Exibição de Ione Saldanha e Etel Adnan

29/maio

Encontra-se em cartaz na Simões de Assis, São Paulo, SP, até o dia 27 de julho a exibição conjunta de Ione Saldanha & Etel Adnan.

Ione Saldanha e Etel Adnan: Duas Coloristas

Ione Saldanha (1919-2001) e Etel Adnan (1925-2021) jamais se conheceram pessoalmente. Tampouco viram a obra uma da outra. Ione era brasileira e viveu quase a vida toda no Rio de Janeiro; Etel era libanesa e viveu entre Paris e São Francisco. Em 2012, a Documenta de Kassel dedicou uma sala à pintura de Adnan. Àquela altura eu preparava uma retrospectiva de Saldanha para o MAM-Rio, Fundação Iberê Camargo e MON. Surpreendeu-me imediatamente as afinidades entre as duas: a vibração da cor, a sensibilidade lírica, o contato poético com a natureza. Ambas fizeram da pintura um exercício de maravilhamento pautado nas composições cromáticas. Construção e natureza se reúnem e se potencializam nas suas poéticas.

Ambas trabalharam à margem dos movimentos de vanguarda, sem deixarem jamais de experimentar com as linguagens visuais. No caso de Adnan, o trabalho com a poesia e com a escrita caminhou paralelamente à produção pictórica. Seus Leporellos desdobram e integram escrita e pintura, concebendo em páginas sanfonadas, articuladas no espaço, uma caligrafia cromática singular. Saldanha foi densificando a matéria cromática sobre a tela até saltar para o espaço nas ripas, bobinas e bambus. Ambas viveram até o limite em uma zona de transição entre uma sensibilidade moderna que fazia da pintura um exercício de depuração da forma visual e uma urgência contemporânea que afirmava o trânsito entre linguagens, suportes e materialidades poéticas.

Nesta exposição, que ensaia um primeiro diálogo entre estas duas artistas, temos ainda a articulação de suas obras com a arquitetura brutalista e oxigenada de Paulo Mendes da Rocha. Volumes abertos integram a forma construída com o entorno natural, diálogo este muito caro a estas duas artistas que cresceram e viveram perto do mar, das montanhas e da luz natural. Quiçá seja a procura pelas variadas formas de deixar a luz penetrar no espaço, seja pictórico, seja arquitetônico, o que reúne esta casa e estas obras.

Por fim, a certeza de que a trajetória de Ione Saldanha merece ser cada vez mais vista, estudada e conhecida. Há nela essa capacidade única de juntar a experimentação com a linguagem pictórica e a desaceleração da percepção. Este diálogo franco com a pintura mais tardia de Etel Adnan, por mais pontual que seja, revela um lugar singular de ambas na história da arte da segunda metade do século XX.

Luiz Camillo Osorio

Mônica Ventura no Inhotim

26/maio

A Galeria Praça, uma das mais visitadas do Inhotim, MG, recebe a partir do dia 27 de maio, como parte do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio” (2023), da artista Mônica Ventura (1985).

A obra foi comissionada pelo Instituto Inhotim para ocupar o vão central da galeria e propõe um olhar para o entorno e a potência local por meio de uma instalação de grande escala.

A parede, o leito e escultura que compõem “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio”, foram construídos com terra da região de Brumadinho e convidam o público a desvendar as diversas camadas presentes no trabalho da artista, a partir de materialidades e de simbologias relacionadas a práticas religiosas ancestrais.

