo com que a simplicidade e forma do suporte contraste com a complexidade da superfície, criando uma dinâmica visual intrigante. Já em “Mergulho dos pássaros” (2023), a sobreposição de elementos figurativos e texturas abstratas confere profundidade e perspectiva ao todo, transformando o espaço expositivo em um viveiro de corpos moles, emblemas botânicos e revoadas passeriformes. As cores vibrantes e formas intrigantes de “FIRULAS” convidam a uma experiência sensorial, tátil e ótica.

Sobre o artista

André Barion (São Paulo, SP 1996) – Vive e trabalha em São Paulo. Graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua pesquisa envolve objetos escultóricos, vídeos, instalações e pinturas construídas a partir da costura de tecidos diversos, abordando questões relativas à relação entre o objeto e o espectador, e uma consequente teatralidade nas instalações, bem como quais fatores e atributos de um objeto influenciariam esta relação. O interesse pela tapeçaria nos últimos anos ocasionou em um direcionamento das obras para a relação entre o fetichismo, o desejo, a sedução com a materialidade do objeto artístico. A manipulação de materiais ora nobres ora precários é recorrente nas tapeçarias, instalações, vídeos e nos projetos digitais. Entre as exposições recentes, destacam-se a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas (2018), em colaboração com o grupo de pesquisa Pineal; 47º e 44º, 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto no Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP – 2022, 2019, 2018), 47º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, SP 2019). Participou das exposições coletivas À Sombra do Comum, com curadoria de José Spaniol e Sérgio Romagnolo (Galeria Andrea Rehder, SP) (2017) e da Imensa preguiça, com curadoria de Guilherme Teixeira (Galeria Sancovsky, SP) (2018). Em 2023 participou das exposições Doispontozero (Galeria C.A.M.A. SP); PAURA na (Era Gallery, Milão, Itália); Delirium Delirium, com curadoria de Ricardo Bezerra (Espaço Delirium, SP).

A Geometria em Rubem Valentim

09/nov

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Rubem Valentim – Sagrada Geometria”, exposição com curadoria de Max Perlingeiro, e consultoria de Bené Fonteles, artista plástico, poeta e amigo mais próximo de Rubem Valentim, e que o acompanhou por duas décadas, até sua morte.

A exposição celebra este extraordinário artista que fez do sagrado sua vida e obra. São 75 obras, em pinturas e desenhos, e ainda seus “objetos”, com pintura sobre madeira, e um ensaio fotográfico de Christian Cravo, dedicado ao celebrado conjunto com 20 esculturas e 10 relevos brancos chamado “Templo de Oxalá”. Este conjunto, feito por Rubem Valentim em 1974, e pertencente ao Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Será exibido, em looping, o vídeo “Rubem Valentim (1922-1991) – Sagrada Geometria”, feito especialmente para a ocasião, com 28’15 de duração, Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, é um dos destaques da 35ª Bienal de São Paulo.

Até 16 de dezembro.

Obras de Carlos Cruz-Diez

A Carbono, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, apresenta até 22 de dezembro, a exposição “Explorando a cor: uma década de prints e múltiplos de Carlos Cruz-Diez”.

No centro da exposição estão as gravuras de Cruz-Diez, uma seleção de 33 obras que encapsulam de forma brilhante seu fascínio da vida toda pela cor como entidade dinâmica e em constante transformação. Usando técnicas meticulosas como serigrafia, litografia e impressão a laser, Carlos Cruz-Diez transformou o plano bidimensional em um parque de diversões para os sentidos. Cada impressão, como um instrumento afinado, envolve o espectador numa sinfonia visual que dança graciosamente diante de seus olhos, explorando as interações entre as cores de uma forma que desafia e encanta a mente.