Figuras Centrais da Op Art e da Arte Cinética

23/mai

A Nara Roesler New York apresenta até 16 de julho a exposição Parallel Inventions: Julio Le Parc e Heinz Mack, que reúne cerca de 25 obras históricas e recentes de ambos artistas, figuras centrais da Op Art e da Arte Cinética, que exploram a luz e o movimento em suas práticas artísticas. A exposição inclui trabalhos icônicos dos artistas. 

Com trajetórias iniciadas na década de 1950, os Heinz Mack e Julio Le Parc direcionaram suas poéticas para a compreensão e o estudo de fenômenos visuais de forma pura, tanto através da interação dos mesmos quanto por meio da experiência sensorial que estes causam no espectador. Dessa forma, acabaram tanto rompendo com suportes e materiais artísticos tradicionais, utilizando em seus trabalhos materiais como areia, espelhos, motores e aço, quanto promovendo uma crescente participação do espectador nos trabalhos. 

Ao longo de sua trajetória, Heinz Mack (n.1931, Lollar, Alemanha) desenvolveu uma produção artística pioneira marcada por investigações com a luz, a cor, a temporalidade e o movimento. Mack iniciou sua carreira na década de 1950, ao fundar o Grupo ZERO (1957-1966) ao lado de Otto Piene em 1957, ao qual viria a se juntar Gunther Uecker, em 1961. O objetivo do coletivo estava em criar um espaço desprovido de estruturas prévias, um lugar silencioso no qual poderiam se originar novas possibilidades. “O objetivo é alcançar a clareza pura, grandiosa e objetiva, livre da expressão romântica e arbitrariamente individual. Em meu trabalho eu exploro e busco fenômenos estruturais, cuja lógica estrita eu interrompo ou amplio por meio de intervenções aleatórias, ou seja, de eventos fortuitos.” Em consonância com esse pensamento, a prática de Mack passou a se apoiar em três pilares principais – luz, movimento e cor -, que ele explorou por meio de uma produção variada que vai desde esculturas cinéticas, estruturas em metal ou espelho, até projetos de land art, assim como pinturas compostas por modulações cromáticas. 

Julio Le Parc (n.1928, Mendoza, Argentina), por sua vez, também é reconhecido internacionalmente como um dos principais nomes da arte óptica e cinética e foi co-fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), um coletivo de artistas que se propunha a incentivar a interação do público com a obra, a fim de aprimorar suas capacidades de percepção e ação. De acordo com essas premissas, somadas à aspiração bastante disseminada na época de uma arte desmaterializada, indiferente às demandas do mercado, o grupo se apresentava em locais alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio Le Parc, feitas com nada além da interação entre luz e sombra, são resultado direto desse contexto, no qual a produção de uma arte fugaz e não vendável assumia claro tom sociopolítico. Ao longo de seis décadas, Le Parc realizou experiências inovadoras com luz, movimento e cor, buscando promover novas  relações entre arte e sociedade a partir de uma perspectiva utópica. Suas telas, esculturas e instalações abordam questões relativas aos limites da pintura a partir de procedimentos que se aproximam da tradição pictórica na história da arte, como o uso de acrílico sobre tela, ao mesmo tempo que investigam potencialidades cinéticas em assemblages, instalações e aparelhos que exploram o movimento real e a atuação da luz no espaço.

 

 

Mostra individual de Gustavo Nazareno

A Cassina Projects, Milão, tem o prazer de anunciar a representação de Gustavo Nazareno (1994, Minas Gerais, Brasil), que se junta à galeria após sua estreia na Itália e sua primeira individual na Cassina Projects, “Notas pessoais de fé”, com curadoria de Deri Andrade, em 2022. Gustavo Nazareno vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Trabalhando com pinturas a óleo e carvão sobre papel, Gustavo Nazareno parte para uma exploração espiritual e visual dos Orixás, divindades veneradas pelo culto sincrético da Umbanda brasileira e outras religiões da diáspora africana relacionadas aos iorubás, que encontraram seu caminho para a maioria dos mundo como uma emanação do comércio atlântico de escravos.

​Forças híbridas, espíritos ancestrais e negociadores mitológicos entre o mundo humano e o divino – profetas da sabedoria e encarnação de legados históricos -, no universo poético de Gustavo Nazareno os Orixás são figuras gloriosas de um panteão pungente onde se fundem tradições africanas, rituais brasileiros, espiritismo e catolicismo.