Cores e formas da obra tencionam também as noções de feminino e masculino para trazer percepções da síntese das energias do universo. As inaugurações na Galeria Praça de 2023 são patrocinadas pela Shell, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Sobre a artista

Sobre Mônica Ventura

Mônica Ventura nasceu em 1985 em São Paulo, onde vive e trabalha. Artista visual e designer com bacharelado em Desenho Industrial pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) – São Paulo. Mestranda em Poéticas Visuais (PPGAV) pela ECA-USP – São Paulo. Atualmente, pesquisa filosofias e processos construtivos de arquitetura e artesanato pré-coloniais (Continente Africano – Povos Ameríndios – Filosofia Védica). Utiliza essa investigação para a elaboração de práticas artísticas geradas a partir de experiências pessoais. Suas obras falam sobre o feminino e racialidade em narrativas que buscam compreender a complexidade psicossocial da mulher afrodescendente inserida em diferentes contextos. Mulher negra, entoa sua memória corporal friccionando-a em sua ancestralidade a partir de histórias de sua vida e pesquisas. Com sua produção artística leva também o seu corpo a ocupar espaços socialmente interditados. Em suas obras há um interesse especial pela cosmologia e cosmogonia afro-ameríndia para além do uso dos seus objetos, símbolos e rituais.

Exposição de Novíssimo Edgar

A Gentil Carioca convida para a primeira exposição individual de Novíssimo Edgar, músico, compositor, poeta, artista visual e performer. A mostra “A Invenção do Espelho”, será na sede em Higienópolis, São Paulo, SP, e a abertura acontece neste sábado, dia 27 de maio, das 14h às 19h. O artista é um criador compulsivo e sua obra transborda autenticidade e liberdade, passando por diversos suportes e segmentos de pesquisas de metalinguagens e transmídia.

“A mostra foi concebida por Edgar como uma viagem, na medida do possível linear, por (…) referências, episódios, histórias e iconografias que o alimentam. Desfilam pelas salas da A Gentil Carioca desde episódios e personagens da mitologia grega até espíritos tailandeses, de iconografias indianas à releitura do mais célebre quadro holandês do século XVII, de máscaras rituais ao Guernica de Picasso.” – Jacopo Crivelli.

Até 11 de agosto

Diferentes Gerações de Artistas

23/maio

A proposta da exposição “Artista de artista”, que ocupa até 24 de junho a Sala 2 da Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, foi convidar os artistas representados pela galeria residentes no Brasil a indicar outros artistas para participar de uma exposição coletiva. A sugestão foi que indicassem artistas históricos ou contemporâneos, preferivelmente brasileiros, que ainda não tenham alcançado a devida visibilidade dentro do circuito de museus e galerias.

Esse projeto parte do pressuposto de que as relações e conexões estabelecidas entre artistas é essencialmente movida por interesses muito distintos daqueles dos curadores, galeristas, art advisors, diretores de museu e jornalistas. Delegar a escolha das obras participantes aos artistas – e, nesse caso, um conjunto de 24 trabalhos selecionados por 16 artistas – implica, naturalmente, em uma exposição polifônica. E, no entanto, cada um dos trabalhos selecionados revela algo sobre os artistas que fizeram as indicações: às vezes ficam evidentes afinidades estéticas, metodológicas, temáticas; às vezes revelam direções de pesquisas semelhantes; ou simplesmente uma admiração por algo completamente diferente do trabalho do artista-curador. 

A grande maioria optou por colocar em evidência a prática de artistas mais jovens, muitos deles ainda sem representação em galerias comerciais. Em alguns casos, são relações de afinidade que se desenvolveram ao longo dos anos, muitas vezes envolvendo uma interlocução regular e o acompanhamento da trajetória desses jovens artistas. Em outros, os artistas representados conheceram as obras através de exposições realizadas em outros locais. Há, ainda, exemplos de artistas selecionados já estabelecidos no mercado e que estão presentes com uma produção distinta daquela que lhes deu reconhecimento; bem como artistas que, por diversas razões, nunca tiveram uma inserção significativa no circuito da arte.

Artista de artista é, sobretudo, uma oportunidade para enxergar uma parcela ínfima da produção de diferentes gerações de artistas sob a perspectiva de alguns dos artistas que trabalham conosco. Nesse sentido, forma um pequeno porém potente panorama de algumas ideias e práticas que apontam tanto para o passado quanto para o futuro, mantendo-se vivas através das relações dos artistas com artistas.

Afonso Pimenta – selecionado por Bruno Baptistelli, Ana Raylander – selecionada por Cinthia Marcelle, Fred Lemos Auad – selecionado por Tonico Lemos Auad, Gabriela Mureb – selecionada por Laura Lima, Gaya Rachel – selecionada por Anna Maria Maiolino, Júlia Gallo – selecionada por Thiago Honório, Mariela Scafati – selecionada por Pablo Accinelli, Marina Hachem – selecionada por Marina Saleme, Marlon de Paula – selecionado por Pedro Motta, Priscila Rooxo – selecionada por Panmela Castro, Renato Maretti – selecionado por Caetano de Almeida, Rose Afefé – selecionada por Marcius Galan,  Sofia Caesar – selecionada por Fernanda Gomes, Tantão – selecionado por Jarbas Lopes, Tiago Tebet – selecionado por Alexandre da Cunha, Yan Braz – selecionado por Marepe.

 

Figuras Centrais da Op Art e da Arte Cinética

A Nara Roesler New York apresenta até 16 de julho a exposição Parallel Inventions: Julio Le Parc e Heinz Mack, que reúne cerca de 25 obras históricas e recentes de ambos artistas, figuras centrais da Op Art e da Arte Cinética, que exploram a luz e o movimento em suas práticas artísticas. A exposição inclui trabalhos icônicos dos artistas. 

Com trajetórias iniciadas na década de 1950, os Heinz Mack e Julio Le Parc direcionaram suas poéticas para a compreensão e o estudo de fenômenos visuais de forma pura, tanto através da interação dos mesmos quanto por meio da experiência sensorial que estes causam no espectador. Dessa forma, acabaram tanto rompendo com suportes e materiais artísticos tradicionais, utilizando em seus trabalhos materiais como areia, espelhos, motores e aço, quanto promovendo uma crescente participação do espectador nos trabalhos. 

Ao longo de sua trajetória, Heinz Mack (n.1931, Lollar, Alemanha) desenvolveu uma produção artística pioneira marcada por investigações com a luz, a cor, a temporalidade e o movimento. Mack iniciou sua carreira na década de 1950, ao fundar o Grupo ZERO (1957-1966) ao lado de Otto Piene em 1957, ao qual viria a se juntar Gunther Uecker, em 1961. O objetivo do coletivo estava em criar um espaço desprovido de estruturas prévias, um lugar silencioso no qual poderiam se originar novas possibilidades. “O objetivo é alcançar a clareza pura, grandiosa e objetiva, livre da expressão romântica e arbitrariamente individual. Em meu trabalho eu exploro e busco fenômenos estruturais, cuja lógica estrita eu interrompo ou amplio por meio de intervenções aleatórias, ou seja, de eventos fortuitos.” Em consonância com esse pensamento, a prática de Mack passou a se apoiar em três pilares principais – luz, movimento e cor -, que ele explorou por meio de uma produção variada que vai desde esculturas cinéticas, estruturas em metal ou espelho, até projetos de land art, assim como pinturas compostas por modulações cromáticas. 

Julio Le Parc (n.1928, Mendoza, Argentina), por sua vez, também é reconhecido internacionalmente como um dos principais nomes da arte óptica e cinética e foi co-fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), um coletivo de artistas que se propunha a incentivar a interação do público com a obra, a fim de aprimorar suas capacidades de percepção e ação. De acordo com essas premissas, somadas à aspiração bastante disseminada na época de uma arte desmaterializada, indiferente às demandas do mercado, o grupo se apresentava em locais alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio Le Parc, feitas com nada além da interação entre luz e sombra, são resultado direto desse contexto, no qual a produção de uma arte fugaz e não vendável assumia claro tom sociopolítico. Ao longo de seis décadas, Le Parc realizou experiências inovadoras com luz, movimento e cor, buscando promover novas  relações entre arte e sociedade a partir de uma perspectiva utópica. Suas telas, esculturas e instalações abordam questões relativas aos limites da pintura a partir de procedimentos que se aproximam da tradição pictórica na história da arte, como o uso de acrílico sobre tela, ao mesmo tempo que investigam potencialidades cinéticas em assemblages, instalações e aparelhos que exploram o movimento real e a atuação da luz no espaço.