​Por meio do enigmático jogo de luz e sombra e da representação de entidades divinas e da paisagem como manifestação alegórica e universal da beleza, Gustavo Nazareno pondera sobre os atributos heterogêneos da identidade e sobre os contornos nebulosos de nossa experiência terrena enquanto confronta a persistência do colonialismo como narração.

 

 

Simões de Assis na Casa Gerassi

17/mai

A Simões de Assis, após cinco anos instalada na Rua Sarandi 113A, nos Jardins em São Paulo, comunica sua mudança para uma nova sede. Os atendimentos na Rua Sarandi foram realizados até o dia 10 de maio.

A partir de 23 de maio, a Simões de Assis ocupará temporariamente um imóvel projetado por Paulo Mendes da Rocha, a Casa Gerassi, localizada no Alto de Pinheiros, que passará a sediar suas atividades até a inauguração do seu novo e definitivo espaço, em setembro de 2023. Para este momento transitório, a galeria desenvolveu um projeto expositivo especial: uma mostra que aproxima as produções da brasileira Ione Saldanha e da franco-libanesa Etel Adnan, com curadoria de Luiz Camillo Osório.

A exposição reunirá um conjunto que tensiona as poéticas de duas artistas de trajetórias e nacionalidades distintas, mas que avizinha seus trabalhos por aspectos formais, por investigações profundas sobre cor e por intuitivas explorações da abstração. As linhas, ângulos e geometria da Casa Gerassi, projetada em 1989, dialogam diretamente com as obras, criando uma conexão profunda entre arte e arquitetura. As visitas à mostra e à residência serão realizadas com agendamento prévio até o dia 22 de julho.

Barrio em exibição na Central Galeria

 

“O Sonho do Arqueólogo: …uma tênue linha inexistente…entre dois espaços…existentes…enquanto…que…opostos..a si…” será a primeira exposição de Artur Barrio na Central Galeria, Vila Buarque, Sâo Paulo, SP. A abertura acontece no próximo sábado, 20 de maio, das 11h às 17h.

Antes da arte, Artur Barrio desejou ser arqueólogo submarino. Hoje, o artista vive em um barco sobre as águas da Baía de Guanabara e produz de forma solitária. Esquematiza em diversos papéis a possibilidade de uma ideia, que não necessariamente será seguida; tais papéis, no entanto, acompanham-no na realização de cada trabalho. Produz diretamente nos espaços expositivos, sem espectadores.

Possibilita, dessa forma, acessar a reclusão tal qual o homem de Lascaux ou da Caverna de Cosquer, podendo, assim, produzir de forma que as noções de consciência e inconsciência deixam de fazer sentido. Ao mesmo tempo, com o experiente olhar de quem estuda a vida em sociedade, produz para apresentar ao público. Dispensa o valor de culto do homem primitivo e esgarça o campo do possível na arte contemporânea. Ainda que as sensações sejam reais, acessar o seu trabalho pode ser uma experiência quase onírica, surreal.

Para a Central Galeria, Barrio produz um monólogo cujo procedimento de elaboração, pela primeira vez, será realizado ao lado dos trabalhadores da galeria. Enquanto Barrio trabalha construindo a exposição, a equipe seguirá em seu trabalho cotidiano de escritório. Segundo o artista, ainda que seja definida uma linha invisível a separar os afazeres de equipe e artista, o processo não deixa de criar uma relação entre as partes pelo estorvo mútuo. O artista pretende ainda colocar em cena pó de café, luz baixa e um texto-lamento, transformando a galeria na caverna de um intelectual que deixa os rastros do gesto selvagem do laboro sobre uma pobre mesa e pelas paredes escritas à exaustão.

Padrões geométricos e cinéticos

12/mai

 

O artista pernambucano José Patrício, que é conhecido no circuito de arte, tanto no Brasil como no exterior, usa materiais simples do cotidiano, principalmente botões – que ele compra em armarinhos, liquidações – para criar padrões geométricos e cinéticos. Ele vai mostrar na exposição “José Patrício – Infinitos outros”, trabalhos inéditos, com botões costurados em tela sobre suporte de madeira, e também um conjunto de “Conexões cromáticas”, em que usa selos postais da Inglaterra sobre impressão em papel, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir de 20 de maio, às 15h. Em seguida, às 16h, José Patrício fará uma visita guiada à exposição. Em cartaz até 22 de julho.

Os trabalhos com botões, que se tornaram emblemáticos na trajetória de José Patrício, começaram em 2005, derivados das obras feitas com dominós, que chamou a atenção do circuito de arte para o artista, quando em 1999 criou uma instalação para o convento de São Francisco, em João Pessoa, usando as peças do jogo.

“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. “Progressão cinética XI” (2022), com 161 x 159 cm, “comenta um pouco o trabalho que considero importante, que é uma série de instalações com dominós montados no chão, chamada “Ars combinatoria”, que se compõe por quadrados realizados por três jogos de dominó, e, em cada ação, o resultado é diferente”, diz José Patrício. “Esta obra é também uma arte combinatória que utiliza os botões”.

As obras com botões têm 3.600 quadrados cada, e apenas um espaço central permanece vazio. O artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “que são preenchidos com os botões”. “A forma de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das seqüências que serão criadas ali na estrutura”.

As exceções são “Espirais cinéticas II” (2022) e “Espirais cinéticas III” (2022), dois dípticos medindo respectivamente 115,5 x 222 cm e 114 x 224 cm, com um viés cinético, e que utilizam a estrutura de 112 dominós, objeto recorrente no trabalho do artista.

“Eu não existiria sem minhas repetições”, Nelson Rodrigues (1912-1980), é uma frase que o artista diz que pode também ser atribuída a ele. “A chave-mestra do meu trabalho talvez seja essa da repetição, que a cada concretização de uma obra consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.

 

Larissa de Souza nova artista representada

 

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriú, anuncia a representação da artista Larissa de Souza.

 

Sobre a artista

Nascida em São Paulo em 1995, Larissa de Souza é artista autodidata. Em sua pintura, majoritariamente figurativa, concentra-se na imagem da mulher afro diaspórica – seu universo particular e coletivo -, navegando entre a memória, o corpo, o desejo e a ancestralidade. Utilizando tinta acrílica, Larissa de Souza retrata cenas afetivas que destacam a importância da experiência negra em seu testamento poético, questionando o silenciamento da população negra pelo pensamento colonial e escutando a ancestralidade inscrita no corpo. Sua pintura carrega a história das mulheres de sua linhagem e a força de muitas outras. Por meio de um universo cromático muito singular, marcado por texturas e também aplicações como bordados, ladrilhos e tecidos que integram a composição. Possui trabalhos nos acervos do Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo, SP.

 

 

Vinte e cinco anos de atividades

09/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.

 

 

Intervenções realizadas em conjunto

Inspirados pelo pensamento de volatilidade presente na expressão “amores líquidos”, criada pelo polonês Zigmunt Bauman, Rose Maiorana e Tarso Sarraf fazem um convite à reflexão sobre os sentimentos nutridos pelo ecossistema amazônico e marajoara, além do olhar que lançamos sobre eles. Eles inauguram a exposição “Amazônia Líquida”, no dia 16 de maio, na New Gallery, Pinheiros, São Paulo, SP, reunindo cerca de 40 obras que têm como base fotografias de Tarso Sarraf  produzidas em um trabalho de campo, na Ilha de Marajó, entre 2020 e 2021, com intervenções coloridas pintadas por Rose Maiorana. A primeira parceria entre os dois aconteceu em 2022, quando Rose Maiorana incluiu, em uma individual sua, uma obra inédita que consistia numa intervenção em pintura sobre uma foto de Tarso Sarraf. Nascia ali o embrião deste projeto, que deve ir longe: a ideia da dupla é viajar com a mostra para outros lugares, dentro e fora do Brasil, com produção da Arte2.

A liquidez exponencial contida no bioma amazônico também tem no arquipélago uma vasta presença. Abundante em águas, também possuem vivacidade e multiplicidade de povos, de olhares, de culturas, de sabores, de religiões, de misticismos e de essências. Donos de uma riqueza natural sem igual, o que confere toda notoriedade que ganharam em tabloides, falas de personalidades, destinos de celebridades, entre outros espaços de protagonismo, declinam a meros coadjuvantes quando o assunto são recursos para iniciativas de preservação e desenvolvimento socioambiental. Esses espaços geográficos transcendem aquilo que vagamente se imagina sobre eles, mas Rose Maiorana e Tarso Sarraf, através da exposição “Amazônia Líquida” apresentam, com propriedade na fala e no olhar, os seus vieses artísticos através de telas e retratos.