 

 

Mostra individual de Gustavo Nazareno

A Cassina Projects, Milão, tem o prazer de anunciar a representação de Gustavo Nazareno (1994, Minas Gerais, Brasil), que se junta à galeria após sua estreia na Itália e sua primeira individual na Cassina Projects, “Notas pessoais de fé”, com curadoria de Deri Andrade, em 2022. Gustavo Nazareno vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Trabalhando com pinturas a óleo e carvão sobre papel, Gustavo Nazareno parte para uma exploração espiritual e visual dos Orixás, divindades veneradas pelo culto sincrético da Umbanda brasileira e outras religiões da diáspora africana relacionadas aos iorubás, que encontraram seu caminho para a maioria dos mundo como uma emanação do comércio atlântico de escravos.

​Forças híbridas, espíritos ancestrais e negociadores mitológicos entre o mundo humano e o divino – profetas da sabedoria e encarnação de legados históricos -, no universo poético de Gustavo Nazareno os Orixás são figuras gloriosas de um panteão pungente onde se fundem tradições africanas, rituais brasileiros, espiritismo e catolicismo.

​Por meio do enigmático jogo de luz e sombra e da representação de entidades divinas e da paisagem como manifestação alegórica e universal da beleza, Gustavo Nazareno pondera sobre os atributos heterogêneos da identidade e sobre os contornos nebulosos de nossa experiência terrena enquanto confronta a persistência do colonialismo como narração.

 

 

Simões de Assis na Casa Gerassi

17/maio

A Simões de Assis, após cinco anos instalada na Rua Sarandi 113A, nos Jardins em São Paulo, comunica sua mudança para uma nova sede. Os atendimentos na Rua Sarandi foram realizados até o dia 10 de maio.

A partir de 23 de maio, a Simões de Assis ocupará temporariamente um imóvel projetado por Paulo Mendes da Rocha, a Casa Gerassi, localizada no Alto de Pinheiros, que passará a sediar suas atividades até a inauguração do seu novo e definitivo espaço, em setembro de 2023. Para este momento transitório, a galeria desenvolveu um projeto expositivo especial: uma mostra que aproxima as produções da brasileira Ione Saldanha e da franco-libanesa Etel Adnan, com curadoria de Luiz Camillo Osório.

A exposição reunirá um conjunto que tensiona as poéticas de duas artistas de trajetórias e nacionalidades distintas, mas que avizinha seus trabalhos por aspectos formais, por investigações profundas sobre cor e por intuitivas explorações da abstração. As linhas, ângulos e geometria da Casa Gerassi, projetada em 1989, dialogam diretamente com as obras, criando uma conexão profunda entre arte e arquitetura. As visitas à mostra e à residência serão realizadas com agendamento prévio até o dia 22 de julho.

Barrio em exibição na Central Galeria

 

“O Sonho do Arqueólogo: …uma tênue linha inexistente…entre dois espaços…existentes…enquanto…que…opostos..a si…” será a primeira exposição de Artur Barrio na Central Galeria, Vila Buarque, Sâo Paulo, SP. A abertura acontece no próximo sábado, 20 de maio, das 11h às 17h.

Antes da arte, Artur Barrio desejou ser arqueólogo submarino. Hoje, o artista vive em um barco sobre as águas da Baía de Guanabara e produz de forma solitária. Esquematiza em diversos papéis a possibilidade de uma ideia, que não necessariamente será seguida; tais papéis, no entanto, acompanham-no na realização de cada trabalho. Produz diretamente nos espaços expositivos, sem espectadores.

Possibilita, dessa forma, acessar a reclusão tal qual o homem de Lascaux ou da Caverna de Cosquer, podendo, assim, produzir de forma que as noções de consciência e inconsciência deixam de fazer sentido. Ao mesmo tempo, com o experiente olhar de quem estuda a vida em sociedade, produz para apresentar ao público. Dispensa o valor de culto do homem primitivo e esgarça o campo do possível na arte contemporânea. Ainda que as sensações sejam reais, acessar o seu trabalho pode ser uma experiência quase onírica, surreal.