 

Sobre Rose Maiorana

Rose Maiorana é uma artista plástica contemporânea que nasceu no Estado do Pará, região amazônica do Brasil. Suas obras são um convite à imersão em um universo de cores e formas que transbordam vida e movimento. Seu trabalho é um reflexo da sua personalidade, livre e observadora, capaz de capturar a essência da natureza e transformá-la em arte. Inspirada pelo revolucionário movimento do pop art, Rose realizou sua primeira vernissage, “Explosão de Cores”, em sua cidade natal, Belém. Desde então, sua arte não parou de evoluir, sempre explorando novas possibilidades e inspirações. Sua segunda exposição, intitulada “Aflorar”, teve como destaque a natureza, um tema que encantou a artista através de sua observação e contemplação. Essa conexão com a natureza, aliás, é uma característica forte de seu trabalho, que transcende a técnica e toca a alma. Com o tempo, participou de diversas exposições coletivas, tanto em Belém, como em outras cidades, como Rio de Janeiro e Bruxelas, Bélgica. Em todas elas, sua arte causou um grande impacto e conquistou admiradores. Atualmente, Rose Maiorana está totalmente envolvida com sua herança amazônica e marajoara, que se manifesta em seu trabalho. Em sua fase atual, ela apresenta a exposição “Amazônia Líquida”, que traz um viés artístico e crítico sobre a região, sempre abstraindo retratos e revelando suas visões e sentimentos através das cores e traços. Com sua arte, Rose Maiorana é uma genuína embaixadora da cultura e da beleza amazônicas, que sempre encantam e surpreendem aqueles que a conhecem. Suas exposições são um convite para embarcar em uma jornada de descoberta e contemplação da natureza e da vida ao Norte do Brasil. Realizou sua primeira mostra de arte na inauguração da Sala João Carlos Pereira (TV Liberal), 2021. Em 2022, cria e apresenta o videocast Lib Art. Neste mesmo ano, participa da exposição de santinhas ONG Arte pela Vida, da qual é madrinha e recebe homenagem na 1ª Vernissage da Escola Cipp. Em sua trajetória, vale destacar as participações na Amazônia Fashion Week (2022) e na exposição “Bandeiras e Cores Entre Nós”, em Búzios (a convite da artista e curadora Ângela Oliveira, em 2023), além da inauguração da Galeria Rose Art, no Shopping Grão Pará (2022).

 

Sobre Tarso Sarraf

Tarso Sarraf começou a fotografar em 1991 quando participou de oficina na Associação FotoAtiva e Núcleo de Oficinas Curro Velho com mais de 30 anos de profissão dedicados ao Fotojornalismo. Já passou como repórter fotográfico por importantes jornais da capital paraense, como o Jornal Diário do Pará (de 2007 a 2011), Jornal Amazônia, Jornal O Liberal (de 2011 a 2018). De 2021 à presente data, é Coordenador Audiovisual do Grupo Liberal e colabora periodicamente com a mídia nacional e internacional em veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Valor Econômico, Revista Veja e Agência France Presse (AFP). Possui importantes prêmios, dentre eles o Prêmio Abril de Jornalismo (2011), Prêmio Hamilton Pinheiro de Jornalismo (2020, em 1º lugar) e 43º Prêmio Jornalismo Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (2021, em 1º lugar). Entre coberturas já realizadas, merecem destaque: Olimpíadas Rio 2016, Copa Rússia 2018, Copa Catar 2022, Covid-19 no Pará, 2020 e 2021, além das posses presidenciais de Dilma (2011 e 2015), e Lula, em 2023. Possui trabalhos publicados nos livros “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro” (2014 a 2021) e Focus Le Regard des Photographes de I’AFP 2020 Focus Le Regard des Photographes de I’AFP (2021).

Até 09 de junho.

 

Pedro Vaz e Marcelo Moscheta na Kubikgallery

08/mai

Com abertura no dia 13 de Maio, a Kubikgallery, Porto, Portugal exibe a exposição “Cartografia da Sombra”, mostra a dois pelos artistas Pedro Vaz e Marcelo Moscheta.

 

Sobre a exposição

Pedro Vaz (PT) e Marcelo Moscheta (BR) apresentam “Cartografia da Sombra”, uma exposição que evoca a Terra, uma terra que deixa de ser natural no sentido em que lhe é imposta a interferência do homem. Através de duas investigações sobre a paisagem e a natureza – a de um artista português no Brasil e a de um artista brasileiro em Portugal -, é reconhecida “uma” paisagem que foi operada e que é́ agora reencontrada pelo homem, como são exemplo as deambulações de Pedro Vaz e Marcelo Moscheta, que acentuam a procura deste reencontro e reconhecimento pela terra e pela natureza.

Uma expedição por diferentes paisagens de Pedro Vaz, que parecem não ter um espaço no tempo, que potenciam uma leitura romântica e encenada, sobre percursos antigos, onde é evidente a relação do homem com a natureza, o antes e o depois, e as respectivas metamorfoses econômicas e geopolíticas.

Os elementos da natureza, cuidadosamente seleccionados por Marcelo Moscheta, propõe-nos um lugar e espaço, sacralizando estes elementos contemplativos, em que a paisagem é modelada, documentando e registando a relação do homem com os lugares de passagem e das memórias deixadas sobre eles.

“Cartografia da Sombra”, coloca o trabalho destes dois artistas em diálogo explorando a ação de caminhar, com ou sem plano, de deambular ou não, demonstrando as derivas de cada um em diferentes territórios.

Texto: Luís Pinto Nunes

 

 

Construções tridimensionais de Carlos Fajardo

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresentará, entre 20 de maio e 24 de junho, “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, segunda exposição individual do artista Carlos Fajardo na sede da galeria. A mostra reúne um conjunto de 12 construções tridimensionais compostas por sobreposições de vidros laminados coloridos e transparentes que, circunscritos ao formato de uma caixa retangular, distribuem-se ritmicamente pelas paredes da galeria. Em “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, Fajardo dá continuidade à investigação que desenvolve há mais de cinco décadas sobre as relações espaciais entre o corpo, o objeto e a arquitetura, realizada nesta ocasião através do trabalho com materiais reflexivos, transparentes e luminosos que põem em dúvida o sentido da visão. A exposição conta com texto de apresentação do crítico e curador Diego Matos.

Embora se construam a partir de ângulos retos, as obras de Carlos Fajardo não pretendem convocar leituras fechadas. Os quadrados, os espelhos e as repetições podem ser, em um primeiro momento, identificados como recursos de uma linguagem assertiva, mas dentro da investigação do artista, eles são utilizados como ferramentas que abrem espaço para a ambiguidade. As peças apresentadas na exposição são formadas por sobreposições de superfícies de vidro dispostas em um determinado ângulo cuja inclinação produz um efeito de multiplicação de cores e planos, permitindo ao espectador acessar uma terceira dimensão. As doze caixas que ocupam a extensão das duas paredes opostas que configuram o espaço expositivo, ressoam e multiplicam o formato retangular da arquitetura da galeria, formando um corredor de espelhos coloridos e reflexos imprecisos. Cada caixa é composta por dois quadrados de cor, mas essas cores também não são fixas, variam a depender da incidência da luz e do movimento do olho de quem vê. Um retângulo, outro retângulo, e mais outro: repetem-se como a mesma nota musical inscrita numa partitura. Um mantra desconcertante. E é nos deslocamentos dos corpos e nas inclinações dos eixos que os espelhos vibram – talvez sim, talvez não.

 

Sobre o artista

Carlos Fajardo nasceu em 1941 em São Paulo, onde vive e trabalha. Sua obra possui grande relevância no panorama da arte brasileira assim como sua atuação de mais de 40 anos como professor. Ao longo de sua carreira, participou de diversas exposições importantes no Brasil e no exterior, dentre as quais Jovem Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em 1967, organizada por Walter Zanini. Participou da 9ª, 16ª, 19ª, 25ª e 29ª edição da Bienal de São Paulo, respectivamente em 1967, 1981, 1987, 2002 e 2010. Representou o Brasil na Bienal de Veneza em 1978 e em 1993. Participou da 1ª e da 4ª edição da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Com Nelson Leirner, José Resende, Geraldo de Barros, Wesley Duke Lee e Frederico Nasser integrou, de 1966 a 1967, o Grupo Rex. O grupo questionava as instituições e o modus operandi do sistema de arte por meio de intervenções, publicações, palestras, projeções ou encontros. Em 1970 fundou junto a José Resende, Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser a Escola Brasil, um “centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo” que foi importante não só na formação de muitos artistas brasileiros, mas também no amadurecimento das discussões sobre ensino e aprendizado de arte no país.