Para a Central Galeria, Barrio produz um monólogo cujo procedimento de elaboração, pela primeira vez, será realizado ao lado dos trabalhadores da galeria. Enquanto Barrio trabalha construindo a exposição, a equipe seguirá em seu trabalho cotidiano de escritório. Segundo o artista, ainda que seja definida uma linha invisível a separar os afazeres de equipe e artista, o processo não deixa de criar uma relação entre as partes pelo estorvo mútuo. O artista pretende ainda colocar em cena pó de café, luz baixa e um texto-lamento, transformando a galeria na caverna de um intelectual que deixa os rastros do gesto selvagem do laboro sobre uma pobre mesa e pelas paredes escritas à exaustão.

Padrões geométricos e cinéticos

12/maio

 

O artista pernambucano José Patrício, que é conhecido no circuito de arte, tanto no Brasil como no exterior, usa materiais simples do cotidiano, principalmente botões – que ele compra em armarinhos, liquidações – para criar padrões geométricos e cinéticos. Ele vai mostrar na exposição “José Patrício – Infinitos outros”, trabalhos inéditos, com botões costurados em tela sobre suporte de madeira, e também um conjunto de “Conexões cromáticas”, em que usa selos postais da Inglaterra sobre impressão em papel, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir de 20 de maio, às 15h. Em seguida, às 16h, José Patrício fará uma visita guiada à exposição. Em cartaz até 22 de julho.

Os trabalhos com botões, que se tornaram emblemáticos na trajetória de José Patrício, começaram em 2005, derivados das obras feitas com dominós, que chamou a atenção do circuito de arte para o artista, quando em 1999 criou uma instalação para o convento de São Francisco, em João Pessoa, usando as peças do jogo.

“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. “Progressão cinética XI” (2022), com 161 x 159 cm, “comenta um pouco o trabalho que considero importante, que é uma série de instalações com dominós montados no chão, chamada “Ars combinatoria”, que se compõe por quadrados realizados por três jogos de dominó, e, em cada ação, o resultado é diferente”, diz José Patrício. “Esta obra é também uma arte combinatória que utiliza os botões”.

As obras com botões têm 3.600 quadrados cada, e apenas um espaço central permanece vazio. O artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “que são preenchidos com os botões”. “A forma de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das seqüências que serão criadas ali na estrutura”.

As exceções são “Espirais cinéticas II” (2022) e “Espirais cinéticas III” (2022), dois dípticos medindo respectivamente 115,5 x 222 cm e 114 x 224 cm, com um viés cinético, e que utilizam a estrutura de 112 dominós, objeto recorrente no trabalho do artista.

“Eu não existiria sem minhas repetições”, Nelson Rodrigues (1912-1980), é uma frase que o artista diz que pode também ser atribuída a ele. “A chave-mestra do meu trabalho talvez seja essa da repetição, que a cada concretização de uma obra consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.

 

Larissa de Souza nova artista representada

 

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriú, anuncia a representação da artista Larissa de Souza.

 

Sobre a artista

Nascida em São Paulo em 1995, Larissa de Souza é artista autodidata. Em sua pintura, majoritariamente figurativa, concentra-se na imagem da mulher afro diaspórica – seu universo particular e coletivo -, navegando entre a memória, o corpo, o desejo e a ancestralidade. Utilizando tinta acrílica, Larissa de Souza retrata cenas afetivas que destacam a importância da experiência negra em seu testamento poético, questionando o silenciamento da população negra pelo pensamento colonial e escutando a ancestralidade inscrita no corpo. Sua pintura carrega a história das mulheres de sua linhagem e a força de muitas outras. Por meio de um universo cromático muito singular, marcado por texturas e também aplicações como bordados, ladrilhos e tecidos que integram a composição. Possui trabalhos nos acervos do Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo, SP.